Psicodélico: julho 2008

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Surfando o caos - Timothy Leary

Surfando o caos.
Conheça a história de Timothy Leary, psicólogo e guru de John Lennon, cujos momentos finais foram acompanhados por Claudio Tognolli


"Viver é surfar o caos. Você não pode modificá-lo, mas pode aprender a lidar com ele surfando seus limites. Tem mais, meu caro: ninguém é realmente místico por mais de cinco minutos. Não está contente ainda? Te digo uma coisa que aprendi na minha vida, aprendi muito profundamente: toda a realidade que nos cerca não passa de uma opinião".
Foi o que ouvi de Leary em seu leito de morte. Ele havia sido meu co-orientador de mestrado, um estudo sobre como os clichês de linguagem se formam na consciência. A amizade foi travada após uma reportagem, em 1989, sobre o "boom" do consumo de LSD em São Paulo, em 1989. Eu ajudei a trazê-lo para o Brasil, em 1991, para uma série de palestras. Daí, ficamos amigos.
Estive com Leary em seus últimos dias, em seu leito de morte, na casa de Sunset Boulevard, em Beverly Hills, Los Angeles. Leary morreu a 31 de maio de 1996, aos 76 anos de idade, de câncer na próstata. Necessitou de gente famosa do cinema para limpar-lhe as fraldas geriátricas, coisa que nenhuma enfermeira queria fazer. Teve obras de pop art raras e valiosas pilhadas de sua casa em quanto definhava. Jovens na flor da adolescência levavam-lhe drogas a granel, para que suportasse as dores do câncer --tantas e tamanhas, refere o livro, que em seus últimos dias, Leary sugava óxido nitroso (gás hilariante) direto do bocal do cilindro disposto ao lado de sua cama, para atenuar-lhe as pontadas.
Timothy Leary, Phd expulso de Harvard por seu evangelho irascível, hedonista e irresponsável para as padrões da clerezia acadêmica, nivelou seu destino com as figuras mais importantes do mundo cultural. Foi amigo de toda a geração beat, travou debates intransitivos com gente como Aldous Huxley, virou refrão de músicas dos Moody Blues e do The Who. Concorreu com Ronald Reagan ao governo da Califórnia, nos anos 60, e sua campanha teve um jingle composto por John Lennon – que, jamais empregado por Leary, acabou virando a faixa dos Beatles Come Together.
Queria saber de mim, entre sugadas de óxido nitroso, como andava sua ex-mulher, Bárbara, que o trocou pelo socialite paulista Kim Esteve. "Diga a Bárbara que eu a amo. Ela jamais poderia suportar uma coisa assim", disse-me Leary, levantando sua camisola para mostrar as chagas deixadas na pele pelo tumor que o estiolava.
Ao lado de porções, também, de Gene Rodenberry, criador da série Star Trek, pedacinhos de poeira de Timothy Francis Leary passam sobre as nossas cabeças a cada 96 minutos, desde abril de 1997. O avô da contracultura, guru de John Lennon e dos Beatles, pai da lisergia e apóstolo do evangelho da irresponsabilidade, sonhava pela remissão de seus restos mortais ao espaço. Junto com pó de ouro. Assim se fez. Daqui a alguns anos, a gravidade irá puxá-lo de volta. Seu pó se transformará em nada, consumido pela chama do impacto contra atmosfera.
Leary nasceu a 22 de outubro de 1920 na terra justamente dos Simpsons: Springfield, Massachusetts. Graduou-se em psicologia pela Universidade do Alabama, em 1943. Três anos depois, virava mestre pela Washington State University e, em 1950, ganhava o status de Ph.D. pela Universidade da Califórnia, Berkeley. Foi diretor de pesquisas psiquiátricas da Fundação Kaiser, entre 1955-58 e professor de Harvard entre 1959-1963. De Harvard foi expulso por pregar o uso de drogas psicodélicas.
No auge de sua fama, em 1967, Leary disparou sua frase mais polêmica. Para manter tradição de seu caráter irascível, a frase era contra ele mesmo: "Todas as chances são de que eu esteja errado no que faço, porque, como profeta visionário, vocês sabem, sou daquela turma em que um a cada cem está certo, e os outros 99 são absolutamente malucos. Estas são as chances neste jogo, mas a história irá dizer a verdade".
Seu slogan, "ligue-se, sintonize-se e caia fora", um dos mantras dos anos 60, é o código de comportamento de sua filosofia: afinal, o evangelho da irresponsabilidade prevê que cada um mergulhe dentro de si para encontrar as suas próprias respostas. É claro que, por acreditar que tais viagens interiores deveriam ser feitas com o uso de drogas psicodélicas, Leary pagou um preço alto: foi condenado a 30 anos de cadeia, passou cinco anos na prisão (inclusive ao lado de Richard Manson, assassino da mulher do cineasta Roman Polanski, a atriz Sharon Tate) e a CIA o capturou no Afeganistão.
A idéia de que o consumo de drogas psicodélicas, ainda que sob supervisão, pudesse ajudar indivíduos adultos e responsáveis em seu "crescimento espiritual" atraiu muita gente para o entorno de Leary. Muito antes disso, nos anos 50, ele já havia se casado com Nena, mãe da atriz Uma Thurman e frequentava o creme de la creme do pensamento psiquiátrico mundial. Certamente porque era um cara brilhante e cativante.
Os problemas de Leary com a lei começaram em 20 de dezembro de 1965, quando foi preso na fronteira dos EUA com o México por posse de maconha. Recebeu 30 anos de cadeia, mas pôde apelar. A 26 de dezembro de 1968 outra prisão, também por posse de maconha. Em 1969 anunciou que iria concorrer ao cargo de governador da Califórnia, tentando bater ninguém menos que Ronald Reagan. Seu lema de campanha era "Come Together, Join the Party". Em maio de 1969 juntou-se a Yoko Ono e John Lennon no famoso ato pela paz em Montreal, o Bed-In, e foi dali que Lennon tirou a idéia de compor Come Together para a campanha de Leary. Em janeiro de 1970 Leary recebeu sentença de dez anos de cadeia. Escapou, foi para a Argélia, esteve entre os Black Panthers. Fugiu para a Suíça. Dali para Viena, Beirute e Afeganistão, onde foi preso pela CIA. Só conseguiu sair da cadeia em abril de 1976, libertado pelo governador da Califórnia Jerry Brown, depois que o escândalo do Watergate, que chacoalhou a elite republicana e derrubou o presidente Nixon, tirou as autoridades republicanas da bota de Leary.
O movimento de Leary fechou um ciclo que começava nos filósofos pré-socráticos, como Pirro, Zenão de Eléia e Protágoras, para quem, de resto, "só o homem é a medida de todas as coisas, das que são o que são e das que são o que não são". O mesmo pensamento pré-socrático esteve presente, no começo do século 20, na filosofia científica que pautava a mecânica e a física quânticas: afinal de contas, dizia o físico dinamarquês Niels Bohr, quando você vai medir a temperatura da água fervente numa chaleira, a própria temperatura do termômetro (que está frio) já altera a temperatura da água (quente) a ser analisada.
Juntando a filosofia pré-socrática, a mecânica quântica, o chamado Princípio da Incerteza defendido por Bohr, a psicanálise, o dadaísmo, o cubismo, e botando nisso pitadas e gotas de lisergia, Timothy Leary defendia que não há realidade objetiva. Não há instituições. Não há dogmas. Não há ortodoxia. Para ele, o mundo é o mundo de indivíduos dissidentes, que pensam por si próprios e questionam a autoridade a todo o momento. Viver, para Leary, é ser dissidente de tudo e de todos. Não há certezas para o indivíduo. Daí Leary ter confeccionado aquela que talvez seja a sua frase mais criativa: "Viver é surfar o caos. Você não pode modificar a realidade, mas pode surfá-la".
Verdade? O fato é que nem nisso Leary acreditava muito. Afinal de contas, passou a sua vida tentando modificar o mundo. "Levará pelo menos mais um século para se elevar Leary a seu verdadeiro status", disse o escritor William Burroughs, de resto um dos famosos que era amigão de Leary. "Ele foi uma das personalidades mais influentes do século 20. O que essa influência deixou como legado, no entanto, permanece a ser definido", avalia o escritor Robert Forte.
Tim Leary morreu a uma da manhã de 31 de maio de 1996, pouco depois de ter sido visitado por sua afilhada, a atriz Winona Ryder. Sua últimas palavras foram "Por que não???"Leary, de uns tempos para cá, vem sendo apontado como o real pai da Neurolinguística. Mas nem com isso concordaria. Afinal de contas, até com a disciplina que tanto estudou, a psicanálise, ele costumava lutar. "Escreva aí que entrei para a Sociedade dos Psicanalisados Anônimos", disse Leary a este repórter, pouco antes de morrer –numa fina ironia com as associações de alcoólatras anônimos.
A fama de Timothy Leary no mundo pop foi tamanha que John Lennon lhe compôs Come Together, para ser usada em sua campanha homônima ao governo da Califórnia, contra o ator republicano Ronald Reagan. Leary é citado num dos versos da música The Seeker, da banda inglesa The Who. O maior sucesso da banda The Moody Blues, "Legend of a mind", traz o nome de Leary no refrão. É citado nas canções "Manchester England" e The Flesh Failures/Let The Sunshine", do musical de maior sucesso dos anos 70: Hair. Nos anos 90, emprestou sua voz para um refrão da música Fixed, da banda Nine Inch Nails, e também para outro refrão, da canção Left Handshake, da banda Skinny Puppy. Leary foi padrinho da atriz Uma Thurman, com cuja mãe foi casado, e da atriz Wynona Ryder, cujo pai foi um dos arquivistas de Leary. Poetas famosos como Allen Ginsberg, Lawrence Ferlighetti, e escritores de primeiro time, como Aldoux Huxley e William Burroughs, eram amigos pessoais do guru da contracultura. Leary não só era muito citado em músicas como também suas palavras influenciavam o processo de criação das canções. Isso era publicamente admitido por artistas que referiam ter mudado seus estilos após tomarem LSD, o ácido-lisérgico. Como por exemplo: Bob Dylan, que admite ter largado parcialmente o folk após uma viagem, para compor Highway 61 Revisited; Brian Wilson, dos Beach Boys, diz que fez sua obra-prima, o disco Pet Sounds, após seguir os conselhos de Timthy Leary; os Beatles admitiam que jamais teriam composto Sergeant Peppers Lonely Hearts Club Band sem terem tido a influência do guru. -Bill Gates disse numa entrevista à Playboy, em dezembro de 1994, que tomou LSD e se deixou influenciar por Leary em seus anos de Harvard. Steve Jobs, co-fundador da Apple e da Pixar, revelou ao escritor John Markoff que ter seguido os conselhos de Leary foi uma das coisas mais importantes que aconteceu em sua vida.
A biografia de Timothy Leary escrita por John Higgs trás alguns dados bombásticos: como revelações de que Francis Crick, ganhador do Nobel, só percebeu a feição de dupla hélice do DNA após uma viagem lisérgica; o mesmo para Kary Mullis, que levou o Nobel de Química em 1993 por criar o sistema de detecção de DNA, em material ancestral, hoje conhecido como exame de PCR.

sábado, 26 de julho de 2008

Aprendiz de feiticeiro - Entrevista com Fauzi Arap sobre Experiências com LSD - Revista - Isto É.


Aprendiz de feiticeiro

O diretor teatral e escritor Fauzi Arap conta como experiências com LSD e estudos de Jung e de astrologia o ajudaram a chegar mais perto de Deus


MARTA GÓES

Não é comum que o mesmo diretor seja capaz de encenar um show de Maria Bethânia tão bem quanto um drama de Plínio Marcos (Navalha na carne) ou uma comédia de Juca de Oliveira (Caixa 2). E que esse diretor tenha começado a vida estudando Engenharia na Escola Politécnica da USP o torna um tipo ainda mais intrigante. Mas isso é apenas uma parte da história de Fauzi Arap, 60 anos, ex-ator, diretor teatral, dramaturgo, estudioso de astrologia e escritor. Em busca de autoconhecimento, Fauzi, que se define como um aprendiz, viveu experiências com LSD, nos anos 60, estudou Jung obsessivamente e trabalhou com a psiquiatra Nise da Silveira. Embora contemporânea da geração flower power, essa história, contada no livro Mare nostrum (Editora Senac, 265 págs., R$ 28) não é um exemplo do desbunde da época – descreve, em vez disso, um caminho angustiado, místico e profundamente responsável. O LSD saiu de sua vida quando Fauzi quis dar o exemplo a pessoas desestruturadas pelo uso deslumbrado da droga e tentavam aprisioná-lo no papel de guru. Para desgosto dos espectadores que o viram representar nos anos 60, em peças como Pequenos burgueses, de Gorki, Fogo frio, de Benedito Ruy Barbosa, e O inspetor geral, de Gogol, ele deixou para sempre o palco, por não querer ficar reduzido à imagem do ator famoso. O teatro e a astrologia são hoje suas ferramentas. "Conhecer o seu lugar no universo é chegar mais perto de Deus", diz.

ISTOÉ – Como você classifica seu livro?
Fauzi Arap – Inicialmente, pensava em só autorizar a publicação depois da minha morte. Mas quando dirigi A quarta estação, há quatro anos, o Juca (de Oliveira) descobriu que eu escrevia à máquina e me obrigou a escrever no computador. Então comecei a passar o livro a limpo, e achei que estava bom, que estava claro, que podia ser útil a outras pessoas. Menos até àquelas que passaram pelas experiências da contracultura e das drogas nos anos 60 e 70 e mais a quem nunca ouviu falar nisso. Acho que meu livro talvez seja um testemunho de fé.

ISTOÉ Fé em quê?
Fauzi Arap – Na capacidade do homem de desenvolver a sua espiritualidade, encontrar seu lugar no universo. Para algumas correntes do espiritualismo como a teosofia, criada pela escritora russa Helena Petrovna Blavatsky (1831-91), por exemplo, o mundo seria originalmente um campo energético que se poderia chamar de Deus e o homem seria uma alegoria incorpórea de uma raça. A expulsão do paraíso seria uma necessária condenação à materialidade. A meta de Deus seria que o homem voltasse a conquistar, pela autoconsciência, a sua espiritualidade e a sua integração com o universo. Para os teosóficos, nós estaríamos vivendo um pico de materialismo e prestes a retomar uma ascensão.

ISTOÉ Qual a sua afinidade com a Nova Era?
Fauzi Arap – Tem muita coisa interessante, talvez ela represente os primeiro passos, a preparação para um salto de consciência grupal, aquariano. Mas talvez pelo meu caminho ter passado pela psicanálise e ter sido tortuoso, nem sempre consigo me sentir identificado... Eu não consigo ser tão puro. Alguns caminhos que vivi não me permitem ser tão inocente.

ISTOÉ Qual a sua afinidade com Paulo Coelho?
Fauzi Arap – Eu não tenho lido Paulo Coelho, mas me sinto amigo dele. Quando dei aula de teatro no Rio de Janeiro, em 1965, nós tínhamos muitos amigos comuns. Foi ele, aliás, quem batizou a minha peça Pano de boca. Em 1975, a Hildegard Angel, que era atriz, pretendia produzir minha peça. Eu tinha uns 12 títulos e estava indeciso. Ele escolheu para mim. Eu acompanhei com interesse todo o seu trabalho ao lado do Raul Seixas, e escolhi uma de suas músicas, Gita, para que Bethânia cantasse e faz sucesso até hoje. Li alguma coisa do Alleister Crowley, que era o guru dos dois, Raul e Paulo, à época da sociedade alternativa. Mas depois de algumas experiências que os assustaram, parece que o Paulo voltou ao catolicismo. Não tenho uma plena empatia com sua literatura, mas eu me identifico com o que ele prega e acredito piamente em sua integridade.

ISTOÉ Pode-se dizer que você possui uma sensibilidade especial?
Fauzi Arap – Eu não nasci bem conectado ao corpo. Desde menino eu tinha uma espécie de consciência meio separada. Às vezes, jogando pingue-pongue, eu saía da competição e me via jogando. Depois vim a saber que a repetição é uma das técnicas da meditação para atingir outros estados de consciência.

ISTOÉ Sobre seu livro, a atriz Myriam Muniz resumiu, brincando: "Você tomou ácido e encontrou Deus. Também quero." Isso é verdade?
Fauzi Arap – É uma simplificação, claro. Deus sempre está lá para todo mundo, até para os desatentos. Aprendi que encontrá-lo é só uma questão de chamar corretamente. Pode ser pela oração, pode ser pela meditação, pelo que você preferir. Ele atende por todos os nomes

ISTOÉVocê pode ser definido como um iniciado?
Fauzi Arap – Eu não passo de um aprendiz. O universo tem seus arquivos, que são chamados de akasha, pelos hindus, e de insconsciente coletivo, por Jung. E para consultá-los você tem que se habilitar para isso, preparar-se. No meu caso, tive alguns contatos esporádicos, facilitados quimicamente pelo LSD. Houve um momento, nos anos 60, em que eu estudava Jung adoidado, tomava ácido e refletia muito e, sobretudo, tentava ajudar os pacientes da Casa das Palmeiras, criada pela psiquiatra Nise da Silveira, no Rio. Naquele período, tenho a impressão que me deixaram dar uma espiadinha.

ISTOÉE você sempre acreditou na existência de Deus?
Fauzi Arap – A certa altura, eu não sabia mais. Embora na infância eu fosse religioso e embora a educação religiosa fosse uma coisa horrorosa, que ameaçava com o inferno o menino que apenas ouvisse um palavrão, mesmo assim eu tentava me enquadrar. Quando eu entrei na faculdade, na época em que Sartre veio ao Brasil, como toda a minha geração, eu aderi ao pensamento marxista, procurava ver tudo só pela dimensão política e econômica. Mas o marxismo até que serviu para me limpar dos resíduos daquela educação religiosa opressiva.

ISTOÉE aí alguém lhe falou sobre o ácido lisérgico...
Fauzi Arap – Como eu conto no livro, uma amiga atriz me levou a um psiquiatra que trabalhava com ácido no consultório. Eu estava em busca de me conhecer, de procurar o meu próprio centro. E isso tem tudo a ver com se aproximar de Deus, mas eu não sabia. Já da primeira vez, vivi uma espécie de êxtase, como se eu tivesse saído do meu corpo. Embora no começo eu tenha associado esse estado apenas ao fato de ter experimentado o ácido, depois pude me lembrar de que, como ator, em alguns exercícios teatrais dirigidos por (Augusto) Boal, quando eu conseguia me soltar completamente me vinha um bem-estar parecido.

ISTOÉO que é esse bem-estar?
Fauzi Arap – É uma espécie de êxtase, porque parece independer da sua responsabilidade e da sua vontade. E há um sentimento de que tudo está certo, não se duvida de nada nem se critica nada. Esses momentos não duram para sempre, os livros e os sábios nos ensinam, e acontecem poucas vezes na vida. Mas a memória deles permanece como uma referência que te guia e te alimenta. É impossível não sentir nostalgia desse sentimento de plenitude e o desejo de repeti-lo se parece com um vício.

ISTOÉ De que maneira o teatro pôde lhe proporcionar tamanho êxtase?
Fauzi Arap – Quando comecei como ator eu era muito tímido e no Oficina eles eram meio reticentes a meu respeito. Nos laboratórios do Boal, eu descobri uma fonte de inspiração e uma estrutura que dava suporte à minha espontaneidade. Numa das peças, Fogo frio, do Benedito Ruy Barbosa, eu conseguia representar cada dia melhor, eu sentia um barato representando. Fui ficando tão afinado, tão pleno que assistia ao meu corpo fazer o gesto correto como se não fosse eu que estivesse fazendo. Passei do último para primeiro da classe. No momento de pico dessa experiência era como se minha consciência estivesse dois palmos acima da minha cabeça, assistindo à representação e por duas ou três vezes me senti fora do meu próprio corpo. Quando vivi com o ácido, esse mesmo estado de dualidade de consciência já era meu conhecido.

ISTOÉEntão a interpretação também o fez encontrar Deus?
Fauzi Arap – Eu não pensava em Deus. Nós éramos marxistas. A gente estudava com o Boal as leis da dialética, comprávamos uma quantidade de livros que eu nem cheguei a ler, Lúkacs de capas lindas. Na verdade, o que esses estudos me deram foi um instrumento de penetração no texto, uma nova ferramenta de compreensão. Só mais tarde, com outras leituras sobre o espiritualismo, eu descobri que o método Stanislávsky (técnica de interpretação criado no começo do século pelo ator russo Constantin Stanislávsky), que era a base do método do Boal, é absolutamente análoga a muitas técnicas da ioga, como a concentração, a visualização. Talvez tenha sido por isso que minha entrega e dedicação plenas tenham resultado algumas vezes naquela sensação de sair do corpo.

