Psicodélico: setembro 2012

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Luiz Eduardo Soares: liberação das drogas não significa aumento do consumo


Fonte : http://drogasedireitoshumanos.org/

“A proibição não veta o acesso às drogas, pois é impossível impedir tal coisa. O acesso existe com ou sem a proibição. Precisamos é definir em quais contextos político e jurídico se dará o debate sobre o consumo e a legalização das drogas no país”, afirmou o cientista político Luiz Eduardo Soares durante a palestra Drogas, políticas públicas e saúde, que marcou a abertura da semana comemorativa dos 58 anos da ENSP nesta segunda-feira, 10 de setembro. O expositor abordou a necessidade de não mais tratar o usuário de drogas como uma vítima do traficante, pois este sim merece a criminalização. Confira, na Biblioteca Multimídia da ENSP, o áudio do evento.
Na abertura do evento, o diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, lembrou que a Fiocruz é uma instituição de ensino, pesquisa e cooperação. A Escola atua fortemente no campo das políticas de saúde, inclusive colaborando com a formulação de tais políticas e, portanto, o convite feito a Luiz Eduardo Soares propicia uma série de reflexões ligadas à violência e às drogas, mantendo o papel da ENSP, e da Fiocruz, como protagonista deste processo.

Abrindo sua exposição, Luiz Eduardo Soares afirmou ser favorável à legalização das drogas no país. Tal debate transcende o espaço da acadêmica e transborda para o cotidiano da população. Segundo o cientista político, no Brasil, ocorrem por ano 50 mil homicídios dolosos – média preservada independentemente da região do país. Este número coloca o Brasil na segunda posição mundial em letalidade intencional, ficando atrás apenas da Rússia em números absolutos. Em números relativos, o Brasil fica em quinto lugar na América Latina. A região concentra 42% das mortes por armas de fogo em todo o mundo, mesmo quando computados países em guerra civil. “Entretanto, dessas 50 mil mortes, apenas 8% são esclarecidas, ainda que não sejam julgadas na justiça, permanecendo impunes 92%, para as quais sequer há identificação do sujeito”, ressaltou.

“Isso que dizer que somos o país da impunidade?”, perguntou. “Verdade e mentira”, respondeu o palestrante. Segundo Luiz Eduardo, o Brasil conta com 540 mil presos, sendo a terceira maior população carcerária do mundo, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. O país possui ainda a taxa mais veloz de encarceramento, levando a crer que não somos um país em que existe impunidade. “Como podemos explicar esta contradição: apenas 8% dos homicídios dolosos são esclarecidos, enquanto nossa população carcerária segue em crescimento?” Isso é resultado da promulgação da Lei 11.343/06, que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad), prescrevendo medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e estabelecendo normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas. “Sempre critiquei essa lei porque era a abertura das portas do inferno para os usuários”, destacou.

O que ocorre, segundo ele, é que há uma forte concentração de jovens, pobres, negros, do sexo masculino, que não usavam armas e sem vínculo com organizações criminosas, presos em flagrante por negociarem substâncias ilícitas. “Mais de 65% dos presos, nos últimos quatro anos, constituem esse público”. O país gasta mensalmente cerca de R$ 1.500,00 em média por preso de forma errada, de acordo com Luiz Eduardo. O expositor foi categórico em dizer que essas pessoas não estão sendo preparadas para o mercado de trabalho, recebendo complementação educacional, ou para serem acolhidas por seus familiares, e sim envolvidas com grupos criminosos existentes dentro das prisões, “pois deixamos com que esses jovens façam estágios nas sucursais do inferno”, afirmou.

Em números globais, o tráfico de drogas movimentou, em 2005, mais de 300 bilhões de dólares em todo o mundo, mais de 88% do PIB dos países que integram a ONU. Além disso, desde 1972, os Estados Unidos já gastaram mais de um trilhão de dólares na guerra às drogas.

Legalização: problema ou solução?

O Ministério da Justiça conta com bons operadores e funcionários competentes, mas com dificuldades imensas para dar qualquer passo com relação ao tema, enquanto a sociedade tem se mobilizado para ampliar o debate sobre a legalização das drogas. “Falar sobre drogas não constitui hoje uma heresia e já não macula mais uma identidade profissional, ainda que haja algumas limitações. É necessário maior debate pela legalização das drogas e menos o jogo político das possibilidades que existe no Brasil. Temos de respeitar o papel de cada ator e de cada instituição neste processo.”

“Por que a legalização e de que maneira o proibicionismo brasileiro tem provocado o aumento da população carcerária, além de contribuir para a violência da qual somos vítimas?” Porque, segundo ele, em primeiro lugar, só há tráfico ou clandestinidade se existir a proibição legal e, em segundo lugar, o tráfico de drogas financia o tráfico de armas, aumentando consequentemente a violência. A legislação brasileira faculta a autoridade judicial um âmbito de arbítrio, cabendo ao juiz decidir se há tráfico ou consumo de drogas. O consumo ainda é considerado crime, mas não há mais a privação de liberdade, e sim penas alternativas.

Entretanto, o país ainda sofre com o preconceito existente, seja na autoridade judicial ou policial. Luiz Eduardo citou como exemplo a diferença entre um menino negro e pobre, que, quando preso com drogas, é interpretado como traficante. Já um jovem branco, de classe média, é considerado usuário. “Isso vem se tornando um padrão em nossa sociedade.”

