Fonte: Revista Trip
Se as ideias de um pequeno grupo de ativistas norte-americanos ganhar corpo, essa cena será perfeitamente possível. Liderado por oito pessoas, entre elas um engenheiro da Nasa e um ex-executivo do alto escalão da Intel, o projeto Hemp Car (www.hempcar.org) defende o uso do óleo de cânhamo filtrado como combustível alternativo para os motores a diesel. A opção, mais limpa e sustentável ante os derivados do petróleo, ganha relevância quando lembramos que, na Europa e nos EUA, ao contrário do que ocorre no Brasil, o diesel não está limitado apenas aos veículos de carga, mas também aos modelos de passeio.
Para provar a viabilidade da proposta, a trupe percorreu mais de 24 mil km a bordo de um automóvel Mercedes-Benz convertido para a queima do chamado Hemp Fuel. Durante os 92 dias em que durou a viagem, passaram por mais de 50 cidades nos Estados Unidos e no Canadá, aproveitando para também “plantar” a ideia na cabeça de novos seguidores.
Para quem já imaginou um trânsito mais tranquilo, na paz, vale uma observação: apesar de o cheiro liberado pelo escapamento do Hemp Car lembrar o de um baseado, sua fumaça é absolutamente inofensiva. “O cânhamo industrial não possui propriedades psicoativas, portanto não pode ser considerado droga”, apressa-se em alertar o texto publicado no site da entidade, que luta por uma reforma na legislação norte-americana, atualmente contrária ao desenvolvimento industrial de produtos derivados da família Cannabis.
ATÉ TU, HENRY FORD?!
A ideia de converter maconha em combustível alternativo não é necessariamente nova. Já na década de 30 o visionário Henry Ford, pai do automóvel moderno e um dos maiores símbolos da industrialização norte-americana, defendia o uso de sementes, grãos e outros derivados agrícolas – inclusive o cânhamo – como fonte de energia renovável. “O álcool produzido por vegetais plantados ao longo de um ano em determinada área é suficiente para abastecer os tratores que irão cultivar essa mesma área pelos próximos cem anos”, afirmava.
A respeito da maconha, Henry Ford chegou a testar combustíveis batizados como “hempoline”, produzidos a partir do óleo das sementes e do caule do cânhamo. E defendia que a sua queima era mais limpa e menos tóxica se comparada à gasolina.
Completamente seduzido pelos poderes da erva, o industrial norte americano passou a cultivar cânhamo industrial a partir de 1937. E não se limitou apenas à questão energética. “No futuro, faremos com que os carros brotem da terra”, chegou a afirmar, fazendo analogia à sua crença de que era possível encaixar as plantas em praticamente todas as etapas da produção de um automóvel.
O maior de seus feitos, no entanto, está registrado na edição de dezembro de 1941 do tabloide Popular Mechanics Magazine: um carro com carroceria inteiramente moldada por resistentes placas de um plástico cuja fórmula levava 70% de fibras de celulose de cânhamo, sisal e palha de trigo; sendo os 30% restantes provenientes de resina.
A fotografia de Henry Ford batendo na carroceria com um bastão de madeira para demonstrar a resistência do “carro de plástico” – como preferiu chamá-lo – tornou-se emblemática em suas biografias. A imagem também pode ser vista em um vídeo comercial que ele chegou a gravar e que está disponível no YouTube. Basta digitar “Henry Ford hempcar”.
A entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial e o chamado de ajuda para toda indústria que trabalhasse com aço desviaram a atenção de Henry Ford de suas pesquisas botânicas. Mas ficou plantada a semente, reacendida agora com o pessoal de certo Mercedes-Benz “psicodélico”...
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