Psicodélico: novembro 2011

domingo, 27 de novembro de 2011

Zabriskie Point - 1970



SINOPSE
À época da contracultura, numa universidade americana, estudantes brancos e negros tentam se entender para unirem-se na luta por direitos civis e estudantis, fazendo piquetes. A polícia invade e prende muitos deles. Um jovem que estava no tiroteio foge, rouba um avião e voa até Zabriskie Point, um local formado de gesso no meio do deserto onde encontra uma garota que nunca havia visto. Ao som de Pink Floyd e Grateful Dead e com um pouco de amor livre e canabis, Antonioni mostra um importante momento cultural e sociológico e o contrapõe ao capitalismo, cada vez mais massivo e ávido por dinheiro.

DADOS DO ARQUIVO
Diretor: Michelangelo Antonioni
Áudio: Inglês
Legendas: PT/Br (separadas)
Duração: 110 min.
Qualidade: DVDRip
Tamanho: 704 MB
Formato: AVI
Servidor: Multiupload (parte única)


Blueberry - Desejo de Vingança - 2004



SINOPSE
Essa produção francesa é uma adaptação livre do mítico herói da banda desenhada franco-belga "Lieutenant Blueberry", criação de Charlier e Giraud (este, mais conhecido pelo pseudónimo Moebius). Esse original e renegado tenente (Vincent Cassel) do exército de cavalaria americana é, agora, um U.S.Marshal. Chamado de western psicodélico, ambientado em 1870, por entre memórias reprimidas do passado, místicos cogumelos e culturas indías e a imagem de seu primeiro amor (a nossa já conhecida Vahina Giocante, que no mesmo ano fez "Líla diz", desta vez morena...), ainda tem que enfrentar um misterioso assassino (Michael Madsen). Para essa vingança conta com a ajuda de Maria (Julliet Lewis) e do indio Runi.

DADOS DO ARQUIVO
Diretor: Jan Kounen
Áudio: Inglês
Legendas: Pt/Br (Separadas)
Duração: 119 min.
Qualidade: DVDRip
Tamanho: 673 Mb
Formato: Avi
Servidores: Rapidshare e Megaupload.

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Parte única

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Parte única

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Maconha, Saúde e a Lei

O ocorrido: em noite até então pacífica, dezenas de estudantes se revoltam contra uma dúzia de viaturas e dezenas de policiais. Briga, violência, abusos, prejuízos diversos (que seguem aumentando numa avalanche desproporcional…)

O local: A maior e (ainda tida como) melhor universidade do país, a USP.

O (suposto) problema: Uma planta de uso milenar, com propriedades médicas e científicas valiosas e adorada para uso recreativo por milhares há muitos e muitos anos.

A lei (11.343/2006) resumida: Não se pode plantar, nem vender nem distribuir. Mas consumo próprio não é crime com punição por detenção, pois não oferece danos a terceiros.

Um detalhe da legislação, como nos alertou o jurista Walter Maierovitch: “Não pode o universitário ser objeto de presunção de criminoso, pela mera condição de universitário de cursos superiores”

“O pensamento há de ser livre, sempre livre, permanentemente livre, essencialmente livre”

Apesar das palavras claras do ministro do STF, Celso de Mello, em junho, após a PM paulista brutalmente avançar sobre população pacífica que exercia seus direitos constitucionais de livre expressão de idéias na Av. Paulista, a maconha continua sendo o alvo principal de uma política equivocada, que há mais de 40 anos traz mais prejuízos do que soluções. Se não bastassem os trágicos resultados da Guerra às Drogas, já considerada por uma conferência recente nos EUA como uma empreitada “fora de controle” (Reform Conference) e pelo ex-presidente FHC e uma comissão pluralista e multidisciplinar (Drogas e Democracia) como um equívoco que deve ser revisto urgentemente, a política intolerante de proibição arbitrária de algumas drogas está emperrando também a ciência e o avanço da medicina. SIM, isso mesmo. A maconha tem inúmeros potenciais medicinais e terapêuticos, sendo um deles inclusive o uso recreativo, que tem em sua base uma busca, mesmo que inconsciente, de minimizar tensões e estresses do dia a dia, ocorrências tão frequentes nas cidades atuais. Mais ainda onde reina uma política equivocada que não consegue estabelecer diálogos entre os diversos setores da sociedade nem mesmo dentro da universidade (!), apelando à uma organização militar para mediar o que deveria ser um dos pilares centrais da educação de qualidade: o diálogo franco e não-violento. Aos que se preocupam com a violência e demandam mais segurança, incluindo PM dentro da USP, ja praticamente dentro de salas de aula, vale lembrar que nesse rumo estaremos abdicando do mais importante de todos os preceitos democráticos: a liberdade.

Aquilo que te protege, também te limita.

A questão é ainda mais grave porque a PM brasileira é uma das mais violentas do planeta, e está sob sérios problemas de corrupção, sendo inclusive suspeita de assassinato de uma juíza e ameaças de morte a um deputado que teve de fugir do país, ambos do RJ. Coisas do pior nível de tempos nada democráticos. De maneira indireta, combina com um reitor que não foi eleito pela comunidade que atualmente representa na Universidade de São Paulo. Enquanto a guerra as drogas sai totalmente fora de controle, a corrupção policial aumenta, e aqueles que, assustados e amedrontados com a escalada da violência demandam segurança através de maior e mais equipado policiamento, não percebem que os supostos protetores de hoje podem se tornar os grandes abusadores de amanhã. Como há muito profetizou Alan Moore: “Quem vigia os vigilantes?

No intuito de contribuir com o diálogo democrático, a educação, a ciência, a medicina e a paz; e não menos importantemente de repudiar a violência, Plantando Consciência convida para a exibição do documentário “Esperando para fumar: Maconha, Saúde e a Lei” no dia 17/11, quinta-feira, as 20h no Cineclube SocioAmbiental – Sala Crisantempo (R. Fidalga 521 Vl Madalena). A entrada é colaborativa (ou seja, é de graça, mas vc pode levar coisas que esteja disposto a doar). Após o filme, teremos uma CONVERSA com Henrique Carneiro, Prof de História na FFLCH da USP, Renato Filev, doutorando da UNIFESP que estuda o sistema endocanabinóide – o sistema fisiológico natural que todos temos dentro de nossos corpos (até mesmo os PMs), onde atua a famigerada cannabis – e Maurício Fiore, doutorando em Ciências Sociais na UNICAMP e pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento); todos membros do NEIP – Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos.

