Psicodélico: março 2008

segunda-feira, 24 de março de 2008

Resenha da Crônica: "Shroom: A Cultural History of the Magic Mushroom" de Andy Letcher (2007, Ecco/HarperCollins Publishers)

Resenha da Crônica: "Shroom: A Cultural History of the Magic Mushroom" de Andy Letcher (2007, Ecco/HarperCollins Publishers)



Phillip S. Smith, Escritor/Editor,Crônica da Guerra Contra as Drogas

O historiador britânico (e integrante de uma banda psicodélica de folk) Andy Letcher produziu uma história revisionista encantadoramente escrita e cuidadosamente investigada dos cogumelos psicodélicos. Embora as suas descobertas possam decepcionar a maioria dos espiritualistas comprometidos com os cogumelos, a jornada é um prazer revelador para qualquer um que tiver interesse nos assuntos psicodélicos.
Em meados do século passado, graças a aventureiros psicodélicos intrépidos como o banqueiro feito místico, Gordon Wasson, o antropólogo feito xamã, Michael Harner, e o micopromotor Terence McKenna, uma mitologia maravilhosa e poderosa cresceu ao redor do cogumelo fantástico.
É mais ou menos assim: Através do uso sagrado dos cogumelos mágicos, os xamãs da Sibéria ao México conseguiram ter visões, curar os doentes e conversar com os deuses. O próprio Papai Noel, com a sua aparência gnômica e indumentária vermelha e branca, é uma representação simbólica do cogumelo amanita muscaria. O cogumelo era o mistério nos mistérios de Elêusis da Grécia Antiga, era o soma do Riga Veda, era - não o pão e o vinho - o que Jesus comeu na última ceia. Os druidas o usaram em Stonehenge. O cogumelo mágico é a base da religião e prova do seu culto oculto pode ser encontrada em tudo, das portas nas igrejas católicas medievais às pinturas antigas em pedra no deserto africano.
Tem mais: Na verdade, os cogumelos são uma "consciência maquinal" que representa uma dimensão diferente... ou algo assim. Eu fico um pouco confuso com os arcanos mais sutis da micomitologia.
Letcher, como historiador que é, lida com essas afirmações uma por uma, as examina, e, infelizmente para os micocultistas, descobre que lhes falta substância histórica. "Não há um único exemplo de um cogumelo mágico preservado nos registros arqueológicos em nenhuma parte", escreve. "Realmente não sabemos, de uma ou outra maneira, se os antigos veneravam os esporos sagrados de Deus. Se o fizeram, não deixaram uma única prova de tê-lo feito".
Há poucas provas mesmo de cogumelos sacramentos e xamânicos, exceto pelas tribos isoladas na Sibéria, e, mesmo lá, as provas sugerem que os cogumelos serviam tanto para festejar quanto para serem adorados. Também no México, onde muitos sabem que Gordon Wasson conheceu a famosa curandeira (xamã) mazateca María Sabina e comeu a "carne dos deuses" em 1956. Como observa Letcher, María Sabina não era a sacerdotisa primitiva do mito, mas mítica virou, especialmente depois que Wasson fez acontecer a iniciação da idade psicodélica com a publicação de um artigo seu na revista Life sobre as suas experiências.
Certamente foi uma mudança sísmica nas posturas ocidentais a respeito do cogumelo mágico. Até meados do século XX, a intoxicação com cogumelos era rara, quase sempre acidental e quase sempre considerada envenenamento. Cara, como as coisas mudaram! Embora o interesse nos cogumelos psicodélicos, particularmente os psilocibes, tenha cedido lugar ao LSD nos 1960 doidões, os cogumelos relativamente mais suaves continuaram populares entre o grupo psicodélico deste então.
Apesar de serem ilegais nos EUA, por aqui os aficionados podem comprar legalmente kits de esporos "à prova de idiotas" (que não contêm psilocibina, o ingrediente receitado) e os próprios cogumelos continuam confusamente legais em alguns países europeus. A Inglaterra proibiu a venda e o porte de cogumelos em 2005, como o Japão, mas há poucas provas de que os tiras estejam caçando os coletores de cogumelos.
Contudo, embora pareça que o cogumelo mágico está aqui para ficar, decididamente é um gosto adquirido. A maioria das pessoas que o experimenta os experimenta uma vez só ou duas; só um punhado relativo vira consumidor sério de cogumelos. E embora Letcher tente resolutamente não se meter em política, a relativa raridade do consumo de cogumelos e a falta de danos demonstrados o levam a criticar a proibição britânica como "severa e motivada mais pelas preocupações políticas do que por qualquer avaliação sensível das provas". De fato, escreve Letcher, "a proibição pode provar ser um passo retrógrado quanto à redução de danos", já que usuários desventurados coletam os cogumelos errados, compram substitutos ou são afligidos por um sistema de justiça penal mais nocivo do que os próprios cogumelos.
Shrooms é uma história cultural que vale a pena ler, rigoroso em sua análise, incisivo em sua reportagem e cativante com suas descrições da realidade cogumelizada. Faz-me querer sair e pedir um daqueles kits "à prova de idiotas".

domingo, 23 de março de 2008

Júpiter Maçã - A Sétima Efervescência

Segue um post diferente, irei apenas mostrar as letras do disco Júpiter Maçã - A Sétima Efervescência, ou seja poesia psicodélica.


Breve comentário do disco, considerado hoje como um dos melhores discos de Rock do Rio Grande do Sul.


Comentário do Site :

http://www.overmundo.com.br/blogs/os-dez-melhores-discos-do-rock-gaucho-jupiter-maca


Desde que enveredou pela carreira solo, o Flávio Basso trocou a influência do rockabilly por uma sonoridade sessentista, folk num primeiro momento e totalmente psicodélica numa segunda etapa. E é justamente a psicodelia a causa desse disco, A Sétima Efervescência, de 1996.


O que já podia ser percebido na demo anterior a esse álbum, Júpiter Maçã e os Pereiras Azuiz - Ao vivo na Brasil 2000 FM, de 1995, ficou mais claro - e elaborado - aqui. Se a demo era mais roqueira e crua (até por ser uma gravação ao vivo), na estréia em cd os arranjos se sofisticaram e a lisergia tomou conta, com grandes méritos para a produção do Egisto e os arranjos de orquestra do Marcelo Birck.


A primeira faixa, Lugar do Caralho, virou um hino imediato, com direito a regravação por parte do Wander Wildner e tudo. A letra é um convite ao hedonismo: "Eu preciso encontrar um lugar legal pra mim (sic) dançar e me escabelar/Tem que ter um som legal, tem que ter gente legal e ter cerveja barata/Um lugar onde as pessoas sejam mesmo afudê/Um lugar onde as pessoas sejam loucas e super chapadas/Um lugar do caralho". A música seguinte, As Tortas e as Cucas, castiga na lisergia, com vocal "pastoso" e dobrado. A letra fala de conversas com pedras e passarinhos (alguém aí falou em ácido?), numa viagem das boas. Um solinho de flauta é o complemento ao bucolismo da história.


Faixas como Querida Superhist x Mr Frog até dispensam comentários, bastando ler o título pra perceber o clima de psicodelia. Pictures and Paintings é um iê-iê-iê anfetamínico, tanto na música como na letra: "Quero toda sua chinelagem/Quero a metade do seu microponto/Yeah you, you, yeah, yeah, yeah, yeah, you/Yeah you do!". Obras como Eu e Minha Ex deveriam entrar pro rol das melhores composições já feitas, uma excelência em termos de arranjo e tema. Só por ter um refrão com a seguinte pérola: "Eu e minha ex queremos amizade/Mas acho que eu não superei/Talvez ainda goste dela", já justificaria a execução obrigatória em todas as cerimônias cívicas. O arranjo... bem, o arranjo é do mestre Birck, o que significa muita coisa. Grandioso é o mínimo que se pode dizer dele, com violinos, violoncelos, trompete e fagote.


Walter Victor é uma espécie de jovem guarda subversiva. O ritmo é puro Renato e Seus Blue Caps, mas a letra é quase um relatório médico sobre os efeitos de boletas em geral: "Walter toma suas bolas farmacêuticas/Sua boca fica mole, palavras gozadas" Uma harmônica anuncia As outras que me querem e a sacanagem que vem por aí: "Eu só fodo com você nessa fase atual da vida que eu tô levando/Mas às vezes me pergunto se eu não devia estar comendo as outras que me querem". Na segunda estrofe, o outro lado do relacionamento é discutido: "Eu creio que você às vezes queira dar pra outros carinhas no pedaço/Não, não acho tão legal/No entanto uma questão da gente sentar e conversar". Simples, não?