Embora o Brasil venha passando por um processo de redução da desigualdade e do desemprego, ainda que limitado, ao longo dos últimos anos, isso não foi suficiente para reduzir o número de encarceramentos, podendo ser este explicado a partir de duas hipóteses: a irracionalidade que pode residir nas pessoas ou a necessidade de ganhos secundários, pois diversos setores são beneficiados como é o caso da área da segurança.

“Quando me perguntam se o Brasil está preparado para a legalização, eu respondo: O Brasil está preparado para responder aos 50 mil homicídios por ano? Para gerar todas as mazelas que esse tipo de política tem produzido? Não creio que nenhum país esteja preparado para viver o pior. Essa pergunta não faz sentido, até porque se preparar significa investir nesse processo de transformação.” Quanto ao mito da expansão do consumo, caso a droga seja liberada, Luiz Eduardo explica que ele está baseado no grande engano de que a proibição inibe o consumo. “Não é isso que acontece. É impossível impedir o acesso quando há desejos envolvidos aliando oferta e demanda. Ninguém está propondo o fim da proibição das drogas, mas sim em que contexto político e jurídico se dará o debate sobre esse acesso que já existe.” Ele revela que é necessário uma disciplina, uma regulação e um controle, além de informação para os usuários, que hoje estão perdidos.

O cientista político ressalta que o álcool e o cigarro não sofrem o mesmo tipo de regulação que as drogas. O álcool é o maior problema de saúde pública atualmente. Já o cigarro, revela, passou por tanto debate que hoje é careta fumar, embora isso não impeça o fumante de exercer sua liberdade de fumar em seu próprio espaço. “Temos de compreender melhor as motivações mais profundas geradas pelo consumo de drogas e não só o prazer momentâneo que ela proporciona”, disse.
Por fim, Luiz Eduardo ressalta a necessidade de maior reflexão sobre o campo da legalização das drogas e não mais tratar o usuário como o doente, ou como o passivo que merece a atenção paternal do estado ou que é vítima do traficante. “Essa atitude passiva do usuário desconhece as aventuras que, por ventura, estejam orientando seu movimento. A dependência é um curto-circuito na busca pela experiência da perda de controle”, concluiu.

Presidente da Fiocruz debate exposição

“Entender a questão das drogas apenas a partir da repressão não é a solução”, afirmou o presidente da Fiocruz e presidente do Comitê Brasileiro sobre Drogas e Democracia, Paulo Gadelha, após exposição de Luiz Eduardo Soares. Segundo Gadelha, ao longo dos anos, a guerra às drogas provou-se ineficaz apenas por meio da repressão, o que levou a uma mudança internacional. Vários países fizeram mudanças em suas políticas contra as drogas tendo em vista melhor compreender o problema, trazendo para a saúde pública, para o campo da assistência e para a sociedade este debate, retirando dos usuários o processo criminal. Isso rendeu uma série de evidências, como a redução da população carcerária. “Em Portugal, por exemplo, houve uma redução de 40 para 21% da população carcerária ao se descriminalizar o usuário”, disse.

O presidente ressaltou que o campo da saúde pública no Brasil vem atuando de forma parcial nessa temática, uma vez que a questão da legalização das drogas ainda é um tabu para o governo que se move contraditoriamente. “No campo da saúde pública, há um grande espaço para o debate, embora ela não aborde a legislação, como se a legislação não fosse um dos determinantes sociais, os quais fazem com que a possibilidade de reverter o modelo de atenção esteja impedida pelas barreiras de estigmatização e criminalização”, afirmou.

Outro ponto levantado por Gadelha é que não há nenhuma evidência que justifique por que uma droga é lícita ou ilícita com relação ao dano que ela produz. Pesquisa mostra que a percepção social da população é de que uma pessoa que experimentou a maconha tenha a possibilidade de ser dependente a vida inteira, mas, quando perguntada sobre o álcool, se a pessoa pode beber diariamente, a população percebe o risco como muito baixo. “Das internações, 70% ocorrem pelo álcool, e 90% das mortalidades também. Mas o álcool é considerado menos problemático que outras drogas ilícitas. A percepção da sociedade está tão consolidada que é necessário um processo amplo de debate social para o processo de modificação”, destacou.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Consumo de maconha tem ligação com câncer de testículo


Fonte : Exame

 

Os pesquisadores, cujas descobertas foram publicadas na revista Cancer, disseram que a ligação parece ser específica para um tipo de tumor conhecido como não-seminoma

Maconha
Maconha: não está totalmente claro como a droga influencia o risco de câncer nos homens
Nova York - Homens jovens que fumaram maconha para fins de diversão têm duas vezes mais chances de serem diagnosticados com câncer de testículo do que os rapazes que nunca usaram maconha, mostrou um estudo realizado nos EUA.
Os pesquisadores, cujas descobertas foram publicadas na revista Cancer, disseram que a ligação parece ser específica para um tipo de tumor conhecido como não-seminoma.
"Este é o terceiro estudo consistentemente demonstrando um risco maior do que o dobro deste subtipo particularmente indesejável de câncer de testículo entre os homens jovens com o uso da maconha", disse Victoria Cortessis, da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles, que liderou o estudo.
"Eu particularmente sinto que nós precisamos levar isso a sério agora", acrescentou ela, lembrando que as taxas de câncer de testículo vêm aumentando inexplicavelmente ao longo do último século.
A pesquisa não é prova sem discussões de que a maconha é a culpada e, mesmo que fosse, o perigo não é esmagador. Segundo a Sociedade Americana do Câncer, o risco de um homem desenvolver câncer de testículo ao longo da vida é de cerca de um em 270 -- e como há tratamento eficaz disponível, o risco de morrer da doença é de apenas um em 5.000.