O filme aborda principalmente a história da maconha nos EUA, os tempos antes de sua proibição, a questão médica outrora e agora e abusos policiais que também ocorrem em terras gringas. A narrativa servirá de base de dados e pano de fundo para uma discussão mais ampla e extremamente pertinente à sociedade brasileira. Divulgue, compareça, participe e contribua!

Temos também DVDs legendados em português a venda, com exclusividade. Interessados que não puderem comparecer na exibição, por favor entrar em contato pelo plantando@plantandoconsciencia.org

E como o debate e a informação são essenciais, já fica o convite para o lançamento do livro “O fim da Guerra: A maconha e a criação de um novo sistema para lidar com as drogas“, de Denis Russo Burgierman. Na Livraria da Vila (R. Fradique Coutinho 915) no dia 28/11 as 19 horas

Maconha dá o tom no festival de música SWU

Marcelo D2, Damian Marley e Odd Future foram alguns dos artistas que defenderam a legalização da maconha em suas apresentações no festival de música SWU, realizado neste feriado em Paulínia. Mas não foi só nos palcos, e entre o público dos shows – a partir da infalível máxima “aglomerou, legalizou” que a erva foi assunto no festival. Inspirados no crescente estado de exceção vigorante em todo país, seja na Rocinha seja na USP, a segurança do evento passou a revistar barracas e mochilas em busca da erva, ao que, como também tem sido praxe, felizmente, houve reação. E vitória, como sempre também. Confiram algumas reportagens publicadas na mídia sobre o tema.

No SWU, conferimos o ‘jeitinho brasileiro’ da ‘turma do vapor’

Jornal do Brasil

Heloisa Tolipan

Como os membros da ‘tribo do cachimbo da paz’ conseguem garantir sua ‘diversão’?

Nessa Terra Brasilis, batemos no peito para dizer que somos o povo que arruma uma maneira de resolver todo e qualquer problema. É o mundialmente reconhecido e estudado ‘jeitinho brasileiro’. Pois foi justamente ele que veio à nossa cabeça quando começamos a sentir o cheiro suspeito que se mesclou ao aroma da chuva que caiu no segundo dia de SWU. Ele mesmo, o de cannabis sativa queimada. Ou, para sermos mais claros, o cheiro dos cigarros de maconha. Dentre os fumantes que encontramos (que tiveram seus nomes alterados), a técnica de esconder a erva ou o cigarro pronto dentro da cueca é quase unânime para passar incólume pela segurança. “A revista é bem fraca, mas mesmo se fosse mais intensa, o baseado é tão pequeno que é difícil de achar”, explicou Diego, de 22 anos.

No meio do público, um segurança tirou o cigarro de um grupo de amigos que já tinha reserva de erva
No meio do público, um segurança tirou o cigarro de um grupo de amigos que já tinha reserva de ervaNo meio do povão, durante os shows, um grupo de quatro amigos paulistas foi abordado por um segurança. “Ele tirou o baseado da minha mão. Mas aí a gente veio para o outro lado da pista e estamos usando o resto que trouxemos”. Trouxeram adivinha onde? Na cueca, claro.Impressionante é a história de quatro mineiros do acampamento. Os rapazes vieram de Belo Horizonte de carro e aumentaram a rota até Paulínia em 100 km para conseguirem comprar a droga que gostam. “Aqui no Brasil vendem muita maconha prensada. A gente não curte. Mas, em São Paulo, é mais comum a venda de haxixe e maconha in natura, por isso pedimos para um primo meu paulista comprar. Já compramos uma quantidade que usaremos até o réveillon”, planejou Paulo. A compra foi escondida no painel do carro junto com as garrafas de bebida que trouxeram. O atraso de 4 horas para ‘fazer o check in’ no camping (culpa do desvio na rota para pegar a maconha), os impediu de parar o carro no estacionamento oficial do festival, mas isso não foi problema. Diariamente, eles marcham por cerca de 2 km para pegar a dose diária de erva.

Até a manhã desse domingo, o único problema dos usuários acampados era a equipe de segurança do camping, que, ao sentir o odor da fumaça, entrava nas barracas para revistar e recolher o material. Mas uma, digamos, reunião com os seguranças mudou isso. “O pessoal fez uma roda em volta deles e disse: ‘olha, a gente vai fumar aqui dentro sim e vocês não vão mais tirar a nossa erva’. E agora está tudo legalizado lá no camping”, contou Fernando, que pediu várias vezes para que a reprodução da aventura do grupo fosse reproduzida fielmente nesse texto. “A gente não está fazendo mal a ninguém”, salientou.

Depois de uma 'dura' dos acampados, a fumaça está liberada no camping do SWU
Depois de uma ‘dura’ dos acampados, a fumaça está liberada no camping do SWUProcurada, a organização do SWU alegou que faz a revista de praxe, que ocorre em qualquer festival. Caco Lopes, um dos organizadores do evento, afirma que utilizar drogas ilícitas dentro do SWU é terminantemente proibido, como em qualquer outro lugar no Brasil, sem dissonância com a Lei Federal. “Aqui há policiais, segurança particular e delegacia para reprimir o uso de drogas”, afirmou com veemência.* * *

Acampados fazem protesto contra segurança do SWU e pedem liberação de maconha

UOL Entretenimento

Cerca de 50 pessoas que estão acampadas na área reservada do festival SWU, em Paulínia, fizeram na tarde deste domingo (13) um protesto contra a segurança do local, que estava revistando as barracas. Na ocasião, os acampados também aproveitaram para fazer um manifesto pela liberação da maconha.

Segundo o dono da empresa Nossa Segurança, responsável pelo camping do SWU e identificado apenas como Almeida, uma faca de cozinha foi apreendida em uma das barracas, o que é proibido no acampamento. A versão dos acampados, no entanto, é a de que um rapaz foi pêgo fumando maconha, o que também não é liberado no festival.

O protesto, que durou cerca de 20 minutos, teve gritos de guerra com frases como “tem polícia, maconha é uma delícia”. Um dos acampados, que não quis se identificar, reclamou que os seguranças estariam invadindo a privacidade das pessoas e que em um festival de música “é normal o consumo de drogas”.