O Novo Namorado tem o verdadeiro "sixty groove", com o teclado do Frank Jorge inaugurando a festa. A estrutura é aquela em que a música começa pelo refrão e depois vem a estrofe, que mostra as contradições dos relacionamentos atuais: "Mundo moderno, alguém me dizia/Todo mundo come todo mundo"/ Mas eu tô querendo/Querendo trabalhar meu lado sensibilidade/Agora eu quero só você pra gostar de verdade".


Outras que não necessitam de análise são Miss Lexotan 6 mg e The Freaking Alice (Hippie Under Grove). Os nomes dizem absolutamente tudo que se precisa saber. Já Essência Interior merece algumas palavras. É uma música totalmente hipnótica, quase um mantra. E tem uma das melhores letras, sem dúvida: "Quando você der para outro cara/Lembre-se que alguém se masturba/Alguém do outro lado da cidade/Se sente em sintonia e pensa em você/Estou ligado na sua essência interior". Na seqüência, vem a sugestiva Canção para Dormir, com seu clima fantástico. E pra fechar a viagem, as colagens bizarras de A Sétima Efervescência Intergaláctica, com frases soltas de algumas faixas anteriores e vários barulhinhos estranhos.


Uma informação histórica importante é que esse álbum influenciou toda uma geração de bandas psicodélicas gaúchas e até nacionais. O lado ruim disso foi a semente que originou o desnecessário movimento mod porto-alegrense no início dos anos 2000. De qualquer forma, a audição de A Sétima Efervescência é mais do que recomendada. É obrigatória.


Outra opinião sobre o disco :



Disco ‘A Sétima Efervescência’ é o melhor do rock gaúcho.


O disco ‘A Sétima Efervescência’, de Júpiter Maçã, foi escolhido o melhor disco da história do rock gaúcho. A escolha resultou de enquete realizada entre jornalistas, produtores e músicos ligados à músico do Rio Grande do Sul. Os jornalistas Fábio Priklandnick e Cristiano Bastos, repórteres da revista de cultura e artes gaúcha Aplauso, entrevistaram 50 músicos e especialistas, que elegeram os álbuns mais importantes e influentes já realizados no Rio Grande do Sul. A consulta também traz uma lista dos piores discos.


“Foram 50 personalidades consultadas, entre músicos, críticos, jornalistas e produtores. No total, mais de 80 títulos citados. Tudo para descobrir quais são os melhores discos da história do rock gaúcho”, informa texto da revista em sua edição on line. “Cada votante convidado por Aplauso indicou os cinco melhores álbuns, em ordem de preferência. O melhor de cada um recebeu cinco pontos. O segundo melhor, quatro. E assim por diante, até o quinto melhor, que recebeu um ponto”, explicam.


“‘A Sétima Efervescência’, de Júpiter Maçã, lançado em 1996 pelo selo Antídoto/ACIT, não só amealhou mais pontos como foi o disco mais citado – 26 vezes”, diz o texto da matéria apresentando o resultado do trabalho. “Além disso, com 73 pontos, garantiu distância folgada do segundo colocado, ‘Por Favor, Sucesso’ (1969), da lendária Liverpool, que somou 51 pontos. Primeira grande banda de rock do RS, o Liverpool teve declarada influência (o nome já sugere) dos Beatles”.
“A fita-cassete da Graforréia Xilarmônica (Com Amor Muito Carinho) foi a coisa mais revolucionária produzida pelo rock gaúcho, mas ‘A Sétima Efervescência’, de Júpiter Maçã, é o que se poderia chamar de síntese do que convencionou-se chamar de “rock gaúcho”. No disco estão a paixão gaudéria pelos sixties, especialmente Beatles, a psicodelia pela veia de Syd Barret, e a Jovem Guarda, talvez aqui em menor escala, mas também presente”, opinou Fernando Rosa, editor de Senhor F, um dos “eleitores”.
Os 10 Melhores:
1. A Sétima Efervescência (1996) - Júpiter Maçã
2. Por Favor, Sucesso (1969) - Liverpool
3. De Falla (1987) - De Falla
4. O Futuro É Vórtex (1986) – Replicantes
5. TNT (1987) - TNT
6. Bixo da Seda (1976) - Bixo da Seda
7. De Falla (1988) - De Falla
8. Coisa de Louco II (1995) - Graforréia Xilarmônica
9. Fita demo da Vórtex (1987) – Cascavelletes
10. Olelê (2000) – Ultramen

