Psicodélico: Maconha dá o tom no festival de música SWU

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Maconha dá o tom no festival de música SWU

Marcelo D2, Damian Marley e Odd Future foram alguns dos artistas que defenderam a legalização da maconha em suas apresentações no festival de música SWU, realizado neste feriado em Paulínia. Mas não foi só nos palcos, e entre o público dos shows – a partir da infalível máxima “aglomerou, legalizou” que a erva foi assunto no festival. Inspirados no crescente estado de exceção vigorante em todo país, seja na Rocinha seja na USP, a segurança do evento passou a revistar barracas e mochilas em busca da erva, ao que, como também tem sido praxe, felizmente, houve reação. E vitória, como sempre também. Confiram algumas reportagens publicadas na mídia sobre o tema.

No SWU, conferimos o ‘jeitinho brasileiro’ da ‘turma do vapor’

Jornal do Brasil

Heloisa Tolipan

Como os membros da ‘tribo do cachimbo da paz’ conseguem garantir sua ‘diversão’?

Nessa Terra Brasilis, batemos no peito para dizer que somos o povo que arruma uma maneira de resolver todo e qualquer problema. É o mundialmente reconhecido e estudado ‘jeitinho brasileiro’. Pois foi justamente ele que veio à nossa cabeça quando começamos a sentir o cheiro suspeito que se mesclou ao aroma da chuva que caiu no segundo dia de SWU. Ele mesmo, o de cannabis sativa queimada. Ou, para sermos mais claros, o cheiro dos cigarros de maconha. Dentre os fumantes que encontramos (que tiveram seus nomes alterados), a técnica de esconder a erva ou o cigarro pronto dentro da cueca é quase unânime para passar incólume pela segurança. “A revista é bem fraca, mas mesmo se fosse mais intensa, o baseado é tão pequeno que é difícil de achar”, explicou Diego, de 22 anos.

No meio do público, um segurança tirou o cigarro de um grupo de amigos que já tinha reserva de erva
No meio do público, um segurança tirou o cigarro de um grupo de amigos que já tinha reserva de ervaNo meio do povão, durante os shows, um grupo de quatro amigos paulistas foi abordado por um segurança. “Ele tirou o baseado da minha mão. Mas aí a gente veio para o outro lado da pista e estamos usando o resto que trouxemos”. Trouxeram adivinha onde? Na cueca, claro.Impressionante é a história de quatro mineiros do acampamento. Os rapazes vieram de Belo Horizonte de carro e aumentaram a rota até Paulínia em 100 km para conseguirem comprar a droga que gostam. “Aqui no Brasil vendem muita maconha prensada. A gente não curte. Mas, em São Paulo, é mais comum a venda de haxixe e maconha in natura, por isso pedimos para um primo meu paulista comprar. Já compramos uma quantidade que usaremos até o réveillon”, planejou Paulo. A compra foi escondida no painel do carro junto com as garrafas de bebida que trouxeram. O atraso de 4 horas para ‘fazer o check in’ no camping (culpa do desvio na rota para pegar a maconha), os impediu de parar o carro no estacionamento oficial do festival, mas isso não foi problema. Diariamente, eles marcham por cerca de 2 km para pegar a dose diária de erva.

Até a manhã desse domingo, o único problema dos usuários acampados era a equipe de segurança do camping, que, ao sentir o odor da fumaça, entrava nas barracas para revistar e recolher o material. Mas uma, digamos, reunião com os seguranças mudou isso. “O pessoal fez uma roda em volta deles e disse: ‘olha, a gente vai fumar aqui dentro sim e vocês não vão mais tirar a nossa erva’. E agora está tudo legalizado lá no camping”, contou Fernando, que pediu várias vezes para que a reprodução da aventura do grupo fosse reproduzida fielmente nesse texto. “A gente não está fazendo mal a ninguém”, salientou.

Depois de uma 'dura' dos acampados, a fumaça está liberada no camping do SWU
Depois de uma ‘dura’ dos acampados, a fumaça está liberada no camping do SWUProcurada, a organização do SWU alegou que faz a revista de praxe, que ocorre em qualquer festival. Caco Lopes, um dos organizadores do evento, afirma que utilizar drogas ilícitas dentro do SWU é terminantemente proibido, como em qualquer outro lugar no Brasil, sem dissonância com a Lei Federal. “Aqui há policiais, segurança particular e delegacia para reprimir o uso de drogas”, afirmou com veemência.* * *

Acampados fazem protesto contra segurança do SWU e pedem liberação de maconha

UOL Entretenimento

Cerca de 50 pessoas que estão acampadas na área reservada do festival SWU, em Paulínia, fizeram na tarde deste domingo (13) um protesto contra a segurança do local, que estava revistando as barracas. Na ocasião, os acampados também aproveitaram para fazer um manifesto pela liberação da maconha.

