Comentário do professor e doutor do departamento de História da USP, Henrique Carneiro sobre a carta escrita pela Comissão Brasileira de Drogas e Democracia.
Para ver a carta, clique AQUI.
“O documento divulgado pela CBDD, assim como suas atividades, representa um passo positivo no esclarecimento da opinião pública sobre as desinformações existentes a respeito de drogas e dos efeitos perniciosos e anti-democráticos da proibição de algumas delas. Creio, no entanto, que as resoluções da CBDD ficam aquém do que é necessário como uma plataforma de frente única de todos os que recusam a lógica belicista da guerra contra as drogas e defendem os direitos cívicos das pessoas que consomem drogas ilícitas. Os pontos mínimos que deveriam nortear uma tomada de posição por parte da sociedade civil me parecem ser:
1) Propor de forma clara a legalização do consumo e plantio para uso pessoal da maconha no Brasil;
2) Propor uma legalização com diferentes níveis de controle e acesso a todas as drogas psicoativas;
3) Denunciar a adesão brasileira aos tratados internacionais que desde a Convenção Única de 1961, vem legitimando uma guerra irracional e anti-democrática como é a atual política global de erradicação de plantas psicoativas tradicionais. Posições que simplesmente se proponham a abrir o diálogo sem avançar alternativas claras acabam por fazer parte de uma lógica de ambiguidades, hesitações e falta de foco no que devem ser as mudanças profundas na política global sobre drogas, definida ainda por uma pauta anti-democrática e anti-científica alinhada com interesses geopolíticos estratégicos do governo estadunidense.”
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