LETRAS DE MÚSICAS DO DISCO JÚPITAR MAÇÃ - A SÉTIMA EFERVESCÊNCIA
1. Um Lugar do Caralho
Eu preciso encontrar
Um lugar legal pra mim dançar
E me descabelar
Tem que ter um som legal
Tem que ter gente legal
E ter, cerveja barata
Um lugar onde as pessoas sejam mesmo afudê
Um lugar onde as pessoas sejam loucas e super chapadas
Um lugar do caralho
Sozinho pelas ruas de São Paulo eu quero achar alguém pra mim
Um alguém tipo assim:
Que goste de beber e falar,
Lsd queira tomar e curta
Syd Barrett e os beatles
Um lugar e um alguém que tornarão-me mais feliz
Um lugar onde as pessoas sejam loucas e super chapadas
Um lugar do caralho
Um lugar do caralho
Sozinho pelas ruas de São Paulo eu quero achar alguém pra mim
Um alguém tipo assim:
Que goste de beber e falar,
Lsd queira tomar e curta
Syd Barrett e os beatles
Um lugar e um alguém que tornarão-me mais feliz
Um lugar onde as pessoas sejam loucas e super chapadas
Um lugar do caralho
Lugar do caralho
2. As tortas e as cucas
Senti meu corpo derretendo, flutuou
minha mente compreendendo
falei com minha sombra, tem vida própria sim
abrindo as tortas e as cucas
Gentilmente sentei na pedra, tornei-me parte desta pedra
ninguém me compreendia, nem nada que eu fazia
os passarinhos me acalmaram!!!!
Uhh aaaaahhh
Uhh aaaaahhh
Uhhhhhh
Uhhhhhh
abrindo as tortas e as cucas
Foi quando então eu percebi
eu tava no meu guarda-roupa
em posição fetal, achando tão normal, rolando um
flash Back maternal
Uhh aaaaahhh
Uhh aaaaahhh
Uhhhhhh
Uhhhhhh
abrindo as tortas e as cucas
3. Querida Superhist x Mr. Frog
Uh-la-la, uh-la-la, uh-la...
Hey querida, gosto muito de você
De olhar gravuras e de conversar com você
Hey querida, você é demais!
Hey você, querida superhist
Hey querida, mil incensos pra você
Traduz: um som de bob dylam pra você
Hey querida, voce é demais!
Hey você, querida superhist
Um cheese burger não é um hot dog
Do mesmo jeito que eu não sou mr frog...
Mas quem é mr frog? quem é mr frog?
Quem é ele? onde é que ele vai?
Quem é mr frog? quem é mr frog?
Será que ele faz alguma terapia?
Será que ejacula dentro da pia?
Mr frog?!? mr frog?!?
Hey querida, domingo vamos passear
Lá no parque da redenção, vamos viajar
Hey querida, você é demais!
Hey você, querida superhist. querida superhist
Querida superhist. querida superhist.
4. Pictures and paintings
Querida superhist. querida superhist.
Quero a metade do seu micro-ponto
Yeah you, you, yeah, yeah, yeah,
Yeah you do, yeah you do!
Amei os seu estilo e o seu cabelo, curto e grudado na testa
Até parece que você não toma banho
Pictures and paintings,
Pictures and paintings...
Quero todo seu ponto de vista,
Quero ser você surrealista
Yeah, you, you, yeah, yeah, yeah,
Yeah, you, yeah you do!
Amei o seu estilo e o seu cabelo, longo e grudado na bunda
Até parece que você é bicho krulla
Pictures and paintings,
Pictures and paintings,
Pictures and paintings, pictures and
Paintings...
Quero toda sua escrotisse
Quero a metade do seu otimismo
Yeah you, you, yeah, yeah, yeah, yeah, you, yeah you do!
Amei os seu estilo e o seu cabelo, curto e grudado na testa
Até parece que você não toma banho
Pictures and paintings, pictures and paintings
Pictures and paintings, pictures and paintings...
5. Eu e minha ex
Eu e minha ex, no botequim falando sobre nossas vidas
As novas amizades, relações, experiências, sacações
Foi quando eu descobri, me incomodava a intimidade da ex
As novas idéias, discos, filmes diferentes de quando eu opinava
Eu e minha ex queremos amizade, mas acho que eu não superei
Talvez ainda goste dela?!
Eu e minha ex na tempestade, sob o mesmo guarda-chuva
Pelas alamedas de porto alegre, do mercadão até bom fim
Eu e minha ex queremos amizade, mas acho que eu não superei
Talvez ainda goste dela?!
Eu e minha ex, talvez um dia sejamos um só outra vez...
Em outro planeta, dimensão, circunstância, situação.
Eu e minha ex queremos amizade, mas acho que eu não superei
Talvez ainda goste dela?!
6. Walter Victor
Walter Victor tomador de panca,
Walter Victor tomador de panca,
Walter Victor tomador de panca,
Yeah Allright!
Yeah Every Night!
Walter toma suas bolas farmacêuticas
Sua boca fica mole, palavras gozadas
Walter V. inteligente e bonito
Mas ninguém entende,
Não, nem as garotas, não
Ninguém entende o seu jeitão.
Walter Victor tomador de panca,
Walter Victor tomador de panca,
Walter Victor tomador de panca,
Yeah Allright!
Yeah Every Night!
Eu e Victor somos amigos há muito tempo
Eu já tomei pancas com ele, tipo Artani
Me senti um astronauta na lua
Mas não era a lua,
Não, não, não era a lua
Apenas quadras distantes da minha rua!
Victor fôra internado numa clínica
Os seus pais o colocaram num hospício
Walter V. inteligente e bonito
Mas ninguêm entende,
nem a medicina, não
Ninguém entende o seu jeitão
Walter Victor tomador de panca,
Walter Victor tomador de panca,
Walter Victor tomador de panca,
Yeah Allright!Yeah Every Night!
7. As outras que me querem
Eu só fôdo com você nessa fase atual da vida que eu tô levando
Mas as vezes me pergunto se eu não devia estar transando com asoutras que me querem
Mas quando eu te visito pra tomar um chá
E a gente começa a falar
tudo fica claro na minha mente
E a gente começa a trepar !!!
Eu creio que você as vezes queira dar pra outros carinhas no pedaço
Não, não acho tão legal
No entanto uma questão da gente sentar e conversar
Mas quando eu te visito pra tomar um chá,
E a gente começa a falar
Tudo fica claro na minha mente
e a gente começa a trepar !!!
8. Sociedades humanóides fantásticas
Eu já nasci desencarnado com o corpo e a alma lado a lado
Do mesmo jeito que eu e você, são todos robots kyz
Somos humanóides programados pra povoar os planetas alcançados
Cuidamos dos bichinhos dos humanos: lagartixas, coelhinhos, Pelicanos
Crianças lunáticas,
Civilizações tão plásticas,
Tendências mais práticas...
Sociedades humanóides fantásticas!!!
Quando o homem chegou a lua em 1969,
Eu tava no saco d'um robot
Um espermatozóide eletrônico, cheio de porrinhas na cuca
Morava lo laboratório scrocktchsh, it's a sky lab!
Trabalhamos nas colônias de marte,
Nos injetamos freakium em saturno
Obviamente nos amamos em vênus,
Onde costumamos curtir música no mc cactus 'night club'
Crianças lunáticas, civilizações tão plásticas,
Tendências mais práticas
Sociedades humanóides fantásticas!!!
9. O novo namorado
Fica comigo e deixa eu te mostrar que eu posso ser seu novo namorado
Fica comigo e deixa eu te provar que eu sou
aquele que cai bem do seu lado
Mundo moderno, alguém me dizia
'Todo mundo come todo mundo',
Mas eu tô querendo
Querendo trabalhar meu lado sensibilidade
Agora eu quero só você
Pra gostar de verdade
Fica comigo e deixa eu te mostrar que eu posso ser seu novo namorado
Fica comigo e deixa eu te provar que eu sou
aquele que cai bem do seu lado
Ouvi o motor nas costas da cabeça
Eu vi todas as luzes piscando e eu não tenho pressa
Eu não tenho pressa, embora pareça
Eu não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não
Não, tenho pressa pra te amar !
Mundo futurista alguém me dizia:
'Energia sexual mal dirigida pode ser uma fria'
A minha energia retorna em energia,
Por isso eu posso ser o aquariano
Que a capricórnio queria
10. Miss Lexotan 6 mg Garota
O nome dela é:
Miss Lexotan 6mg Garota
O nome dela é:
Miss Lexotan 6mg Garota
Ela não consegue relaxar
ela não consegue nem ao menos dormir
ela é tensa só porque seu amor não vive
em São Paulo nem Porto Alegre, em lugar nenhum
Ela tem andado meio frígida
tem se preocupado com as coisas do coração
ela teme intensamente que jamais
conheça um carinha que vai comê-la estando apaixonado
O nome dela é:
Miss Lexotan 6mg Garota
O nome dela é:
Miss Lexotan 6mg Garota
Ela era atriz no underground
hoje ela posa de modelo fotográfico
é frequentadora assídua do templo Hare Krishna
mas mesmo assim ela não fica leve
E quando o sol finalmente raiar e ela então ferrar
E quando o sol finalmente raiar e ela desmaiar
Tudo ficará positivamente mórbido...
O nome dela é:
ta ta ta ta ta Miss Lexotan
ta ta ta ta ta Miss Lexotan Garota
Ela era atriz no underground
hoje ela posa de modelo fotográfico
é frequentadora assídua do templo Hare Krishna
mas mesmo assim ela não fica leve
mas mesmo assim ela não fica leve
Miss Lexotan 6 miligramas.
11. The freaking Alice (hippie under groove)
Venha me colher em cima da bosta do zebú
Uso um chapéu do tipo hippie under groove
Colha-me, coma-me, beba-me, sacra-me
Vem para a colheita depois da chuva purificadora
Mova seus pezinhos embarrados por pintora
Colha-me, coma-me, beba-me, sacra-me
Toda mutação acaba sendo evolução
Ir e não voltar é conhecer outro lugar
Vejo borboletas celebrando a mutação
Hoje borboletas celebrando a mutação
Colha-me, coma-me, beba-me, sacra-me, sacra-me
12. Essência interior
Quando você der para outro cara
Lembre-se que alguém se masturba
Alguém do outro lado da cidade
Se sente em sintonia e pensa em você
Estou ligado na sua essência interior
Quando o vento move o seu cabelo
Eu preciso ser o vento também
Quando a chuva molha todo o seu corpo
Eu sou a gota que se recusa a secar
Estou ligado na sua essência interior
Todas as estrelas serão nossas
Quando a gente gozar
Todo o universo compreendido
A-a-a-aaahhhhhhhh...
13. Canção para dormir
Eu acredito em fantasmas
E mula sem cabeça
Neguiinho do pastoreiro
E boi tátá-tá-tátá-tá
Tá tá-tá, tá tá-tá
As vezes transo simpatias
Sou super superticioso
Eu acredito em fantasmas
Fantasmasa, fantasmas, fantasmas
Lá vem lobishomem
E as coruja maldita
Lá vem superhomem
Salvando a donzela aflita
No reino da lua cheia
Existe uma mulher feia
Que lança feitiço nos homi
Nos homi, nos homi, nos homi
Lá vem gafanhoto
E grilo maluco na cuca
Lá vem homem-aranha
Salvando a donzela maluca
Amor é boa palavra
Palavras fazem o bolo
O bolo de marshmellow
Pra fada e o gnomo amarelo
14. A sétima efervescência intergaláctica
Crianças Lunáticas
Civilizações tão plásticas
Tendências mais práticas
Fantásticaaaaaaaaaas

sábado, 22 de março de 2008

LSD - Dietilamida do Ácido Lisérgico

LSD - Dietilamida do Ácido Lisérgico

LSD é o acrônimo de Lysergsäurediethylamid, palavra alemã para a dietilamida do ácido lisérgico, que é uma das mais potentes substâncias alucinógenas conhecidas. Uma dose de apenas cem microgramas causa um brutal aumento nos sentidos, afetando também os sentimentos e a memória por um período que pode variar de seis a quatorze horas.


Dietilamida do Ácido Lisérgico

O LSD, ou mais precisamente LSD-25, é um composto cristalino relacionado especialmente com os alcalóides podendo ser produzido a partir do processamento das substâncias do esporão do centeio. Foi sintetizado pela primeira vez em 1938 e, em 1943, o químico suíço Albert Hofmann descobriu os seus efeitos de uma forma acidental.

