Vitor Abdala
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse hoje (7) que a América Latina pode assumir papel de liderança na discussão sobre mudanças na abordagem do problema das drogas. Integrante da Comissão Global sobre Drogas, que defende a descriminalização do uso da maconha e a discussão sobre a legalização da droga, Fernando Henrique ressaltou que a América Latina é um dos principais palcos onde se desenrola a guerra às drogas, uma vez que é o principal centro de produção de cocaína e de maconha do mundo.
“Na Europa, houve avanços na medida em que se passou a olhar a questão sob a ótica da saúde, e não apenas da repressão. Mas é óbvio que a violência na Europa não é tão elevada quanto aqui nas Américas. Até por isso, a América Latina talvez possa ter um papel de liderança na renovação de uma visão sobre a questão da droga”, disse o ex-presidente.
Fernando Henrique voltou a dizer que a política proibicionista internacional fracassou e que é preciso ter uma política sobre drogas mais eficiente e mais humana.
Ele reconheceu que, quando era presidente, tinha uma visão “simplista” e que achava que a erradicação das plantações de maconha, por exemplo, resolveria o problema. “A gente erradicava uma plantação de maconha e, um ano depois, ela estava ali de novo.”
O ex-presidente também levantou a questão da necessidade de distinguir os usuários dos traficantes. Segundo ele, há um problema na lei brasileira sobre a distinção entre um e outro. “Quando a polícia quer prender, diz que é traficante”, afirmou Fernando Henrique, ao participar de evento sobre os 18 anos da organização não governamental (ONG) Viva Rio, que discute a política brasileira sobre drogas.
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