Psicodélico: Aspectos médicos e políticos sobre o tabaco e a maconha

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Aspectos médicos e políticos sobre o tabaco e a maconha

Qualquer argumento de ordem médica que justifique a proibição da maconha torna-se insustentável em uma sociedade tão permissiva e tolerante ao uso do tabaco, uma das drogas mais mortíferas da humanidade.
A hipocrisia política ocorre quando o fumo é apontado como um importante motor da economia nacional e a maconha é alvo de intensa repressão e preconceito.

As tentativas de repressão a produção e ao consumo de tabaco costumam ser duramente combatidas por poderosos interesses empresariais. O Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador de fumo do mundo, de acordo o Sindicato da Indústria do Fumo da Região Sul do Brasil, que concentra 95% da produção nacional. O cultivo de tabaco movimenta uma receita anual bruta de aproximadamente R$ 4,4 bilhões.

Mas é preciso lembrar que o tabaco é responsável pela morte de 200 mil brasileiros por ano e de três milhões de pessoas em todo planeta. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 30% dos óbitos por câncer e 90% dos casos de câncer de pulmão no mundo estejam relacionados ao consumo de tabaco. A OMS também estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas sejam fumantes de tabaco.

A contradição fica explícita pelo fato da medicina não ter conhecimento de um único registro de câncer provocado pelo consumo de maconha. Em relação à dependência os números também são reveladores. Enquanto algumas pesquisas apontam que apenas 2% dos usuários de maconha tornam-se de fato dependentes, com o tabaco este índice ultrapassa os 90%.

Um estudo da Universidade da Califórnia comprovou que fumar maconha não aumenta o risco de desenvolver câncer de pulmão. A pesquisa comparou o estilo de vida de 611 pacientes de câncer de pulmão do Condado de Los Angeles e 601 pacientes com câncer de cabeça e pescoço com 1.040 pessoas sem a doença. Como resultado, não foi encontrado um nível elevado de risco de câncer nem mesmo nos fumantes de maconha mais assíduos. Já os que fumavam dois ou mais maços de cigarro por dia tinham uma probabilidade 20% maior de desenvolver a doença.

Apesar ausência de registros médicos de casos de câncer provocados pelos consumo de maconha é preciso considerar alguns pontos importantes. O simples hábito de fumar (seja tabaco ou maconha) pode provocar sérios danos ao organismo, principalmente aos pulmões. Mas outra comparação relevante está na diferença da média de cigarros consumidos por usuários de maconha e tabaco.

É comum considerar um usuário crônico de maconha aquele que fuma mais de três cigarros por dia. Entretanto, este número infinitamente pequeno perto de um consumidor facilmente consome um maço como 20 cigarros ao longo do dia. Também não é difícil encontrar casos de pessoas que consomem até 40 ou 60 cigarros por dia. Pensando apenas nos danos causados pela ingestão de fumaça, o dano causado pelo consumo de tabaco é bem maior.

Enquanto a proibição da maconha continua sendo sustentada por mitos já derrubados pela ciência moderna, o Estado mantém uma insipiente política repressiva que em nenhum momento conseguiu cumprir, e dificilmente conseguirá, seu objetivo de construir um mundo livre das drogas ilícitas. Em relação às drogas líticas, estas provavelmente seguirão sendo vendidas em qualquer bar ou padaria.

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