É uma droga que ganhou popularidade na década de 60, estando seu consumo culturalmente associado ao movimento psicodélico. Na época não era considerada prejudicial a saúde, de tal modo que médicos até a recomendavam.
A dietilamida do ácido lisérgico é sintetizada clandestinamente a partir da cravagem de um fungo do centeio (Claviceps purpurea). Pode apresentar a forma de barras, cápsulas, tiras de gelatina, liquída, micropontos ou folhas de papel secante (como selos ou autocolantes), sendo que uma dose média é de 50 a 75 microgramas. É consumido por via oral, absorção sub-lingual, injetada ou inalada. Esta substância age sobre os sistemas neurotransmissores serotononérgicos e dopaminérgicos. Além disso, inibe a atividade dos neurônios do rafe (importantes a nível visual e sensorial). Atualmente não é utilizada na terapêutica, apesar de já ter sido extensivamente usada e pesquisada em décadas passadas.
O LSD é menos popular que o ecstasy, mais barato e de efeito mais rápido.
Terminologia
O LSD também recebe outros nomes como ácido, doce, cones, microponto, gota, fiote, quadrado, papel, porongos, bike, filete, trips (do inglês), Popeye, Mickey Mouse ou Pato Donald (estes últimos derivados dos desenhos impressos em pequenas folhas de papel em que a droga estava contida), .
Origens e história


Albert Hofmann, o “pai” do LSD


O LSD foi sintetizado pela primeira vez em 7 de abril de 1938 pelo químico suíço Dr. Albert Hofmann nos Laboratórios Sandoz em Basel, Suíça, como parte de um grande programa de pesquisa em busca de derivados de alcalóides do ergot úteis medicamente. A descoberta dos efeitos do LSD aconteceu quando Hofman, após manuseio contínuo de substâncias (o LSD é tão potente que pode ser absorvido pela pele) se viu obrigado a interromper o seu trabalho devido aos sintomas alucinatórios que estava a sentir.
Suas propriedades psicodélicas permanecerem desconhecidas até 5 anos depois, quando Hofmann, dizendo sentir um “pressentimento peculiar”, retornou a trabalhar na substância química. Ele atribuiu a descoberta dos efeitos psicoativos do composto a uma absorção acidental de uma pequena porção em sua pele em 16 de abril, que o levou a testar em si próprio uma dose maior (250 µg) em 19 de abril.[1] Dr. Hofmann então chamou um médico, que não encontrou nenhum sintoma físico anormal, exceto suas pupilas extremamente dilatadas. Depois de passar várias horas apavorado achando que havia sido possuído por um demônio, que sua vizinha era uma bruxa e que seus móveis estavam o ameaçando, Dr. Hofmann temia que ele tinha se tornado completamente insano.
Até 1966, LSD e a psilocibina eram fornecidos pelos Laboratórios Sandoz gratuitamente para cientistas interessados sob a marca chamada “Delysid”. O uso destes compostos por psiquiatras para obterem um entendimento subjetivo melhor de como era a experiência de um esquizofrênico foi uma prática aceita. Muitos usos clínicos foram conduzidos com o LSD para psicoterapia psicadélica, geralmente com resultados muito positivos.
O LSD foi inicialmente utilizado como recurso psicoterapêutico e para tratamento de alcoolismo e disfunções sexuais.
Com o movimento psicodélico na Inglaterra na década de 1960, passou a tomar conta das noites londrinas e do cenário musical inglês. O consumo do LSD difundiu-se nos meios universitários norte-americanos, hippies, grupos de música pop, ambientes literários, etc.
Recentemente verificou-se um aumento do consumo de LSD, provavelmente como resultado da influência do revivalismo dos anos 60 e 70 e das festas de música eletrônica chamadas raves.
Regulamentação e pesquisa
Os serviços de inteligência da guerra fria estavam muito interessados nas possibilidades de utilizar o LSD em interrogatórios e em controle de mente, e também para uma engenharia social de larga escala. A CIA conduziu diversas pesquisas sobre o LSD, das quais a maioria foi destruída. O LSD foi a área central de pesquisa do Projeto MKULTRA, um codenome para o projeto da CIA de controle de mentes, cujas pesquisas começaram nos anos 1950s e continuaram até o final dos anos 1960s. Alguns testes também foram conduzidos pelo Laboratório Biomédico do Exército dos Estados Unidos. Voluntários tomaram LSD e então passaram por uma bateria de testes para investigar os efeitos da droga nos soldados. Baseado nos registros públicos disponíveis, o projeto parece ter concluído que a droga era de pouco uso prático para o controle de mente, levando o projeto a desistir do seu uso. Os projetos da CIA e do exército norte-americano se tornaram muito controversos quando eles vieram ao conhecimento da população nos anos 1970s, já que os voluntários dos testes não eram normalmente informados sobre a natureza dos experimentos, ou mesmo se eles eram testados nos experimentos. Muitas pessoas testadas desenvolveram doença mental severa e até cometeram suicídio após os experimentos. A maioria dos registros do projeto MKULTRA foram destruídos em 1973.
O governo britânico também se interessou em testar o LSD; em 1953 e 1954, com os cientistas trabalhando para procurar uma “droga da verdade”. Os voluntários dos testes não eram informados de que estavam consumindo LSD, e foi informado a eles que estavam fazendo pesquisas para outras doenças. Um voluntário, na época com 19 anos, relatou ver “paredes derretendo, e rachaduras aparecendo nos rostos das pessoas… olhos que corriam nas bochechas, entre outras figuras”. Depois de manter os testes em segredo por muitos anos, o governo britânico aceitou em 2006 pagar aos voluntários uma compensação financeira. Assim como a CIA, os britânicos decidiram que o LSD não era uma droga útil para propósitos de controle de mente.
O LSD se tornou primeiramente recreacional em um pequeno grupo de profissionais de saúde que estudavam a mente, como psiquiatras e psicólogos, durantes os anos 1950s.
Diversos profissionais da saúde se envolveram em pesquisas sobre o LSD, mais notavelmente os professores de Harvard Dr. Timothy Leary e Richard Alpert, se convenceram do potencial do LSD como uma ferramenta para o crescimento espiritual. Em 1961, o Dr. Timothy Leary recebeu uma quantia de dinheiro da Universidade de Harvard para estudar os efeitos do LSD em voluntários. 3.500 doses foram dadas para mais de 400 pessoas. Daqueles testados, 90% disseram que eles gostariam de repetir a experiência, 83% disseram ter aprendido alguma coisa ou ter tido uma “iluminação” (insight), e 62% disseram que o LSD mudou suas vidas para melhor.
A droga foi proibida nos Estados Unidos em 1967, com as pesquisas terapêuticas científicas assim como pesquisas individuais também se tornando cada vez mais difíceis de se realizar. Muitos outros países, sobre a pressão dos Estados Unidos, rapidamente seguiram a restrição. Desde 1967, o uso recreacional e terapêutico do LSD tem continuado em muitos países, suportado por um mercado negro e demando popular pela droga. Experimentos de pesquisa acadêmica legalizados ainda são conduzidos esporadicamente, mas raramente envolvem seres humanos. Apesar de sua proibição, a cultura hippie continuou a promover o uso regular de LSD. Bandas como The Beatles, The Doors, The Grateful Dead e Pink Floyd fizeram esse papel.
De acordo com Leigh Henderson e William Glass, dois pesquisadores associados ao Instituto Nacional das Drogas de Abuso dos Estados Unidos que fizeram uma pesquisa na literatura médica em 1994, o uso do LSD é relativamente incomum quando comparado com o abuso da bebida alcóolica, cocaína e drogas de prescrição. Henderson e Glass concluíram que os usuários de LSD tipicamente usam a substância em épocas infrequentes, abandonando o ouso dois a quatro anos após. No geral, o LSD pareceu ter menos consequencias adversas na saúde, das quais as bad trips foram as mais relatadas (e, os pesquisadores concluiram, uma das principais razões pelas quais os jovens param de usar a droga).
Dosagem
O LSD é, por massa, uma das drogas mais potentes já descobertas. As dosagens de LSD são medidas em microgramas (µg), ou milionésimos de uma grama. Em comparação, as doses de quase todas as drogas, sejam recreacionais ou médicas, são medidas em miligramas (mg), ou milésimos de uma grama. Hofmann determinou que uma dose ativa de mescalina, aproximadamente 0,2 a 0,5 g, tem efeitos comparáveis a 100 µg ou menos de LSD; em outras palavras, o LSD é entre cinco ou dez mil vezes mais ativo que a mescalina.
Enquanto uma dose típica única de LSD pode estar entre 100 e 500 microgramas — uma quantidade aproximadamente igual a um décimo da massa de um grão de areia — seus efeitos mínimos já podem ser sentidos com pequenas quantidades como 20 microgramas.[6]
De acordo com Stoll, o nível de dose que irá produzir um efeito alucinógeno em humanos é considerado ser 20 a 30 µg, com os efeitos da droga se tornando marcadamente mais evidentes com dosagens mais altas.[7][6] De acordo com um “review” de Glass e Henderson, o mercado negro de LSD é muito não-adulterado embora algumas vezes é contaminado por produtos derivados da fabricação. As doses típicas nos anos 1960s variavam de 200 a 1000 µg, enquanto as amostras encontradas nas ruas dos anos 1970s continham 30 a 300 µg. Na metade dos anos 1980s, a média tinha reduzido para 100 a 125 µg, baixando ainda mais nos anos 1990s para 20–80 µg. (Glass e Henderson concluíram que doses menores geralmente produziam menos bad trips.)[5] Dosagens por usuários freqüentes podem ser tão altas como 1.200 µg (1,2 mg), mesmo que uma dosagem tão alta possa gerar reações físicas e psicológicas desagradáveis.
Estima-se que a dose letal (LD50) do LSD varie de 200 µg/kg a mais de 1 mg/kg de massa corporal humana, embora a maioria das fontes relatem que não há casos conhecidos de humanos com uma overdose dessa quantia. Outras fontes relatam uma suspeita de overdose fatal de LSD ocorrendo em 1974 em Kentucky na qual houve indicativos que ~1/3 de uma grama (320 mg ou 320.000 µg) tinham sido injetadas intravenosamente, ou seja, mais de 3.000 vezes a dose típica de uso oral (cerca de 100 µg tinham sido injetadas).[8]
O LSD não é considerado viciante, já que seus usuários não demonstram à comunidade médica as definições comumente aceitadas de vício e dependência física. A rápida tolerância construída previne o uso regular, e mostrou-se que existe uma tolerância em cruz (cross-tolerance) entre o LSD, mescalina e psilocibina. Esta tolerância diminui depois de alguns dias de abstenção do uso.
Overdose
Inexistem estudos que comprovem a existência de overdose por LSD, mesmo doses maciças são toleradas devido ao mecanismo de ação da droga que se dá pelo bloqueio dos receptores pré-sinápticos da dopamina (D1 e D2 principalmente) o que aumenta a concentração de dopamina na fenda sináptica. Por conseqüência, inexiste dose letal para a droga na sua forma pura. Isso implica que aumentos na dosagem não levam a aumentos no efeito tóxico da droga, a partir de uma dosagem limite, sendo que o excesso da droga é eliminado pelo organismo da forma usual (detoxificação hepática e eliminação pela urina dos metabólitos solúveis). No entanto, deve-se salientar que, em geral, o LSD não é vendido na sua forma pura, sendo misturado com outras drogas (derivados da anfetamina, por exemplo) o que pode potencializar o efeito e possibilitar uma dose letal que inexiste com o LSD puro. Normalmente a dependência que os usuários apresentam pelo uso do LSD deriva das drogas associadas ao mesmo, e não ao LSD na sua forma pura que não gera dependência física/química ou psíquica (esta última ocorrendo raramente).
Efeitos
Os efeitos variam conforme a personalidade do sujeito, o contexto (ambiente) e a qualidade do produto, podendo ser agradáveis ou muito desagradáveis. O LSD pode provocar ilusões, alucinações (auditivas e visuais), grande sensibilidade sensorial (cores mais brilhantes, percepção de sons imperceptíveis), sinestesias, experiências místicas, flashbacks, paranóia, alteração da noção temporal e espacial, confusão, pensamento desordenado, baforadas delirantes podendo conduzir a atos auto-agressivos (suicídio) e hetero-agressivos, despersonalização, perda do controle emocional, sentimento de bem-estar, experiências de êxtase, euforia alternada com angústia, pânico, ansiedade, depressão, dificuldade de concentração, perturbações da memória, psicose por “má viagem”. Poderão ainda ocorrer náuseas, dilatação das pupilas, aumento da pressão arterial e do ritmo cardíaco, debilidade corporal, sonolência, aumento da temperatura corporal.
Espirituais
O LSD é considera um enteógeno porque ele pode catalisar experiências espirituais intensas nas quais os usuários se sentem como se estivessem em contato com uma ordem cósmica ou espiritual maior. Alguns demonstraram alteração da percepção de como sua mente trabalha, e alguns experienciam mudanças de longa duração em suas perspectivas de vida. Alguns usuários consideram o LSD um sacramento religioso, uma ferramenta poderosa para que terem acesso ao que é divino. Diversos livros compararam o estado dos efeitos do LSD com o estado do Bodhi, a iluminação, despertar do budismo e da filosofia oriental.
Estas experiências sob a influência do LSD foram observadas e documentadas por pesquisadores como Timothy Leary e Stanislav Grof. Obteve-se evidências, através destes estudos, de que os alucinógenos podem induzir estados místicos religiosos em seus usuários (pelo menos nas pessoas que têm uma predisposição espiritual).
Perigos físicos
Flashbacks
Existe uma possibilidade de flashbacks, um fenômeno psicológico no qual o indivíduo experiencia um episódio de alguns dos efeitos subjetivos do LSD muito tempo depois de a droga ter sido consumida - algumas vezes semanas, meses ou até mesmo anos após. Os flashbacks podem incorporar tanto aspectos positivos quanto negativos das “trips” do LSD. Esta síndrome é chamada pela psiquiatria de “Transtorno Perceptual Persistente por Alucinógenos”.