ISTOÉE você enterrou para sempre o marxismo?
Fauzi Arap – Por muitos anos. Mas percebi que o espiritualismo mais alto recoloca a questão do marxismo ao afirmar que sozinho você não atinge a plenitude. Chegar sozinho ao êxtase é coisa da magia negra, em que você pode chegar ao nirvana, mas não ao infinito. A magia branca é absolutamente altruísta. Os verdadeiros magos são pessoas que agem esquecidas de si e compartilham tudo. Chegam a adiar a própria ascensão para primeiro ajudar aos outros. Esse é o verdadeiro sentido daquela frase "os últimos serão os primeiros".

ISTOÉVocê conta em seu livro que ao ler Paixão segundo GH, de Clarice Lispector, teve uma prova de que não era louco. Que tipo de experiência você compartilhou com Clarice?
Fauzi Arap – Na época do show Rosa dos ventos, Clarice me levou a uma missa de páscoa Rosacruz que me descortinou um mundo. Era numa casinha modesta, com umas 20 ou 30 pessoas numa sala e os oficiantes. Quando começou, eu senti uma certa opressão, mas logo experimentei um intenso bem-estar. Era como se dali irradiasse algo como um ar-condicionado. Mas Clarice, pelo contrário, pingava de suor a ponto de termos de sair no meio. Eu acho que Clarice era um pouco vidente e ela confundia isso com loucura. Ela devia estar enxergando mais do que eu naquela cerimônia e não suportou a carga. Voltei muitas vezes lá. Para mim, era uma espécie de casa bem-assombrada.

ISTOÉPor que você interrompeu a experiência de autoconhecimento via LSD?
Fauzi Arap – Meu projeto, ao me mudar para o Rio, na época do Arena, era apenas estudar Jung e trabalhar com a Nise da Silveira. Mas como o primeiro show da Bethânia, Rosa dos ventos, estourou, eu fiquei muito em evidência e caí na armadilha de tentar ajudar as pessoas, de corresponder à expectativa delas de que eu fosse uma espécie de guia espiritual. Minha força eram justamente o isolamento e a reflexão que o LSD me propiciava e eu me deixei invadir pelos anseios dos outros. Assumi uma tarefa acima das minhas forças e fui ingênuo quanto às verdadeiras intenções das pessoas que me cercavam. Às vezes não era nada espiritual o que as fazia se aproximar de mim, era apenas a fantasia de que eu serviria de ponte para um trabalho no teatro ou alguma coisa assim. Olhando de hoje, vejo que eu me comportei como um super-herói.

ISTOÉE a gota d’água foi atribuírem a você o papel de vidente, que teria previsto o desastre com o avião de Leila Diniz...
Fauzi Arap – Eu tinha organizado uma reunião para tentar dar alguma referência àquelas pessoas que me procuravam e que estavam muito perdidas. Aí alguém me perguntou se era verdade que eu tinha tido um pressentimento sobre um desastre com o avião em que a Marília Pêra ia viajar nos dias seguintes. Naquele momento eu percebi o quanto tinha me desviado do meu caminho e que, se eu respondesse, nunca mais eu ficaria livre daquele papel de super-herói, e eu tive uma explosão. Foi uma explosão tão violenta e me fez tão mal que acho que nos últimos 20 anos eu não fiz nada além de me recuperar do trauma daquele momento.

ISTOÉE você se recuperou?
Fauzi Arap – Eu me reeduquei para caber no mundo como ele é. Mas também caí em outra armadilha, que foi me condenar a uma excessiva caretice, a ficar mais crítico e a duvidar de tudo. Eu parei o LSD para dar o exemplo. Também não fumei mais. E me reencontrei com a minha impaciência, com a minha exasperação. Eu tentei me aproximar de algumas fraternidades, de grupos que cultivam um trabalho espiritual, mas compreendi que sou diferente. As fraternidades são rígidas, fechadas. Descobri que dominando uma linguagem mais aberta, sendo artista, eu posso ser muito mais útil.

ISTOÉHoje a arte é seu único caminho para o autoconhecimento?
Fauzi Arap – A astrologia me ofereceu um sistema que atende ao meu anseio de liberdade individual. É uma coisa que eu adoro. Eu sou uma pessoa original e preciso de um espaço individual. Eu era presa de chantagens, do medo de dizer não. Não sabia me proteger. A astrologia é um filtro para me proteger disso e um instrumento de aceitação mais plena do outro.

ISTOÉHoje ainda lhe custa muito ser uma pessoa adaptada às regras da maioria?
Fauzi Arap – Começar a escrever e a dirigir foram maneiras de me adaptar ao mundo como ele é. E aprendi a não criticar superficialmente. Os testemunhas de Jeová, por exemplo, que pagam o dízimo. A gente não paga a sessão de análise para tentar se sentir bem? E análise é tão cara...É claro que pessoalmente eu prefiro o analista ou, sei lá, a ioga àquela aeróbica que passa na televisão, mas eu me digo: aeróbica é bom para um outro tipo de pessoa.

ISTOÉVocê tem um notório horror a ser fotografado. Por que isso acontece?
Fauzi Arap – A luz forte sempre me incomodou e eu detesto me sentir dirigido. Além do que meu ideal é não ser o garoto-propaganda de mim mesmo. Adoraria não ir ao Jô, não aparecer em revistas. Será uma estupidez da minha parte? As coisas, no caso o livro, deveriam ser verdade pelo que elas são, sem necessidade de você ficar falando. Eu sou um apaixonado por um tipo de anonimato, pelo não ser, para poder vivenciar o outro. Isso me dá grande prazer. Sinto mais desejo de sumir, de migrar para o interior de mim

Os Quatros Compromissos - O livro da Filosofia Tolteca

"Não Podemos Deixar de Divulgar a Sabadoria"
Quatros Compromissos
O livro da Filosofia Tolteca
Os Toltecas

Milhares de anos atrás, os toltecas eram conhecidos no sul do México como "homens e mulheres de sabedoria". Antropólogos falam dos toltecas como uma nação ou raça, mas, na verdade, os toltecas eram cientistas e artistas que formavam uma sociedade para explorar e conservar a sa­bedoria espiritual e as práticas dos antigos. Encontraram-se como mestres(nagual) e estudantes em Teothuacan, a ci­dade antiga das pirâmides próxima à Cidade do México conhecida como O lugar onde o "Homem se Torna Deus".

Ao longo dos milênios, os nagual foram forçados a es­conder a sabedoria ancestral e a manter sua existência na obscuridade. A conquista européia, combinada com O mau uso do poder pessoal por alguns poucos aprendizes, tomou necessário ocultar o conhecimento dos que não estavam preparados para usá-Io com sabedoria, ou que pretendiam usá-lo apenas para ganhos pessoais.
Felizmente, a sabedoria esotérica tolteca estava incorpo­rada e foi transmitida através de gerações de diferentes linhagens de nagual. Embora tenham permanecido envol­tas em segredo por centenas de anos as antigas profecias prediziam a vinda de uma era em que seria necessário retomar a sabedoria ao povo. Agora Don Miguel Ruizr um nagual da linhagem dos Cavaleiros da Águia foi indicado para compartilhar conosco os ensinamentos pode­rosos dos toltecas.

A sabedoria dos toltecas se ergue da mesma unidade essencial de verdade de todas as tradições esotéricas ao redor do mundo. Embora não seja uma religião, honra todos os mestres espirituais que já ensinaram aqui na Terra. Por envolver o espírito, é descrita com maior precisão como forma de vida, caracterizada pela pronta acessibilidade da felicidade e do amor.
INTRODUÇÃO
O Espelho Enevoado

Três mil anos atrás, havia um ser humano,como eu e você, que vivia perto de unta cidade cercada de montanhas. O ser humano estudava para tornar-se xamã, para aprender a sabedoria de seus ancestrais, mas não concordava com­pletamente com tudo aquilo que aprendia. Em seu coração, sentia que existia algo mais.

Um dia, enquanto dormia numa caverna, sonhou que viu o próprio corpo dormindo. Saiu da caverna numa noite de lua nova. O céu estava claro, e ele enxergou milhares de estrelas. Então algo aconteceu dentro dele que transformou sua vida para sempre. Olhou para suas mãos, sentiu seu corpo e escutou sua própria voz dizendo: "Sou feito de luz; sou feito de estrelas".

Olhou novamente para as estrelas e percebeu que não eram as estrelas que criavam a luz, mas antes a luz que criava as estrelas. "Tudo é feito de luz", acrescentou ele, "e o espaço no meio não é vazio." E ele soube tudo o que existe num ser vivo, e que a luz é a mensageira da vida, porque está viva e contém todas as informações.

Então compreendeu que embora fosse feito de estrelas, ele não era essas estrelas. "Sou o que existe entre as estrelas" pensou. Então chamou as estrelas de tonal e a luz entre as estrelas, de nagual, e soube que o que criava a harmonia e o espaço entre os dois é a Vida ou intenção. Sem a Vida,o tonal e o nagual não poderiam existir. A Vida é a força do absoluto, do supremo, do Criador que cria tudo.

Foi isso o que ele descobriu: tudo o que existe é uma manifestação do ser que denominamos Deus. Tudo é Deus. E ele chegou à conclusão de que a percepção hu­mana é apenas a luz que percebe a luz. Também viu que a matéria é um espelho - tudo é um espelho que reflete a luz e cria imagens dessa luz - e o mundo da ilusão, o Sonho, é apenas fumaça que não permite que enxerguemos quem realmente somos. "O verdadeiro nós é puro amor, pura luz", disse ele.

Essa compreensão mudou sua vida. Uma vez que ele soube quem realmente era, olhou ao redor para os outros seres humanos e para o restante da natureza e ficou sur­preso com o que viu. Viu a ele mesmo em tudo - em cada ser humano, em cada animal, em cada árvore, na água, na chuva, nas nuvens, na terra. E viu que a Vida misturava o tonal e o nagual de formas diferentes para criar bilhões de manifestações da Vida.

Naqueles poucos momentos ele compreendeu tudo. Fi­cou muito excitado, e seu coração encheu-se de paz. Mal podia esperar para contar ao seu povo o que descobrira. Mas não havia palavras para explicar. Tentou falar com os outros mas eles não conseguiam entender. Eles perceberam que o homem havia mudado, que algo bonito se irradiava dos olhos e da voz dele. Repararam que ele não julgava mais as coisas e as pessoas. Ele não era mais como os outros.

Ele entendia os outros muito bem, mas ninguém conse­guia entendê-lo. Acreditavam que ele fosse a encarnação viva de Deus, e ele sorriu quando escutou isso, e lhes disse: É verdade. Sou Deus. Mas vocês também são Deus. Somos o mesmo, vocês e eu. Somos imagens de luz. Somos Deus". Mesmo assim, as pessoas não o entenderam.

Havia descoberto que era um espelho para as outras pes­soas, um espelho no qual podia observar a si mesmo. "Todo mundo é um espelho, disse ele. Viu a si mesmo em todos,mas ninguém o viu como eles mesmos. Então compreendeu que todos estavam sonhando, mas sem consciência, sem saber o que realmente eram. Não podiam enxergá-lo como eles mesmos porque havia uma parede de nevoeiro entre os espelhos. E essa parede era construída pela interpretação das imagens de luz - o Sonho dos seres humanos.

Então ele percebeu que logo iria esquecer tudo o que aprendera. Queria lembrar-se de todas as visões que tivera; portanto, decidiu chamar a si mesmo de Espelho Enevoado, para que sempre soubesse que a matéria é um espelho e que a névoa do meio é o que nos impede de saber quem somos. Ele disse: "Sou o Espelho Enevoado, porque estou vendo a mim mesmo em todos vocês, mas nós não reco­nhecemos um ao outro por causa do nevoeiro entre nós. Esse nevoeiro é o Sonho, e o espelho é você, o sonhador". Espelho Enevoado, para que sempre soubesse que a matéria é um espelho e que a névoa do meio é o que nos impede de saber quem somos. Ele disse: "Sou o Espelho Enevoado, porque estou vendo a mim mesmo em todos vocês, mas nós não reco­nhecemos um ao outro por causa do nevoeiro entre nós. Esse nevoeiro é o Sonho, e o espelho é você, o sonhador".
"É fácil viver com os olhos fechados,
entendendo errado tudo o que você vê..."
- John Lennon
01 - DOMESTICAÇÃO E O SONHO DO PLANETA
O que você está vendo e ouvindo neste momento não passa de um sonho. Você está sonhando neste momento. Está sonhando com o cérebro acordado.

Sonhar é a principal função da mente, e os sonhos da mente duram vinte e quatro horas por dia. Sonhamos quando o cérebro está acordado e também sonhamos quando o cérebro está adormecido. A diferença é que quando o cé­rebro está acordado, existe uma moldura material que nos faz perceber as coisas de forma linear. Quando vamos dor­mir, não temos essa moldura, e o sonho possui a tendência de mudar constantemente.

Os seres humanos não estão sonhando o tempo todo. Antes que nascêssemos, os que anteriormente a nós criaram um grande sonho externo que denominamos sonho da sociedade ou sonho do planeta. O sonho do planeta é um sonho coletivo de bilhões de sonhos pessoais menores, que, juntos, formam o sonho da família, o sonho da comu­nidade, o sonho de uma cidade, o sonho de um país, e, finalmente, o sonho de toda a humanidade. O sonho do planeta inclui todas as regras da sociedade, suas crenças, suas leis, suas religiões, suas diferentes culturas e formas de ser seus governantes, escolas, eventos sociais e feriados. nascemos com a capacidade de aprender como sonhar, e os seres humanos que viveram antes de nós nos ensinaram sonhar da forma que a sociedade sonha. O sonho exterior adormecido. A diferença é que quando o cé­rebro está acordado, existe uma moldura material que nos faz perceber as coisas de forma linear. Quando vamos dor­mir, não temos essa moldura, e o sonho possui a tendência de mudar constantemente.

Os seres humanos não estão sonhando o tempo todo. Antes que nascêssemos, os que anteriormente a nós criaram um grande sonho externo que denominamos sonho da sociedade ou sonho do planeta. O sonho do planeta é um sonho coletivo de bilhões de sonhos pessoais menores, que, juntos, formam o sonho da família, o sonho da comu­nidade, o sonho de uma cidade, o sonho de um país, e, finalmente, o sonho de toda a humanidade. O sonho do planeta inclui todas as regras da sociedade, suas crenças, suas leis, suas religiões, suas diferentes culturas e formas de ser seus governantes, escolas, eventos sociais e feriados. nascemos com a capacidade de aprender como sonhar, e os seres humanos que viveram antes de nós nos ensinaram sonhar da forma que a sociedade sonha. O sonho exterior possui tantas regras que, quando um novo ser humano nas­ce, captamos a atenção da criança e apresentamos as regras à mente dela. O sonho exterior usa Papai e mamãe, as es­colas e a religião para nos ensinar a sonhar.

A atenção é a capacidade que possuímos de discriminar e nos focalizar apenas no que desejamos perceber. Podemos perceber milhões de coisas ao mesmo tempo, mas, usando nossa atenção, podemos segurar qualquer delas no primeiro plano de nossa mente. Os adultos ao redor de nós capturam nossa atenção e colocaram informações em nossas mentes mediante a repetição. Essa é a forma pela qual aprendemos tudo o que sabemos possui tantas regras que, quando um novo ser humano nas­ce, captamos a atenção da criança e apresentamos as regras à mente dela. O sonho exterior usa Papai e mamãe, as es­colas e a religião para nos ensinar a sonhar.

A atenção é a capacidade que possuímos de discriminar e nos focalizar apenas no que desejamos perceber. Podemos perceber milhões de coisas ao mesmo tempo, mas, usando nossa atenção, podemos segurar qualquer delas no primeiro plano de nossa mente. Os adultos ao redor de nós capturam nossa atenção e colocaram informações em nossas mentes mediante a repetição. Essa é a forma pela qual aprendemos tudo o que sabemos.

Utilizando nossa atenção, aprendemos uma realidade in­teira, um sonho inteiro. Aprendemos como nos comportar em sociedade, em que acreditar e em que não acreditar, o que é bom e o que é mau, o que é bonito e o que é feio, o que é certo e o que é errado. Tudo já estava lá - todo esse conhecimento, todas as regras e conceitos sobre como comportar-se no mundo.

Quando você estava na escola, sentava-se numa cadeira pequena e colocava sua atenção no que o professor estava ensinando. Quando você ia à igreja, colocava sua atenção naquilo que o padre ou o pastor dizia. É a mesma dinâmica com pais e mães, irmãos e irmãs: todos tentam capturar sua atenção. Aprendemos também a capturar as atenções de outros seres humanos e desenvolvemos certa necessi­dade" de atenção que pode se tomar extremamente compe­titiva'; As crianças competem para ter a atenção dos pais dos professores, dos amigos. "Olhe para mim! Veja o que estou fazendo! Ei, estou aqui." A necessidade de atenção se toma muito forte e continua pela vida adulta. O sonho exterior captura nossa atenção e nos ensina em que acreditar, começando com a linguagem que utilizamos. A linguagem é o código para o entendimento e a comuni­cação entre os seres humanos. Cada letra, cada palavra em cada linguagem é um acordo. Chamamos a isso de página de um livro; a palavra página é um acordo que entendemos. Uma vez que se compreenda o código, nossa atenção é capturada e a energia é transferida de uma pessoa para outra.

Não foi sua escolha falar português. Você não escolheu sua religião e valores morais - eles já existiam antes de você nascer. Nunca tivemos a oportunidade de escolher em que acreditar ou não acreditar. Nunca escolhemos nem ao menos o menor desses acordos. Não escolhemos ao me­nos nosso próprio nome.

Quando crianças, não tivemos oportunidade de escolher nossas crenças, mas concordamos com a informação que nos foi passada sobre o sonho do planeta por intermédio de outros seres humanos. A única maneira de armazenar in­formações é por acordo. O sonho exterior pode captar nossa atenção, mas se não concordarmos, não armazenamos essa informação. Assim que concordamos, acreditamos, e isso é chamado de fé. Ter fé é acreditar incondicionalmente.

Foi assim que aprendemos quando crianças. Crianças acreditam em tudo o que os adultos dizem. Concordamos com eles, e nossa fé é tão forte que o sistema de fé controla todo o nosso sonho de vida. Não escolhemos essas crenças, e poderíamos nos ter rebelado contra elas, mas não tivemos força suficiente para realizar essa rebelião. O resultado é ceder às crenças com nosso consentimento.

Chamo esse processo de a domesticação de seres humanos.

E por intermédio dessa domesticação aprendemos como viver e como sonhar. Na domesticação de seres humanos, a informação do sonho exterior é conduzida para o sonho interior, criando nosso sistema de crenças. Primeiro a crian­ça aprende o nome das pessoas e das coisas: mamãe, papai, leite, garrafa. Dia a dia, em casa, na escola, na igreja e na televisão, nos dizem como viver, que tipo de comporta­mento é aceitável. O sonho exterior nos ensina a ser um ser humano. Temos um conceito completo sobre o que é uma "mulher" e o que é um "homem". Também aprende­mos a julgar: julgamos a nós mesmos, julgamos as outras pessoas, julgamos os vizinhos.

As crianças são domesticadas da mesma forma que do­mesticamos um cão, um gato ou qualquer outro animal. Para ensinar um cachorro precisamos punir e dar recom­pensas a ele. Treinamos nossos filhos, aos quais amamos tanto, da mesma forma que treinamos qualquer animal do­méstico: com um sistema de castigos e recompensas. Di­zem-nos: "Você é um bom menino" ou "Você é uma boa menina" quando fazemos o que mamãe e papai querem que a gente faça. Quando isso não acontece, somos "me­ninos maus" ou "meninas más".

Nas oportunidades em que fomos contra as regras, nos puniram; quando agimos de acordo com elas, ganhamos uma recompensa. Fomos castigados muitas vezes por dia e recompensados muitas vezes por dia. Logo ficamos com receio de sofrer o castigo e também com receio de não ga­nharmos a recompensa. A recompensa é a atenção que con­seguimos de nossos pais, ou de outras pessoas como ir­mãos, professores e amigos. Logo desenvolvemos neces­sidade de captar a atenção de outras pessoas para conseguir a recompensa.

A recompensa provoca uma sensação boa, e continuamos fazendo o que os outros querem que a gente faça para obter a recompensa. Com medo de ser punidos e medo de não ganhar recompensa, começamos a fingir ser o que não so­mos apenas para agradar aos outros, só para ser suficien­temente bons para outras pessoas. Tentamos agradar a ma­mãe e papai, tentamos agradar aos professores na escola, tentamos agradar à Igreja, e com isso começamos a repre­sentar. Fingimos ser o que não somos porque temos medo de ser rejeitados. O medo de sermos rejeitados torna-se o medo de não sermos suficientemente bons. Mais tarde, aca­bamos por nos tornar alguém que não somos. Tornamo-nos cópias das crenças de mamãe, das crenças de papai, das crenças da sociedade e das crenças religiosas.