Almeida garantiu para os presentes no protesto de que a revista nas barracas seria suspensa e que a vistoria, a partir de agora, será apenas preventiva para evitar brigas e em caso de emergências. Segundo Kaco Lopes, coordenador de produção do SWU, “os acampados sabem que as barracas podem ser revistadas e a vistoria vai continuar. O chefe de segurança falou isso em um momento de nervoso”.

Ainda de acordo com Kaco, as pessoas que aceitam compra ingresso para o camping sabem que certos alimentos não podem entrar na barraca nem serem preparados lá. “A faca era proibida, eles sabiam disso. Todo mundo precisa saber as normas. Sobre as drogas, não tem nem o que falar porque é proibido”.

* * *

UOL entretenimento, sobre show de Marcelo D2:

“Depois do folk de Michael Franti e do reggae do Soja, Marcelo D2 trouxe de volta à programação do SWU o rap e o hip-hop, que já haviam chegado com Emicida no início da tarde. Entre uma forte ventania que chegou ao Parque Brasil 500, em Paulínia, D2 começou seu show pouco depois das 18h com mensagens sobre legalização da maconha. “Eu nasci no subúrbio do Rio de Janeiro, lutamos pela legalização da maconha, pela liberdade de expressão”, disse.”

G1 sobre show de Odd Future:

O show do coletivo de rap no SWU foi enérgico e cheio de macaquices de seus cinco integrantes. O líder Tyler, the Creator, inclusive, mostrou porque é considerado um garoto problema: ao beber uma água engarrafada – brasileira -, fez cara de nojo, cuspiu-a fora e pediu para a produção retirar todas as garrafas do palco. Em outro momento, um segurança do grupo empurrou um segurança da produção que havia retirado um cigarro de maconha de um homem no público. “Vocês fumam marijuana?”, perguntou Domo Genesis logo em seguida. Foi a deixa para uns baseados começarem a serem acesos.

Folha Online sobre show de Damian Marley:

Algumas parcas citações de clássicos (como “Exodus” e “Police and Thieves”, de Junior Murvin e Lee Perry) no meio de outras canções também foram notadas. O público -que, em sua maioria, não havia nem nascido quando Bob Marley morreu, há 30 anos- assistiu ao show com respeito e num clima “campus da USP antes da polícia” (a liberdade para fumar maconha nesse primeiro dia foi incomparávelmente maior do que no SWU passado).

Acostumado a circular entre famosos graças ao sobrenome (recentemente entrou para o projeto SuperHeavy, com Mick Jagger e Joss Stone), Damian aproveitou para contar a história da canção que fez com o astro pop Bruno Mars (“Ele me chamou para um drinque e eu disse, ‘não, Bruno, vamos fumar marijuana’”) – não que alguém tenha se importado.]

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Maconha no SWU? No Camarim Pode, na Pista Não! [Fumosos 142#]

Hempadão

O festival que nasceu com a falácia publicitária de ser Woodstock do século 21 vem mostrando que não tem nada de libertário. Na verdade, as notícias indicam que a organização do SWU está muito mais ligada ao proibicionismo e a tolerância zero com drogas ilícitas. E vale lembrar que eles também são patrocinados por uma famosa marca de cerveja (a mesma do Rock in Rio).

Como de costume a repressão foi feita apenas na parte mais frágil desta estrutura de entretenimento. Na tarde do último domingo o clima na área de camping ficou tenso quando seguranças começaram a revistar as barracas em busca da erva proibida. Não muito longe dali, nos camarins do SWU, a maconha era queimada por artistas que batem no peito para afirmar que são apreciadores da maconha.

Antes mesmo de subir ao palco Snoop Dogg avisou aos jornalistas que pretendia soltar umas baforadas na frente do público. Já o camarada Marcelo D2 se apresentou a plateia dizendo que “Sou do subúrbio do Rio de Janeiro, lutamos pela legalização da maconha e pela liberdade de expressão”.

Já galera do Odd Future Wolf Gang Kill Them Al comprou a briga contra a repressão e interrompeu o show para criticar um segurança que tomava a maconha de um jovem da plateia. Ao perguntar no microfone ” “Vocês fumam marijuana?”, Tyler, the Creator obteve como resposta uma grande quantidade de baseados sendo acesos simultaneamente.

A noite do último sábado ainda teve show do SOJA e Damian Marley, que dispensam apresentações sobre a ligação íntima com a cultura canábica. De saldo, a organização do SWU deixou de saldo a mensagem que a lei não se aplica de forma igualitária para todos.

República Tcheca legalizará o consumo de Maconha Medicinal



República Checa propôs legalizar a maconha medicinal. “No final do ano aprovaremos uma emenda à lei sobre sustâncias viciantes que nos permitirá tirar a maconha da lista de substâncias proibidas, para que possa ser prescrita”, disse o ministro da saúde, Martin Plísek, à imprensa do país. O número de lojas que oferecem o material necessário para o cultivo se multiplicaram no país nos últimos dois anos, explica o site Tcheco czechposition.com.

A medida tomada pelo Poder Executivo Tcheco responde a crença cada vez mais comum nos benefícios trazidos pela ervaaos doentes de câncer e Parkinson.

Apesar da medida parecer ter o apoio suficiente, o governo continua estudando o modelo a ser utilizado, Plísek já optou pela importação da cannabis em lugar do cultivo dentro das fronteiras. “Temos que tomar medidas para nos assegurar que não aconteça um abuso massivo sem prescrição médica”.

É possível que a República Tcheca opte pelo modelo de Israel. Lá a maconha medicinal foi legalizada há 12 anos. Oito fazendas distribuem a substância aos cerca de 7.500 usuários registrados por médicos pelo país.

A maconha é a droga mais popular da República Tcheca, e de fato, a posse de pequenas quantidades para consumo próprio não é um delito desde o começo de 2010. Também é possível cultivar um número determinado de plantas, medida que incomoda a Alemanha, pois o tráfico de cannabis pela fronteira Tcheca é cada vez maior.
Traduzido de http://noticias.lainformacion.com/mundo/republica-checa-quiere-legalizar-el-consumo-de-marihuana-terapeutica_lHFNwYZOu3TfcFoELAnKF6/

Associação de Usuários de Maconha: Entre Liberação e Proibição - Por Sérgio Vidal


Confira o artigo do antropólogo e membro do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, Sergio Vidal, sobre a liberação e a proibição da maconha


Em geral, as discussões de políticas e leis sobre a maconha são feitas por pessoas que defendem apaixonadamente sua proibição total ou sua liberação total. Na proibição total significa que plantar, colher, fumar, vender ou distribuir maconha, ainda que sem a intenção de lucro, continuam sendo crime. Na liberação total a maconha seria tratada como o álcool ou tabaco, tornando-se um negócio passível de ser explorado pelas grandes industrias. Mas será que não estamos tão acostumados com a discussão monolítica dos “contra” X “a favor” que estamos ignorando a existência de inúmeras possibilidades entre esses dois extremos?