Psicose
Existem alguns casos de LSD induzindo uma psicose em pessoas que aparentavam estar saudáveis antes de consumirem LSD. Este assunto foi muito estudado por uma publicação de 1984 feita por Rick Strassman. Na maioria dos casos, a reação parecida com a psicose é de curta duração, mas em outros casos ela pode ser crônica. É dificil de se determinar se o LSD induz estas reações ou se ele meramente desencadeia condições latentes que poderiam se manifestar por si próprias após um certo tempo. Diversos estudos tentaram estimar a prevalência de psicoses prolongadas induzidas por LSD, chegando a números de cerca de 4 em 1.000 indivíduos (0,8 em 1.000 voluntários e 1,8 em 1.000 pacientes psicoterápicos em Cohen 1960; 9 em 1.000 pacientes psicoterápicos em Melleson 1971).
Química

O LSD é um derivado da ergolina. Ele é geralmente produzido a partir da reação da dietilamina com uma forma ativa de ácido lisérgico.
Os quatro possíveis isômeros do LSD. Destes, somente o LSD é psicoativo.
Produção
Como uma dose ativa de LSD é incrivelmente pequena, um grande número de doses pode ser sintetizado a partir de uma pequena quantidade de matéria-prima. Com cinco quilogramas do sal tartrato de ergotamina, por exemplo, pode-se fabricar aproximadamente um quilograma de LSD puro e cristalino. Cinco quilogramas de LSD — 25 kg de tartrato de ergotamina — são capazes de gerar 100 milhões de doses típicas. Como as massas envolvidas são tão pequenas, o tráfico ilícito de LSD é muito mais fácil que o de outras drogas ilegais como cocaína ou maconha, em iguais quantidades de doses.
A fabricação de LSD requer equipamentos de laboratório e experiência na área da química orgânica. Leva-se dois ou três dias para produzir 30 a 100 gramas do composto puro. Acredita-se que o LSD geralmente não é produzido em grandes quantidades, mas em diversas séries de pequenos lotes. Esta técnica minimiza a perda de precursores químicos no caso de um passo de síntese não funcionar como esperado.
Riscos
O papel perfurado, depois de mergulhado em uma solução de LSD, como ilustrado acima, é uma das formas mais populares de uso da droga.