Todas as nossas tendências normais são perdidas no pro­cesso da domesticação. E quando somos grandes o sufi­ciente para que nossa mente compreenda, aprendemos a palavra não. Os adultos dizem "Não faça isso, não faça aqui­lo". Nós nos rebelamos e dizemos "Não!". Rebelamo-nos porque estamos defendendo nossa liberdade Queremos se nós mesmos, mas somos pouco, e os adultos são grandes e fortes. Depois de um certo tempo, ficamos com medo porque sabemos que todas as vezes em que fizermos algo errado, seremos castigados.

A domesticação é tão forte que num ponto determinado de nossa vida não precisamos mais que ninguém nos do­mestique'. Não precisamos da mamãe ou do papai, da escola ou da Igreja para nos domesticar. Somos tão bem treinados que passamos a ser nosso próprio treinador. Somos um animal autodomesticado. Agora podemos domesticar a nós mesmos de acordo com a mesma crença no sistema que nos forneceram, usando as mesmas técnicas de punição e recompensa. Punimos a nós mesmos quando não seguimos as regras de acordo com nosso sistema de crenças; recom­pensamos a nós mesmos quando somos "bonzinhos" ou "boazinhas" o sistema de crenças é como o Livro da Lei que regula nossa mente. Sem questionar, o que estiver escrito no Livro da Lei é nossa verdade. Baseamos todos os nossos julga­mentos segundo o Livro da Lei, mesmo que esses julga­mentos e opiniões venham contra nossa própria natureza. Mesmo leis morais como os Dez Mandamentos são pro­gramadas em nossas mentes no processo de domesticação. Um a um, todos esses compromissos passam a constar no Livro da Lei, e esses compromissos regem nosso sonho.

Existe algo em nossa mente que julga a tudo e a todos, incluindo o tempo, o cão, o gato ... tudo. O Juiz interno usa o que está escrito no Livro da Lei para julgar o que fazemos e o que não fazemos, o que pensamos e o que deixamos de pensar, mais tudo o que sentimos e deixamos de sentir. Tudo vive sob a tirania desse Juiz. Todas as vezes que fa­zemos alguma coisa que vai contra o Livro da Lei, o Juiz diz que somos culpados, que precisamos ser punidos e que deveríamos nos envergonhar. Isso acontece muitas vezes por dia, dia após dia, ao longo de todos os anos em que vivermos.

Existe outra parte de nós que recebe os julgamentos, e essa parte chama-se: a Vítima. A Vítima carrega a culpa, a responsabilidade e a vergonha. É a parte de nós que diz: "Coitado de mim, não sou bom o suficiente, não sou inte­ligente o suficiente, não sou atraente, não sou digno de amor, pobre de mim". O grande Juiz concorda e diz: "Sim, você não é bom o suficiente". E tudo isso é baseado num sistema de crenças que não chegamos a escolher. Essas cren­ças são tão fortes que mesmo anos mais tarde, depois que fomos expostos a novos conceitos e tentamos tomar nossas próprias decisões, descobrimos que essas crenças ainda con­trolam nossas vidas.

O que quer que vá contra o Livro da Lei irá fazer você experimentar uma sensação estranha no plexo solar, que é chamada medo. Quebrar as regras do Livro da Lei abre seus ferimentos emocionais, e sua reação cria veneno emo­cional. Porque tudo que está no Livro da lei tem de ser verdade, qualquer coisa que desafie aquilo em que você acredita irá produzir uma sensação de insegurança. Mesmo que o Livro da Lei esteja errado, ele faz com que você se sinta seguro.
É por isso que precisamos de um bocado de coragem para desafiar nossas próprias crenças. Ainda que saibamos não haver escolhido nenhuma dessas crenças, também é verdade que terminamos por concordar com todas elas. A concordância é tão forte que mesmo que a gente entenda o conceito de que não são nossas verdades, sentimos a culpa e a vergonha que ocorrem se formos contra essas regras.

Assim como o governo possui o Livro de leis que regula o sonho da sociedade, o nosso sistema de crenças possui o Livro da lei. que regulamenta nosso sonho pessoal. Todas essas leis existem em nossa mente, acreditamos nelas, e o Juiz dentro de nós baseia tudo nessas regras. O Juiz decreta e a Vítima sofre a culpa e o castigo.Mas quem disse que existe justiça nesse sonho? A verdadeira justiça é pagar uma vez apenas por cada erro. A injustiça verdadeira é pagar mais de uma vez por cada erro.

Quantas vezes pagamos por um erro?A. resposta é: mi­lhares de vezes. O ser humano é o único animal na Terra que paga milhares de vezes pelo mesmo erro. O resto dos animais paga apenas uma vez pelo erro cometido. Não nós. Temos uma memória poderosa. Cometemos um erro, jul­gamos a nós mesmos, descobrimos que somos culpados e castigamos a nós mesmos. Se a justiça existe, então foi O suficiente; não precisamos nos castigar outra vez. Mas cada vez que lembramos, julgamos a nós mesmos outra vez, nos declaramos culpados outra vez e punimos a nós mesmos outra vez, e outra, e outra ainda. Se tivermos uma esposa ou marido, ela ou ele também ajudarão a lembrar de nosso erro, de forma que nos julgamos, condenamos e castigamos ainda outras vezes. É justo isso?

Quantas vezes fazemos nosso cônjuge, nossos filhos e nossos pais pagar pelo mesmo erro? A cada vez que lem­bramos um erro, culpamos a eles novamente e enviamos todo o veneno emocional produzido pela injustiça, depois fazemos com que eles paguem outra vez pelo mesmo erro. Isso é justiça? O Juiz na mente está errado porque o sistema de crenças, o Livro da Lei, está errado. Todo o sonho é baseado em leis falsas. Noventa e cinco por cento das cren­ças que temos armazenadas em nossas mentes não passam de mentiras, e sofremos porque acreditamos nessas mentiras.

No sonho do planeta, é normal que os seres humanos sofram, vivam com medo e criem dramas emocionais. O sonho exterior não é agradável; é um sonho violento, um sonho de medo, um sonho de guerra, um sonho de injustiça. O sonho pessoal dos seres humanos pode variar, mas de forma global, geralmente é um pesadelo. Se observarmos a sociedade humana, encontramos um lugar muito difícil de viver porque é regido pelo medo. Através do mudo, vemos os seres humanos a sofrer, sentir raiva,vingar-se, viciar-se e provocar violência nas ruas, gerando uma tre­menda quantidade de injustiça. Pode existir em níveis di­ferentes em vários países ao redor do mundo, mas o medo controla nosso sonho exterior.

Se compararmos o sonho da sociedade humana como a descrição do inferno fornecidas por quase todas as religiões do mundo,descobrimos que são a mesma coisa.As religiões dizem que o inferno é um local de punição,de medo,dor e sofrimento,um lugar onde o fogo queima a gente.O fogo é gerado por emoções que vem do medo.Sempre que sentimos raiva,ciúmes,inveja ou ódio,experimentamos um tipo de fogo queimando em nosso interior.Estamos vivendo um sonho do inferno.

Se você considera o inferno um estado de espírito,então ele se encontra ao nosso redor.Os outros podem nos prevenir de que se não fizermos o que eles dizem que devemos fazer,iremos para o inferno.Más notícias!Já estamos no inferno,incluindo as pessoas que nos dizem isso.Nenhum ser humano pode condenar o outro ao inferno porque já estamos nele.É verdade que outros podem nos colocar num inferno ainda mais profundo.Mas apenas se nós permitimos que isso aconteça.
Cada ser humano possui seu sonho pessoal,e assim como o sonho da sociedade,geralmente é regido pelo medo.

Aprendemos a sonhar o inferno em nossa própria vida, em nosso sonho pessoal. Os mesmos medos se manifestam de formas diferentes para cada pessoa, claro, mas experimentamos a raiva, o ciúme, o ódio, a inveja e outras emoções negativas. Nosso sonho pessoal também pode se tomar um pesadelo constante, onde sofremos e vivemos em estado de medo. Porém, não temos necessidade de sonhar um pe­sadelo. É possível fabricar um sonho agradável.

Toda a humanidade busca a verdade, a justiça e a beleza.

Estamos numa busca eterna pela verdade porque apenas acreditamos nas mentiras que possuímos armazenadas na mente. Estamos procurando justiça porque no sistema de crenças que adotamos não existe justiça. Procuramos pela beleza porque, não importa quão bela é uma pessoa, não acreditamos que essa pessoa tenha beleza. Continuamos procurando sem parar, quando tudo já está em nosso in­terior. Não existe verdade a encontrar. Sempre que vo1ta­mos nossas cabeças, o que vemos é a verdade, mas com os compromissos e crenças que temos na mente, não temos olhos para enxergar essa verdade.

Não enxergamos a verdade porque somos cegos. O que nos cega são as crenças falsas que temos em nossas mentes. Temos a necessidade de estar certos e de tornar os outros errados. Confiamos no que acreditamos, e nossas crenças nos predispõem ao sofrimento. É como se vivêssemos no meio de um nevoeiro que não permite enxergar um palmo além do nariz. Vivemos num nevoeiro que nem ao menos é real. Esse nevoeiro é um sonho seu sonho pessoal da vida - aquilo em que você acredita todos os conceitos que possui sobre quem você é, todos os compromissos que assumiu com os outros com você mesmo e até com Deus.

Toda a sua mente é um nevoeiro que os toltecas chamam de mitote.Sua mente é um sonho em que mil pessoas con­versam ao mesmo tempo e ninguém entende o outro. Essa é a condição da mente humana - um grande e mitote com esse grande mitote você não consegue enxergar o que real­mente é. Na Índia,eles chamam o mitote de Maya o que significa “ilusão”. É a noção pessoal do “eu sou”. Tudo em que você acredita sobre si mesmo, sobre o mundo, todos os conceitos e programas que você tem na mente, todos formam o mitote. Não conseguimos ver quem realmente somos; não conseguimos perceber que não somos livres.

Por isso , os seres humanos resistem à vida.Estar vivo é o maior medo que os homens possuem.A morte não é o medo que temos; nosso maior medo é assumir o risco de estar vivo - o risco de estar vivo e expressar o que somos na realidade. Simplesmente sermos nós mesmos é o maior medo dos seres humanos. Aprendemos a viver nossa vida tentando satisfazer as exigências de outras pes­soas. Aprendemos a viver pelos pontos de vista de outra pessoa, por causa do medo de não sermos aceitos e de não sermos bons o suficiente para outras pessoas.

Durante o processo da domesticação , formamos uma imagem do que é a perfeição para tentarmos ser bons o suficiente. Criamos uma imagem de como devemos ser para sermos aceitos por todos. Especialmente tentamos agradar aos que nos amam, como mamãe e papai, irmãos e irmãs maiores, os sacerdotes e os professores. Tentando ser bons para eles, criamos uma imagem de perfeição,mas não nos encaixamos nessa imagem.Criamos essa imagem, mas essa imagem não é real.Nunca iremos ser perfeitos sob esse ponto de vista. Nunca!

Não sendo perfeitos, rejeitamos a nós mesmos. E o nível de auto-rejeição depende de quão efetivos foram os adultos ao quebrar nossa integridade. Depois da domesticação, não se trata mais de sermos bons O suficiente para outras pes­soas. Não podemos perdoar a nós mesmos por não sermos o que desejamos ser, ou melhor, o que acreditamos que de­sejamos ser. Não podemos perdoar a nós mesmos por não sermos perfeitos.

Sabemos que não somos quem deveríamos ser e, por­tanto, nos sentimos falsos, frustrados e desonestos. Tenta­mos nos esconder de nós mesmos, e fingimos ser quem não somos. O resultado é que nos sentimos autênticos e usamos máscaras sociais para evitar que os outros percebam isso. Temos medo de que alguém mais repare que não so­mos quem pretendemos ser. Julgamos igualmente os outros de acordo com nossa imagem de perfeição, e, normalmente, eles não correspondem às nossas expectativas.

Desonramos a nós mesmos só para agradar a outras pes­soas. Chegamos a fazer mal ao nosso corpo físico apenas para ser aceitos pelos outros. Você vê adolescentes tomando drogas apenas para evitar serem rejeitados por outros ado­lescentes. Eles não sabem que o problema é não aceitar a si mesmos. Rejeitam a si mesmos porque não são O que fingem ser. Desejam ser de uma certa forma, mas não são, e por isso carregam a vergonha e a culpa. Os seres humanos punem a si mesmos interminavelmente por não serem quem acreditam quem acreditam que devem ser.Tornam-se autodestrutivos,e usam também outras pessoas para fazerem mal a si mesmos.

Mas ninguém nos pode fazer mal com tanta eficiência quanto nós mesmos,e o Juiz , a Vitima e o sonho social são responsáveis por isso. É verdade, encontramos pessoas que dizem que o marido ou a esposa, mãe ou pai as fazem sofrer, m.as você sabe que nos prejudicamos muito mais do que isso. A forma como julgamos a nós mesmos é o pior juiz que jamais existiu. Se cometermos um erro na frente de outras pessoas, tentamos negar o erro e encobrir tudo.Assim que ficamos sozinhos, entretanto, o Juiz se torna for­te, e a sensação de culpa assume proporções enormes; sen­timos-nos estúpidos, ou maus, ou indignos.

Durante toda a sua vida ninguém fez você sofrer mais do que você mesmo.E o limite desse auto-sofrimento é exatamente o limite que você ira tolerar nos outros.Se alguém faz você sofrer um pouco mais do que você mesmo,provavelmente você se afastará dessa pessoa.Se alguém faz você sofrer menos do que você costuma fazer,você com certeza ira permanecer no relacionamento e tolera-lo infindavelmente.

Se você se impõe sofrimentos grandes demais, pode até tolerar alguém que bate em você, humilha-o e o trata como sujeira. Por quê? Porque em seu sistema de crenças você diz: "Eu mereço. Essa pessoa está me fazendo um favor por estar comigo. Não sou digno de amor e respeito. Não sou bom o suficiente". Temos necessidade de ser aceitos e de se amados por outros, mas não podemos aceitar e amar a nós mesmos. Quanto mais gostarmos de nós mesmos, menos iremos ex­perimentar o auto-sofrimento.O auto-sofrimento vem da auto-rejeição,e a auto-rejeição vem de ter uma imagem sobre o que significa ser perfeito e não atingir nunca esse ideal.Nossa imagem de perfeição é o motivo pelo qual rejeitamos s nós mesmos;é por isso que não aceitamos a nós mesmos da maneira que somos e não aceitamos os outros da forma que são.
PRELÚDIO DE UM NOVO SONHO
Existem centenas de compromissos que você firmou con­sigo mesmo, com as outras pessoas, com seu sonho de vida, com Deus, com a sociedade, com seus pais, com seu cônjuge, com seus filhos. Contudo, os compromissos mais impor­tantes são os que você fez consigo mesmo. Nesses compro­missos você diz a si mesmo quem você é, como se sente, no que acredita e como se comportar. O resultado é o que você chama de sua personalidade. Nesses compromissos você diz: "Isso é o que sou. Isso é aquilo em que eu acredito. Posso fazer certas coisas e outras coisas, não. Essa é a reali­dade, aquela é a fantasia; isso é possível, aquilo é impossível" .

Um único compromisso não representa tanto problema, porém temos muitos compromissos que nos fazem sofrer, que nos fazem fracassar na vida. Se você quer viver uma vida de alegria e realização, é preciso encontrar a coragem de quebrar esses compromissos baseados no medo e recla­mar seu poder pessoal. Os compromissos que vêm do medo exigem que gastemos um bocado de energia, mas os com­promissos que derivam do amor nos ajudam a conservar energia e ainda ganhar energia extra.

Cada um de nós nasce com uma determinada quantidade de poder pessoal, que podemos reconstruir a cada dia de­pois que descansarmos. Infelizmente gastamos todo o nosso poder pessoal em primeiro lugar para criar esses compro­missos, e depois para mantê-las. Nosso poder pessoal é dissipado por todos os compromissos que criamos, e o re­sultado é que nos sentimos sem poder. Temos poder sufi­ciente para sobreviver a cada dia, porque a maior parte é usada para manter os compromissos que nos atrelam ao sonho do planeta. Como podemos mudar todo o sonho de nossa vida quando não temos poder para mudar nem se­quer o menor compromisso?
Se conseguirmos perceber que são os compromissos que nos regulam a vida, e não gostamos do sonho de nossa vida, precisamos alterar os compromissos. Quando, final­mente, estivermos prontos para mudar esses compromissos, existem quatro acordos poderosos que nos ajudarão a que­brar aqueles acordos que vêm do medo e drenam nossa energia.

A cada vez que se quebra um acordo, todo o poder que você usou para criá-lo retoma a você. Se você adotar esses quando novos acordos, eles irão criar poder pessoal suficiente para alterar todo o seu sistema antigo de compromissos.

Você precisa de muita força de vontade para adotar os Quatro Compromissos - mas se você conseguir começar a viver sua vida com esses compromissos, a transformação em sua vida será impressionante. Você verá o inferno de­saparecer perante seus olhos. Ao invés de viver um sonho de inferno, você estará criando um novo sonho-seu sonho pessoal do céu.
2 - O PRIMEIRO COMPROMISSO
Seja impecável com sua palavra
O primeiro compromisso é o mais importante e também o mais difícil de cumprir. É tão importante que apenas com esse primeiro compromisso você será capaz de transcender ao nível de existência que chamo de céu na Terra.

O primeiro compromisso é ser impecável com sua palavra.

Parece simples, mas é extremamente poderoso. Por que sua palavra? A palavra é o poder que você tem de criar. Sua palavra é o dom que vem diretamente de Deus. O Livro do Gnesis, na Bíblia, falando da criação do universo, diz: No início havia o Verbo, e o Verbo era com Deus, e o Verbo era Deus". Mediante a palavra você ex­pressa seu poder criativo. É por meio da palavra que você manifesta tudo. Independentemente de qual língua você fale, sua intenção se manifesta por intermédio da palavra. O que você sonha,o que você sente e o que você realmente é será manifestado mediante a palavra.

A palavra não é apenas um som ou um símbolo escrito.

A palavra é força; é o poder que você possui de expressar-se e comunicar-se, de pensar, e, portanto, de criar os eventos em sua vida. Você pode falar. Que outro animal no planeta pode falar? A palavra é a mais poderosa ferramenta que você possui como ser humano; é a ferramenta da magia. Porém, como uma espada de dois gumes,sua palavra pode criar o sonho mais belo ou destruir tudo ao seu redor.Uma das lâminas é o mau uso da palavra, que cria um verdadeiro inferno. A outra lâmina é a impecabilidade da palavra, que apenas cria beleza, amor e o céu na Terra. Dependendo de como é usada, a palavra pode libertar você ou pode escra­vizá-lo mais do que imagina.Toda a magia que você possui está baseada em sua palavra :Sua palavra é magia pura, e o mau uso dela e magia negra.

A palavra é tão poderosa que uma única pode mudar ou destruir as vidas de milhões de pessoas. Alguns anos atrás, um homem, na Alemanha, pelo uso da palavra, ma­nipulou todo um país formado de pessoas inteligentes. Ele as conduziu a uma guerra mundial usando apenas o poder de sua palavra. Convenceu os outros a cometerem os piores atos de violência. Ativou ou o medo das pessoas com a palavra e, como uma grande explosão em cadeia, aconteceram as­sassinatos e guerra pelo mundo inteiro. Pelo mundo afora, seres humanos destruíram outros seres humanos porque tinham medo uns dos outros. A palavra de Hitler, baseada em crenças e compromissos gerados pelo medo, será lem­brada por muitos séculos.

A mente humana é como um terreno fértil onde sementes estão sendo plantadas continuamente.As sementes são opiniões,idéias e conceitos.Você planta uma semente,e a mente humana é tão fértil!O único problema é que,freqüentemente,também é fértil para as sementes do medo. A men­te do ser humano é fértil, mas apenas para as sementes para as quais é preparada. O que é importante é saber para que tipo de semente nossa mente é fértil, e então prepará-la para receber as sementes do amor.

Vamos tomar o exemplo de Hitler: ele enviou todas aque­las sementes de medo e elas germinaram e conseguiram provocar destruição em massa.Percebendo o enorme poder da palavra, precisamos compreender que tipo de poder sai de nossas bocas.Um temor ou duvida plantados em nossas mentes pode gerar um drama infinito de eventos.A palavra é como um encantamento,e os seres humanos usam a palavra como feiticeiros,colocando impensadamente encantamentos uns nos outros.