Em fevereiro desse ano, durante um debate de lançamento do meu livro em São Paulo, o deputado Paulo Teixeira, líder do PT na Câmara, defendeu que fosse estudado no Brasil a possibilidade de regulamentar o cultivo de maconha para uso pessoal. Em sua proposta o deputado defendeu ainda que fosse regulamentada a criação de associações sem fins lucrativos, formada por usuários, para que esses pudessem cultivar e se abastecer de forma coletiva. Na época, a participação do deputado nesse debate foi ridicularizada por alguns jornais, que sequer se deram ao trabalho de pesquisar sobre como tem sido experiências semelhantes em alguns países da Europa, do qual a Espanha é o maior exemplo, muito menos publicar informações sobre o que tem sido essas experiências e quais seus resultados concretos.

A cada dia tem ficado mais evidente que esse debate tem que ser feito com urgência. A intensidade com que o assunto vem sendo discutido nos mais diferentes espaços da sociedade é um marco importante de como a discussão deve ser encarada com seriedade. Em vista disso, devemos nos perguntar: Será que discutir a regulamentação das Associações de Usuários, como vem propondo o deputado Paulo Teixeira, é uma proposta assim tão absurda?

Em 2009, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD), criou um Grupo de Trabalho formado por pesquisadores, técnicos e representantes do Governo e da Sociedade Civil para discutir propostas de modificações na Lei de drogas, 11.343 de 2006 e sua efetiva regulamentação. Durante os trabalhos desse GT, foi apresentada por mim e outros conselheiros a necessidade de regulamentar o cultivo caseiro de maconha e estudar a possibilidade de regulamentar também o cultivo coletivo através de Associações sem fins lucrativos. Apesar dos trabalhos do GT ainda não terem sido concluidos, a proposta foi bem aceita pela maioria dos participantes do GT, que demonstraram interesse em conhecer mais sobre o tema, especialmente como tem sido a experiência na Espanha.

Na Espanha, onde esse modelo vem sendo implantado desde o final da década de 90, existem atualmente cerca de 200 Associações e uma Federação de Associações Canábicas. Nesses locais, só podem se cadastrar pessoas maiores de 18 anos, que já sejam usuárias habituais da erva e que tenham sido indicados por um ou mais associados. Esses usuários só podem retirar aproximadamente 20 gramas por semana, a não ser que se tenha recomendação médica indicando que a necessidade é maior que esse limite. As Associações não têm interesse de lucro, por isso, podem investir o dinheiro arrecado em benefício dos próprios associados e da comunidade da qual fazem parte. Com esse modelo, os espanhóis têm conseguido não apenas retirar uma grande fonte de lucro dos traficantes, mas também reduzir os danos associados ao uso de maconha e, principalmente, incentivar a autonomia dos usuários, promovendo mudanças na forma como esse encaram o consumo. Os usuários deixaram a postura passiva de apenas decidir se vão ou não adquirir, cultivar ou consumir. Os usuários também passaram a ter mais acesso ao sistema de saúde e não foram registrados aumento no número de novos consumidores

Em muitos dos debates embasados na dicotomia proibição X liberação é comum ver o argumento de que não é possível regulamentar o uso de maconha por causa dos Tratados Internacionais sobre drogas. Mas, de fato, os Tratados Internacionais são muito mais flexíveis do que tem sido afirmado, tanto que toda experiência espanhola com as Associações Canábicas está dentro dos limites desses Tratados e a Espanha não tem sofrido qualquer retaliação por conta disso. Aliás, é importante destacar que os Tratados sequer prevêm qualquer tipo de punição para os países que decidirem não os levar mais em consideração. De fato, toda a experiência espanhola das Associações de Usuários só é possível porque os próprios Tratados deixam a cargo dos países signatários a decisão de criminalizar ou não as condutas relacionadas com à esfera do consumo, incluindo aí os chamados “atos preparatórios”, como o cultivo da erva.

Até hoje os debates com relação à maconha têm sido feito, em sua maioria, por defensores apaixonados de um ou outro extremo. Acho que já é hora de amadurecermos o debate, deixar os aspectos morais, os preconceitos e as paixões de lado e embasar a discussão em dados de experiências concretas e em pesquisas científicas. Só assim poderemos enxergar que existem possibilidade ainda inexploradas porque simplesmente não estamos acostumados a pensar fora do embate proibição x liberação. Acho que é cada vez mais necessário pensar e por em prática alternativas que estejam entre esses extremos. Afinal, não seria menos arriscado e prejudicial aos usuários e à sociedade tirar a maconha das mãos dos traficantes para colocá-la nas mãos dos interesses de grandes empresas.
Publicado em http://www.une.org.br/2011/11/opiniao-associacoes-de-usuarios-de-maconha-entre-liberacao-e-proibicao-por-sergio-vidal/

Evidências que apontam a Maconha como uma possível cura para o câncer continuam mais fortes do que nunca


À medida que a ciência médica continua a explorar as propriedades curativas da cannabis, as pesquisas indicam que a planta possui diversas propriedades que reduzem o risco de câncer nas pessoas que a utilizam. Alguns cientistas acreditam que a cannabis possa ser a cura definitiva do câncer.

A maioria dos fumantes de cannabis admite que, enquanto a cannabis é ótima para aliviar o que os aflige, ela certamente não pode ser boa para seus pulmões. Entretanto, experimentos realizados na Universidade da Califórnia (UCLA) sugerem que fumar cannabis pode, na verdade, prevenir o câncer de pulmão.

O Dr. Donald Tashkin, pneumologista da Universidade da Califórnia, vem estudando os efeitos do hábito de fumar maconha desde a década de 80. Agências, institutos e usinas de idéias dos EUA frequentemente fazem referência ao seu trabalho.