A maconha deve ser legalizada para o bem das nações



A descriminalização da maconha é uma dos temas debatidos atualmente em todo o mundo. Mesmo polêmica, a tendência é que se descriminalize o seu uso e comece um novo paradigma, quando a questão é o abuso das substâncias chamadas entorpecentes.

Uma das grandes preocupações dos proibicionistas é o aumento dos consumidores de maconha. A priori, não teríamos como afirmar isto antes de uma possível descriminalização, isso, porque enquanto a droga for proibida e houver todo este estigma contra o usuário, dificilmente teremos como avaliar quantitativamente este grupo.

Coisa parecida acontece com os homossexuais, já que com a descriminação, até pouco tempo vários se escondiam e não tinham coragem de revelar a sua sexualidade. Com a questão da maconha, enquanto não for pelo menos descriminalizada, ou seja, longe de sanções criminais, não teremos de fato embasamento para dizer se aumentaria ou não o número de usuários.

O que se sabe, é que ao contrário que a bancada evangélica do Senado prega e alguns proibicionistas e conservadores, países que adotaram uma política mais branda em relação à maconha, não tiveram um aumento de usuários, e sim uma manutenção do mesmo. O que se houve de fato, foi uma diminuição em usuários de drogas pesadas, crimes violentos, roubos e até mesmo de suicídios, vide Holanda, República Tcheca, Espanha, Suíça, Alemanha, entre outros que adotaram esta prática.

Outra tática usada pelos proibicionistas é dizer que com o acesso legalizado da maconha, crianças poderiam começar a se utilizar de cannabis indevidamente. Ora essa, todas as pessoas que são sérias e discutem o tema seriamente, concordam que maconha não é para adolescente e muito menos para criança, contudo, isto não pode ser motivo para que se proíba uma planta e criminalize os seus usuários. Seria a mesma coisa que dizer que um adulto não possa comer carne, porque um bebê ainda não tem dentes para mastigá-la.

Manter as crianças longe de coisas perigosas, ou que fazem mal à sua faixa etária são obrigações dos pais, familiares, da escola, do Estado. Não é minha responsabilidade ser exemplo para os filhos dos outros. Muito menos eu tenho que pagar a conta e ser criminalizado pelo hábito de fumar maconha, enquanto várias pessoas bebem, fuma tabaco, ingerem remédios tarja preta em nome do seu bem estar.

De fato, existe uma grande preocupação com as crianças, contudo, vale salientar, que este discurso de demonizar as drogas, já não atinge os adolescentes e jovens de hoje. Deve-se levar em consideração, que hoje uma pessoa tem diferentes fontes de informação e que a mesma chega a todo o momento. Chegou a hora de pararmos com os dramas e começarmos a trabalhar verdadeiramente, sem preconceito a questão das drogas. Chegou a hora de cairmos na real e admitirmos que o consumo de maconha e outras drogas existem e basta ao governantes escolherem o caminho: o das guerras, morte e troca de tiros, ou o da descriminalização, tratando o problema como de saúde e admitindo o conceito de redução de danos como principal ferramenta para esta questão!

Frejat diz que maconha e cocaína deveriam ser vendidas em farmácia



Mais do que o reconhecimento do trabalho solo, o lançamento do CD e DVD Frejat – Ao Vivo Rock in Rio traz uma satisfação pessoal ao músico. No palco do festival, na apresentação do ano passado, o filho Rafael, de 16 anos, tocou guitarra ao seu lado nas músicas Malandragem e Amor pra Recomeçar.
Com o Barão Vermelho, Frejat deve sair em turnê comemorando os 30 anos do primeiro disco, que tem o nome do grupo – e que será relançado após ser remasterizado para acertar o som que não ficou a contento na época. De quebra, o CD poderá ter a faixa extra de Down em Mim cantada por Cazuza em espanhol. Mas depois dos shows, o roqueiro garante que a banda não volta. Aos 50 anos, o carioca Roberto Frejat.
Em uma entrevista interessante para o JT, Frejat falou sobre sua carreira, música e descriminalização das drogas. Confira abaixo a entrevista e boa leitura.

Como foi a sensação de fazer esse show no Rock in Rio, agora na carreira solo, tendo já participado do festival duas vezes com o Barão?

Tem um lado diferente, porque esse show consolida um reconhecimento do meu trabalho individual depois de dez anos. Reconhecimento no sentido de eu estar no palco onde estava a primeira linha do pop rock brasileiro, fazendo um show que o público reage de uma maneira muito presente. E o fato de eu ter tocado também com meu filho no palco me dá um prazer muito grande. Minha mulher e minha filha estavam ali na plateia. Então, tem um momento pessoal ali muito bacana.

Qual foi sua influência nesse caminho de seu filho pela música?

Cara, acho que nem é tanto uma questão de influência. Até porque minha mulher também trabalha muito com música. Ele gosta muito de música por ele mesmo. E tem uma naturalidade para a música que eu considero muito superior à minha.

As letras do Barão abordam sexo e drogas. Você conversa com seus filhos sobre esses assuntos?