Cada ser humano é um mágico,e podemos colocar alguém sob encantamento com nossas palavras ou libertar alguém de um encantamento. Lançamos encantamentos a todo instante com nossas opiniões. Um exemplo: vejo um amigo e lhe dou uma opinião que acabou de passar por minha mente. Digo: "Hum ... estou vendo no seu rosto aque­la cor dos que vão ter câncer". Se ele me ouvir e concordar. irá desenvolver câncer em menos de um ano. Esse é o poder da palavra.

Durante nossa domesticação, nossos pais e irmãos deram suas opiniões sobre nós sem ao menos pensar. Acreditamos nessas opiniões e vivemos com medo dessas opiniões, como não ser bom em natação, ou no esporte, ou em escrever.Alguém dá sua opinião e diz: "Veja, aquela menina é feia!” A menina escuta, acredita que é feia e cresce com a idéia de que é feia. Não importa quão bonita ela seja; enquanto mantiver esse compromisso consigo mesma, irá acreditar que é feia. Esse é o encantamento que a atinge.

Ao captar nossa atenção,a palavra pode entrar em nossa mente e alterar todo um conceito para melhor ou para pior. ­Outro exemplo: você pode e acreditar que é estúpido e por ter acreditado nisso até onde vai sua lembrança. Esse com­promisso pode ser capcioso, levando você a fazer muitas coisas para provar que é estúpido. Você pode dizer a si mesmo: "Gostaria de ser esperto, mas devo ser estúpido ou não teria feito aquilo". A mente vai em centenas de direções diferente e poderíamos passar dias tendo a atenção atraída apenas por aquela crença, em sua própria estupidez.

Então, um dia alguém prende sua atenção e, usando a palavra, diz que você não é estúpido. Você acredita no que aquela pessoa está dizendo e faz um novo compromisso. Como resultado disso, você não se sente nem age mais como estúpido.Um encantamento inteiro é quebrado apenas pelos poderes do mundo.De forma análoga.se você acredita ser estúpido e alguém prende sua atenção e diz: "É verdade, você é a pessoa mais estúpida que eu já conheci", o acordo será reforçado e vai se tomar ainda mais forte.

Agora vamos examinar o significado da palavra impecabilidade.Impecabilidade quer dizer "sem pecado".Impecável vem do latim peccatu, que significa "pecado". O prefixo im é igual a "sem"; portanto, impecável é "sem pecado", As religiões falam sobre pecado e pecadores, mas vamos com­preender o que realmente significa pecar.

Um pecado é uma coisa que você faz e que vai contra você mesmo, Tudo o que sente, em que acredita ou diz que vai contra você mesmo é um pecado. Você vai contra você mesmo quando se julga ou se culpa por alguma coisa. Estar sem pecado significa exatamente o oposto, Ser impecável não é ir contra a sua natureza. Quando você é impecável assume responsabili­dade por seus atos, mas não julga nem culpa a si mesmo.

Desse ponto de vista, todo o conceito de pecado muda de alguma coisa moral ou religiosa para algo pertencente ao senso comum. O pecado começa com a rejeição de você mesmo, Auto-rejeição é o maior de todos os pecados que você pode cometer. Em termos religiosos, a auto-rejeição é um "pecado mortal", que leva à morte. Impecabilidade, por outro lado, leva à vida.

Ser impecável com sua palavra é não usá-la contra você mesmo. Se eu o vir na rua e o chamar de estúpido, parece que estou usando a palavra contra você. Na realidade, estou usando minha palavra contra mim mesmo, pois você vai me odiar por isso, e o seu ódio não é bom para mim. Por­tanto, se eu ficar zangado e com minha palavra mandar todo o veneno emocional para você, estou usando minha palavra contra mim.

Se amo a mim mesmo, irei expressar esse amor em minha interação com você, e então serei impecável com a palavra, porque aquela ação irá produzir uma reação análoga. Se eu amo você, então você irá me amar. Se eu insultá-lo, você irá me insultar. Se eu demonstrar gratidão por você, você terá gratidão por mim. Se eu for egoísta com você, você será egoísta comigo. Se eu usar a palavra para colocar um encantamento em você, você irá colocar um encantamento em mim.

Ser impecável com a própria palavra é o emprego correto de sua energia; significa usar sua energia na direção da verdade e do amor por você. Se você fizer um compromisso com você mesmo de ser impecável com sua palavra, com apenas essa intenção a verdade irá se manifestar por seu intermédio e limpar todo o veneno emocional que existe em seu interior. Mas firmar esse compromisso é difícil por­que aprendemos a fazer exatamente o oposto. Temos apren­dido a mentir como hábito de comunicação com os outros, e, mais importante, conosco. Não somos impecáveis com a palavra.

O poder da palavra é usado de forma completamente errada no inferno. Usamos a palavra para amaldiçoar, cul­par, encontrar remorso, destruir. Claro, podemos usar no sentido correto, mas não com muita freqüência. Na maior parte do tempo usamos a palavra para espalhar nosso ve­neno pessoal - para expressar raiva, ciúme, inveja e ódio. A palavra é magia pura - o presente mais poderoso que temos como seres humanos - e a usamos contra nós mes­mos. Planejamos vingança. Criamos o caos no mundo. Usa­mos a palavra para criar ódio entre raças diferentes, entre pessoas diferentes, entre farru1ias, entre nações. Fazemos mau uso da palavra com muita freqüência, e 'esse mau uso é nossa forma de criar e perpetuar o sonho do inferno. O mau uso da palavra é como empurramos uns aos outros para baixo e nos mantemos em estado de medo e dúvida. Como a palavra é a mágica que os seres humanos possuem e o mau uso da palavra é magia negra, estamos o tempo todo usando magia negra sem saber que nossa palavra pro­duz magia.

Havia uma mulher, por exemplo, que era inteligente e tinha um ótimo coração. Ela possuía uma filha a quem ado­rava e amava muito. Uma noite ela voltou para casa depois de um dia mim no trabalho, cansada, cheia de tensão emo­cional e com uma terrível dor de cabeça. Ela queria paz e sossego, mas sua filha estava cantando e pulando alegre­mente. A filha estava inconsciente de como a mãe se sentia, encontram-se em seu próprio mundo, em seu próprio so­nho. A menina sentia-se maravilhosa, saltava e cantava cada vez mais alto, expressando sua alegria e seu amor. Cantava tão alto que piorava a dor de cabeça de sua mãe, e num determinado momento a mãe perdeu o controle. Irritada, olhou para a menina e disse: "Cale a boca! Você tem uma voz horrível. Não pode ficar quieta?".

A verdade é que, naquele momento, a tolerância da mãe para qualquer coisa era nula. Mas a filha acreditou no que a mãe disse, e naquele instante fez um compromisso consigo mesma. Depois disso, não cantou mais, porque acreditava que a própria voz era feia e iria incomodar qualquer um que a ouvisse. Mostrou-se tímida na escola e, quando lhe pediam que cantasse, ela recusava. Até mesmo falar com os outros tomou-se difícil para ela. Tudo mudou nessa menina por causa do novo compromisso: ela acreditava dever suprimir suas emoções para ser aceita e amada.

Sempre que escutamos uma opinião e acreditamos nela, fazemos um compromisso que se torna parte do nosso sistema de crenças.

Quantas vezes fazemos isso com nossos próprios filhos?

Damos a eles esse tipo de opinião, e nossos filhos carregarão essa magia negra por anos e anos a fio. As pessoas que nos amam fazem magia negra conosco, mas não se dão conta. Por isso precisamos perdoá-las; não sabem o que fizeram.

Outro exemplo: você acorda de manhã sentindo-se muito feliz. Sente-se tão bem que permanece por uma ou duas horas em frente ao espelho, embelezando-se. Bem, um de seus melhores amigos diz: "O que aconteceu com você? Está horrive1. Olhe só esse vestido que está usando; é ri­dículo". Pronto, isso é o suficiente para colocar você a ca­minho do inferno. Talvez seu amigo só tenha dito isso para magoar ,você. E conseguiu. Emitiu a opinião com todo o poder da palavra dele como apoio. Se você aceita a opinião, ela se torna um compromisso e você coloca todo o seu poder nessa opinião. Essa opinião se torna magia negra.

Esses tipos de encantamento são difíceis de quebrar. A única coisa que pode quebrar um encantamento é fazer novo compromisso baseado na verdade. A verdade é a parte mais importante de ser impecável com sua palavra. Por um lado do fio da espada estão as mentiras, que criam magia negra, e do outro está a verdade, que possui o poder de quebrar o encantamento da magia negra. Apenas a ver­dade pode nos libertar.

***
Observando as reações diárias dos seres humanos, ima­gine quantas vezes atiramos encantamentos uns nos outros com nossa palavra. Com o tempo, essa interação se toma a pior forma de magia negra, e a chamamos de mexerico ou fofoca.

Fofocar é praticar magia negra em seu pior aspecto, por­que é puro veneno. Aprendemos como fofocar firmando um compromisso. Quando éramos crianças, escutávamos os adultos ao nosso redor mexericando o tempo todo, dando abertamente suas opiniões sobre outras pessoas. Eles che­gavam até a emitir opiniões sobre pessoas que não co­nheciam. O veneno emocional era transferido com as opi­niões e aprendíamos que essa era uma forma normal de comunicar-se.

Mexericar tornou-se a forma principal de comunicação na sociedade humana. Tomou-se a forma de nos aproximar uns dos outros, porque nos faz sentir melhor ao ver que outros se sentem tão mal quanto nós. Existe uma antiga expressão que diz: “A miséria gosta de companhia”,e as pessoas que sofrem no inferno não querem ficar sozinhas.O medo e o sofrimento são uma parte importante no drama do planeta;são a maneira de o sonho do planeta nos manter abaixados.

Fazendo a analogia da mente humana com o computa­dor, as fofocas poderiam ser comparadas aos vírus. Um vírus de computador é um programa escrito na mesma linguagem que todos os outros códigos de programas, porém carrega uma intenção danosa. Esse código é introduzido no interior do programa do seu computador quando você menos espera, e sem o seu conhecimento. Depois que esse código foi introduzido, seu computador não funciona di­reito, ou simplesmente não funciona porque os códigos se confundem tanto com as mensagens cont1itantes que param de produzir os resultados esperados.

As fofocas humanas funcionam exatamente da mesma forma. Por exemplo, você está começando uma nova aula com um professor, e aguarda isso há muito tempo. No pri­meiro dia de aula, você se encontra com alguém que já cursou aquela matéria, que lhe diz :”Ah, aquele professor é um sujeito pernóstico. Ele não faz idéia sobre o que está falando e, cuidado já ouvi dizer que é tarado!".Você imediatamente se impressiona com aquelas pala­vras e com o código emocional da pessoa quando disse isso, mas não está consciente das motivações dela para lhe dizer aquilo. Essa pessoa poderia estar irritada por não ter conseguido passar, ou simplesmente fazendo uma suposi­ção baseada em medo e preconceito; mas como você apren­deu a ingerir informações como uma criança, alguma parte do seu ser acredita na fofoca e você vai assistir à aula.

Enquanto o professor fala, você sente o veneno se for­mando em seu espírito e não percebe que está vendo o professor através dos olhos da pessoa que fez a fofoca. En­tão você começa a falar para as outras pessoas na classe da mesma forma: um pernóstico e tarado. Você odeia a aula, e logo decide desistir. Culpa o professor, mas a ver­dadeira culpada é a fofoca. Toda essa confusão pode ser causada por um único vírus de computador. Um pequeno trecho de desinformação pode interromper a comunicação entre pessoas, infectando cada indivíduo, que passa a contagiar outros. Imagine que cada vez que os outros fofocam com você, inserem um vírus de computador em sua mente, fazendo com que pense me­nos claramente. Depois imagine que, num esforço para lim­par a própria confusão e conseguir alívio do veneno, você fofoca e espalha esses vírus para mais alguém.

Agora, imagine esse padrão caminhando numa corrente infinita entre todos os seres humanos da Terra. O resultado é um mundo cheio de pessoas que podem apenas receber informações através dos circuitos entupidos com um vírus contagioso e venenoso. Uma vez mais, esse vírus venenoso é o que os toltecas chamam de mitote, o caos de milhares de vozes diferentes, todas tentando falar ao mesmo tempo na mente.

Ainda pior são os feiticeiros ou "hackers de computador", os que intencionalmente espalham o vírus. Recorde a época quando você ou algum seu conhecido estava zangado com outra pessoa e desejava se vingar. Para buscar a vingança, você disse alguma coisa para ou sobre a pessoa com a in­tenção de espalhar veneno e fazer com. que essa pessoa se sentisse mal consigo mesma. Quando crianças, fazemos isso sem pensar, mas quando crescemos nos tornamos muito mais calculistas em nossos esforços para rebaixar outra pes­soa. Então mentimos para nós mesmos e dizemos que essa pessoa recebeu um castigo justo para seus malfeitos.

Quando enxergamos o mundo através de um vírus de computador, é fácil justificar o comportamento mais cruel. O que deixamos de perceber é que o mau uso de nossa palavra está nos enterrando cada vez mais no sonho do inferno.

***

Por anos a fio recebemos fofocas e opiniões do outros, mas também da forma como usamos a palavra conosco. Falamos conosco constantemente, a maior parte do tempo dizendo coisas como: "Puxa, estou gordo. Estou feio. Estou ficando velho, estou perdendo os cabelos. Sou estúpido, nunca entendo nada. Jamais serei bom o suficiente, e nunca serei perfeito". Está vendo como usamos nossa palavra con­tra nós mesmos? Precisamos começar a compreender o que a palavra é e o que a palavra faz. Se você compreender o primeiro compromisso, Ser impecável com sua palavra, você começa a perceber todas as mudanças que podem acontecer em sua vida. Primeiro, na forma como você lida consigo mesmo, e, depois, na forma como lida com outras pessoas, especialmente aquelas a quem ama mais.

Considere quantas vezes você mexericou sobre a pessoa que ama para conquistar o apoio de outros para o seu ponto de vista. Quantas vezes você capitulou a atenção dos outros e espalhou veneno sobre quem ama mais, a fim de tornar sua posição correta? Sua opinião não é nada além do seu ponto de vista.Não é necessariamente verdadeira.Sua opinião deriva de suas crenças,do seu próprio ego e do seu próprio sonho.Criamos todo esse veneno e o espalhamos aos outros,de forma que possamos imaginar certos em nosso ponto de vista.

Se adotarmos o primeiro acordo e nos tornarmos impe­cáveis em relação a nossa palavra, qualquer veneno emo­cional será limpo de nossa mente e de toda a comunicação em nossos relacionamentos pessoais, incluindo nosso ani­mal de estimação, cão ou gato.

A impecabilidade no mundo também irá conferir imu­nidade em relação a alguém colocando um encantamento em você.Você apenas receberá a idéia negativa se sua mente for um terreno fértil para essa idéia.Quando você se toma impecável em relação a sua palavra, sua mente não mais se constitui em terreno fértil para as palavras que formam a magia negra. Ao invés disso, é um terreno fértil para palavras que venha do amor. Você pode medir a impe­cabilidade de sua palavra pelo seu nível de amor próprio.

Quanto você ama a si mesmo e como se sente consigo são diretamente proporcionais à qualidade e integridade de sua palavra. Quando você é impecável com suas palavras, sen­te-se bem, feliz e em paz.

Você pode transcender o sonho do inferno apenas fir­mando o compromisso de ser impecável com sua palavra. Neste instante estou plantando essa semente em sua cabeça. Se ela ,'ai ou não crescer, depende de quão fértil sua mente é para as sementes do amor. Cabe a você firmar esse com­promisso com você mesmo:”Sou impecável com minha palavra". Cuide dessa semente e, à medida que ela germinar em. sua mente, irá gerar mais sementes de amor para substituir as sementes de ódio. Esse primeiro compromisso irá mudar o tipo de sementes que brotam de sua mente.

Ser impecável com a própria palavra. Este é o primeiro com­promisso que você deve fazer se quiser ser livre, se quiser ser feliz, se quiser transcender o nível de existência que é o inferno. Use a palavra para espalhar o amor. Use magia branca, começando com você mesmo. Diga a si próprio quão maravilhoso você é, como é grande. Diga a si mesmo como gosta de você. Use a palavra para quebrar todos os pequenos compromissos que o fazem sofrer.

É possível. É possível porque eu fiz isso, e não sou melhor do que você. Não, somos exatamente a mesma coisa. Temos o mesmo tipo de cérebro e o mesmo tipo de corpo; somos humanos. Se eu fui capaz de quebrar esses compromissos e criar novos compromissos, então você pode fazer a mesma coisa. Se posso ser impecável com minha palavra, por que você não pode? Apenas esse compromisso pode mudar toda a sua vida. A impecabilidade da palavra pode levar à li­berdade pessoal ao sucesso e à abundância; pode facilmen­te dissolver todo o medo e transformá-lo em alegria e amor. Imagine só o que você pode criar com a impecabilidade da palavra. Com a impecabilidade da palavra, você pode transcender o sonho do medo e viver uma vida diferente. Pode viver no céu no meio de milhares de pessoas que vivem no inferno, porque você é imune a esse inferno. Você pode atingir o reino do céu apenas com este compromisso: seja impecável com sua palavra.
3 - O SEGUNDO COMPROMISSO
Não leve nada para o lado pessoal

Os três compromissos seguintes na verdade se originam do primeiro. O segundo compromisso é: não leve nada para o lado pessoal.

O que quer que aconteça com você, não tome como pes­soal. Usando o exemplo já mencionado, se o vejo na rua e digo: "Você é um estúpido", sem conhecê-lo, não estou fa­lando de você, estou falando de mim. Se você levar para o lado pessoal, talvez acredite que é estúpido. Talvez possa dizer para si mesmo: "Como ele sabe? Será clarividente ou todos percebem que sou estúpido?".

Você leva tudo para o lado pessoal porque concorda com o que está sendo dito. Assim que concorda, o veneno passa através de você e o prende no sonho do inferno. O que causa a sua própria captura é o que chamamos de impor­tância pessoal. Importância pessoal, ou levar as coisas para o lado pessoal, é a expressão máxima do egoísmo porque cometemos a presunção de achar que tudo é sobre "nós". Durante o período de nossa educação, ou domesticação, aprendemos a levar tudo para o lado pessoal. Achamos que somos responsáveis por tudo. Eu, eu, eu e sempre eu!

Nada do que os outros fazem é motivado por você. É por causa deles mesmos. Todas as pessoas vivem em seu próprio sonho, em sua própria mente; estão num mundo completamente diferente do que aquele no qual vivemos. Quando levamos algo para o lado pessoal, presumimos que os outros sabem o que está em nosso mundo e tentamos impor nosso mundo ao deles.

Mesmo quando uma situação parece pessoal, mesmo que os outros o insultem diretamente, não tem nada a ver com você. O que eles dizem, o que fazem e as opiniões que emitem estão de acordo com os compromissos que as pes­soas possuem em suas mentes. O ponto de vista deles pro­vém de toda a programação que receberam durante a domesticação.

Se alguém emite uma opinião e diz "Nossa, como você engordou!", não a leve para o lado pessoal, porque a ver­dade é que essa pessoa está lidando com os próprios sen­timentos, crenças e opiniões. Aquela pessoa tenta envene­ná-lo, e, se você levar isso para o lado pessoal, então estará aceitando esse veneno, que se toma o seu. Levar as coisas para o lado pessoal toma você presa fácil para esses pre­dadores, os feiticeiros de palavras. Eles conseguem captar sua atenção com uma pequena opinião e injetam todo o veneno que desejam; como você levou para o lado pessoal, aceita tudo.

Você aceita o lixo emocional deles, que passa a ser o seu. Se você não levar para o lado pessoal, estará imune, mesmo no meio do inferno. Imunidade ao veneno no meio do inferno é a dádiva desse compromisso.

Quando você leva as coisas para o lado pessoal, sente-se ofendido e sua reação é defender suas crenças e criar con­flitos. Você faz uma tempestade num copo de água, porque tem a necessidade de estar certo e tomar todos os outros errados. Você também tenta estar certo, fornecendo suas próprias opiniões. Da mesma forma, o que quer que sinta e faça é apenas uma projeção de seu sonho pessoal, um reflexo dos próprios compromissos. O que você diz, o que faz e as opiniões que emite estão de acordo com os com­promissos que firmou - e esses compromissos nada têm a ver comigo.