Ele realizou um estudo para determinar se havia um elo entre o câncer de pulmão e o hábito de fumar cannabis. Embora a fumaça da maconha contenha os mesmos elementos químicos cancerígenos do tabaco, o Dr. Tashkin descobriu que os componentes químicos da cannabis protegem o corpo humano contra o crescimento de tumores.

Enquanto os pacientes que fumavam tabaco tinham uma probabilidade 20 vezes maior de desenvolver câncer de pulmão do que os não-fumantes, os fumantes de cannabis não apresentaram nenhum risco aumentado. Dr. Tashkin acredita que o THC, um dos componentes psicoativos da maconha, mata as células envelhecidas e doentes antes que os tumores possam se formar.

Em outro estudo científico, realizado na Espanha, pesquisadores das universidades Complutense e Autônoma de Madri dividiram 30 ratos com câncer no cérebro em dois grupos. Um dos grupos recebeu infusões de THC para tratar a doença.

O grupo não tratado morreu ao longo de duas semanas. Nove dos ratos tratados com THC viveram mais de um mês e três deles foram curados. Os cientistas acreditam que o THC causa a morte prematura das células cancerígenas, deixando as células sadias intactas.

Em outubro de 2003, a revista médica Nature Reviews publicou um artigo escrito pelo Dr. Manuel Guzman, pesquisador de tratamentos de câncer mundialmente famoso, que discutia detalhadamente os efeitos anti-tumorais dos canabinóides. Os canabinóides estão entre os principais compostos químicos encontrados na maconha.

O Dr. Guzman descobriu, após cuidadoso estudo, que os canabinóides atuam seletivamente sobre os tumores cancerígenos, destruindo-os e, ao mesmo tempo, evitando que as células saudáveis sejam danificadas.

Outro estudo, conduzido por cientistas do Centro Médico California Pacific de São Francisco, também descobriu que o THC, em muitos experimentos, destruía as células cancerosas do cérebro sem prejudicar as células sadias.

Os italianos também estão na marcha para curar o câncer com a cannabis. Em julho de 1998, uma pesquisa conduzida pela Academia Nacional de Ciências descobriu que os canabinóides previnem o crescimento de tumores nas células de pacientes afetadas pelo câncer de mama.

Durante os anos 90, o governo federal dos EUA utilizou 2 milhões de dólares advindos de impostos para conduzir uma pesquisa sobre câncer em ratos e camundongos. Realizada pelo Programa Nacional de Toxicologia dos EUA, a pesquisa determinou conclusivamente que o THC protege as células contra o câncer.

Ao chegar a esta conclusão, o governo federal dos EUA ocultou os resultados. O relatório vazou para a revista AIDS Treatment News e os resultados foram posteriormente publicados na mídia estadunidense, mas, apesar dos resultados positivos, o governo federal alega ainda ter que conduzir mais pesquisas.

À medida que os EUA se abrem para a legalização, muitas pessoas podem testemunhar os efeitos benéficos da cannabis no tratamento de seus sintomas. Com a continuidade das pesquisas, tais descobertas vêm dar suporte aos movimentos de legalização.

Publicado em http://freeculturemag.com/2011/07/news/cannabis-as-cancer-cure/

domingo, 20 de novembro de 2011

Dossiê "Cannabusiness": Califórnia (EUA) vive ofensiva contra maconha

Fonte : http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2011/11/20/dossie-cannabusiness-california-eua-vive-ofensiva-contra-maconha.jhtm

Marion Strecker
Em San Francisco (EUA)


Estabelecimentos comerciais especializados em vender maconha medicinal na Califórnia estão sofrendo uma forte ofensiva por parte da Justiça Federal americana. Diversos negócios fecharam as portas nas últimas semanas em vários municípios do Estado.

Existem hoje mais de mil lojas desse tipo na Califórnia, às vezes um misto de farmácia e clube, onde as pessoas legalmente identificadas como pacientes para os quais a maconha é prescrita podem comprar o produto. Eventualmente, nesses clubes, podem consumi-lo ali mesmo.

No último dia 7, cooperativas, consumidores-pacientes e proprietários dessas farmácias de maconha medicinal entraram com ações na Califórnia para garantir o cumprimento do acordo anterior com a Justiça federal, que era deixá-los em paz desde que seguissem estritamente a legislação estadual.

"Cannabusiness": os negócios da maconha nos EUA

Foto 58 de 66 - Maconha medicinal em forma de tintura, para uso sublingual com contagotas; muitos defendem que ingerir maconha é mais saudável do que fumá-la Mais Marion Strecker/UOL

Em 27 de outubro passado, um grupo de advocacia chamado Americans for Safe Access (www.safeaccessnow.org) havia dado entrada em outra ação em San Francisco acusando a Justiça federal de fazer um ataque inconstitucional contra a autoridade do Estado de legislar sobre sua própria política de saúde pública.

Uso medicinal

As leis federais atualmente são claras: a maconha é proibida. Mas as leis locais são diferentes. A Califórnia foi o primeiro Estado americano a aprovar o uso medicinal da maconha, num processo que começou em 1996 com a chamada Proposição 215.

No final de agosto deste ano, o governador da Califórnia, Jerry Brown, aprovou uma lei que pela primeira vez explicitamente reconhece a legalidade dos centros locais de distribuição de maconha e o direito de cada município regulamentar a distribuição de maconha medicinal aos pacientes. Com isso, cada cidade pode ter sua legislação específica, mais ou menos liberal. San Francisco é uma das cidades mais liberais.

Desde 2003, consumidores-pacientes na Califórnia podem manter suas próprias plantações com seis pés maduros ou até 12 pés não maduros da planta, para uso próprio, além de ter o direito de portar até oito onças (cerca de 200 g) de maconha seca. Mas não podem embarcar no aeroporto com a droga, pois o aeroporto está sob administração federal.

Um programa do Departamento de Saúde Pública da Califórnia providencia cartão de identidade aos pacientes que o demandam voluntariamente, e teoricamente garante sigilo, para evitar que eles sejam perseguidos.

Outros Estados americanos que aceitam a carteirinha de paciente da Califórnia são Michigan, Montana e Rhode Island. Mas vários outros Estados americanos também aprovaram o uso medicinal da maconha, entre eles Alabama, Arizona, Alaska, Oregon, Colorado e Maine.

