Sabe aquela história de que a maconha é a “porta de entrada” para outras drogas? Agora, mais do que nunca, podemos dizer aos proibicionistas que isso não passa de papo-furado! Um estudo do The Journal of School Health considera que a antiga teoria do efeito “porta de entrada” pode ter fundamento, mas inocenta o uso da cannabis e transfere a culpa para a droga mais aceita socialmente e difundida mundialmente: ele mesmo, o álcool.
Você deve estar pensando: “eu já sabia”, mas a Pesquisa Anual de Monitoramento do Futuro, elaborada pela Universidade de Michigan, que estudou o uso da maconha, cocaína, heroína, LSD, anfetaminas, tranquilizantes, entre outros narcóticos, confirmou que o uso da cannabis não é o principal indicador de que a pessoa vá passar a substâncias mais perigosas. “Ao atrasar o início da iniciação no álcool, as taxas de abuso tanto de substâncias lícitas como o tabaco quanto o uso de substâncias ilícitas como a maconha e outras drogas será afetada positivamente, sendo jogadas para baixo”, afirmou o coautor do estudo, Adam E. Barry, professor assistente da Universidade da Flórida no Departamento de Educação em Saúde e Comportamento. Isto quer dizer que quanto mais cedo um jovem começar a beber, mais chances ele terá de se envolver com outras drogas.
O estudo de Barry mostra evidências de que comportamentos de abuso de substâncias pode ser previsto com um alto grau de precisão examinando a histórico de drogas do sujeito. O pesquisador acredita que a noção persistente e equivocada de maconha como principal porta de entrada para mais substâncias nocivas é consequência do absurdo e exagerado “Reefer Madness”, filme estaduniense da década de 30 montado para exibição nas escolas contra o uso da planta – também conhecido como “Tell Your Children“.
“Então, basicamente, se soubermos como alguém se comporta em relação ao uso de álcool, então devemos ser capazes de prever o que essa pessoa responderá com outras [drogas]“, explicou. “Outro jeito de dizer é que se soubermos que alguém usou heroína, podemos deduzir que também usou outras drogas”.
Ao comparar as taxas de abuso de substâncias entre bebedores e não-bebedores, eles finalmente descobriram que os que haviam consumido álcool na escola pelo menos uma vez em suas vidas “eram 13 vezes mais propensos a usar cigarros, tinham16 vezes mais chances de usar maconha e outros narcóticos e 13 vezes mais propensos a usar cocaína “. O artigo também divulgou que 71% dos jovens de até 17 anos já consumiram álcool, enquanto cerca de 44% já experimentaram maconha e 6% utilizaram cocaína.
O estudo sugere que fazer da educação sobre o álcool uma prioridade poderia realmente virar o jogo na Guerra às Drogas – mas somente se os legisladores e educadores decidirem usar a ciência como base para políticas públicas e currículo escolar. “Acho que [estes resultados] têm a ver com nível de acesso das crianças têm ao álcool, e que o álcool é visto como menos prejudicial do que algumas destas outras substâncias,” Barry acrescentou. “O consumo de drogas normalmente começa com as que são socialmente aceitas, como álcool e cigarros, para só então evoluir para o uso de maconha e, finalmente, para outras substâncias mais pesadas”, resume.
Em poucas palavras: alem do contato com o traficante facilitar o acesso à substâncias mais pesada, é também a precocidade no consumo de álcool que poderá definir se o usuário irá ou não envolver-se com outras drogas. Mais um argumento antiproibicionista!
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