Não é importante para mim o que você pensa sobre mim, então não levo para o lado pessoal. Não levo para o lado pessoal quando as pessoas dizem: "Miguel, você é o má­ximo", e não levo para o lado pessoal quando eles dizem: "Miguel, você é péssimo". Sei que, quando estiverem feli­zes, vão me dizer: "Miguel, você é um anjo". Mas quando estão zangados, devem me dizer: "Você é nojento. Como pode dizer uma coisa dessas?". De qualquer forma, não me afeta porque sei o que sou. Não tenho a necessidade de ser aceito. Não tenho a necessidade de ter alguém di­zendo: "Nossa, como você é bom" ou "Como ousa dizer uma coisa dessas?".

Não levo as coisas para o lado pessoal. O que quer que você pense, como quer que se sinta, sei que é problema seu, e não meu. É a forma como você vê o mundo. Não se trata de nada pessoal, pois você está lidando consigo mesmo, não comigo. Os outros vão ter outra opinião, de acordo com seu sistema de crenças; portanto, nada do que pensem sobre mim corresponde a mim, mas a eles.

Você pode me dizer : “Miguel,o que esta dizendo me magoa”.Mas não é o que estou dizendo que o está magoando;é que você possui ferida que eu toco com O que digo. Você está magoando a si mesmo. Não existe forma de eu levar para o lado pessoal.Não porque eu não acredite em você ou não confie em você,mas porque sei que enxerga o mundo com olhos diferentes, os seus olhos.Você cria uma imagem ou um filme em sua mente, e nessa imagem você é o diretor, o produtor e o protagonista. Todos os outros são coadjuvantes. É o seu filme.

A forma como você vê esse filme é resultado dos com­promissos que firmou com a vida. Seu ponto de vista é estritamente pessoal. Não é a verdade de ninguém, e sim a sua. Então,se você ficar bravo comigo,sei que está lidando consigo mesmo.Sou uma desculpa para você se irritar.E você fica bravo porque está lidando com o medo. Se não está com medo, não existe motivo para se irritar comigo. Se você não tem medo, não há motivo para me odiar. Se você não tem medo, não há motivo para sentir ciúme ou tristeza.

Se você vive sem medo, se ama, não existe lugar para essas emoções. Se não sentir nenhuma dessas emoções, é lógico que se sinta bem. Quando se sente bem, tudo ao seu redor está bem. Quando tudo ao seu redor está ótimo, qual­quer coisa o faz feliz. Você está amando tudo ao redor porque está amando a si mesmo. Porque gosta da maneira como você é. Porque está contente consigo mesmo. Porque está contente com sua vida. Você está contente com o filme que está produzindo, contente com seus compromissos de vida. Você está em paz e sente-se feliz. Vive nesse estado de graça, no qual tudo é maravilhoso e tudo é tão bonito. Nesse estado de graça, você está produzindo amor o tempo todo com tudo o que percebe.

***

O que quer que as pessoas façam, sintam, pensem ou digam, não leve para o lado pessoal. Se eles disserem como você é maravilhoso, não o estão dizendo por sua causa. Você sabe que é maravilhoso. Não é necessário acreditar quando as pessoas dizem que você é maravilhoso. Não leve nada para o lado pessoal. Mesmo se alguém pegou uma arma e deu um tiro em sua cabeça, não foi nada pessoal. Até nessa situação extrema.

A opinião que você faz de si mesmo pode não ser ver­dadeira; portanto, não há necessidade de levar para o lado pessoal tudo o que escuta em sua própria mente. A mente possui a capacidade de falar consigo mesma, mas também tem a capacidade de ouvir informações de outros reinos. Algumas vezes você escuta uma voz em sua mente e pode ficar imaginando de onde ela vem. A voz pode ter vindo de outra realidade na qual os seres humanos são muito semelhantes à. mente humana. Os toltecas chamam esses seres de Aliados. Na Europa, África e Índia são chamados de Deuses.

Nossa mente também existe no nível dos Deuses. Nossa mente vive nessa realidade e pode percebê-la. A mente vê com os olhos e percebe essa realidade em estado de vigília. Mas a mente também vê e percebe sem os olhos, embora a razão raramente se dê conta dessa percepção. A mente vive em mais de uma dimensão. Existem ocasiões em que você tem idéias que não se originaram em sua mente, mas as está percebendo com. sua mente. Você tem o direito de acreditar ou não acreditar nessas vozes e o direito de não levar para o lado pessoal o que elas dizem. Temos a opção de acreditar ou deixar de acreditar nas vozes que escutamos no interior de nossas mentes, assim como temos uma opção ao decidir no que acreditar e concordar no sonho do planeta.

A mente também pode falar e escutar. A mente é dividida como o seu corpo é dividido. Assim como você pode dizer: "Penso numa das mãos e posso sacudir e sentir minha outra mão", a mente pode dizer para si mesma. Parte da mente está falando e outra parte está escutando. Torna-se um gran­de problema quando milhares de partes de sua mente estão falando ao mesmo tempo. Chamamos isso de mitote, lembra?

O mitote pode ser comparado a um grande supermercado onde milhares de pessoas estão falando e negociando ao mesmo tempo. Cada uma tem pensamentos e sentimentos diferentes; cada uma tem um ponto de vista diferente. A programação da mente, todos os compromissos que assu­mimos, não são necessariamente compatíveis uns com os outros. Cada compromisso comporta-se como um ser hu­mano separado; possui sua própria personalidade e sua própria voz. Existem compromissos conflitantes que vão contra outros compromissos e continuam até se tornar uma grande guerra na mente. O mitote é o motivo pelo qual os humanos mal sabem o que querem, como querem ou quan­do querem. Não concordam consigo mesmos porque exis­tem partes da mente que desejam uma coisa e outras partes que desejam exatamente o oposto.

Algumas partes da mente possuem objeções a certos pen­samentos e ações, e outra parte suporta as ações de pen­samentos conflitantes. Todos esses pequenos seres criam conflito interior porque estão vivos e cada um possui uma voz. Apenas fazendo um inventário de nossos compromis­sos é que poderemos descobrir quais os conflitos na mente e, mais tarde, ordenar o caos do mitote.

Não leve nada para o lado pessoal, porque ao fazer isso você sofre por nada.Os seres humanos são viciados em sofrer de várias formas diferentes,e apóiam uns aos outros quando se trata de manter esse vício.Os seres humanos concordam em ajudar uns aos outros a sofrer.Se você tem necessidade de sofrer,vai encontrar facilmente quem o faça sofrer.Da mesma forma, se está com pessoas que precisam sofrer, algo em você faz com que produza esse sofrimento. É como se elas tivessem um cartaz nas costas dizendo: "Por favor, me chute". Estão pedindo uma justificativa para o próprio sofrimento.O vício de sofrer não passa de um compromisso reafirmado todos os dias.

Aonde quer que vá, encontrará pessoas mentindo para você. E, quando sua consciência aumenta, vai reparar que você também mente para si mesmo. Não espere que as pessoas lhe digam a verdade, porque também mentem para si mesmas. Você precisa confiar em si mesmo e escolher acreditar ou não no que alguém lhe diz.

Quando realmente enxergamos outras pessoas como elas são, sem levar para o lado pessoal nunca poderemos ser feridos pelo que os outros digam ou façam. Mesmo que os outro mintam para você, não há problema. Estão mentindo porque têm medo. Têm medo de que você descubra que eles não são perfeitos. É doloroso retirar a máscara social. Se os outros dizem uma coisa e fazem outra, você estará mentindo para si mesmo se não prestar atenção nos atos deles. Se for verdadeiro consigo mesmo,irá poupar um bocado de dor emocional. Dizer a si mesmo a verdade pode magoar, mas você não precisa ficar ligado a essa dor. A cura é iniciada e toma-se apenas uma questão de tempo para que as coisas melhorem para você.

Se alguém não o está tratando com amor e respeito, é benéfico que se afaste de você. Se essa pessoa não se afastar, você vai permanecer anos a fio sofrendo com ela. Afastar-se pode magoar por um instante, mas seu coração irá curar-se disso. Então você pode escolher o que realmente deseja. Irá descobrir que não precisa confiar nos outros tanto quan­to precisa confiar em si mesmo para fazer as escolhas corretas.

Quando você toma um hábito forte não levar as coisas para o lado pessoal evita muitos aborrecimentos em sua vida. Sua raiva, inveja e ciúme irão desaparecer, e até mes­mo a tristeza irá dissolver-se quando você aprender a não levar as coisas para o lado pessoal.

Se você tomar esse segundo compromisso um hábito, irá descobrir que nada pode colocá-la de volta no inferno. Uma grande quantidade de liberdade fica acessível quando você deixa de levar as coisas para o lado pessoal. Você se torna imune à magia negra, e nenhum encantamento pode afetá-lo, não importa quão poderoso seja. Todo mundo pode mexericar a seu respeito, mas se você não levar para o lado pessoal, estará imune. Alguém pode enviar veneno emocional intencionalmente, mas se você não levar para o lado pessoal, estará imune. Quando não aceita a dor emocional, ela se torna pior para quem a enviou, mas não atinge você.

Pode perceber como esse compromisso é importante. Não levar nada para o lado pessoal ajuda a quebrar muitos há­bitos e rotinas que o prendem ao sonho do inferno e causam sofrimento desnecessário. Apenas praticando esse segundo compromisso você pode começar a quebrar dúzias de pe­quenos outros compromissos que lhe causam sofrimento. E se pratica os primeiros dois compromissos, irá quebrar setenta e cinco por cento dos pequenos compromissos que o mantinha ligado ao inferno.

Escreva o compromisso num papel e coloque na geladeira para lembrar você todo o tempo: Não leve nada para o lado pessoal.

Enquanto você se acostuma à prática de não levar as coisas para o lado pessoal, não vai precisar colocar sua confiança no que os outros dizem ou fazem. Só precisará confiar em si mesmo para fazer escolhas responsáveis. Você nunca é responsável pela ação dos outros;só é responsável por si próprio.Ao compreender verdadeiramente isso recusando-se a levar as coisas para o lado pessoal, você mal pode ser atingido pelos comentários descuidados ou ações dos outros.

Se você mantém esse compromisso, pode viajar ao redor do mundo com o coração completamente aberto e ninguém será capaz de lhe fazer mal. Pode dizer"eu amo você" sem medo de ser ridículo ou rejeitado. Você aprende a pedir o que precisa. Pode dizer sim ou não - qualquer que seja sua escolha - sem culpa ou autojulgamento. Você pode escolher sempre seguir seu coração. Então estará no meio do inferno e será capaz de experimentar paz e felicidade. Você pode permanecer em seu estado de graça e o inferno não será capaz de afetá-lo.
4 - O TERCEIRO COMPROMISSO
Não tire conclusões

O terceiro compromisso é não tire conclusões.

Nós temos a tendência para tirar conclusões sobre tudo. Presumir. O problema com as conclusões é que acreditamos que elas são verdadeiras. Poderíamos jurar que são reais. Tiramos conclusões sobre o que os outros estão fazendo e pensando - levamos para o lado pessoal-, então os cul­pamos e reagimos enviando veneno emocional com noss palavra. Por isso sempre que fazemos presunções estamos pedindo problemas. Tiramos uma conclusão entendemos errado, levamos isso para o lado pessoal e acabamos criando um grande drama do nada.

Toda tristeza e drama que você passou em sua vida foram causados por tirar conclusões e levar as coisas para o lado pessoal. Pare um instante para examinar essa afirmativa. Toda a teia de controle entre seres humanos é sobre tirar conclusões e levar as coisas para o lado pessoal. Todo o nosso sonho de inferno é baseado nisso.

Criamos muito veneno emocional apenas tirando conclusões e fazendo isso de forma pessoal porque geralmente começamos a fofocar sobre nossas conclusões. Lembre-se, fofocar é a forma como nos comunicamos uns com os outros no sonho do inferno e transferimos veneno de uns para os outros. Como ficamos com medo de pedir esclarecimentos, tiramos conclusões e acreditamos estar certos sobre essas conclusões; depois defendemos nossas conclusões e tenta­mos tornar outra pessoa errada. Sempre é melhor fazer per­guntas do que tirar conclusões, porque as conclusões nos predispõem ao sofrimento.

O grande mitote na mente humana cria um bocado de caos, que faz com que interpretemos mal e tudo errado.Apenas enxergamos o que queremos enxergar e escutamos o que queremos escutar. Temos o hábito de sonhar sem base na realidade. Literalmente, sonhamos coisas com nos­sas imaginações. Quando não entendemos algum fato, ti­ramos uma conclusão sobre o significado daquilo. Assim que a verdade aparece, as bolhas de nossos sonhos estouram e descobrimos que não coincidem em absoluto com o que imaginávamos, Um exemplo: você está andando no shopping e encontra uma pessoa de quem gosta. A pessoa se volta para você, sorri e afasta-se. Você pode tirar várias conclusões baseado nessa experiência. Com essas conclusões, pode criar toda uma fantasia. E você quer de verdade acreditar nessa fan­tasia e torná-la real. Todo um sonho começa a formar-se baseado nessas conclusões e você pode acreditar: "Puxa, essa pessoa gosta de mim". Em sua mente, Um relacionamento inteiro pode começar daí. Talvez você até se case nessa sua terra da fantasia. "Mas a fantasia é na sua mente, em seu sonho pessoal.

Tirar conclusões em relacionamentos é pedir problemas.Freqüentemente,presumimos que nossos parceiros sabem o que pensamos e que não temos necessidade de expressar nossos desejos. Presumimos que eles irão fazer o que que­remos porque nos conhecem muito bem. Se não fizerem o que presumimos que fariam, nos sentimos magoados e di­zemos: "Você devia saber".

Outro exemplo: você resolve se casar, e pressupõe que sua companheira enxerga o casamento da mesma forma que você. Depois, vivem juntos e descobrem que não é ver­dade. Isso cria um bocado de conflito, mas, mesmo assim, você não tenta esclarecer seus sentimentos sobre casamento. O marido chega do trabalho e a esposa está brava, e o marido não sabe porquê.Talvez seja porque a mulher tirou uma conclusão. Sem lhe dizer o que quer, ela presume que ele a conheça tão bem que saiba o que ela deseja, como se pudesse ler sua mente. A mulher fica brava porque o ma­rido não atinge essa expectativa. Tirar conclusões num re­lacionamento leva a muitas brigas, muitas dificuldades e desentendimentos com pessoas que supostamente amamos.

Em. qualquer tipo de relacionamento podemos presumir que os outros sabem o que pensamos e que não precisamos dizer o que queremos. Eles farão o que quisermos porque nos conhecem muito bem. Se não fizerem o que desejamos, quando presumimos que fariam isso, nos sentimos magoa­dos e pensamos: "Como é que você pôde fazer isso comigo? Devia saber". Outra vez presumimos que o outro deveria saber o que nós queremos. Todo um drama é criado porque tiramos uma conclusão e em seguida tiramos novas con­clusões sobre a primeira.

É interessante observar como a mente humana trabalha.Temos a necessidade de justificar tudo,de explicar e compreender tudo para sentir segurança.Temos milhões de perguntas que precisam de respostas porque existe muitas coisas que a mente racional não consegue explicar.Não importa se a resposta é correta;uma resposta já nos faz sentir seguros.Por isso presumimos.

Se os outros nos contam algo,tiramos conclusões;se não nos contam,também tiramos,para preencher nossa necessidade de saber e suprir a necessidade de comunicação.Mesmo que escutemos alguma coisa e não compreendamos,tiramos conclusões sobre o significado e depois acreditamos nelas.Tiramos todas essas conclusões porque não temos a coragem de fazer perguntas.

Essas conclusões são rápidas e inconscientes porque na maior parte do tempo mantemos compromissos nesse sen­tido. Concordamos conosco que não é seguro fazer per­guntas; concordamos em que se as pessoas nos amam, de­vem saber exatamente o que desejamos e como nos senti­mos. Quando acreditamos em algo, presumimos que esta­mos certos sobre aquilo, até o ponto em que destruiremos relacionamentos para defender nossas posições.

Presumimos que todos enxergam a vida da mesma forma que nós.Presumimos que os outros pensam da mesma forma que nós,sentem da mesma forma que nós,julgam como nós julgamos e sofrem como nós sofremos.Essa é a maior presunção que o ser humano pode ter.Por isso,temos medo de ser nós mesmos em presença dos outros. Porque acha­mos que todos estarão julgando, nos vitimando, nos fazen­do sofrer e nos culpando, como fazemos a nós mesmos. Portanto, antes que os outros tenham uma chance de nos rejeitar, nós já nos rejeitamos. É assim que funciona a mente humana.

Também tiramos conclusões sobre nós mesmos, e com isso criamos um bocado de conflito interior. "Acho que sou capaz de fazer isso." Você tira essa conclusão, e depois descobre que não foi capaz de fazer. Você superestima ou subestima a si mesmo porque não resolveu parar e formular perguntas a si mesmo, depois respondê-las. Talvez precise reunir mais fatos sobre uma situação determinada.Ou talvez você precise parar de mentir a si mesmo sobre o que deseja.
Freqüentemente, quando você inicia um relacionamento com alguém de quem gosta, precisa justificar porque gosta daquela pessoa. Enxerga apenas o que deseja enxergar e nega que existam coisas naquela pessoa de que você não gosta em absoluto.Mente para si mesmo, a fim de ficar com a razão. Em seguida, passa a tirar conclusões, e uma delas pode ser: "Meu amor vai mudar essa pessoa". Porém, isso não é verdade. Seu amor não pode mudar ninguém. Se os outros mudam, é porque desejam mudar, não porque você pode mudá-las. Então, algo acontece entre os dois e você se magoa. Repentinamente, enxerga o que não quis enxergar antes, e amplificado pelo seu veneno emocional. Agora você precisa justificar sua dor emocional e culpa os defeitos por suas escolhas.

Não precisamos justificar o amor de forma alguma; está ali ou não está ali. O amor verdadeiro é aceitar a outra pessoa da forma que ela é, sem tentar mudá-la. Se tentamos mudá-la, isso significa que na verdade não gostamos dela. Claro, se decide viver com alguém, se firmou tal compro­misso, sempre é melhor fazer isso com alguém que seja exatamente da forma que você deseja. Descubra alguém que você não precise mudar em absoluto. É muito mais fácil encontrar alguém que já é da forma que você gosta, em vez de tentar mudar essa pessoa. Igualmente, essa pes­soa precisa amá-la da forma que você é. Por que estar com alguém, se essa pessoa não é quem você desejaria que fosse?

Devemos ser quem somos, de forma que não precisemos apresentar uma falsa imagem. Se você me ama da forma como sou, "Muito bem, me aceite". Se você não me ama da forma como sou, "Muito bem, até logo. Procure outra pessoa". Pode soar rigoroso, mas esse tipo de comunicação significa que os compromissos pessoais que fazemos com outros são claros e impecáveis.

Imagine o dia em que você não vai tirar conclusões sobre seu parceiro e, mais tarde, com todas as outras pessoas em sua vida. Sua forma de se comunicar irá mudar completa­mente e seus relacionamentos não mais sofrerão com com­promissos criados por falsas presunções.

A forma de evitar tirar conclusões é fazer perguntas. Se você não compreende, pergunte. Tenha a coragem de per­guntar até que as coisas fiquem tão claras quanto possível, e, mesmo assim, nunca imagine que sabe tudo o que há para saber numa determinada situação. Uma vez ouvida a resposta, não terá de tirar conclusões, porque saberá a verdade.

Da mesma forma, prepare-se para perguntar o que quiser saber. Todos têm o direito de responder sim ou não, mas você também tem o direito de perguntar.

Se não compreende alguma coisa, é melhor perguntar c saber do que tirar qualquer conclusão. No dia em que você parar de tirar conclusões, irá se comunicar com clareza e pureza, livre de veneno emocional. Sem tirar conclusões, sua palavra se torna impecável.

Com clareza de comunicação, todos os seus relaciona­mentos irão mudar, não apenas com seu companheiro, mas com todos os outros. não será necessário tirar conclusões, porque tudo se tornará claro. É isso o que desejo; é isso o que você deseja. Se nos comunicarmos sempre assim, nossa palavra se tornará impecável. Se todos os humanos pudes­sem se comunicar com a impecabilidade da palavra, não existiriam guerras, violência ou mal-entendidos. Todos os problemas humanos poderiam ser resolvidos se tivéssemos uma comunicação boa e clara.

Este, portanto, é o Terceiro Compromisso: não tire Conclusões. Dizer isso parece fácil, e sei que é uma coisa muito difícil de fazer. É difícil porque fazemos o oposto com muita freqüência. Temos hábitos e rotinas mentais dos quais não nos damos conta. Tornar-se consciente desses hábitos e compreender a importância desse compromisso é o primei­ro passo. Mas compreender sua importância não é o sufi­ciente. A informa não ou a idéia é apenas a semente em sua cabeça.O que realmente faz diferença é a ação. E afirmar a ação várias vezes fortalece sua vontade, alimenta a se­mente e estabelece uma base sólida para que os novos há­bitos germinem. Depois de muitas repetições, esses novos compromissos se tornarão uma segunda natureza, e você perceberá a mágica de sua palavra transformá-lo de um praticante de magia negra em praticante de magia branca.

