A Cannabis é uma planta que vem causando muita polêmica. Apesar disso, suas propriedades medicinais já eram descritas na farmacopeia chinesa, há 2737 A.C , para tratamento de malária, dores reumáticas, entre outras doenças. Para se ter uma ideia, ainda no Velho Testamento faz referência a maconha, chamada até então de Kalamo, no momento em que Salomão canta e louva suas propriedades psicoativas.
Contudo a história da maconha que era pra ser linda e maravilhosa, devido as suas propriedades terapêuticas e suas fortes fibras para a indústria, começou a se tornar nebulosa quando ainda no século XII, o então chamado de Santo Ofício – uma espécie de tribunal, com caráter judicial que julgava as pessoas que haviam cometido o crime de heresia- acusava os usuários de Cannabis de bruxaria. Incluisve, acusando Joana D’arc de usar ervas para que ela pudesse “ouvir vozes”.
Já no século XII a maconha começa a ficar ainda mais conhecida e ganhar novos terrenos. No Egito, por exemplo, existia uma grande tolerância ao seu consumo, sendo que a droga atuava como um fator no marco social, para diferenciar os que eram ativos na vida social dos excluídos da sociedade, como descrito na famosa historia das “Mil e uma noites”. Além disso, a campanha Napoleônica no oriente contribuiu e muito para que a Maconha ficasse conhecida por toda a Europa.
Três séculos mais tarde, a Cannabis foi introduzida nas Américas, através dos espanhóis, que colonizaram boa parte das Américas, semeando as sementes das plantas no território que atualmente corresponde ao Chile, no final do século XVI. Contudo, existem teorias fortíssimas que a Cannabis já existia na América, antes mesmo que fizessem a sua descoberta. Segundo diz a teoria, o Rei Jaime I incentivou os colonizadores britânicos que residiam na América do Norte, a cultivar Cannabis para que assim eles pudesse ter bastante matéria prima para a produção de cordas e velas paras os navios da Força Armada Real. Este conceito de se utilizar as fibras de Cannabis para fazer os mais diferentes produtos foi ainda mais incentivado durante o período da segunda guerra mundial.
Já no século XIX, a maconha ganhou a graça dos escritores e intelectuais da Europa, que a utilizavam unicamente para os fins que chamamos de recreacionais, difundindo por todo o ocidente as propriedades alucinógenas da planta. Mesmo o “barato” nesta época sendo consumir maconha para fins de diversão, o médico particular da Rainha Vitória, que havia estudado a planta por mais de 30 anos, já a receitava para casos de enxaqueca, insónia senil, depressões, estados epilépticos, cólicas e ataques de asma. De fato, durante todo este século, centenas de estudos e artigos foram produzidos sobre das propriedades medicinais da maconha.
Porém, nos anos 20, com a quebra da bolsa de valores dos Estados Unidos e o mundo vivendo uma completa e temerosa recessão, a sociedade americana começou a relacionar os fracassos da economia com o uso de qualquer tipo de droga. Tanto, que nesta época, surge a “Lei Seca”, fazendo com que se aumentasse exorbitantemente os consumidores de Maconha, como um substitutivo pelo álcool. Com o passar desta década, acabou que o álcool foi novamente legalizado e a então Maconha, devido aos lobbys da indústria do nylon e as caóticas propagandas que demonizavam a erva, acabou sendo proibida. Foi nesta época que começou a desenvolver um conceito de guerra as drogas, o mesmo conceito estimulado anos mais tarde pelo governo de Nixon.
Com a chegada dos anos 60, a maconha se tornou um forte aliado na questão política. Isto porque o ato de fumar maconha naquela época era um sinal da adesão à contracultura, movimento que ficou mundialmente famoso. A situação começa de fato a ficar complicada nos anos 70. Com o endurecimento das leis contra a Maconha, a ate então demanda que era suprida por pequenos importadores, começa a crescer, justamente pelo fato da proibição, e é neste instante que os criminosos da época percebem uma lacuna criada pela proibição e começam a controlar o mercado da maconha, o que de fato acontece até os dias de hoje. A questão não é a maconha em si e sim o fato dela ser proibida. Sabemos que o que cria um mercado paralelo não é uma substância ou algum objeto e sim a criminalização do mesmo.
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