Sim, lógico. Acho que tem de ter uma relação de sinceridade e colocar as coisas às claras. Isso está no dia a dia das pessoas e da sociedade. Então, é importante que eles saibam exatamente causas, efeitos e como as coisas se desenrolam para que possam se colocar frente a essas situações. Desde muito pequenos, sempre coloquei que qualquer dúvida estaria aberto para falar. E eles sabem que eu vim do rock'n'roll, então, não adianta ficar forjando que eu sou um santinho. Sabem que eu tenho uma porção de amigo maluco. Alguns que deram muito certo, outros que deram muito errado. E isso faz parte da vida. Da mesma maneira com a questão da sexualidade. Tenho vários amigos gays e meus filhos convivem com eles com a maior tranquilidade, sem o menor tipo de preconceito.

Qual é a sua posição em relação à descriminalização das drogas?

Sou a favor da descriminalização das drogas. Acho que droga é um problema de saúde, não policial. O custo que a droga traz para a sociedade tem de ser, vamos dizer assim, tratado, conduzido ou reduzido por meio de políticas de apoio a dependentes e que isso tem de ser feito justamente com o dinheiro que a droga recolheria com o imposto da venda. Não só sou a favor da descriminalização, como a favor da oficialização da venda de drogas. Como um remédio de tarja preta é vendido na farmácia, acho que se pode vender cocaína e maconha lá também.

Sobre sua relação com o Cazuza, a impressão era de que ele era o "loucão" e você tivesse uma postura mais centrada. Era isso?

Com certeza que ele era muito mais louco do que eu. Não tem nem discussão. Mas o fato de eu não ser uma pessoa que não fazia questão de ir até o limite das coisas, não quer dizer que eu não entendia esse tipo de vivência ou não a aceitava. As pessoas gostam sempre de contrapor uma pessoa que é um pouco mais ousada nas atitudes com outra que pode ser mais contida, de imaginar que essa pessoa que é mais contida não concorda com aquela outra. Eu não tinha nenhum problema com isso. Talvez, ele tivesse mais dificuldade com a minha contenção do que eu tinha com o exagero dele. Mas isso fazia parte da dinâmica da nossa amizade e da relação como parceiro. É muito diferente do confronto.

Sente falta de ter um parceiro como o Cazuza nas composições?

É difícil isso, porque, na verdade, o que acontece é que nosso encontro foi muito feliz. É lógico que se estivéssemos ainda hoje tendo a oportunidade de compor, provavelmente, estaríamos fazendo coisas ainda muito bonitas. Mas não gosto muito de ficar exercitando uma hipótese impossível, porque aí só alimenta sofrimento e angústia. Considero que algumas músicas que fizemos foram algumas das melhores que já fiz com um parceiro.

Quando o Barão volta do recesso?

Temos uma turnê planejada de outubro a março de 2013. A gente deve fazer alguns shows para comemorar os 30 anos do nosso primeiro disco e, depois disso, cada um segue seu caminho.

Volta definitiva não deve ter?

Não acontecerá uma volta definitiva, pelo menos para mim. O Barão já fez o que tinha de fazer. Hoje, no momento em que a gente retorna para estar no palco junto, é muito mais a celebração de uma obra construída do que propriamente a possibilidade de se criar mais um passo artístico e autoral.

Na sua juventude, digamos assim, você imaginava ou projetava como você seria aos 50 anos?

Não, não (risos). Cara, eu me lembro que, quando eu pensava que em 2000 teria 38 anos, eu já achava uma distância inacreditável. Era muito longe, não me conseguia me ver com 38 anos. Estou com 50 (risos). Às vezes, olho para os meus filhos e fico pensando se eles conseguem pensar isso em relação a eles. Imagino que têm a mesma dificuldade que eu tinha.

Então, você não sente essa coisa de peso da idade?

Não. É lógico que tem o famoso DNA: data de nascimento avançada. Aquela hora que você olha e fala: ‘Porra, cadê meus óculos que não estou vendo porra nenhuma aqui". Ou o dia em que você faz um movimento mais forte e dá uma trincada nas costas. Mas fora isso não tem nada mais. Graças a Deus, estou com saúde. Me cuido, tenho uma alimentação boa já há muitos anos, não como carne vermelha desde os 18 anos, não tomo refrigerante. Apesar de ter tido meus excessos e não ser nenhum santinho, nunca fui uma pessoa completamente displicente com a minha saúde.

FHC fala sobre a descriminalização das drogas

Fonte : Terra


A des criminalização da maconhe é um assunto polêmico, mas atual na maioria dos países. Um dos defensores de uma política mais branda e menos repressiva e bélica, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que as políticas implementadas pelos Estados Unidos e por países da Europa em relação às drogas são acomodações, e não soluções.

Em entrevista exclusiva ao portal Terra, FHC falou sobre as políticas que o Brasil deve implementar para essa questão polêmica e ainda reconheceu resultados positivos alcançados pelo Estado do Rio de Janeiro na pacificação das favelas da capital fluminense.

No entanto, o ex-presidente disse que, juntamente com a ocupação, é preciso 'ação social continuada' para sufocar o consumo das drogas, para que as medidas não passem por paliativas.
Confira abaixo as perguntas da entrevista realizada pelo portal terra.

Terra - Uma causa que o senhor tem se envolvido muito nos últimos tempos é a questão das drogas. O senhor acha que a sociedade está pronta para discutir a descriminalização? Qual o modelo que poderia ser aplicado no Brasil?