Um praticante de magia branca usa a palavra para criar, dar, partilhar e amar. Tornando esse compromisso um há­bito, toda a sua vida será completamente transformada.

Quando você transforma todo o seu sonho, a mágica acontece em sua vida. Aquilo de que precisa lhe vem fa­cilmente, porque o espírito se move com liberdade através de você. É o domínio da intenção, o domínio do espírito, o domínio do amor, O domínio da gratidão e o domínio da vida. Esse é o objetivo dos toltecas. Esse é o caminho para a liberdade pessoal.
5 - O QUARTO COMPROMISSO
Sempre dê o melhor de si

Existe apenas mais um compromisso, porém é o que permite que os outros três se tomem hábitos profundamen­te enraizados. O quarto compromisso se refere à ação dos outros três: Sempre de o melhor de si. Sob qualquer circunstância, sempre faça o melhor possível, nem mais nem menos. Porém, tenha em mente que o seu "melhor" nunca será o mesmo de um instante para outro. Tudo está vivo e mudando o tempo todo; portanto, fazer o melhor algumas vezes pode produzir alta qualidade e outras 'vezes não vai ser tão bom. Quando você acorda, descansado e energizado, de manhã, o seu "melhor" tem mais qualidade do que quando você está cansado, à noite. Seu "melhor" possui mais qualidade quando você está sau­dável do que quando doente, ou sóbrio em contraposição a bêbado. Seu "melhor" vai depender de você estar se sen­tindo maravilhosamente feliz ou aborrecido, zangado ou ciumento.

Nos diferentes estados de espírito do dia, seu humor pode mudar de um instante para outro, de uma hora para outra ou de um dia para outro. Seu "melhor" também irá se alterar ao longo do tempo. À medida que você se habitua aos quatro compromissos, seu "melhor" irá se tornar mais e mais eficiente.

Independente da qualidade, continue dando o melhor de si, nem mais nem menos. Se você se esforçar demais para conseguir seu "melhor", irá gastar mais energia do que é necessário, e ao final seu "melhor" não será o su­ficiente. Quando você exagera, esgota seu corpo e vai contra si mesmo, sendo assim necessário mais tempo para alcançar seu objetivo. Se fizer menos do que seu "melhor", vai sujeitar-se a frustrações, autojulgamento, culpas e arrependimentos.

Simplesmente, dê o melhor de si - em qualquer cir­cunstância da sua vida. Não importa se você está doente ou cansado, se der sempre o melhor de si, não haverá forma de julgar a si mesmo. E se não julga a si mesmo, não há forma de ficar sujeito à culpa, ao arrependimento e à au­topunição. Fazendo sempre o melhor, você vai quebrar um encantamento sob o qual sempre esteve.

Havia um homem que, desejando transcender seu sofri­mento, foi a um templo budista para encontrar um mestre que o ajudasse. Dirigiu-se ao mestre e perguntou:

- Mestre, se eu meditar quatro horas por dia, quanto tempo vou levar para me iluminar:

O Mestre olhou para ele e respondeu:

- Se você meditar quatro horas por dia, provavelmente atingirá a iluminação em dez anos.

Imaginando que poderia fazer melhor, o homem perguntou: - Mestre , e seu meditar oito horas por dia, quanto tempo levarei para transcender?

- Se meditar oito horas por dia, talvez possa atingir a iluminação em vinte anos - respondeu o Mestre.

- Mas por que levarei mais tempo se meditar mais? ­indagou o homem.

- Você não está aqui para sacrificar sua alegria ou sua vida. Você está aqui para viver, para ser feliz, para amar. Se puder dar o melhor de si em duas horas de meditação, mas você gasta oito horas, só vai se cansar, perder o objetivo principal e não aproveitará sua vida. Dê o melhor de si e talvez aprenda que não importa quanto tempo você medita, pode viver, amar e ser feliz.

* * *

Dando o melhor de si, você vai viver intensamente sua vida. Será produtivo, será bom para você mesmo, porque irá se doar a sua família, a sua comunidade, a todos. Mas é a ação que irá fazê-lo sentir a mais intensa felicidade. Quando você sempre faz o melhor, pode assumir a ação.Fazer o melhor é assumir a ação, porque você ama isso, porque espera uma recompensa. A maior parte das pessoas faz exatamente o oposto:só age quando espera uma recompensa e não aprecia a ação.E esse é o motivo porque não fazem o melhor.

Por exemplo, a maior parte das pessoas vai para o tra­balho todos os dias pensando apenas no pagamento e no dinheiro que irá conseguir com o trabalho feito. Elas mal podem esperar pela sexta-feira e pelo sábado, ou qualquer que seja o dia que o pagamento sair. estão trabalhando pela recompensa e, como resultado disso, resistem ao trabalho. Tentam evitar a ação, o que a toma mais difícil; portanto, não fazem o melhor.

Trabalham muito ao longo da semana, sofrendo pelo tra­balho, sofrendo pela ação não porque gostem, mas porque sentem que devem. Precisam trabalhar porque precisam pa­gar o aluguel sustentar a família. Carregam toda essa frustração e, quando recebem o dinheiro, estão infelizes. Têm dois dias para fazer o que desejarem, e o que fazem? Tentam escapar.Ficam bêbados porque não gostam de si mesmos.Não gostam de suas vidas.Existem muitas formas de magoar a nós mesmos quando não gostamos de quem somos.

Por outro lado, se você agir apenas pelo prazer de agir, sem esperar recompensa, vai descobrir que gosta de todas as suas ações. As recompensas virão, mas você não está ligado à recompensa. Pode até mesmo ganhar mais do que imaginou para si mesmo sem esperar recompensa. Se gos­tamos do que fazemos e sempre fazemos o nosso melhor, então estamos realmente apreciando a vida. Estamos nos divertindo sem sentir tédio e sem acumular frustrações.

Quando você dá o melhor de si,não dá ao Juiz a oportunidade de descobrir sua culpa ou de condená-lo. Se for seu "melhor" e o Juiz tenta julgá-lo de acordo com seu Livro de Leis, você vai obter a resposta: "Fiz o melhor pos­sível". Não existem arrependimentos. Por isso, sempre fa­zemos o melhor. Não é um compromisso fácil de manter, mas ele.vai libertá-lo de verdade.

Quando você faz o melhor que pode, aprende a aceitar a si mesmo. Mas é preciso estar atento e aprender com os erros. Aprender com os erros significa praticar, observar com honestidade os resultados e continuar praticando. Isso aumenta sua consciência.

Na verdade, fazer o melhor não parece trabalho, porque você gosta do que quer que faça. Sabe que está fazendo o melhor possível quando está apreciando a ação ou reali­zando-a de uma forma que não lhe provoque reações ne­gativas. Você dá o melhor de si porque tem vontade, não porque precise, nem porque esteja tentando agradar ao Juiz, e não porque esteja tentando agradar a outras pessoas.

Se você age porque precisa agir, então não existe forma de fazer o melhor. O melhor seria não fazer. Deve fazer o melhor porque agir assim em todos os momentos deixa você contente. Quando está realizando o melhor de si apenas pelo prazer de fazer bem-feito, você está agindo porque aprecia agir.

Agir é viver plenamente. Não agir é a forma de negar a vida. Não agir é sentar em frente à televisão todos os dias por muitas horas porque você tem medo de estar vivo e assumir o risco de expressar quem é.Agir significa expressar quem você é.Pode ter muitas idéias na cabeça,mas o que faz toda diferença é a ação.Sem a ação depois de uma idéia não existe manifestação,nem resultados ou recompensas.

Um bom exemplo disso vem da história de Forrest Gump.

Ele não tinha grandes idéias, mas agia. Era feliz porque sempre dava o melhor possível de si em tudo o que fazia. Era ricamente recompensado sem esperar recompensa em absoluto. Assumir a ação estar vivo. É assumir o risco de sair e expressar seu sonho. É diferente de impor seu sonho aos outros, porque todos têm o direito de expressar o próprio sonho.

Fazer o melhor é um grande hábito para ser cultivado.

Faço o melhor em tudo o que realizo e sinto. Fazer meu melhor tornou-se um ritual em minha vida porque fiz a escolha para que se tomasse um ritual. É uma crença como qualquer outra que escolhi acreditar. Tomar um banho é um ritual para mim, e com essa ação digo a meu corpo quanto gosto dele. Faço meu melhor para preencher as ne­cessidades de meu corpo. Faço o melhor para dar ao meu corpo e receber o que ele tem a me dar.

Na Índia, realizam um ritual chamado puja. Nesse ritual, tomam ídolos que representam Deus de muitas formas di­ferentes e os banham, alimentam-nos e dão amor a eles. O ídolo em si não é importante.“O que é importante é a forma como realizam o ritual, a maneira como dizem:” Amo você, Deus”.

Deus é vida. Deus é vida em ação. A melhor forma de dizer "Amo você, Deus" é deixando o passado de lado e viver no momento presente, aqui e agora.Qualquer coisa que a vida tome de você,deixe que vá.Quando você se rende e deixa o passado para trás significa que você pode aproveitar o sonho que está acontecendo no presente.Deixar o passado para trás significa que você pode aproveitar o sonho que está acontecendo no presente.

Se você vive num sonho de passado, não pode aproveitar o que está acontecendo agora, porque sempre deseja que ele seja diferente do que é. não existe tempo para ter sau­dade de algo ou de alguém, porque você está vivo. Não aproveitar o que acontece no aqui agora é viver no passado é estar vivo pela metade.Isso leva à autopiedade,sofrimento e lagrimas.

Você nasceu com o direito de ser feliz . Nasceu com o direito de amar, de aproveitar e compartilhar seu amor. Você está vivo; portanto, tome sua vida e a aproveite. Não resista a vida está passando através de você, porque é Deus passando através de você. Apenas sua existência prova a existência de Deus. Sua existência prova a existência da vida e da energia.

Não precisamos saber ou provar coisa alguma. Simples­mente ser, assumir o risco e apreciar a da é tudo o que importa. Diga "não" quando tiver de dizer "não", e "sim" quando tiver de dizer "sim.". Você tem o direito de ser você. E só pode ser você quando dá o melhor de si. Quando não dá o melhor de si, está se negando o direito de ser você. Essa é urna semente que deve alimentar em sua mente. Você não precisa de grande sabedoria nem de grandes con­ceitos filosóficos. Não precisa da aceitação dos outros. Você expressa sua divindade estando vivo e amando a si mesmo
e aos outros. É uma expressão divina dizer: "Ei, eu amo você".

Os primeiros três compromissos só vão funcionar se você fizer o melhor. Não espere sempre poder ser impecável com as palavras.Seus hábitos rotineiros são fortes e enraizados demais em sua mente.Mas você sempre pode fazer o melhor. Tão espere que nunca vá levar na a para o lado pessoal; faça o melhor possível. Não espere que vá parar de tirar conclusões, mas com certeza você pode fazer o seu melhor.

Dando o melhor de si, os hábitos de usar errado a palavra, de levar as coisas para o lado pessoal e de tirar conclusões irão se tornando cada vez mais fracos e menos freqüentes. Você não precisa julgar a si mesmo, sentir-se culpado ou castigar-se se não conseguir manter os compromissos. Se estiver fazendo o melhor possível, irá sentir-se bem consigo mesmo, ainda que tire conclusões, que leve as coisas para o lado pessoal e que não seja impecável com sua palavra.

Se você sempre fizer o melhor, uma vez depois da outra, irá tornar-se um mestre da transformação. A prática faz o mestre. Fazendo o melhor, irá tornar-se um mestre Tudo o que você já aprendeu,aprendeu por meio da repetição.Aprendeu a escrever, a dirigir e até mesmo a andar por repetição. Você é um mestre em utilizar sua linguagem por­que praticou.A ação faz a diferença.

Se você der o melhor de si na procura de liberdade pes­soal, na procura do amor próprio, vai descobrir que é ape­nas uma questão de tempo até conseguir o que deseja. Não é sobre sonhar acordado ou passar horas em meditação. Você precisa levantar-se e ser humano. Precisa honrar O homem. ou a mulher que é. Respeite seu corpo, aproveite seu corpo, ame seu corpo, alimente-o, limpe-o e cure-o. Exercite-o e faça o que ele se sente bem em fazer. Esse é o puja de seu corpo, e isso é a comunhão entre você e Deus.

Você não precisa adorar ídolos da Virgem Maria, de Cris­to ou de Buda. Você pode se quiser; se é bom, faça. Seu próprio corpo é um.a manifestação de Deus, e se você honrar seu corpo, tudo vai mudar em sua vida. Quando pratica o hábito de amar cada parte de seu corpo, planta sementes em sua mente, e quando elas germinarem, você irá amar, honrar e respeitar seu corpo imensamente.

Cada ação se tonta um ritual no qual você está honrando a Deus. Depois disso, o passo seguinte é honrar a Deus com todos os pensamentos, emoções, crenças, até com o que é "certo" e "errado". Cada pensamento tonta-se um,a comunhão com Deus, e você irá viver um sonho sem jul­gamentos, sem fazer o papel de vítima, além de libertar-se da necessidade de mexericar e provocar auto-sofrimento.

***
Quando você honra esses quatro compromissos juntos, não existe maneira de viver no inferno. É impossível. Se você for impecável com sua palavra, se não levar nada para o lado pessoal, se não tirar conclusões e sempre der o me­lhor de si, terá uma bela vida. Irá controlar cem por cento de sua vida.

Os Quatro Compromissos são um sumário do domínio da arte da transformação, um dos domínios dos toltecas. Você transforma o inferno no céu. O sonho do planeta é transformado em seu sonho pessoal de céu. A sabedoria está lá, só esperando que você a use. Os Quatro Compro­missos estão lá; você só precisa adotar esses compromissos e respeitar seu domínio e poder. Você simplesmente dá o melhor de si para respeitar esses compromissos. Você pode fazer esse compromisso hoje: es­colho honrar os Quatro Compromissos. São tão simples e lógicos que até uma criança pode compreendê-los. Mas você precisa ter uma grande força de vontade, para cumprir esses compromissos. Por quê? Porque aonde quer que vamos, encontramos nosso caminho cheio de obstáculos. Cada um tenta sabotar nosso acordo com esses quatro compromissos, e tudo ao nosso redor é uma armadilha para quebra-lo. O problema é que os outros compromissos são parte do sonho do planeta. Estão vivos, e são muito fortes.

Por isso, você precisa ser um grande caçador, um grande, guerreiro que possa defender esses Quatro Compromissos com sua vida. Sua felicidade, sua liberdade, toda a sua ma­neira de viver depende disso.O objetivo do guerreiro é transcender esse mundo,escapar desse inferno e nunca mais voltar. Como os toltecas nos ensinaram, a recompensa é transcender a experiência humana de sofrimento, tomar-se a encarnação divina.Essa é a recompensa.

Realmente, precisamos usar cada migalha de poder que possuimos para ter sucesso ao manter esses compromissos. Eu não esperava poder conseguir, de início. Caí muitas ve­zes, mas me levantei e continuei. Caí outras vezes e con­tinuei. Não senti pena de mim mesmo. Não havia forma de sentir pena de mim mesmo. Eu dizia: "Se caí, sou forte o suficiente, sou inteligente o suficiente, e posso conseguir". Fiquei em pé e continuei meu caminho. Caí e continuei caminhando, e a cada vez foi mais fácil. Ainda assim, no início foi muito duro e difícil.

Portanto, se cair, não julgue. Não dê ao seu Juiz a satis­fação de transformar você em vítima. Não seja duro com você mesmo. Erga-se e faça o compromisso novamente. "Muito bem, quebrei meu compromisso de ser impecável com minha palavra. Vou começar outra vez. Vou manter os Quatro Compromissos só por hoje. Hoje serei impecável com minha palavra. Não levarei nada para o lado pessoal, não tirarei conclusões e farei o melhor possível."

Se você quebrar um compromisso, comece outra vez no dia seguinte, e novamente no dia que virá depois. Será di­fícil no início, mas a cada dia se tornará mais e mais fácil, até que um dia você descobre que está controlando a sua - vida com esses Quatro Compromissos. Você ficará surpreso com a maneira como sua vida foi transformada.

Você não precisa ser religioso nem ir à igreja todos os dias. Seu amor e auto-respeito irão crescer cada vez mais. Você pode fazer isso. Se eu consegui, você também pode conseguir. Não se preocupe com o futuro; mantenha sua atenção no hoje e fique no momento presente. Viva apenas um dia de cada vez. Sempre dê o melhor de si para manter esses compromissos, e logo ,será fácil para você também. Hoje é o início de um novo sonho.
6 - O CAMINHO TOLTECA PARA A LIBERDADE
Quebrando velhos compromissos

Todos falam sobre liberdade. Ao redor do mundo, di­ferentes pessoas, raças e países estão lutando por liberdade. mas o que é liberdade? Nos Estados Unidos, sempre dize­mos que o nosso é um país livre.Mas somos realmente livres? Somos livres para ser quem realmente somos? A resposta é não, não somos livres.

A liberdade está relacionada com o espírito humano ­é a liberdade de sermos quem realmente somos.

O que nos impede de ser livres? Culpamos o governo, culpamos o tempo, culpamos a religião, culpamos Deus. Quem nos impede de ser livres? Nós nos impedimos. O que realmente significa ser livre? Algumas vezes nos casa­mos e dizemos que perdemos nossa liberdade, depois nos divorciamos, e ainda não ficamos livres. O que nos impede? Por que não podemos ser nós mesmos?

Temos lembranças de muito tempo atrás, quando costumávamos ser livres e amávamos ser livres, mas esquecemos o que a liberdade realmente significa.

Se olhamos para uma criança que tem dois ou três anos, talvez quatro, estamos em frente a um ser humano livre. Por que esse ser humano é livre? Porque esse ser humano sempre faz o que ele deseja. O ser humano é completamente selvagem. Assim como uma flor, uma árvore ou um animal que não foi domesticado ... selvagem! E se observarmos os seres humanos que possuem dois anos de idade, descobri­mos que na maior parte do tempo esses humanos têm um grande sorriso no rosto e estão se divertindo. Estão explo­rando explo­rando o mundo. Eles não têm medo de brincar. Têm medo quando se machucam, quando ficam com fome, quando algumas de suas necessidades não são satisfeitas. Porém, não se preocupam com o passado, não se importam com
o futuro, e só podem viver no momento presente.

Crianças muito pequenas não têm medo de expressar o que sentem. São tão sensíveis ao amor que se perceberem amor, derretem-se em amor. Não têm medo de amar. Essa é a descrição de um ser humano normal. Assim como as crianças, não estamos com medo do futuro ou envergonha­dos pelo passado. Nossa tendência normal como seres hu­manos é apreciar a vida, jogar, explorar, ser feliz e amar.

Mas o que aconteceu com o ser humano adulto? Por que somos tão diferentes? Por que não somos selvagens? Do ponto de vista da Vítima, podemos dizer que algo triste aconteceu conosco; e do ponto de vista do guerreiro, po­demos dizer que o que nos aconteceu é normal. O que aconteceu é que temos o Livro da Lei, o grande Juiz e a Vítima, que governam nossas vidas. Não somos mais livres porque o Juiz, a Vítima e o Sistema de Crenças não nos permitem ser quem realmente somos.Uma vez que nossas mentes foram programadas com tanto lixo,não somos mais felizes.

Essa corrente de treinamento de indivíduo para indiví­duo, de geração a geração, é perfeitamente normal na so­ciedade humana. Não é preciso culpar seus pais por ensinar você a ser como eles. Que outra forma poderiam ensinar, além da que conhecem? Fizeram o melhor possível, e se fizeram você sofrer, foi devido à própria domesticação de­les, dos medos deles e das próprias crenças. Eles não pos­suíam controle sobre a programação que recebiam; portan­to, não poderiam ter se comportado de forma diferente.

Não há necessidade de culpar seus pais ou qualquer ou­tra pessoa, incluindo você mesmo, por tê-lo feito sofrer na vida. Mas é tempo de parar com esse sofrimento. Está na hora de libertar-se da tirania do Juiz ao trocar a fundação de seus próprios compromissos. É hora de libertar-se do papel de Vítima.

Seu" eu" verdadeiro ainda é uma criança que não chegou a crescer. Algumas vezes essa criança aparece quando você se diverte ou está jogando, escrevendo poesias ou tocando piano, enfim, expressando a si mesmo de alguma forma. Esses são os momentos mais felizes de sua vida ... quando o "eu" verdadeiro sai, quando você não se importa com o passado e não se preocupa com o futuro. Você fica como uma criança.