Não existem provas das conseqüências físicas do consumo de LSD; apenas se conhecem as relacionadas com problemas psicológicos, como a depressão, ansiedade, psicose, etc. Há inúmeros casos de psicoses que duram meses e psicoses permanentes que só ocorrem em pessoas que têm alguma doença mental ainda não manifestada. Pessoas normais não correm esse risco. As pessoas afetadas ficam distantes, como se ainda estivessem sobre o efeito da droga. Existem também casos de “bad trip”, que significa viagem ruim, quando a pessoa toma a droga e o efeito é de medo, paranóia, pavor (sensações ruins).
O consumo do LSD poderá provocar a alteração total da percepção da realidade. O flashback ou revivescência é o principal perigo do consumo. Nestas situações, traços de experiências vividas com a droga anteriormente são sentidos, sem que para tal tenha de a consumir de novo. Estes flashbacks podem ocorrer semanas após a ingestão da substância. Em mulheres grávidas pode induzir a contracção das fibras do músculo uterino.
Há riscos de sobredosagem dada a percentagem muito variável de pureza do produto. É desaconselhável o consumo não acompanhado/isolado devido a riscos de distracção perceptiva. Quando misturado com produtos do tipo anfetaminas torna-se mais perigoso. Não consumir em caso de problemas de saúde mental, depressão ou crises de ansiedade ou incerteza.
Tolerância e dependência
O LSD tem a propriedade de se ligar ao tecido adiposo, e desprender-se após algum tempo. Existe tolerância virtualmente completa após três a quatro dias de uso continuo, ou seja, nesse período, o usuário deixa de experimentar qualquer efeito no uso da droga. A tolerância é rapidamente revertida entre quatro e sete dias de abstinência, retornando os efeitos da droga de modo quase completo. Pode levar a dependência psicológica, embora isso seja raro, mas não leva a dependência física. Inexistem sintomas de abstinência.

JUST SAY "KNOW" por Timothy Leary

JUST SAY "KNOW"
por Timothy Leary
A "guerra contra as drogas" é absolutamente indecente. A proibição do uso de substâncias psicotrópicas beneficia a violência do tráfico às custas do dinheiro público, além de não impedir na prática a utilização de drogas, que devido a procedência duvidosa e adulteração, ficam ainda mais perigosas. Neste texto procurarei destrinchar a ideologia duvidosa que proíbe coisas como a maconha e os alucinógenos, ignorando o uso milenar dessas substâncias com fins religiosos, hedonistas ou medicinais.
A raiz da proibição de substâncias está na igreja medieval, que por razões dogmáticas proibia o uso de todo o tipo de especiarias (não só psicotrópicos) como perfumes, açúcar, etc. O que quer que causasse prazer era controlado pelo clero. Mesmo a música demorou anos para se livrar da proibição da dissonância e mesmo da polifonia, a base de toda a música ocidental após o período renascentista.
O sexo até hoje é desconsiderado pela igreja como um ato sublime e religioso por si só, sem a reprodução como finalidade precípua, e a proibição de anticoncepcionais pelo Papa só endossa esta afirmação. Mesmo drogas medicinais eram atacadas, principalmente por serem utilizadas por "bruxos", que não passavam de médicos camponeses, parteiras, etc., que tinham o conhecimento das ervas. O descobrimento da América, já numa época onde essas substâncias eram toleradas, criou nações, como o Brasil, que dependiam e criavam sua riqueza (que, claro, ia para os colonizadores) quase que unicamente de uma substância psicotrópica que causa dependência, o café, e do açúcar, especiarias antes com o uso restringido na Europa. Isso sem falar no tabaco, hábito dos índios americanos que se espalhou pelo mundo com uma velocidade alarmante, apesar das restrições da Igreja, que não poderia tolerar uma coisa "infernal" como aquela, que queimava e produzia fumaça.
No século passado, já com o iluminismo absolutamente consolidado, em pleno positivismo, fez-se a descoberta de inúmeras drogas, entre elas os anestésicos, que revolucionaram a cirurgia. Intelectuais faziam uso de Absinto (uma bebida com um efeito ligeiramente diferente do álcool), cocaína, ópio, tabaco sob a forma de rapé e cigarros, e o uso dessas substâncias (com exceção talvez do ópio) era requintada e dândi. Mas entre as classes populares ainda havia o preconceito (além da falta de dinheiro, claro) reminiscente da Igreja, principalmente entre os Protestantes, mas o álcool sempre foi largamente utilizado.
O século XX entrou com a psicanálise do Dr. Freud, que era um notável usuário de tabaco e cocaína, que na época não era considerado, como normalmente se entende hoje, um ponto negativo para ele. Na Sears, loja de departamentos Norte-Americana, se podia comprar um kit com um seringa e diversas substâncias para o senhor de família relaxar ou se divertir. A antropologia estava em alta e diversos estudiosos viajavam para lugares remotos e experimentavam as drogas religiosas de diversos povos.
De fato quase toda cultura têm uma droga específica. Alguns casos chegam ao extremo, como algumas tribos vikings, que usavam um cogumelo extremamente tóxico. Eles faziam o guerreiro mais forte tomar uma poção com o cogumelo e depois toda a tribo bebia a urina do guerreiro, que mantinha o efeito psicotrópico mas não o efeito tóxico, o guerreiro passava mal alguns dias. Os índios mexicanos que usam cactus Peyote vomitam por dias a fio, com a boca lanhada e seca, apenas para ter alucinações. Normalmente quem faz o uso dessas substâncias é o xamã, ou pagé, da tribo, e ele a partir disso faz previsões ou curas.
Zoroastrismo, Igreja Cóptica, esquimós da Sibéria, índios por toda a América (aliás 80% das plantas alucinógenas se concentra na América), sufis do islã, tribos africanas, todos usam ou usavam substâncias psicotrópicas, sem contar o álcool, com fins religiosos, de prazer ou medicinais. Acredita-se que na Grécia antiga, nos ritos de Eleusis, se utilizava um derivado do Ergot, o mofo do centeio, como um alucinógeno semelhante ao LSD. Se isso for verdade, gregos ilustres como Platão, que participavam das cerimônias utilizavam (ou viam pessoas utilizar) alucinógenos.
Mas com tudo isso, a maior nação Protestante do mundo, os Estados Unidos, em 1914 resolveram baixar uma lei proibindo o uso de diversas substâncias psicotrópicas, feito imitado por todo o mundo algum tempo depois. Além disso, na década de 30, talvez devido a depressão econômica, tentaram proibir o álcool. O tráfico foi tanto, a violência tanta, que voltaram atrás.
Enquanto isso se descobria o LSD e Aldous Huxley fazia experimentos com a mescalina e escrevia um livro muito influente até hoje "As portas da percepção". As bases estavam lançadas para o primeiro movimento contracultural, os Beatniks, nos anos 50. Usuários de drogas pesadas, intelectuais, apreciadores do Jazz, este grupo razoavelmente pequeno de pessoas foi a base cultural da revolução dos anos 60. Através de seus livros uma geração inteira de pessoas direcionadas para o uso sem preconceitos, e até exagerado, de drogas foi criada. E com ela a revolução sexual e cultural que todos conhecemos.
As pesquisas com o uso psiquiátrico do LSD caminhavam (com resultados controversos até hoje) muito bem, quando o governo percebeu havia toda uma geração não voltada para o consumo, despreocupada com o trabalho e pacifista (isso em plena e inútil guerra do Vietnã). Esse foi o ultimato para as drogas. O governo americano proibiu o LSD em 1966, e acabou com as verbas para sua pesquisa (o estudo psiquiátrico do LSD continua apenas na Suíça). O tráfico internacional de drogas começou. Ouve toda uma campanha de desinformação sobre drogas. O usuário de drogas não podia confiar em nenhuma informação técnica sobre a substância, reportagens exageradas mostravam fatos duvidosos, etc. Até hoje existe algo disso, embora seja muito mais fácil conseguir informação confiável sobre drogas.
É isso mesmo. Você achava que o governo proíbe as drogas porque elas "fazem mal", mas na verdade o governo as proíbe porque elas são contraproducentes numa sociedade de zumbis consumistas, trabalhadores incansáveis de corporações sem rosto e pessoas naturalmente deprimidas e sem religião. É verdade que algumas drogas fazem mal e provocam uma dependência terrível, como a heroína, é verdade que se pode morrer de overdose de cocaína, e é verdade que uma pessoa despreparada e deprimida, num ambiente desfavorável, pode se suicidar pelo efeito do LSD. Mas o álcool e o tabaco também provocam muitos malefícios e são liberados. Você não acha que o cidadão é que deveria decidir o que utilizar? Você gosta de ser tratado como um bebê que não pode comer um doce porque papai não quer? Você, cidadão respeitável, gosta de pagar a busca e apreensão de drogas, que podiam render impostos para o governo e ainda ter uma qualidade bem melhor, o que evitaria muitas mortes? Você acha que seu filho merece a informação dos amigos e traficantes ou a de uma bula? Você não confia nas pessoas?
Não prego aqui a liberação de heroína ou cocaína, o que seria impossível aqui, embora a experiência da Holanda não seja o que pregam. Lá pelo menos os Junkies, que são doentes, têm o auxílio do governo. E sempre vão haver Junkies, pesquisas mostram que pelo menos 10% da população desenvolve algum tipo de dependência que não seja café ou tabaco. Mas alucinógenos não provocam dependência e geralmente são experiências enriquecedoras. Quase não existe tráfico de LSD, simplesmente porque ele não vicia, a pessoa sequer sente uma vontade reincidente (como na cocaína, outra droga que não causa dependência física, apenas uma forte dependência psicológica) - ou seja, drogas seguras não são normalmente traficadas, e o lugar comum chega a pensar (já me vieram com essa diversas vezes) que o "Ácido" é muito mais perigoso do que a cocaína. Sem falar na maconha, que nunca deveria ter sido proibida, e que leva a fama de quase tudo que não é, aditiva, destruidora de cérebro, etc. E as pessoas que falam isso bebem todo o dia, ou todo o fim de semana.
Não prego aqui que todos devam usar drogas. Apenas os xamãs modernos, os artistas e os intelectuais, as pessoas criativas em geral é que normalmente se beneficiam, e que arcam o pequeno preço que algumas drogas cobram. Mas todos temos o direito de experimentar. Todos temos o direito de saber.
Drogas - Just Say "Know".