Fernando Henrique Cardoso - A questão da descriminalização está sendo proposta, inclusive por um deputado do PT, que propôs que houvesse a descriminalização do usuário. Que o usuário de drogas não vá para a cadeia é quase consensual no Brasil hoje em dia. Qual é o problema? A polícia, muitas vezes, como não pode prender o usuário, diz que ele é traficante. Aí é corrupção, é coisa desse tipo. Mas há a compreensão no Brasil de que o usuário não pode ir para a cadeia, ainda mais agora depois do Uruguai, onde o presidente foi mais longe e propôs a legalização.
Eu disse que cada país tem sua solução, é verdade. Veja o que está acontecendo no Rio de Janeiro, o que faz a polícia pacificadora, e compare com o México. No México há uma guerra. A polícia pacificadora no Rio anuncia que vai entrar na favela. Para que? Para o sujeito ir embora. Ela não está entrando para dar tiro. Ela está desarmando o que pode, tirando as armas. Ela está liberando a população da favela do controle dos donos do tráfico, que estão indo embora, mas ela não está matando como arma diária - no México mata, o tempo todo. Ela não está sufocando o uso da droga lá. Ela está tirando de lá o traficante.
Para sufocar o uso da droga, precisa de outras coisas. Precisa de ação social continuada, precisa da presença do Estado, e campanhas para mostrar que a droga é ruim, porque é, que faz mal a saúde, porque faz, e regular e combater. Está dando resultado? Bom, até agora sim, no sentido de liberação de áreas e do desarmamento. Tem problemas? Tem. Porque a continuidade dessa ação pela presença do Estado para dar saúde, assistência médica e combate à droga, ainda não se viu se vai dar resultado, mas está avançado.
Eu acho que é momento de discutir, de dizer que uma questão dessa natureza não é só do governo, não é só da polícia. Cada pessoa deve se responsabilizar. As famílias, os empresários, as escolas devem discutir, abrir a questão, mostrar qual é o mal que faz. E, se você não puder eliminar, o que é quase impossível, regula. Como se fez com o cigarro. O cigarro não foi proibido, foi regulado e crescentemente regulado, porque faz a mal à saúde, então você tem que avançar nisso. Toda a droga faz mal à saúde. Faz mal o álcool, faz mal a cocaína, mas também faz mal a maconha, em graus diferentes. Você tem que insistir, discutir...quebrar o tabu.

Terra - O senhor acha que o caminho para o Brasil é regular a venda de maconha?

FHC - Eu acho que sim. Acho que você tem que descriminalizar e regular.

Terra - E o senhor acha que a sociedade brasileira está pronta para isso?

FHC - Não sei te dizer, por causa do tamanho do problema aqui. É muito amplo. No Uruguai, o Mujica (José, presidente) tomou a decisão de estatizar a produção e a oferta da droga. Você regula, mas quem faz a produção? Quem distribui? Não é tão simples, então vamos devagar.

Terra - O senhor acha que o exemplo do Uruguai pode ser uma porta de entrada para a discussão no Brasil?

FHC - Eu não sei. O Uruguai é um país pequeno. Aqui no Brasil é muito mais complicado. Monopólio de Estado de produção de maconha, eu acho que estamos muito longe disso. Se aceitar a descriminalização e a regulação, você tem que dizer: 'bom, então quem é que cultiva?'. Na Europa o que eles estão fazendo? Pode cultivar até 20 pés de maconha em casa. Nos EUA, o que estão fazendo? Lá é pior, estão produzindo muita maconha e o que estão dizendo é o seguinte: 'só para uso médico'. Isso é um disfarce. Na verdade, o médico dá a receita para o sujeito usar. Enfim, são acomodações, não soluções. Eu não sei se no Brasil estamos nem sequer a ponto de fazer acomodações, mas precisa-se discutir o assunto.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Entrevista com Jornalista Doug Fine - Autor do livro [Muito Chapado para Fracassar -- Cannabis e a Nova Revolução Econômica Verde]