Mas existem algumas coisas que muda tudo: nós as cha­mamos de responsabilidades. O Juiz diz: "Espere um. segun­do, você é responsável, tem coisas para fazer, precisa tra­balhar, precisa freqüentar a escola, precisa ganhar sua vida". Todas essas responsabilidades nos vêm à mente.Nosso rosto se altera e nos tomamos sérios outra vez Se você observar as crianças brincando de adultos, vai perceber que os rostos delas mudam. "Vamos fingir que sou um advogado." E logo os rostinhos mudam; o rosto do adulto assume. Vamos para o tribunal, e esse é o rosto que en­xergamos. Vamos para a corte, e esse é o rosto que enxergamos ... o que enxergamos. Somos ainda crianças, mas per­demos nossa liberdade.

A liberdade que estamos procurando é a liberdade de ser nós mesmos, de nos expressar. Mas se examinarmos nossas vidas, veremos que na maior parte do tempo faze­mos coisas para agradar aos outros, apenas para ser aceitos pelos outros, em vez de viver nossas vidas para agradar a nós mesmos. É o que acontece com nossa liberdade. En­xergamos em nossa sociedade, e em todas as sociedades ao redor do mundo, que para cada mil pessoas, novecentas e noventa e nove mil estão completamente domesticadas.

A pior parte é que a maioria de nós nem ao menos tem consciência de não ser livre. Existe algo no interior sussur­rando para nós que não somos livres, mas não compreen­demos o que é e por que não somos livres.

O problema com as pessoas é que vivem suas vidas e nem chegam a descobrir que o Juiz e a Vítima governam suas mentes e, portanto, não têm uma chance de ser livres. O primeiro passo na direção da liberdade pessoal é a cons­ciência. Precisamos estar conscientes do problema para po­der resolvê-lo.

A consciência é sempre o primeiro passo, porque se você não está consciente, não existe nada para mudar. Se você não percebeu que sua mente está cheia de ferimentos e veneno emocional, não pode começar a limpar e curar os ferimentos e continuará sofrendo.

Não existe motivo algum para sofrer. Com a consciência, você pode ser rebelde e dizer: "Chega!". Você pode procurar por uma forma de criar e transformar seu sonho pessoal. O sonho do planeta é apenas um sonho. Nem ao menos é real. Se você entrar no sonho e começar a desafiar suas crenças, vai descobrir que sofreu todos aqueles anos por nada. Por quê? Porque o Sistema de Crenças no interior de sua mente é baseado em mentiras.

Por isso, é tão importante que você domine o próprio sonho; por isso, os toltecas se tornaram mestres do sonho. Sua vida é a manifestação de seu sonho; é uma arte. E você pode mudar sua vida a qualquer momento em que não estiver gostando do sonho.Os mestres do sonho criaram obras-primas de vida;controlavam os sonhos fazendo escolhas.tudo tem conseqüências e o mestre de sonhos está consciente das conseqüências.

Ser tolteca é uma forma de viver. Uma forma de viver em que não existem líderes nem seguidores, em que você possui sua própria verdade e vive de acordo com ela. Um tolteca se torna sábio, selvagem e livre outra vez.

Existem dois domínios que levam as pessoas a se tornar toltecas. O primeiro é o Domínio da Consciência. Significa tornar-se consciente de quem realmente somos, com todas as possibilidades, O segundo é o Domínio da Transforma­ção ... como mudar, como ficar livre da domesticação. O terceiro é o Domínio da Intenção. Intenção, do ponto de vista tolteca, é aquela parte da vida que torna a transfor­mação de energia possível; é o ser vivente que sem esforço envolve toda a energia, ou o que denominamos "Deus". Intenção é a própria vida; é amor incondicional. O Domínio da Intenção, portanto, é o Domínio do Amor.

Quando conversamos sobre o caminho tolteca para a li­berdade, descobrimos que eles possuem um verdadeiro mapa para libertar-se da domesticação. Eles compara o Juiz,a vitima e o sistema de crenças a um parasita que invade a mente humana. Do ponto de vista tolteca, todos os seres humanos domesticados são doentes. São doentes porque existe um parasita que controla a mente e controla o cérebro. A comida, para o parasita, são as emoções ne­gativas produzidas pelo medo.

Se repararmos na definição de "parasita", descobrimos que um parasita é um ser vivo que vive de outros seres vivos, sugando sua energia sem nenhuma contribuição útil em troca e machucando o hospedeiro pouco a pouco. O Juiz, a Vítima e o Sistema de Crenças se encaixam bem nessa descrição. Juntos, formam um ser vivo feito de energia psíquica ou emocional, e essa energia está viva. Claro que não se trata de energia material, mas tampouco as emoções são energias materiais. Nossos sonhos não são energia ma­terial da mesma forma, mas sabemos que existem.

Uma das funções do cérebro é transformar energia ma­terial em energia emocional.Nosso cérebro é uma fábrica de emoções. E temos dito que a função principal da mente é sonhar. Os toltecas acreditam que os parasitas - o Juiz, a Vítima e o Sistema de Crenças - controlam sua mente; controlam seu sonho pessoal. Os parasitas sonham pela sua mente e vivem sua vida por intermédio de seu corpo. So­brevivem nas emoções que têm do medo, e se alegram com o drama e o sofrimento .

A liberdade que procuramos é usar nossa própria mente e corpo para viver nossa própria vida, em \vez da vida do Sistema de Crenças. Quando descobrimos que a mente é controlada pelo Juiz, pela Vítima, e o "nós" verdadeiro fica num canto, temos apenas duas escolhas. Uma escolha é continuar vivendo da forma que somos, render-se a esse Juiz e a essa Vítima e continuar vivendo o sonho do planeta .A segunda escolha é fazer como quando éramos crianças e os pais tentavam nos domesticar. Podemos nos rebelar e dizer "Não!". Podemos declarar uma guerra contra os pa­rasitas, uma guerra contra o Juiz e a Vítima, uma guerra pela nossa independência, uma guerra pelo direito de usar nossa própria mente e nosso cérebro.

Por isso nas tradições xamanistas em toda a América, desde o Canadá até a Argentina, as pessoas chamam a si mesmas de guerreiros, pois estão em guerra contra os pa­rasitas em suas mentes. Esse é o real significado de um guerreiro. O guerreiro é o que se rebela contra a invasão dos parasitas. O guerreiro se rebela e declara guerra. Sermos guerreiros, porém, não significa sempre que iremos ganhar a guerra; podemos ganhar ou podemos perder, mas sempre damos o melhor de nós e temos uma chance de ser livres outra vez. Escolher esse caminho nos dá, no mínimo, a dig­nidade da rebelião e nos assegura que não seremos vítimas inocentes de nossas emoções frívolas ou do veneno emo­cional dos outros.Mesmo se tivermos sucumbido ao ini­migo - o parasita -, estaremos entre aquelas vítimas que não reagiam.

Na melhor das hipóteses, ser guerreiros nos fornece uma oportunidade de transcender o sonho do planeta e de alterar o sonho pessoal para um sonho que chamamos de céu.As­sim como o inferno o céu é um local que só existe no interior de nossa mente É um lugar de alegria, onde po­demos ficar felizes, onde somos livres para amar e ser quem realmente somos. Podemos alcançar o céu enquanto somos vivos; não precisamos esperar até morrer. Deus esta sempre presente e o reino dos céus se encontra em toda a parte, mas primeiro precisamos ter olhos e ouvidos para enxergar e escutar a verdade. Precisamos estar livres de parasitas.

O parasita pode ser comparado a um monstro com mil cabeças. Cada cabeça do parasita é um dos medos que te­mos. Se queremos ser livres, temos de destruir o parasita. Uma das soluções é atacar o parasita de frente, o que sig­nifica enfrentarmos cada um dos nossos medos um por um. Esse é um processo lento, mas funciona.A cada vez que enfrentamos um dos medos, ficamos um pouco mais livres .

Uma segunda abordagem do problema é parar de alimentar o parasita .Se não dermos comida a ele,podemos mata-lo de fome.Para fazer isso é preciso aprender a controlar nossas emoções, conseguir controlar nossas emoções, precisamos nos abster de alimentar as emoções que derivam do medo. Isso é muito fácil de falar, mas difícil de realizar. É difícil porque o Juiz e a Vítima controlam nossa mente.

Uma terceira solução é chamada de iniciação dos mortos.

A iniciação dos mortos é encontrada em muitas escolas eso­téricas e tradições ao redor do mundo, como no Egito, na Índia, na Grécia e nas Américas. Trata-se de uma morte simbólica, que mata o parasita sem, magoar nosso corpo físico. Quando "morremos" simbolicamente, o parasita tem de morrer. É uma solução mais rápida do que as duas pri­meiras, porém muito mais difícil de realizar. Precisamos de muita coragem para enfrentar o anjo da morte. Precisa­mos ser muito fortes.

Vamos examinar mais atentamente cada uma dessas soluções.


A ARTE DA TRANSFORMAÇÂO:
O SONHO DA SEGUNDA ATENÇÃO

Aprendemos que o sonho que Você está vivendo agora é o resultado do sonho exterior capturando sua atenção e alimentando-o com suas crenças. O processo da domesti­cação pode ser chamado de sonho da primeira atenção, porque foi como sua atenção foi usada pela primeira vez para criar o primeiro sonho de sua vida.

Uma forma de mudar suas crenças é focalizar sua atenção nesses compromissos e alterar aqueles firmados com você mesmo. Ao fazer isso, você está usando sua atenção pela segunda vez, criando assim o sonho da segunda atenção ou o novo sonho.

A diferença é que você não é mais inocente. Quando você era criança, isso não era verdade; não tinha escolha. Porém, você não é mais criança. Agora cabe a você escolher no que acreditar e no que não acreditar. Você pode escolher acreditar em qualquer coisa, e isso inclui acreditar em si mesmo.

O primeiro passo é tomar consciência do nevoeiro em sua mente. Você precisa tornar-se consciente de que está sonhando o tempo todo. Apenas com essa consciência você tem a possibilidade de transformar seu sonho. Se você tem a consciência de que todo o drama de sua vida é o resultado do que você acredita e o que acredita não é real, então pode começar a mudar tudo. Entretanto, para mudar de verdade suas crenças, você precisa focalizar sua atenção sobre o que deseja mudar. Precisa saber que compromissos quer mudar, antes de mudá-os.

Então, o próximo passo é desenvolver a consciência sobre todas as crenças autolimitantes e baseadas no medo que o tornam infeliz. Você faz um inventário de tudo em que acredita, todos os seus compromissos, e por meio desse processo inicia a transformação. Os toltecas chamavam a isso de a Arte da Transformação, e é um campo inteiro de domínio.Você adquire o domínio da Transformação alterando os compromissos baseados no medo que os fazem sofrer e reprogramando sua mente da sua própria maneira.Uma das formas de fazer isso é explorar e adotar crenças alternativas, como os Quatro Compromissos.

A decisão de adotar os Quatro Compromissos é uma declaração de guerra para reconquistar sua liberdade do parasita. Os Quatro Compromissos oferecem a possibilida­de de terminar a dor emocional, que pode abrir a porta para que você aproveite sua vida e inicie um novo sonho. Depende de você explorar as possibilidades de seu sonho, se estiver interessado. Os Quatro Compromissos foram cria­dos para ajudar você na Arte da Transformação, para aju­dá-lo a quebrar compromissos limitantes, a ganhar mais poder pessoal e tomar-se mais forte. Quanto mais forte você ficar, mais compromissos vai poder quebrar até o instante em que conseguir chegar ao fundo de todos os compromissos.

Chegar ao fundo de todos os compromissos é o que chamo de ir para o deserto:quando você vai para o deserto e encontra todos os seus demônios face a face.Depois de sair do deserto,todos esses demônios se tornam anjos.

Praticar quatro novos compromissos é um grande ato de poder. Quebrar os encantamentos de magia negra em sua mente requer grande poder pessoal. A cada vez que você quebra um compromisso, ganha mais poder. Começa quebrando pequenos compromissos, que requerem menos poder. Quando esses pequenos compromissos são quebra­dos, seu poder pessoal irá aumentado até atingir um ponto em que você pode finalmente enfrentar os grandes demô­nios em sua mente.

Por exemplo, a menina que ouviu críticas ao seu canto tem agora vinte anos e ainda não consegue cantar. A forma de ultrapassar a crença de que a voz dela é feia é dizer: Muito bem, vou tentar cantar, mesmo que cante mal". En­tão ela pode fingir que alguém está batendo palmas e di­zendo a ela "Foi ótimo". Isto pode quebrar um pouco O compromisso, mas ele ainda continuará ali. Entretanto, ago­ra ela tem mais poder e coragem para tentar outra vez e insistir até finalmente quebrar o compromisso.

Essa é uma forma de sair do sonho do inferno. Para cada compromisso que o faz sofrer e que deseja quebrar, será necessário fazer outro que o tome feliz. Isto vai manter afastado o antigo compromisso. Se você ocupar o mesmo espaço com um novo compromisso, então o antigo se vai para sempre e em seu lugar fica o novo.

Existem muitas crenças fortes na mente que podem tomar esse processo uma tarefa sem esperança. Por isso você pre­cisa caminhar passo a passo e ser paciente consigo mesmo; trata-se de um processo lento. A forma como você está vivendo agora é o resultado de muitos anos de domesticação.Você não pode esperar terminar essa domesticação de um dia para o outro. Quebrar compromissos é muito difícil porque colocamos o poder da palavra (que é o poder da vontade) em cada compromisso que fizemos.

Precisamos da mesma quantidade de poder para mudar um compromisso. Não podemos mudar um compromisso com menos poder do que utilizamos para fazer esse com­promissos e quase todo o nosso poder pessoal está investido em manter os compromissos que temos conosco. Isto acon­tece porque nossos compromissos são como um vício forte.Somos viciados em ser da maneira que somos .Somos viciados na raiva,no ciúme e na autopiedade.Somos viciados nas crenças que nos dizem: "Não sou bom o suficiente, não sou inteligente o suficiente. Por que tentar? Outras pessoas vão fazer isso porque são melhores do que eu".

Todos esses compromissos antigos que regulam o sonho de nossa vida são o resultado de inumeráveis repetições. Portanto, para adotar os Quatro Compromissos, você pre­cisa colocar o mecanismo de repetição em ação. Praticar os novos compromissos em sua vida é como você se toma melhor.A repetição faz o mestre.


A DICIPLINA DO GUERREIRO:
CONTROLANDO SEU PRÓPRIO COMPORTAMENTO


Imagine que você acorda bem cedo numa determinada manhã, transbordante de entusiasmo. Você se sente bem. Está feliz e tem bastante energia para enfrentar o dia. Então, ao café, você tem uma grande briga com seu cônjuge e emoções fortes vêm à tona. Você fica bravo e, na emoção da raiva, gasta um bocado de poder pessoal. Depois da briga você se sente drenado e só deseja chorar. Na verdade, você se sente tão cansado que vai para a sua sala, perde o controle e tenta se recuperar. Você passa o dia envolto nes­sas emoções. Não tem energia para continuar, e só deseja afastar-se de tudo.

Todos as manhãs acordamos com uma certa quantidade de energia mental, emocional e física, que gastamos durante o dia. Se permitirmos que nossas emoções drenem essa energia, não teremos energia para mudar nossa vida ou para doar aos outros.

A forma como você vê o mundo vai depender das emoções que experimenta. Quando está bravo, tudo ao seu redor está errado, nada parece certo. Você culpa tudo, incluindo o tempo; se estiver chovendo ou fazendo sol, nada vai agra­dá-lo. Quando você está triste, tudo ao redor o deixa triste e o faz chorar. Enxerga as árvores e sente-se infeliz; vê a chuva e tudo parece muito triste. Talvez você se sinta vulnerável e tenha necessidade de proteger a si mesmo porque não sabe em que momento alguém vai atacá-la. Você não confia em ninguém nem em nada ao seu redor. Isso é porque enxerga o mundo com os olhos do medo.

Imagine que a mente humana seja o mesmo Que sua pele.

Você pode tocar a pele saudável, o que é maravilhoso. Sua pele é feita para a percepção, e a sensação do toque é ma­ravilhosa.Agora imagine que você te um machucado e a pele se corta e infecciona. Se você tocar a pele infectada, sentirá dor; portanto, tenta cobrir e proteger a pele. Você não gosta de ser tocado por causa da dor.

Agora imagine que todos os seres humanos possuam doença de pele. Ninguém pode tocar o outro porque irá doer. Todos possuem pústulas na pele, portanto a infecção é vista como normal, e a dor é também considerada normal; acreditam.os que as coisas devam ser assim. Pode imaginar como nos comportaríamos uns com os outros se todos os seres humanos do mundo tivessem doen­ça de pele? Naturalmente, mal iríamos abraçar os outros porque seria doloroso demais. Por conseguinte, precisaría­mos criar um bocado de distância entre nós.

A mente humana é exatamente como essa descrição da pele infectada.Todo ser humano possui o seu corpo emocional coberto de veneno emocional - o veneno de todas as emoções que nos fazem sofrer,tais como ódio,raiva,inveja e tristeza.Uma ação injusta abre um ferimento na mente e nós agimos com um veneno emocional por causa dos conceitos que temos de injustiça e do que é justo.A mente está tão machucada e cheia de veneno pelo processo da domesticação que todos descrevem a mente ferida como normal.É considerado normal,porem eu afirmo que não é normal.

Temos um sonho do planeta não funcional e os seres humanos estão mentalmente doentes com uma doença cha­mada medo. Os sintomas da doença são todos os sintomas que fazem os seres humanos sofrerem: ira, ódio, tristeza, inveja e traição. Quando o medo é grande demais, a mente racional começa a falhar, e pode1nos chamar a isto de doen­ça mental. O comportamento psicótico ocorre quando a mente fica tão assustada e os ferimentos doem tanto que parece melhor quebrar o contato com o mundo exterior.

Se pudermos enxergar o estado de nossa mente como uma doença, encontraremos a cura. Não precisamos sofrer mais. Em primeiro lugar, necessitamos da verdade,que abre ferimentos emocionais,retira o veneno e os cura completamente.Como fazemos isso? Precisamos perdoar os que sentimos nos ter feito mal, não porque mereçam ser per­doados, mas porque amamos tanto a nós mesmos que não queremos ficar prestando atenção nas injustiças.

O esquecimento é a única forma de cura. Podemos es­colher a cura porque sentimos compaixão de nós mesmos. Precisamos deixar o ressentimento sair e declarar: "Basta! Não pretendo mais ser o grande Juiz que está sempre contra mim. Não pretendo mais bater em mim mesmo ou me fazer sofrer. Não farei mais parte da Vítima".

Em primeiro lugar,precisamos perdoar nossos pais,nossos irmãos,amigos e a Deus.Uma vez que perdoe a Deus,finalmente você está pronto para perdoar a si mesmo,a auto-rejeição em sua mente termina.A auto-aceitação se inicia,o auto-amor irá crescer tão forte que você finalmente aceitará a si mesmo da forma que você é.Esse é o início do ser humano livre.O esquecimento é a chave.

Você saberá que esqueceu alguém quando enxergar alguém e não apresentar nenhuma reação emocional.Você escutará o nome da pessoa e não terá reação emocional.Quando alguém puder tocar o que costumava ser um ferimento e você não sentir mais dor,então saberá que está perdoado.

A verdade é como um bisturi.É dolorosa,porque abre todos os ferimentos criados por mentiras,de forma que possam ser curados.Essas mentiras são o que chamamos de sistema de negação.É uma boa coisa que tenhamos o sistema de negação,porque nos permite cobrir os ferimentos e ainda funcionar.Contudo,uma vez que não se tenha mais ferimento ou veneno,não precisamos mentir mais.Não precisamos mais do sistema de negação porque uma mente sadia,como a pele sadia,pode ser toda sem provocar dor.É uma sensação agradável para uma mente livre ser tocada.

O problema com a maior parte das pessoas é que elas perdem o controle das emoções.São as emoções que controla o comportamento dos seres humanos, não os seres humanos que controlam as emoções. Quando perdemos o controle, dizemos coisas que não queríamos dizer e fazemos coisas que não queríamos fazer. Por isso é tão importante ser impecável com nossa palavra e para nos tornar guerreiros espirituais. Precisamos aprender a controlar as emoções afim de juntar poder pessoal suficiente para mudar nossos compromissos baseados no medo,fugir do inferno e criar nosso próprio céu pessoal.