ENTREVISTA COM TIMOTHY LEARY


ENTREVISTA COM TIMOTHY LEARY
Por Cláudio Júlio Tognolli

Esta entrevista foi publicada na revista INTERVIEW de fevereiro de 1996. Portanto, cerca de três meses antes da morte de Leary, em 31 de maio.

Cláudio Júlio Tognolli entrevista Timothy Leary, uma das figuras mais controvertidas do século XX.


A VIAGEM

O psicólogo Timothy Leary construiu seu nome destruindo o autoritarismo. Hoje, aos 75 anos de idade, três cânceres o destroem — e bem no auge da geração que ele ajudou a construir. O "Pai da Contracultura", o homem que orientou os Beatles em suas viagens lisérgicas, pede desculpas, enfim. Tem agora seus limites e já não pode responder às minhas perguntas em missivas longuíssimas, sempre enviadas por fax, sempre encerradas com sua chancela lustrosa. "Desculpe-me…, não posso me estender muito", diz Leary pelo telefone, falando de sua casa na Sunset Boulevard, em Beverly Hills, na Califórnia. A cada dois minutos de conversa Leary se impõe um recesso. Se avança, acessos de tosse tiram-lhe o fôlego e ele fica emudecido.

"Não, eu não vou me matar. Estou com três cânceres terminais, tenho o inimigo em mim mesmo. Disse que gostaria de morrer de uma maneira doce, podendo escolher com quem, onde e como morrer, mas isso não significa que eu vou me matar", explica-me Timothy Leary. Na primeira
quinzena de novembro passado a rede norte-americana CNN havia colocado Leary ao vivo, para todo o mundo, defendendo o direito ao suicídio, o que parecia ser a última viagem do papa do LSD. Ele desmente, deixando, no entanto, fumaça no ar: "Uma coisa eu tenho a dizer: vou
morrer logo, muito logo, e essa experiência da morte é algo inacreditável. O último mês de vida é o período mais didático de toda a sua existência", exulta Leary.

"Junto comigo assisto também à morte dos Estados Unidos. Bill Clinton é um imperador de um império em decadência, os Estados Unidos estão na mesma situação que a URSS estava no início da década de 90." Leary acredita que, com a morte anunciada de tantos ícones, como ele, uma
ferramenta funcione como instrumento coquete para libertar as novas gerações do século 21. "A Internet vai libertar-nos de padres, políticos e outras pragas semelhantes. Espero poder mandar mensagens para você depois que eu morrer."

Aqui vão talvez umas de suas últimas linhas. Fazem parte de correspondência que troquei com Leary nos últimos cinco anos, desde que ele passou a me dar conselhos sobre uma tese de mestrado, que desenvolvi na ECA-USP, sobre psicanálise e chavões de linguagem. A última vez que nos falamos pessoalmente foi em Key Largo, na Flórida, quando preparava sua vinda ao Brasil, em fevereiro de 1992.



CJT: O senhor poderia fazer um apanhado dos anos 80 e 90?

Timothy Leary: Eu passei dez longos anos lutando com computadores primitivos cujas telas eram, nos anos 80, cobertas de caracteres alfanuméricos. Eu realmente sofri muito nos anos 80, mas, como toda pessoa sensível, estava tentando desenvolver um software desenhado para potencializar a
inteligência, ampliar a criatividade e aumentar a comunicação entre os indivíduos. Aí as coisas começaram a mudar nos anos 90! Agora estamos convertendo os processadores multimídia em fones de olhos. Esses programas de telepresença, de realidade virtual, fortalecem os indivíduos para que criem seus próprios quartos eletrônicos. Nossas casas viram cyber espaços muito confortáveis. Os modens dos telefones proporcionam visitas pessoais. Minha meta, nossa meta, é que nos primeiros cinco anos do ano 2000 cada cidadela do Terceiro Mundo tenha um aparelho de televisão e uma linha telefônica, para que seus habitantes enviem seus olhos e orelhas para visitarem jovens estudantes de todo o mundo. Poder para os pupilos!

CJT: O senhor acha que o marxismo vai reaparecer?

Timothy Leary: Ah!, ah!… Por marxismo eu entendo que você esteja se referindo a Groucho, Harpo e Chico. Você está falando do Camarada Mao e de seu primo Karl? Eles, eu digo sempre isto, são figuras do distante século 19. Foram antigos heróis das Guerras Púnicas entre o Monopólio Capitalista e o Monopólio Socialista. Meu caro, a luta agora no século 21 é sobre quem controla suas telas, OK? De um lado nós temos os monopólios de transmissoras, de grandes meios de comunicação de
massas. No outro lado, temos empreendimentos livres. Temos, em vez de Broadcasting, os Broad Catchings, informação livre e barata fluindo. Quem controla as retinas de seus olhos?
As TVs massificadas? Meu mote é "Poder para os pupilos"!

CJT: Como o senhor prevê o futuro da cultura e da contracultura?

Timothy Leary: Eu celebro a globalização da arte e da cultura, o mundo eclético da música híbrida. A mistura do reggae, hip hop, salsa, soul, Chicago Industrial, Tokyo House, funk, jazz e rock and roll. Os novos indivíduos estarão zapeando seus sinais uns para os outros e usando aparelhos multimídia, da mesma forma que usam hoje seus fones de vozes. Você me pergunta também, é claro, das culturas das drogas. Há duas delas muito diferentes, por favor não as confunda. Há o período
da cultura das drogas leves, entre 1955 e 1980, que era pacífico, humanista, pagão, amável, não materialista, tolerante, antimilitarista, desorganizado, anárquico. Mas nos anos 80 surgiu o Cartel Hard Drugs, a facção Reagan-Bush no Pentágono, que tomou conta dos Estados Unidos. Súbita e agressivamente surgiram a cocaína, o crack, os esteróides. E retornou à popularidade o uso pesado de álcool e armas pesadas.

CJT: O senhor acredita em Psicanálise?

Timothy Leary: Você se refere a deitar passivamente, docilmente em um divã e ouvir um doutor sem o mínimo de humor confundir sua cuca? Não, não, muito obrigado. Eu tentei isso duas vezes e pratiquei por um tempo. Chutei longe esse hábito. Eu me juntei aos Psicanalisados Anônimos. A
Psicanálise é uma lição de jardim da infância. Tente-a, mas permaneça irreverente. As pessoas que pensam por si mesmas são felizes. Por quê? Porque elas não têm que culpar ninguém, exceto elas mesmas. E eu posso mudar a mim mesmo.

CJT: Quem será a Nova Geração?

Timothy Leary: Eu os chamo de New Breed. Eles combinam o melhor das contraculturas americana, japonesa e européia. São animados, autoconfiantes, individualistas, zen-oportunistas, abilidosamente psicodélicos e super high tech. São tolerantes, não sexistas e globalizantes. Começam em 1992 e vão até 2010.

CJT: Como essa geração vai trabalhar sua liberdade de consciência, da mesma forma que o senhor propunha aos Beatles?

Timothy Leary: Mudando seus memes, sem a ajuda do Prozac. Memes são idéias conceituais, paradigmas básicos, palavras-chaves, que determinam a evolução biológica. Eles se reproduzem e se espalham de pessoa para pessoa. São expressados num símbolo, palavra ou ícone. São como marcas, selos, para os arquivos de seu computador biológico, seu cérebro. Uma forma de se mudar a cultura e modificar os memes é introduzir novos memes no cérebro das pessoas. Isso é feito através do estímulo multissensorial da atividade psicomotora. Os católicos o fazem usando sons, perfumes, luzes e reflexos que imprimem a realidade católica no cérebro das pessoas. As organizações cada vez mais vão usar os memes para controlar o cérebro das pessoas.