Fonte : Folha

O jornalista americano Doug Fine não está chapado, apesar do nome de seu terceiro livro investigativo, "Too High to Fail -- Cannabis and the New Green Economic Revolution" (ed. Penguim/Gotham; numa tradução livre, "Muito Chapado para Fracassar -- Cannabis e a Nova Revolução Econômica Verde).
Ele acredita que a legalização da maconha possa ajudar a salvar a economia dos EUA e, para provar sua tese, passou um ano numa comunidade rural que tem, na droga, 80% de sua economia, ou US$ 8 bilhões por ano.
Autoridades locais apoiam e protegem os plantadores com um programa de licença inédito, que cobra pelo registro de até 99 plantas.
Esse lugar, acreditem, fica no próprio EUA, ao norte da Califórnia, no condado de Mendocino, onde Fine acompanha o ciclo de uma plantação, da semente geneticamente modificada à droga final nas mãos dos pacientes.
O livro é lançado no momento em que três Estados americanos se preparam para votar, nas eleições de novembro, pela legalização do uso recreativo para adultos.
Ao mesmo tempo, o governo federal continua a considerá-la uma droga ilegal, sem valor medicinal e altamente viciadora, liderando uma guerra contra os 17 Estados que liberaram a planta para fins médicos.
Segundo um professor de economia de Harvard, entrevistado no livro, a droga poderia ter rendido aos cofres do governo US$ 6,2 bilhões em impostos em 2011 e, após sua legalização, esse número poderia subir para US$ 47 bilhões. Leia entrevista.
*
Folha - O que há de tão especial em Mendocino que fez ser possível essa relação quase utópica com maconha?
Doug Fine - O clima ajuda. É um condado que vive de agricultura, com um clima mediterrâneo, tem uvas por todos os lados. Mas é também um lugar bem progressista. Foi o primeiro condado dos EUA a banir o uso de transgênicos por voto popular.
São três gerações que vivem da planta. Não carrega o estigma de puritanismo da guerra às drogas que outros lugares têm.
Como a cannabis se desenvolveu para crescer em quase qualquer tipo de clima, diria que o mais importante é a cultura local. O homem tem evoluído com a planta, ela foi encontrada em tumbas com milhares de anos e é citada num manual médico chinês de 3.000 anos.
No fim do livro, agentes federais fazem uma série de apreensões e prendem um dos produtores mais legítimos, de acordo com o xerife local. Ainda assim, você acha que o fim da guerra à maconha está próximo. Por quê?
Acho que a guerra está ganha. A popularidade é crescente nas pesquisas, 56% dos americanos querem a regulamentação da cannabis. Não é mais questão de conservadores contra progressistas porque até mesmo americanos religiosos defendem o fim da guerra às drogas por estar aprisionando gente demais.
Os EUA têm a maior população carcerária do mundo. Sabe, você pode perder batalhas perto do fim e ainda assim ganhar a guerra. É difícil prever quando. Pode ser daqui a dois anos ou 20 anos. Tenho esperança de que algo aconteça no segundo mandato de Obama.
Mas o governo atual tem sido mais agressivo que o de George W. Bush na repressão contra a maconha medicinal. Por que ele mudaria?
Realmente a comunidade está furiosa com Obama.
Acredito que ele resolveu ignorar o caso no primeiro mandato, mas, quando era senador, afirmou que a guerra às drogas não funciona.
Ele sabe disso. Acredito que num possível segundo mandato ele vá tentar alguma manobra, como tirar a cannabis do Anexo 1 para o Anexo 2 da lei federal de substâncias controladas. Até cocaína e metanfetamina estão no Anexo 2 [substâncias que podem causar dependência e tem valor medicinal].
Até mesmo um juiz administrativo da DEA [agência federal antidrogas] afirmou em 1988 que é um absurdo a cannabis estar no Anexo 1 [substâncias altamente viciadoras e sem valor medicinal].
Dizer que a legalização salvaria a economia dos EUA parece exagero, e o nome do livro não ajuda na seriedade. Como tem sido a reação ao livro?
Não tenho recebido olhares esquisitos. Estive em Nova York para uma palestra para divulgar o livro e a média de idade do público era 70, 80 anos. Todo mundo entendeu que a guerra precisa acabar.
Maconha é a plantação número um dos EUA. Vivo num Estado conservador, no interior, com caubóis, e lá eles entendem também.
De onde vem essa conta de que maconha é a maior plantação dos EUA?
Há de US$ 6 bilhões a 8 bilhões sendo gerados só no pequeno condado de Mendocino por ano e te conto de onde tirei isso.
Em 2010, autoridades locais apreenderam 600 mil plantas que estimaram ser 10% da colheita total do condado [legal e ilegal]. Os produtores dizem que nem pensar, que deve ser apenas 1%.
Mas, se forem 10% mesmo, são 6 milhões de plantas que chegam ao mercado.
Se você considerar, por baixo, que cada planta dá uma libra de produto e que o preço mais baixo dado em anos recentes é US$ 1.000 por libra, você tem US$ 6 bilhões apenas em Mendocino, onde a receita das vinícolas é US$ 74 milhões.
Seu livro explica que é preciso "seguir o dinheiro" para entender como a legalização poderia salvar a economia, principalmente na produção industrial para comércio têxtil, de alimentos e energia. Acha que os ativistas deveriam mudar suas estratégias, já que estão mais focados na questão médica?
Cannabis industrial tem mais potencial economicamente do que seu uso medicinal ou social, e realmente poderia ser um elemento mais forte nas campanhas. É um absurdo que os Estados Unidos não estejam nesse mercado. A indústria de cannabis cresce 20% por ano no Canadá.
Eu e minha família usamos para um monte de coisas. Minha mulher faz roupa e usamos óleo da semente em nossos sucos no café da manhã todos os dias. Compramos os produtos nos EUA, mas é tudo importado, do Canadá.
Um condado da Califórnia votou e aprovou a legalização de produção industrial em 2011, mas o governador vetou por causa das leis federais.
Há 17 Estados que legalizaram maconha medicinal, mas as leis mudam em cada um. Em Los Angeles, autoridades reclamam que as lojas se multiplicam sem controle. O que dá para aprender com experiências ruins?
Sim, há uma proliferação, mas isso é demanda de mercado, as pessoas querem essa planta. A proibição é a causa dos problemas.
Reconheço que posso soar como uma líder de torcida, mas sou um jornalista sério. Claro, poderiam fazer regulamentações melhores, mas já temos sistemas que funcionam para álcool e vinícolas.
Acredito num modelo em que a cannabis fosse regulamentada para uso de adultos, como o álcool. E um sistema no qual o pequeno agricultor pudesse continuar a produzir, como acontecem com as cervejarias artesanais, sem ser engolido por gigantes.
Qual é a sua relação com maconha?
Sim, eu já usei a planta, acho que é um algo bom como aspirina, como álcool e que, como qualquer outra droga farmacêutica, não pode ser abusada.
Sou uma pessoa sóbria, sou pai. E sou também espiritualizado. Está no Gênesis, livro 1, capítulo 1, versículo 29: Deus nos deu todas as plantas e sementes para nosso uso, e não com exceção de alguma com a qual Richard Nixon teve problema.