Como nos tomamos guerreiros? Existem certas caracte­rísticas do guerreiro que são aproximadamente as mesmas ao redor do mundo inteiro.O guerreiro possui consciência. Isso é muito importante.Estamos conscientes de estar em guerra,e a guerra em nossas mentes requer disciplinas. Não a disciplina do soldado, mas a disciplina do guerreiro. Não a disciplina do exterior para nos dizer o que fazer e o que não fazer, mas a disciplina para sermos nós mesmos, não importa o que aconteça.

O guerreiro possui controle.Não o controle sobre outro ser humano,mas o controle sobre as próprias emoções,controle sobre o próprio eu. E quando perdemos o controle que reprimimos as emoções, não quando estamos no con­trole.A grande diferença entre um guerreiro e uma vítima é que a vítima reprime,e o guerreiro controla. A vítima reprime porque tem-medo de mostrar as emoções, medo de dizer o que deseja dizer. Controlar não é a mesma coisa que reprimir. Controlar é segurar as emoções, a fim de ex­pressá-las no momento adequado, nem antes nem depois. Por isso os guerreiros são impecáveis. Eles possuem con­trole completo sobre as próprias emoções e, portanto, sobre o próprio comportamento.

A INICIAÇÃO DOS MORTOS:
ABRAÇANDO O ANJO DA MORTE


A forma final de obter liberdade pessoal é preparar a nós mesmos para a iniciação dos mortos, para aceitar a própria morte como professora.O que o anjo da morte pode nos ensinar é como viver de verdade.Tornamo-nos conscientes de que podemos morrer a qualquer instante;só temos o presente para viver. A verdade é que não sa­bemos se vamos morrer amanhã. Quem sabe? Temos a idéia de que possuímos ainda muitos anos no futuro. Teremos?

Se formos ao hospital e o médico nos disser que temos uma semana de vida, o que faremos nessa semana? Como já dissemos antes, temos duas escolhas. Uma é sofrer porque morreremos e dizer a todos: "Pobre de mim, vou morrer" e realmente criar um grande drama. A outra escolha é usar cada instante para ser feliz, fazer o que realmente gostamos de fazer. Se tivermos apenas uma semana para viver, vamos aproveitar a vida. Vamos ficar vivos. Podemos dizer: "Serei eu mesmo. Não pretendo mais dirigir minha vida tentando agradar aos outros. Não vou mais ficar com medo do que eles possam pensar de mim. O que me importa o que os outros pensam do fato que morrerei em uma semana? Serei eu mesmo".

O anjo da morte pode nos ensinar a viver todos os dias como se fossem o último dia de nossas vidas, como se não existisse o amanhã. Podemos começar cada dia dizendo:
"Estou acordado, vejo o sol. Entregarei minha gratidão ao sol, a tudo e a todos, porque ainda estou vivo. Mais um dia para mim".

Essa é a forma como vejo a vida, e foi isso o que o anjo da morte me ensinou - ser completamente aberto para saber que não existe nada a temer. Claro, trato as pessoas que amo com amor, porque esse pode ser o último dia em que terei a chance de dizer a elas quanto as amo.Não sei se vou vê-Ias outra vez, por isso não quero brigar com elas.

E se eu tivesse unta grande briga com você e lhe despe­jasse todo o veneno emocional que tenho, e você morresse amanhã? Opa! Oh, meu Deus, o Juiz iria me pegar de jeito, e eu iria sentir-me culpado por tudo o que disse a você. Iria até mesmo me sentir culpado por não dizer quanto amo você. O amor que me faz feliz é o amor que posso compartilhar com você. Por que eu precisaria negar que amo você? Não é importante que você retribua esse amor. Posso morrer amanhã ou você pode morrer amanhã. O que me torna feliz agora é deixá-lo saber quanto amo você.

Você pode viver assim sua vida. Fazendo isso, prepara-se para a iniciação da morte. O que acontecerá na iniciação da morte é que o velho sonho que você abriga em sua mente vai sumir para sempre. Sim, terá lembranças dos parasitas - do Juiz, da Vítima e das coisas que costumava acreditar -, mas eles estarão mortos.

É isso que vai morrer na iniciação da morte: os parasitas.

Não é fácil ir para a iniciação da morte, porque o Juiz e a Vítima lutarão com todas as suas forças. Eles não querem morrer. Sentimos que seremos aqueles que vão morrer e ficamos com medo dessa morte.

Quando vivemos o sonho do planeta, é como se estivéssemos mortos. Quem quer que sobreviva a iniciação dos mortos recebe um presente maravilhoso: a ressurreição. Re­ceber a ressurreição é levantar-se dos mortos, estar vivo, ser nós mesmos outra vez. A ressurreição é ser como uma criança, selvagem e livre mas com uma diferença. A dife­rença é que temos liberdade com sabedoria em lugar de inocência. Somos capazes de quebrar nossa domesticação, de nos tornar livres outra vez e de curar nossa mente. Ren­demo-nos ao anjo da morte, sabendo que os parasitas irão morrer e nós sobreviveremos com uma mente sadia e raciocínio perfeito. Então somos livres para usar nossa própria mente e dirigir nossa vida.

Por isso, na forma tolteca de viver, o anjo da morte nos ensina. O anjo da morte vem até nós e diz: "Você viu que tudo o que existe aqui é meu, não é seu. Sua casa, suas esposa, seus filhos, seu carro, sua carreira, seu dinheiro - tudo é meu e posso tirar quando eu quiser, mas por en­quanto pode ir usando".

Se nos rendermos ao anjo da morte, seremos felizes para sempre. Por quê? Porque o anjo da morte leva embora o passado, para que sua vida possa continuar. Para cada mo­mento passado, o anjo da morte continua tirando a parte que está morta e nós continuamos vivendo o presente. Os parasitas querem que continuemos a carregar o passado conosco, e isso torna muito difícil o ato de estar vivo.Quando tentamos viver no passado,como podemos aproveitar o presente?Quando sonhamos com o futuro,por que precisamos carregar o fardo do passado?Quando iremos aprender a viver no presente?Isso é o que o anjo da morte nos ensina.
7 - O NOVO SONHO
O céu na terra

Quero que você esqueça tudo o que aprendeu durante sua vida inteira. Este é o começo de um novo entendimento, de um novo sonho.

O sonho que está vivendo é sua criação. É a sua percepção de realidade que você pode mudar a qualquer momento. Você tem o poder de criar o inferno e o poder de criar O céu. Por quê, então, não sonhar um sonho diferente? Por que não usar sua mente, sua imaginação e suas emoções para sonhar o céu? Use apenas sua imaginação e uma coisa tremenda acon­tece. Imagine que você tem a habilidade de enxergar o mundo com olhos diferentes, sempre que escolher. A cada vez que você abre os olhos, enxerga o mundo de forma diferente.

Feche os olhos agora, depois abra-os e olhe para fora. O que você vai enxergar é amor saindo das árvores, amor chegando do céu, amor saindo da luz. Você percebe o amor de tudo ao seu redor. Esse é o estado de graça. Você percebe o amor diretamente de tudo, inclusive de você mesmo e dos outros seres humanos. Quando os seres humanos estão tristes ou felizes, por trás desses sentimentos você pode ver que também estão emitindo amor.

Usando sua imaginação e seus novos olhos de percepção, quero que você se enxergue vivendo Ulna nova vida, um novo sonho, uma vida onde não precisa justificar sua exis­tência e você fica livre para ser quem realmente é.

Imagine que tem permissão para ser feliz e aproveitar sua vida. Sua vida está livre de cont1ito com você mesmo e com os outros.

Imagine sua vida sem medo de expressar seus sonhos.

Você sabe o que quer, o que não quer e quando quer. Está livre para alterar sua vida da forma que sempre desejou. Você não tem medo de pedir o que precisa, de dizer sim ou não para alguma coisa ou alguém.

Imagine-se vivendo sua vida sem o medo de ser julgado pelos outros. não regula mais seu comportamento de acor­do com O que os outros possam pensar sobre você. Não tem. necessidade de controlar ninguém, e, em contrapartida, ninguém O controla.

Imagine viver sua vida sem julgar os outros. Você pode perdoar os outros com facilidade e esquecer os julgamen­tos que possa ter.Não tem a necessidade de estar certo, e não precisa mais tornar todos os outros errados. Você respeita a si mesmo e a todo mundo, que, em troca, tam­bém o respeitam.

Imagine a si mesmo sem o medo de amar e não ser ama­do. Não fica mais com medo de ser rejeitado e não tem a necessidade de ser aceito. Pode dizer: "Eu amo você", sem justificativa ou vergonha. Pode andar pelo mundo com seu coração completamente aberto, sem ter medo de ser ferido.

Imagine viver sem medo de assumir um risco e explorar a vida. Você não ter medo de perder nada. Não tem medo de estar vivo no mundo e não tem medo de morrer.

Imagine que ama a si m.esmo da forma que você é. Ama seu corpo da forma que é e ama suas emoções da forma como são. Sabe que é perfeito assim como você é.

O motivo que peço para imaginar essas coisas é porque elas são inteiramente possíveis! Você pode viver em estado de graça, em êxtase, o sonho do céu. Mas, para experimentar esse sonho, você primeiro precisa entender o que é.

Apenas o amor possui a capacidade de coloca-lo nesse estado de êxtase. Estar em êxtase é como amar. Amar é como estar em êxtase. Você flutua nas nuvens. Percebe o amor aonde quer que vá. É inteiramente possível porque outros já o fizeram e eles não são diferentes de você. Vivem em êxtase porque mudaram seus compromissos e sonham um sonho diferente.

Uma vez que você sinta o que significa viver em êxtase, Vai adorar. Saberá que o céu na Terra é verdadeiro ... que o céu existe de liberdade. Uma vez que saiba que o céu existe, uma vez que saiba que é possível ficar, compete a você realizar o esforço necessário para isso. Dois mil anos atrás, Jesus nos falou sobre o reino dos céus, o reino do amor, mas as pessoas não estavam prontas para escutar isso. Disseram: "Sobre o que você está falando? Meu coração está vazio, não sinto esse amor do qual está falando, não tenho a paz que você tem". Você não precisa fazer isso. imagine apenas que essa mensagem de amor seja possível e vai descobrir que ela é sua.

O mundo é muito bonito e maravilhoso. Viver pode ser muito fácil quando o amor é sua forma de vida. Você pode estar cheio de amor o tempo todo. É uma escolha sua. Pode não ter um motivo para amar, mas pode amar, porque amar o toma feliz. O amor em ação só produz felicidade. O amor vai lhe dar paz interior. Irá mudar sua percepção de tudo.

Você pode enxergar tudo com os olhos do amor. Pode ficar consciente do amor que existe ao seu redor. Quando você vive dessa forma, não existe mais nevoeiro em sua mente. O mitote se foi para sempre. Isso é o que os seres humanos procuram há séculos. Por milhares de anos temos procurado a felicidade. A felicidade é o paraíso perdido. Os seres humanos têm trabalhado tanto para alcançar esse ponto, e isso faz parte da evolução da mente. Este é o futuro da humanidade.

Essa forma de viver é possível e está ao seu alcance. Moisés a chamou de Terra Prometida, Buda a chamou de nirvana, Jesus a chamou de Céu e os toltecas a chamam de Novo Sonho. Infelizmente, sua identidade está misturada ao sonho do planeta. Todas as suas crenças e com­promissos estão no nevoeiro. Você sente a presença dos parasitas e acredita ser você. Isso toma difícil continuar ­libertar os parasitas e criar espaço interno para experimen­tar o amor. Você está viciado no Juiz, na Vítima. O sofri­mento o faz sentir-se seguro porque você o conhece tão bem.

Mas, na realidade, não existe motivo para sofrer. O único motivo para sofrer é porque você escolhe sofrer. Se olhar para a sua vida, vai encontrar um bocado de desculpas para sofrer.Se examinar sua vida,descobrirá muitas desculpas para sofrer,mas não vai encontrar nenhum bom motivo para sofrer. O mesmo é verdade para a felicidade.O único motivo para você ser feliz é porque escolheu ser feliz. A felicidade é uma escolha assim como o sofrimento.

Talvez não possamos escapar do destino dos seres hu­manos, mas temos a opção:sofrer nosso destino ou aproveitar nosso destino. Sofrer ou amar e ser feliz. Viver no inferno ou viver no céu. Minha escolha é viver no céu. Qual é a sua?
ORAÇÕES


Por favor dedique um instante a fechar os olhos, abrir Quero que você se junte às minhas palavras em sua mente e em seu coração, para sentir uma conexão forte de amor. Juntos, iremos fazer uma oração muito especial para expe­rimentar uma comunhão com nosso Criador.

Focalize a atenção em seus pulmões, como se só eles existissem. Sinta o prazer quando seus pulmões se expan­dem para preencher a maior necessidade do ser humano: respirar.

Inspire profundamente e sinta como o ar enche seus pul­mões. Sinta como o ar não é nada além de amor. Repare na conexão entre o ar e os pulmões, uma ligação de amor. Expanda seus pulmões com ar até que seu corpo tenha a necessidade de expelir esse ar. Então expire, e sinta outra vez o prazer. Como quando satisfazemos qualquer neces­sidade do corpo humano, sentimos prazer. Respirar nos dá muito prazer. Apenas o fato de respirar já seria motivo suficiente para nos manter sempre felizes, apreciando a vida. Estar vivo é o suficiente. Sinta o prazer de estar vivo, o prazer de sentir o amor...


ORAÇÃO PELA LIBERDADE


Hoje, Criador do Universo, pedimos que venha até nós e compartilhe uma comunhão de amor, Sabemos que Seu nome verdadeiro é Amor, que temos uma comunhão com Você por compartilhar a mesma vibração, a mesma fre­qüência em que Você vibra, porque Você é a única coisa que existe no universo, Hoje ajude-nos a ser como Você, a amar a vida, ser a vida, ser amor. Ajude-nos a amar da forma como Você ama, sem condições, expectativas, obrigações ou julgamen­tos, Ajude-nos a amar e a aceitar a nós mesmos sem nenhum julgamento, porque quando nos julgamos, acreditamos em nossa culpa e sentimos necessidade do castigo.

Ajude-nos a amar tudo o que Você criou incondicional­mente, de modo especial outros seres humanos, principal­mente os que vivem perto de nós: nossos parentes e as pessoas que tentamos amar com tanta força. Porque quando os rejeitamos, rejeitamos a nós mesmos, e, quando rejeita­mos a nós mesmos, rejeitamos Você.

Ajude-nos a amar os outros da forma como são, sem condições. Ajude-nos a aceitá-los da forma como são, sem julgamento, porque se os julgarmos, vamos achar que são culpados c sentiremos a necessidade de castigá-las.

Hoje, limpe nossos corações do veneno emocional que temos, liberte nossa mente de qualquer julgamento para que possamos viver em completa paz e amor.

Hoje é um dia muito especial. Hoje abrimos nossos co­rações para amar novamente, de forma que podemos dizer ao outro" eu amo você", sem medo algum, com sinceridade. Hoje, nos oferecemos a Você. Venha até nós, use nossas vozes, use nossos olhos, use nossas mãos e use nossos co­rações para partilhar a nós mesmos, numa comunhão de amor com todos. Hoje, Criador, ajude-nos a sermos como Você. Obrigado por tudo o que recebemos nesse dia, es­pecialmente pela liberdade de ser quem realmente somos.
Amém

ORAÇÃO PELO AMOR

Iremos partilhar um belo sonho juntos - um sonho que você vai adorar o tempo todo. Nesse sonho, você está num belo dia quente e ensolarado. Escuta os pássaros, o vento e um riacho. Você caminha na direção do rio.Na margem do rio existe um homem meditando, e você percebe que da cabeça dele sai uma bela luz, de cores diferentes. Você tenta não perturbá-lo, mas ele percebe sua presença e abre os olhos. Ele possui aquele tipo de olhos cheios de amor e abre um grande sorriso. você pergunta como ele é capaz de irradiar aquela bela luz colorida. Pergunta se ele pode ensiná-lo a fazer o que está fazendo. Ele responde que há muitos e muitos anos, fez a mesma pergunta a seu mestre.

O velho começa a contar sua história: Meu professor abriu seu próprio peito, retirou seu coração e apanhou uma bela chama do coração. Então ele abriu meu peito, meu coração e colocou aquela pequena chama no interior. Co­locou de volta meu coração em meu peito, e assim que isso aconteceu, senti um amor intenso, pois a chama que ele colocara em meu coração era o seu próprio amor.

"Aquela chama cresceu em meu coração e tornou-se um grande fogo - um fogo que não queima, mas purifica tudo o que toca. E esse fogo tocou cada uma das células do meu corpo, e as células do meu corpo devolveram meu amor. Tomei-me uno com meu corpo, mas o meu amor cresceu ainda mais. Aquele fogo tocou cada emoção em minha mente e todas as emoções se transformaram num amor forte e in­tenso. E amei a mim mesmo, completa e incondicionalmente.
"Mas o fogo continuou queimando e tive a necessidade de partilhar meu amor. Decidi colocar um pedaço desse amor em cada árvore, e as árvores devolveram meu amor e me tomei uno com as árvores. Mas o meu amor não parou, cresceu mais. Coloquei um pouco de amor em cada flor, e elas me devolveram, e nos tomamos uno. E o meu amor cresceu ainda mais, para amar a todos os animais do mundo. Eles responderam ao meu amor, e me amaram de volta e nos tomamos uno. Mas o meu amor continuou cre­scendo cada vez mais.

"Coloquei um pedaço do meu amor em cada cristal em cada pedra no chão, na terra, nos metais, e eles me amaram de volta e me tomei uno com a terra. Então resolvi colocar meu amor na água, nos oceanos, nos rios, na chuva e na neve. E eles me amaram em retorno e nos tomamos uno. Ainda assim, meu amor cresceu mais e mais. Resolvi dar meu amor ao ar, ao vento. Senti uma forte comunhão com a terra, com o vento, com os oceanos, com a natureza, e meu amor cresceu e cresceu.

"Voltei minha cabeça para o céu, para o sol para as estrelas, e coloquei um pouco do meu amor em cada astro, na lua, no sol e eles me amaram de volta. Tomei-me uno com a lua, com o sol e com as estrelas, e meu amor con­tinuou crescendo e crescendo. Coloquei um pouco do meu amor em cada ser humano, e me tornei uno com toda a humanidade. Aonde quer que eu vá, quem quer que en­contre, vejo a mim mesmo nos olhos deles, porque sou uma parte de tudo, por causa do amor."

Então O velho abre o próprio peito, retira o coração com uma bela chama no interior e coloca a chama em seu co­ração. Agora o amor está crescendo em seu interior. Agora você é uno com o vento, com a água, com as estrelas, com toda a natureza, com todos os animais e com todos os seres humanos. Você sente o calor e a luz emanando da chama em seu coração. De sua cabeça parte uma luz de cores di­ferentes. Você fica radiante com o brilho do amor e ora:
Obrigado, Criador do Universo, pelo presente da vida que me deu. Obrigado por me dar tudo o que eu realmente preciso. Obrigado pela oportunidade de experimentar este belo corpo e esta mente maravilhosa. Obrigado por viver em meu interior com todo o Seu amor, com todo o Seu espírito puro e livre, com o Seu calor e luz radiante.

Obrigado por usar minhas palavras, por usar meus olhos, por usar meu coração para partilhar Seu amor aonde quer que eu vá. Amo Você da forma que é, e porque sou Sua criação, amo a mim mesmo da forma como sou. Ajude-me a manter o amor e a paz em meu coração e a tomar esse amor uma nova forma de vida, que poderei viver em amor pelo resto da minha existência. Amém.


Sobre o autor

Nascido numa família de curandeiros. Don Miguel Ruiz foi criado no México rural por uma curandera e um avô Nagual(xamã).Seus familiares imaginaram que Miguel iria abraçar o legado centenário sobre curar e ensinar,e prosseguiram com os ensinamentos toltecas. Em vez disso,distraído pela vida moderna.Miguel preferiu freqüentar a faculdade e tornar-se cirurgião.

Uma experiência quase fatal mudou sua vida.Tarde de uma noite no início dos anos 70,ele acordou subitamente,tendo adormecido ao volante do seu carro.Naquele instante ,o automóvel chocou-se com uma parede de concreto,Don Miguel lembrou-se de que não estava em seu corpo físico quando levou seus dois amigos para um lugar seguro.Chocado com essa experiência ,começou um diálogo de perguntas interiores.Devotou-se,com sua mãe, ao domínio ancestral antigos,completando seu aprendizado com um poderoso xamã no deserto mexicano.Seu avô,que já havia morrido,continuou a ensina-lo em sonhos.

Na tradição dos toltecas,um nagual guia o indivíduo na direção da liberdade pessoal.Don Miguel Ruiz é um nagual da linhagem do Cavaleiro da Águia.



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