Em julho passado, o prefeito de Seattle fez o que o governador do Estado de Washington havia se recusado a fazer: assinou medidas para regulamentar as farmácias que oferecem acesso legal à maconha medicinal.

Questionário e entrevista

Na prática, o sistema para o uso legal da maconha na Califórnia é bastante simples, tanto para portadores de doenças como glaucoma, câncer ou Aids, quanto para pessoas que querem apenas fazer uso recreativo da erva.

Funciona assim: primeiro é preciso marcar uma consulta médica. Custa por volta de US$ 120, mas pesquisando durante algumas semanas, encontrei anúncios de médicos em toda parte, com preço começando em US$ 25.

Se o médico for mais sério, no consultório o paciente normalmente terá de preencher um longo questionário, contando detalhes do seu histórico de saúde e informando se sofre algum dos males para os quais a erva é indicada, incluindo estresse e insônia.

Aí vem a entrevista pessoal, que pode durar segundos, minutos ou horas, a depender do médico e do paciente. Então, vem a prescrição da droga e a carteirinha de paciente, que é feita ali mesmo, na hora. Muitos médicos ostentam em seus cartões profissionais o desenho ou o nome da planta, e estimulam seus pacientes a distribuir esses cartões para amigos e conhecidos, alimentando o chamado Cannabusiness, o negócio da cannabis.

Cannabis é uma palavra de origem grega que designa essa planta de origem asiática usada há milênios, para fins diversos.

Ao paciente, então, caberá escolher uma das inúmeras farmácias especializadas no produto, mostrar a carteirinha e ir às compras. A farmácia legal não vai vender mais que oito onças do produto por pessoa por dia. Porém não há um controle centralizado, de modo que qualquer pessoa pode comprar uma quantidade maior, se quiser, e se for a farmácias diferentes. Mas as farmácias legais, obviamente, vendem o produto a um preço muito maior do que no mercado ilegal.

Há também tipos diversos de farmácias legais, desde as famosas por vender produtos a preços mais baixos até as grandes e modernas, voltadas a um público de poder aquisitivo maior.

Em diversas formas

Na Califórnia a maconha é vendida de muitas formas.

Nas farmácias, a erva é vendida em embalagens em parte transparentes, para o cliente ver o produto. Pequenas latas ou embalagens plásticas contêm folhas e flores, frequentemente com informações técnicas bastante explicitadas --se é da espécia Índica, Sativa ou híbrida, a gramatura, a quantidade de THC (tetraidrocanabinol) e CBD (canabidiol), que são os princípios ativos da maconha.

Mas a maconha também é vendida em forma de manteiga, chocolates, pretzels, biscoitos, bolos, cápsulas, óleos, tinturas, ou em quantidades maiores para uso culinário.

Vaporização

A última moda no consumo da maconha parece ser a vaporização, ou seja, a inalação do produto a uma temperatura menor do que a da queima ocorrida quando se fuma um cigarro. Digo isso pela quantidade de aparelhos para vaporização de maconha que estão sendo lançados, alguns chegando a custar mais de US$ 800, fora a erva.

Os entusiastas dizem que a maconha é o principal produto agrícola da Califórnia, se somadas as plantações legais e ilegais. Fui checar no site do Departamento de Alimentação e Agricultura do Estado e simplesmente não encontrei menção ao cânhamo nem à maconha nas estatísticas.

Entretanto, um reporte anual do Centro de Diagnósticos de Pestes em Plantas, que encontrei no site do governo da Califórnia, afirma ao mesmo tempo que o cânhamo não é uma plantação na Califórnia; que a Cannabis (maconha) é não oficialmente a maior plantação do Estado; e que a Cannabis Índica (uma das espécies de maconha) pode se tornar em breve a maior plantação legal da Califórnia.

Quanto mais eu leio e busco informações, mais confusa eu fico.

Legal x ilegal

Quem planta, vende ou compra legalmente, paga imposto. As cooperativas, farmácias e/ou clubes não podem ter fim lucrativo. As que obviamente têm fins lucrativos parecem ter sido as primeiras a sofrer ameaças.

Quem planta, vende ou compra ilegalmente não paga imposto e também se arrisca, seja às penas da lei, seja na mão de traficantes e seus cartéis. O produto ilegal não vem com garantia de qualidade nem especificações técnicas, mas também é vendido em áreas mais do que conhecidas de cidades como San Francisco, incluindo partes deterioradas e coalhadas de sem-teto, mas também parques onde famílias fazem piqueniques nos fins-de-semana.

Pela lei, há distâncias a serem respeitadas entre escolas e praças para a implantação de um estabelecimento comercial de maconha. Nem sempre respeitadas.

A ofensiva atual tem sido não apenas contra as farmácias e/ou clubes, mas também contra os locadores de imóveis e os jornais que publicam anúncios desses lugares. Proprietários de imóveis começaram a receber em outubro cartas ordenando o final da locação para as farmácias em 45 dias, sob risco de multas.

Parte dos eleitores do presidente Barack Obama entende essas ações como uma traição a uma promessa de campanha, que era deixar os Estados adotarem suas próprias políticas quanto à maconha medicinal.

Além disso, Obama já admitiu ter fumado maconha e, quando era senador, votou a favor da legalização do cânhamo, a planta que há milênios fornece fibras têxteis de grande resistência, além da erva.

O futuro próximo vai dizer se a guerra contra a maconha medicinal será benéfica, desastrosa ou desimportante na campanha para a reeleição do presidente Obama.

No próximo dossiê: Oakland tem museu e até “faculdade” sobre maconha.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

E se a Cannabis curasse Câncer? Documentário



Há muitas controvérsias a respeito da ligação entre o uso da maconha e o desenvolvimento de células cancerígenas. Muitos centros acadêmicos já publicaram que o uso de maconha é mais nocivo para o desenvolvimento do câncer, enquanto em contra partida outros centros científicos alegam que talvez a maconha cause um estado de desaceleração deste processo. O assunto é polêmico, e quando se trata de maconha se trata de Tabu, então são poucos que tem peito para discutir. Nesta semana deixamos as mãos este documentário interessantíssimo a respeito do assunto, traduzido e divulgado em primeira mão pelo Hempadão.com


Titulo: What If Cannabis Cured Cancer?
Título no Brasil: E Se a Cannabis Curasse o Câncer?
Ano de Lançamento: 2010
Gênero: Documentário
Link do vídeo: http://www.megaupload.com/?d=56Q58VAI

Estudo mostra que legalização da maconha medicinal não eleva consumo de jovens


A legalização da maconha com fins médicos não contribui para aumentar seu consumo entre os jovens, garante um estudo divulgado nesta quarta-feira nos Estados Unidos, onde a droga é legal para esse tipo de uso em 14 estados e em Washington, a capital do país.