CJT: O que Timothy Leary sugere?

Timothy Leary: Descubram quais são e aprendam a mudar os seus memes!


Timothy Leary foi abandonando paulatinamente sua postura de guru das viagens lisérgicas, embora tenha me dito, há dois anos, que ainda tomava LSD todas as semanas, como base de experimentos de ponta, que ele chama de "cutting edge". Leary atravessou os últimos anos dando orientações para PhDs de universidades londrinas e americanas sobre como estudar história fazendo uso das smart drugs. Com capacete e luvas de velcro e drogas inteligentes na cabeça, você entra na tela do computador e presencia, por exemplo, como era viver nas ruas de Paris na época da Revolução Francesa. Esse é último Leary:

"Você anda preocupado, e muito, sobre o risco da inteligência artificial se tornar mais esperta do que a mente humana, e isso não é possível. Nós estamos desenvolvendo programas que possam converter uma tela de computador num aparelho de telecomunicações. Uma espécie de fone do cérebro, das idéias. A comunicação da televirtualidade é a nova chave. Esse é um novo incentivo para os indivíduos criarem suas próprias realidades na tela, criarem seus próprios memes. Essa é a estrada da libertação psíquica das idéias prontas, das grandes corporações".

URL:: http://deoxy.org/leary

Timothy Leary


No Blog já colocamos um livro dele para Donwload, e falamos dos 08 Circuitos Mentais, mas agora vamos colocar entrevistas e textos de um dos caras mais importante da cena psicodélica.

Com vocês, Timothy Leary :


Timothy Francis Leary (22 de outubro de 1920 - 31 de maio de 1996), escritor americano, psicólogo e militante das drogas. Ficou famoso como um proponente dos benefícios terapêuticos e espirituais do LSD além de ser um designer de software e principal advogado da realidade virtual como uma forma de exploração dos potenciais humanos.
Na década de 60, Leary gerou controvérsia ao defender a eficácia da administração de alucinógenos – como o haxixe, o LSD e o peiote – na terapia de pacientes alcoólicos e esquizofrênicos. No ano de 1963, o "papa das drogas" perdeu sua cadeira em Psicologia Clínica na Universidade de Harvard, sem perder sua influência sobre a geração beat, flower-power e o movimento hippie. Em 1969, desenhou, colaborando com o ex-Beatle John Lennon, a capa do álbum Give Peace a Chance. Entre 1973 e 1977, Leary foi preso várias vezes por porte de drogas, mas, a partir de 1977, dedicou-se, no quadro do programa Smile, a problemas como o desenvolvimento da inteligência, as possibilidades de prolongar a vida e as migrações espaciais.
Após experimentar uma poderosa substância alucinógena descoberta nos anos 40 pelo cientista suíço Dr. Albert Hoffman, chamada simplesmente LSD, Tim teve a certeza de ter encontrado o caminho. Ele e o professor Richard Alpert (que mais tarde mudaria o nome para Baba Ram Dass, tornando-se um respeitado professor de disciplinas orientais), deram seqüência às pesquisas. Porém, muitos dos outros professores ficaram intranquilos vendo drogas serem administradas aos estudantes, exigindo que houvesse maior supervisão nos seus experimentos.
Muitos dos estudantes que não puderam entrar no programa de pesquisa, obtiveram a droga por outros meios e começaram a usá-las por conta própria. O Departamento de Narcóticos acabou envolvido e a CIA começou a ficar atenta a essas atividades. A Igreja também não era favorável a qualquer tipo de droga que abrisse a mente, pois isso levaria inevitavelmente a realidades múltiplas, conduzindo a uma visão politeísta do universo, comprometendo seriamente a idéia cristã de compromisso a um único e temido Deus, a uma única religião. Logo, Tim e Alpert foram convidados a deixar seus cargos em Harvard.
Na primavera de 1962, Leary e Alpert continuaram, com fundos próprios, a sua pesquisa com drogas psicodélicas em uma imensa mansão-fazenda em Millbrook, não muito distante de Nova Iorque. Lá recebiam amigos, conhecidos, artistas, poetas ou qualquer pessoa que quisesse participar das experiências. Em Millbrook, os interessados recebiam LSD e podiam usá-lo em qualquer lugar da casa ou da fazenda, no mato, no lago, desde que depois fornecessem um relatório com todos os detalhes.
Rapidamente, o local foi ganhando fama como reduto de orgias sexuais, depravações, etc. As meninas de uma escola próxima eram proibidas de sequer passar próximo à propriedade. O poeta beat Allen Ginsberg, assíduo frequentador da casa, ajudava Leary na divulgação do LSD, ligando para todas as figuras culturais famosas de sua agenda de telefones. Com a grande popularidade de Leary, o governo passou a ser mais rigoroso em sua política anti-droga. Richard Nixon chegou a chamá-lo de "o homem mais perigoso da América". As frequentes batidas policiais sempre acompanhadas de muita violência acabaram com a "era Millbrook". Com as mudanças culturais que aconteciam naqueles anos loucos, o governo estava ficando alarmado com o modo como a juventude começou a usar LSD. A imprensa estava cheia de histórias sensacionalistas de jovens que tiveram experiências horríveis. Políticos, policiais, instituições psiquiátricas apontavam LSD e maconha como as ameaças mais perigosas da raça humana.
O que Tim precisava agora era publicidade boa e apoio do público, o que lhe levou a ir pedir idéias ao Mestre da comunicação, Marshall McLuhan. Marshall disse que "você tem que usar as táticas mais atuais para despertar interesse no consumidor. Sorria nas fotografias e associe LSD com todas as coisas boas que o cérebro pode produzir: beleza, diversão, revelação mística, inteligência aumentada".
Tim continuou anunciando os aspectos benéficos do LSD publicamente e, como a droga ganhou popularidade com a contracultura, ele estava feliz em fornecer manuais de instrução para uso seguro. Segundo Leary, deveria-se ter respeito com a droga, seguindo alguns pontos para proteção contra badtrips ("viagens" ruins). Nessa época ele cunhou sua expressão mais célebre: Turn On, Tune In, Drop Out, ou Se ligue (ative seu sistema neural e genético), Se entregue (interaja harmoniosamente com o mundo ao redor de você), Caia fora (sugerindo um processo ativo, seletivo de separação de compromissos involuntários ou inconscientes). A imprensa interpretou isto como "apedrejar e abandonar todas as atividades construtivas"...
Em 1966, Tim muda-se para Laguna Beach, onde assiste ao Human Be-In, participa ativamente do movimento anti-guerra e canta "Give Peace a Chance" com Lennon e Yoko (os Beatles apoiavam-no publicamente). Logo depois é preso em flagrante por porte de droga e condenado a dez anos por algo que, pelas leis da época, pegaria seis meses de prisão. Tim foge da cadeia em 1970 e vai para a Suíça. Como o governo suíço lhe nega asilo, Leary foge para o Afeganistão, onde é preso no aeroporto, extraditado para a América e mandado de volta à prisão em 1972, sendo solto finalmente em 1976.
Nos anos 80, fascinado pelos computadores, Leary criou softwares de design, continuou escrevendo livros e fazendo conferências. Embora o seu tópico principal agora fosse tecnologia, ele ainda era reconhecido como o guru do LSD dos anos 60. Timothy Leary faleceu em 31 de maio de 1996, aos 75 anos, em sua própria cama, cercado de amigos. Logo em seguida, de acordo com o seu desejo, sua cabeça foi retirada do corpo e congelada...


Sua morte
Nos meses que antecederam sua morte (por conseqüência de um câncer na próstata), escreveu um livro chamado Design for Dying ("Projeto para morrer"), uma tentativa de mostrar às pessoas uma nova perpectiva da morte e do morrer. Suas últimas palavras foram "Why not?" ("Porque não?").
Timothy Leary faleceu em 31 de maio de 1996, aos 75 anos, em sua própria cama, cercado de amigos. Logo em seguida, de acordo com o seu desejo, sua cabeça foi retirada do corpo e congelada. Seu corpo foi cremado e em outubro de 1996, suas cinzas foram transportadas pela espaçonave Pegasus e liberadas no espaço com auxílio de um satélite, junto com as de
Gene Roddenberry, criador de Jornada nas Estrelas, e de outros cientistas e pioneiros em estudos aero-espaciais, tais como o físico da High Frontier Space Station, Gerard O’Neill, e Todd Hauley, professor da International Space University.