Segundo o dono da empresa Nossa Segurança, responsável pelo camping do SWU e identificado apenas como Almeida, uma faca de cozinha foi apreendida em uma das barracas, o que é proibido no acampamento. A versão dos acampados, no entanto, é a de que um rapaz foi pêgo fumando maconha, o que também não é liberado no festival.

O protesto, que durou cerca de 20 minutos, teve gritos de guerra com frases como “tem polícia, maconha é uma delícia”. Um dos acampados, que não quis se identificar, reclamou que os seguranças estariam invadindo a privacidade das pessoas e que em um festival de música “é normal o consumo de drogas”.

Almeida garantiu para os presentes no protesto de que a revista nas barracas seria suspensa e que a vistoria, a partir de agora, será apenas preventiva para evitar brigas e em caso de emergências. Segundo Kaco Lopes, coordenador de produção do SWU, “os acampados sabem que as barracas podem ser revistadas e a vistoria vai continuar. O chefe de segurança falou isso em um momento de nervoso”.

Ainda de acordo com Kaco, as pessoas que aceitam compra ingresso para o camping sabem que certos alimentos não podem entrar na barraca nem serem preparados lá. “A faca era proibida, eles sabiam disso. Todo mundo precisa saber as normas. Sobre as drogas, não tem nem o que falar porque é proibido”.

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UOL entretenimento, sobre show de Marcelo D2:

“Depois do folk de Michael Franti e do reggae do Soja, Marcelo D2 trouxe de volta à programação do SWU o rap e o hip-hop, que já haviam chegado com Emicida no início da tarde. Entre uma forte ventania que chegou ao Parque Brasil 500, em Paulínia, D2 começou seu show pouco depois das 18h com mensagens sobre legalização da maconha. “Eu nasci no subúrbio do Rio de Janeiro, lutamos pela legalização da maconha, pela liberdade de expressão”, disse.”

G1 sobre show de Odd Future:

O show do coletivo de rap no SWU foi enérgico e cheio de macaquices de seus cinco integrantes. O líder Tyler, the Creator, inclusive, mostrou porque é considerado um garoto problema: ao beber uma água engarrafada – brasileira -, fez cara de nojo, cuspiu-a fora e pediu para a produção retirar todas as garrafas do palco. Em outro momento, um segurança do grupo empurrou um segurança da produção que havia retirado um cigarro de maconha de um homem no público. “Vocês fumam marijuana?”, perguntou Domo Genesis logo em seguida. Foi a deixa para uns baseados começarem a serem acesos.

Folha Online sobre show de Damian Marley:

Algumas parcas citações de clássicos (como “Exodus” e “Police and Thieves”, de Junior Murvin e Lee Perry) no meio de outras canções também foram notadas. O público -que, em sua maioria, não havia nem nascido quando Bob Marley morreu, há 30 anos- assistiu ao show com respeito e num clima “campus da USP antes da polícia” (a liberdade para fumar maconha nesse primeiro dia foi incomparávelmente maior do que no SWU passado).

Acostumado a circular entre famosos graças ao sobrenome (recentemente entrou para o projeto SuperHeavy, com Mick Jagger e Joss Stone), Damian aproveitou para contar a história da canção que fez com o astro pop Bruno Mars (“Ele me chamou para um drinque e eu disse, ‘não, Bruno, vamos fumar marijuana’”) – não que alguém tenha se importado.]

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Maconha no SWU? No Camarim Pode, na Pista Não! [Fumosos 142#]

Hempadão

O festival que nasceu com a falácia publicitária de ser Woodstock do século 21 vem mostrando que não tem nada de libertário. Na verdade, as notícias indicam que a organização do SWU está muito mais ligada ao proibicionismo e a tolerância zero com drogas ilícitas. E vale lembrar que eles também são patrocinados por uma famosa marca de cerveja (a mesma do Rock in Rio).

Como de costume a repressão foi feita apenas na parte mais frágil desta estrutura de entretenimento. Na tarde do último domingo o clima na área de camping ficou tenso quando seguranças começaram a revistar as barracas em busca da erva proibida. Não muito longe dali, nos camarins do SWU, a maconha era queimada por artistas que batem no peito para afirmar que são apreciadores da maconha.

Antes mesmo de subir ao palco Snoop Dogg avisou aos jornalistas que pretendia soltar umas baforadas na frente do público. Já o camarada Marcelo D2 se apresentou a plateia dizendo que “Sou do subúrbio do Rio de Janeiro, lutamos pela legalização da maconha e pela liberdade de expressão”.

Já galera do Odd Future Wolf Gang Kill Them Al comprou a briga contra a repressão e interrompeu o show para criticar um segurança que tomava a maconha de um jovem da plateia. Ao perguntar no microfone ” “Vocês fumam marijuana?”, Tyler, the Creator obteve como resposta uma grande quantidade de baseados sendo acesos simultaneamente.

A noite do último sábado ainda teve show do SOJA e Damian Marley, que dispensam apresentações sobre a ligação íntima com a cultura canábica. De saldo, a organização do SWU deixou de saldo a mensagem que a lei não se aplica de forma igualitária para todos.

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