A pesquisa, dirigida pela doutora Esther Choo, do Rhode Island Hospital, foi apresentada durante a reunião anual da Associação Americana de Saúde Pública.

A legalização da maconha com fins médicos no estado de Rhode Island, o que ocorreu em 2006, gerou "preocupações" sobre o aumento de sua "acessibilidade" para os jovens, "mais vulneráveis às mensagens públicas sobre o uso de drogas e às consequências adversas", explicou Choo.

Para comprovar que essa tese não tem fundamento, os pesquisadores analisaram dados de 32.750 estudantes de Rhode Island e de Massachusetts, onde a maconha não é legal, e descobriram que não havia "diferenças significativas" no consumo.

A maconha é uma substância ilegal em nível federal nos EUA, onde sua comercialização é considerada narcotráfico, e o país investe bilhões todos os anos em sua erradicação dentro e fora de suas fronteiras.

Em 14 estados e em Washington é possível adquirir maconha de forma regulada para atenuar doenças que vão desde o câncer até a esclerose, embora esse leque, que inclui estresse e problemas para dormir, terminou por transformá-la em um produto mais.

Segundo uma pesquisa do Instituto Gallup divulgada no mês passado, metade dos americanos é a favor da legalização da maconha.

Apesar de o apoio à descriminalização de seu uso ter aumentado desde 2000, as iniciativas para tentar legalizar sua venda geral não prosperaram.

O fracasso mais famoso foi o da chamada Proposta 19, na Califórnia, que pretendia descriminalizar o cultivo, a venda, a posse e o consumo da cannabis para maiores de 21 anos nesse estado, e que acabou rejeitada em um plebiscito realizado em novembro de 2010 por 56% dos eleitores.

Fonte: Veja

Impressionante mega estrutura de cultivo outdoor na California


Legalização da maconha - João Menezes (ICB/UFRJ)


Nesta entrevista o professor João Menezes (ICB/UFRJ) questiona os argumentos que embasam a proibição da maconha e alerta para os perigos do uso abusivo, principalmente entre os jovens. Destaca também o alto valor medicinal da planta.


Lançamento do livro "O Fim da Guerra!'


Lançamento do livro

Editora LeYa Brasil lança “O fim da guerra”, livro que investiga problemas e soluções para a questão das drogas, em especial, a maconha. O jornalista Denis Russo Burgierman viajou para cinco lugares do mundo para analisar as mudanças na política das drogas.

A guerra contra as drogas foi uma invenção dos políticos para ganhar votos a custa do medo que as pessoas justificadamente têm das drogas. O problema é que a repressão ultra-radical simplesmente não funciona. Quanto mais dura a proibição, mais gente usa drogas – e mais perigosas as drogas ficam. Por causa da guerra contra as drogas, hoje há crianças fumando crack nas ruas de praticamente todas as cidades brasileiras.

No livro “O fim da Guerra”, o jornalista Denis Russo Burgierman apresenta dados atualizados e novas teorias econômicas que demonstram para além de qualquer dúvida o fracasso de nosso atual sistema. Mas o livro não é apenas o relato de um problema. Seu objetivo central é apontar soluções.

Para isso, Denis viajou o mundo em busca de experiências que iluminem o futuro. Na Holanda, o autor constatou o sucesso de uma abordagem voltada a reduzir os danos causados pelas drogas, em vez da utopia autoritária de tentar erradicá-las. Mas o sistema holandês é um sistema antigo, dos anos 1970, largamente ultrapassado. Muito mais moderna é a abordagem portuguesa, que em apenas dez anos transformou as drogas, que eram o maior problema do país, num tema sob controle.

No mundo todo, assim como no Brasil, há políticos mais interessados em assustar as pessoas para ganhar votos do que em zelar pelo interesse público. Por isso, no geral, os governos evitam lidar com o tema das drogas, com medo de uma reação negativa do eleitorado. Denis visitou a Califórnia e a Espanha, dois países onde o sistema para lidar com a maconha foi transformado pela população, à revelia do sistema político. Na Califórnia, doentes crônicos conquistaram nas urnas o direito de ter acesso a um medicamento comprovadamente eficiente: a maconha. Na Espanha, usuários recreativos ganharam na justiça o direito de cultivar canábis em grande escala sem fins lucrativos. O livro também explora o Marrocos, o último país do mundo a ingressar na guerra contra as drogas.

“O Fim da Guerra” defende a tese de que a droga ilícita mais importante é a maconha, porque é a mais utilizada. Nossa covardia de lidar com essa droga é o que está empurrando nossas crianças para substâncias muito mais perigosas, como o crack.

Apesar do tema pesado, “O Fim da Guerra” é uma leitura prazerosa, que flui como um romance. O livro é um “road book” que tem como pano de fundo um dos temas centrais do mundo. O modo como nossa sociedade lida com as drogas é um assunto que interessa a todos, porque afeta todos – usuários ou não.

Fonte: Editora Bagarai

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Não-carta ao ex-presidente FHC

Por Cynara Menezes (Carta Capital)

08.11.2011 16:55


Foto: Ag. Brasil

Caro ex-presidente e ex-professor da USP Fernando Henrique Cardoso:

Não lhe escrevo essa carta, na verdade não existe carta nenhuma, porque falar de maconha é um tema proibido em nosso país. Nos últimos anos, o senhor tem inclusive contribuído para trazer este debate à tona, ao propor publicamente a descriminalização da maconha em palestras e com o documentário “Quebrando o Tabu”. Mas nem mesmo o senhor, sendo idolatrado pela mídia do jeito que é, tem sido capaz de romper a hipocrisia que reina no Brasil em torno deste assunto. Até marcha pela descriminalização é proibida por aqui, como se a liberdade de expressão não valesse para a “erva maldita”.

