A literatura clássica está cheia de histórias sobre feiticeiros, mágicos e bruxas. Mas as traduções raramente revelam que os seus poderes derivavam dos seus extensos conhecimentos sobre drogas. Os feiticeiros eram os antigos vendedores de drogas, e os efeitos destas eram considerados mágicos naqueles tempos.
David Hillman escreve no seu livro “The Chemical Muse (2008)” que “Os Gregos e os Romanos usavam ópio, anticolinérgicos (da família Solanaceae), e numerosas toxinas botânicas para induzirem estados de euforia mental, criarem alucinações, e para alterarem a sua própria consciência; isto é um facto indisputável”.
Hillman mostra como os tradutores se enganaram ao traduzirem polifármaco e fármaco como alguém com conhecimentos de “artes mágicas” e possuidor de “charmes”. Os feitceiros eram membros honrados e respeitados pela sociedade. Tinham de saber como extrair substâncias químicas necessárias das plantas e dos animais. Esta era uma ciência exata, pois quantidades ou extracções erradas podiam matar.
O método favorito de administração de drogas dos Gregos e dos Romanos era em misturas com vinho. Isto permitiu aos professores de História apresentarem os convivas dos festins antigos como consumidores de álcool – e não de “drogas ilegais”.
Como escreveu o professor Carl A.P. Ruck no seu livro "Sacred Mushrooms Of The Goddess": "O vinho antigo, tal como o vinho da maioria das primeiras culturas, não continha álcool como único inebriante, mas era geralmente uma infusão variável de toxinas naturais num líquido vinoso. Unguentos, especiarias e ervas, todos com propriedades psicotrópicas reconhecidas, podiam ser misturados no vinho”.
Isto dá-nos uma visão completamente diferente do simpósio grego. Nessas “festas de bebida barulhentas” grandes mentes como Sócrates e Platão debateram e desenvolveram as suas teorias sobre as grandes questões filosóficas.
Outra pista diz-nos ainda mais. Os estados de consciência alterados eram vistos como loucura proveniente de fontes divinas. Platão escreveu: "Mas aquele que, sem loucura divina, alcança as portas das Musas, confiante de que será um bom poeta pela arte, não encontra o sucesso, e a poesia do homem são desfaz-se em nada perante a poesia do inspirado homem louco".
Lê mais (em inglês) aqui: Classical Drug Use: Greek and Roman Drug Freedom
Um comentário:
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