domingo, 9 de setembro de 2012

Austrália quer legalizar maconha e ecstasy para combater drogas

Fonte : Folha

O mais recente estudo sobre drogas ilegais feito na Austrália e divulgado neste domingo propõe ao governo do país legalizar a maconha e o ecstasy para controlar o aumento de entorpecentes no país.
O professor Bob Douglas, co-autor do relatório de 54 páginas, disse que ficou claro que a proibição das drogas não funciona e que é preciso adotar outros enfoques, como a legalização e o controle governamental do consumo, segundo a rádio ABC.
O especialista acrescentou que "o relatório deixa patente que a polícia australiana, apesar de desempenhar um bom trabalho, não conseguiu ter um impacto sério no tráfico e consumo de drogas".
As estatísticas da polícia em operações contra narcotraficantes no país durante o exercício fiscal julho 2011-junho 2012 revela que a apreensão de drogas aumentou 164% e de produtos químicos para elaborar narcóticos subiu 263%.
Os dados evidenciam um aumento do tráfico de entorpecentes na Austrália e que a cocaína e as anfetaminas superaram em preferência a heroína e a maconha.
VENDA CONTROLADA
Uma das propostas do documento é que o governo controle a venda de maconha e ecstasy, que se ofereça apenas aos cidadãos maiores de 16 anos e acompanhada de programas de assessoria e tratamento.
O professor Douglas aponta que projetos similares foram adotados na Europa com bons resultados, e opina que a Austrália necessita ter um debate sério sobre este assunto.
"As pessoas que adotaram posições duras contra as drogas obtiveram juros políticos, mas já há muitos políticos na Austrália que reconhecem que esta postura deve mudar", disse Douglas.
Cerca de 200 mil pessoas, de uma população de 22,3 milhões, fumam maconha na Austrália.
Austrália e Nova Zelândia são as nações com a maior taxa de consumo de maconha e anfetamina no mundo, segundo um estudo publicado na revista médica "The Lancet".

sábado, 8 de setembro de 2012

A maconha por si só não é porta de entrada para drogas pesadas



O número de jovens que admitem ser usuários de maconha está aumentando no Brasil. Essa é uma das constatações do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e amplamente divulgado pelas mídias sociais há algumas semanas.

A pesquisa, realizada entre janeiro e março deste ano, realizou 4.067 entrevistas domiciliares com indivíduos a partir dos 14 anos de idade, e constatou que o Brasil tem 1,3 milhão de pessoas que se utilizam da maconha regularmente. Contudo, o número real de consumidores de cannabis no Brasil tende a ser muito maior do que os apresentados na pesquisa, uma vez que o país conta aproximadamente com 200 milhões de pessoas.

Segundo o professor Educação Física L.S. (ele pediu para ter a identidade preservada, temendo reações negativas no trabalho) experimentou maconha pela primeira vez, por curiosidade e influência dos amigos do rock, com os quais se relacionava na adolescência.

“Eu percebia que todo mundo falava dos efeitos da maconha, mas os meus amigos que usavam não demonstravam comportamento diferente. Até que perdi o medo e resolvi experimentar”, diz.

Ele gostou, e até admite que experimentou outras drogas nos últimos 15 anos. Mas, como se considera um naturalista, nunca se tornou adepto das drogas químicas. L.S acredita que hoje, a relação dos jovens com a maconha está aumentando “ou talvez esteja mais visível” e diz que se tivesse filhos adolescentes, não seria a maconha a sua principal preocupação.

“Eu estaria preocupado com drogas mais pesadas e com as companhias que podem levar para um caminho mais perigoso. Não acho que a maconha, por si só, seja a porta de entrada para esses caminhos sem volta. Nunca foi para mim”, diz ele. Na sua avaliação, o cigarro e o álcool são muito mais ofensivos à saúde e geram dependência muito maior.

Hoje, aos 30 anos, o professor usa a maconha com uma frequência bem mais assídua – cerca de três vezes aos dia – mas não se considera um dependente. Diz que ficaria tranquilo sem fumar, se não tivesse dinheiro para comprar, mas a estabilidade financeira conquistada lhe permite essa frequência e, ainda mais, ser seletivo quanto ao produto.

Ele gasta, em média, R$ 200 por mês para comprar maconha, mas destaca: “Essa não é a média de gasto do usuário comum. Como tenho condições, sou mais exigente, não compro qualquer bagulho. Em geral as pessoas gastam cerca de 25% desse valor”, diz ele.

WeBeHigh : Guia ajuda viajantes a conseguirem maconha mundo afora !

Fonte : Coletivo DAR
Vai viajar e não quer ficar sem uns bons baseados? Então a dica deste domingo vai te fazer sorrir mais do que aquele bud tricomado e cabeludo. Trata-se do WeBeHigh.org, um guia online (em inglês) que traz orientações para adquirir maconha em diversos países.
Além de destinos como Europa e Américas, o site também “salva” aqueles que gostam de explorar horizontes mais longínquos. Isso porque, entre os mais de 1.100 locais presentes no guia, estão cidades de países como Kuwait, Vietnã e Paquistão.
Coisa de doidão? Si, pero no mucho. O WeBeHigh traz informações sobre a legislação de cada cidade e classifica o nível de tolerância para  o consumo de cannabis.  Preço, variedade e qualidade da erva também podem ser encontrados por lá. Uma bela mão na roda.
De maconheiro pra maconheiro, o site é feito de maneira colaborativa. Portanto, para ajudar o banco de dados a crescer, você também pode compartilhar sua experiências cannábicas ao redor do globo. E bom rolê!