O senhor deve ter assistido à tragédia da Polícia Militar invadindo a Universidade de São Paulo, onde estudou e ensinou. As cenas foram tristes para quem, como a sua geração, lutou pela democracia: soldados apontando fuzis na cara de estudantes desarmados. É verdade que eles haviam tomado a atitude extrema de invadir a reitoria da Universidade, mas veja só como tudo começou. Há duas semanas, policiais que estavam ali para defender a comunidade universitária de assaltos e estupros, abordaram três garotos que estavam fumando um mísero baseado no estacionamento da Faculdade de História e os levaram para a delegacia. Seguiram-se conflitos e protestos que culminaram na invasão da reitoria.

Se pudesse escrever estas palavras, eu perguntaria ao senhor: quem provocou quem? Quem eram os donos da casa e quem eram os forasteiros? Quem chegou disposto a criar confusão reprimindo hábitos das pessoas que fazem parte daquele lugar? Fumar maconha é proibido por lei e não posso falar isto para um ex-presidente, de forma alguma, imagina. Mas se eu pudesse, diria que aposto que, em tantos anos na USP, o senhor deve ter visto inúmeras vezes cenas semelhantes às que os policiais reprimiram. Ou, no mínimo, sentido o cheiro familiar dos cigarros de maconha sendo acendidos, sempre discretamente, aqui e ali em recantos aprazíveis da Cidade Universitária.

Se a hipocrisia reinante me permitisse, eu argumentaria que fumar maconha no campus é um hábito disseminado e tolerado há décadas não só na USP como em quase todas as universidades do País – e, desconfio, do mundo. É como se o ambiente universitário fosse um oásis, onde o jovem em formação tem a liberdade para conhecer coisas novas, existencial e intelectualmente falando: livros, pessoas, música, cinema, arte. E, algumas vezes, maconha. De causar estranheza naquele local, é, isso sim, a presença de policiais militares fazendo a ronda: a rigor, a segurança do campus não deveria ser militarizada, mas de responsabilidade de uma Guarda Universitária.

Manifestantes pela legalização da maconha em protesto no início de 2011. Foto: Flickr/Mari Ju

Mas já que o governador, do seu partido, e o reitor, alarmados com o assassinato de um aluno dentro do campus, acharam por bem assinar um convênio com a Polícia Militar, eu gostaria muito de pedir ao senhor, mas não posso, que pudesse lhes aconselhar um pouco de bom senso. Jamais escreveria absurdos assim, de jeito nenhum, longe de mim. Mas o ideal seria que o senhor, em primeiro lugar, lembrasse a eles que um dia foram jovens como os estudantes que foram levados à delegacia naquele primeiro momento. Tenho certeza que muitos pais como eu não gostariam de ver seus filhos sendo presos por um delito tão insignificante quanto fumar um baseado junto a um grupo de colegas de faculdade.

É uma pena que não possa lhe dizer também que pondere com o governador e o reitor que policiamento no campus é para coibir assaltos e estupros, não para reprimir estudantes que estão pacificamente fumando um beck e conversando sob uma árvore qualquer. Que correr atrás deles é uma perda de tempo e é uma incitação ao conflito, que voltará a ocorrer em situações similares. Não é porque policiais apontaram armas na cara de estudantes que os estudantes deixarão de fumar baseados –ou de reagir quando forem reprimidos. E, olha só, o senhor nem precisaria aparecer, poderia fazer isso tudo discretamente, bem ao gosto dos que tentam dourar a pílula e fingir que a maconha não existe. Enfim, não posso lhe falar nada disso: é ilegal, imoral e ainda por cima tira votos. Mas, ah, se eu pudesse…

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A entrada da Maconha na sociedade


Sabemos pelos historiadores que um dos momentos importantes da humanidade aconteceu quando o homem descobriu o cultivo e o cultivo domestico de plantas, no que ficou conhecido como [ a descoberta da agricultura. Foi nesta época que se deu o fim do período Paleolítico e se inaugurou o período Neolítico, fazendo com que o ser humano não dependesse apenas da caça, estabelecendo-se assim em um lugar, no que conhecemos como o início da civilização.

Nesse universo, um vegetal que tem interagido com a humanidade desde o advento da agricultura é a Cannabis sativa, nome científico do cânhamo ou maconha. A planta era cultivada por conta das fibras, usadas para fazer cordas e tecidos, e também por suas propriedades alucinógenas e farmacológicas.

A maconha foi mencionada pela primeira vez numa farmacopeia produzida na Ásia central por volta 2740 a.c . Na China, a maconha era mais utilizada para construção, pelo fato de suas fibras serem resistentes e não pelo seu fator alterante, que atualmente é bastante desenvolvido.

Já na Índia, a maconha era cultuada como um presente dos deuses à humanidade. Um dos itens imprescindíveis do hinduísmo, é fumada por gurus e sadhus em forma de haxixe ou consumida como bangha.

Da Índia, a maconha alcanço o Oriente Médio. Embora não fosse usada em rituais religiosos, mas para recreação, mais uma vez a religião teve papel importante na divulgação da droga. Como o islamismo proíbe o álcool, a cannabis foi imediatamente adotada como principal alucinógeno pelos mulçumanos. Na verdade, foi aqui, pela primeira vez, que o uso de haxixe ficou conhecido.

Já no ocidente, as invasões árabes dos séculos 9 a 12 introduziram a maconha no norte da África, no Egito, seguindo até o leste da Tunísia, a Argélia e o Marrocos. Com as cruzadas (séculos 11 a 13), o uso das propriedades farmacológicas da maconha foram introduzidos na Europa.

Na Europa, durante o Iluminismo, grupos de artistas e intelectuais começaram a usar a maconha como aluconógeno. O rito maçom dos Illuminatti, do qual o escritor alemão Goethe (1749-1832) era membro, fazia uso do haxixe para obter um estado “iluminado” de consciência. Ao longo do século 19 a maconha continuou a ser a droga da vanguarda européia.

No final do século 19 e no início do 20, porém, algo determinante veio a ocorrer nos Estados Unidos: o Movimento da Temperança ganhava força política em todo país. Esse movimento de massa defendia a livre concorrência e culpava o álcool por todos os problemas sociais. Seus participantes que demonstravam forte oposição ao uso de alucinógenos, propuseram regulamentar seu consumo. Assim, os círculos conservadores americanos lideraram inúmeras campanhas contra o comércio de todos os psicotrópicos, inclusive o álcool. Era o chamado Proibicionismo que mais tarde se voltara apenas contra a Maconha.