Senadores chilenos apresentam projeto para legalizar maconha



Santiago do Chile, 8 ago (EFE).- Dois senadores chilenos apresentaram nesta quarta-feira um projeto que legaliza o cultivo de maconha para consumo pessoal e com fins terapêuticos, além de descriminalizar o porte de pequenas quantidades da droga para uso individual. Trata-se do senador socialista Fulvio Rossi, que recentemente admitiu ser consumidor ocasional de maconha, e de Ricardo Lagos Weber, filho do ex-presidente chileno Ricardo Lagos e integrante Partido pela Democracia (PPD). "Do ponto de vista científico e de saúde não existem argumentos para dizer porquê há drogas consideradas lícitas, como o tabaco e o álcool, e drogas ilícitas, como a maconha", argumentou Rossi, que é médico de profissão. "Nenhuma droga é segura, o que não justifica que uma tenha status diferente da outra", disse o senador, que acha que "o enfoque proibicionista, que criminaliza o consumidor responsável, adulto, possibilita a existência do mercado negro, do tráfico". Lagos Weber, por sua vez, afirmou que quando se permite o cultivo para consumo pessoal "se elimina a compra ilegal, o narcotráfico, e se reduz o negócio dos narcotraficantes". O projeto não especifica a quantidade que uma pessoa poderia cultivar para seu consumo ou para fins terapêuticos, o que segundo Lagos Weber deve ser discutido durante a tramitação legislativa. A proposta afirma que "estará isento de responsabilidade penal a pessoa que cultive em seu domicílio espécies do gênero cannabis sativa, sempre que seja para seu consumo pessoal e/ou uso terapêutico". "Do mesmo modo estarão isentos de responsabilidade penal quem transportar uma quantidade definida de cannabis sativa. Um regulamento determinará essa quantidade", acrescentou. O senador democrata-cristão Jorge Pizarro quer discutir o projeto "sem preconceitos de nenhum tipo", mas alertou que seria complexo definir os limites das quantidades permitidas, concordando que "a proibição produz hoje um negócio altamente rentável" e que poderia ser combatido. "É bom revisar o que estamos fazendo em toda a política de controle de drogas, tráfico e consumo", acrescentou Pizarro, para quem "este é um debate do qual não se deve fugir e que vai ser interessante". Na direita governista, o senador Jaime Orpis, da União Democrata Independente (UDI), condenou a iniciativa, que segundo ele "promove o consumo de maconha". "Se a grande tarefa do Chile é reduzir o consumo, é uma contradição apresentar uma iniciativa que vai aumentá-lo", defendeu, manifestando a esperança de que o projeto seja rejeitado "de forma categórica". Para Silvio Rossi, neste tema "há muito preconceito, e também uma espécie de autoritarismo moral, onde um grupo da sociedade pretende se firmar como autoridade moral e impor suas crenças, sua visão de mundo e muitas vezes seus próprios temores". EFE ns/al-dk

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Pesquisadores americanos criam biodiesel de maconha



Biocombustível aproveita 97% do óleo da planta, que cresce em solo infértil e não compete com as lavouras para produção de alimentos


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A fibra do talo da Cannabis sativa foi um dos primeiros produtos utilizados mundialmente para a confecção de cordas e roupas, diz pesquisador.
 São Paulo - Às várias utilidades da maconha que estão em estudo, como sua vocação terapêutica e medicamentosa e até mesmo seu uso em carrocerias de carros, adicione mais uma: a de combustível. Pesquisadores da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, descobriram que a fibra da Cannabis sativa, conhecida como o cânhamo industrial, tem propriedades que a tornam viável e atraente como matéria-prima para a produção de biodiesel.
Durante testes de laboratório, o biocombustível feito a partir da semente da planta apresentou uma alta eficiência de aproveitamento - 97% do óleo foi convertido em biodiesel. Outra vantagem da erva, segundo Richard Parnas, professor que chefiou o estudo, reside na capacidade da Cannabis sativa de crescer em solo pobre e de baixa qualidade, o que afasta a necessidade de cultivá-la em lavouras especiais destinadas ao plantio de alimentos.
Ele observa que as grandes usinas de biodiesel incluem oleaginosas como soja, azeitonas, amendoim e canola. "A produção de combustíveis sustentáveis muitas vezes compete com o cultivo de alimento", afirma o cientista, em artigo publicado no site da Universidade. "Nesse contexto, produzir biodiesel a partir de plantas que não são alimentos e que não precisam de terra de alta qualidade é um grande passo". 

O cânhamo industrial é cultivado em todo o mundo. A fibra do talo da planta é forte, e até o desenvolvimento de fibras sintéticas nos anos 1950, foi um dos primeiros produtos utilizados mundialmente para a confecção de cordas e roupas.
Hoje, ainda há regiões que tratam os finos talos da cannabis como uma fibra primária, principalmente devido à sua capacidade de crescer "como uma erva daninha", sem exigir muita água, fertilizantes ou insumos de alta qualidade para florescer. Mas as sementes - que abrigam a fábrica de óleos naturais - muitas vezes são descartados. "Este resíduo poderia ser bem utilizado e transformado em combustível", diz Parnas.
Parnas e sua equipe de pesquisadores têm planos de construir uma unidade piloto de produção de biodiesel da cannabis, que contaria com um reator capaz de produzir até 200 mil litros de biocombustível por ano. Com a instalação, os cisntistas pretendem testar novas formas de produzir biodiesel e realizar análises econômicas sobre a comercialização de seus métodos.
 Fonte :  Revista Exame