No cemitério da Cidade Sagrada estão sepultados 42 mestres famosos entre os quais, além de “Zé Pelintra”, Joana “Pé de Chita”, a mestra justiceira que morava em Santa Rita, a mestra Juremeira Maria do Açaís, Tertuliano, José Vicente, mais conhecido por “Malunguinho”, Manoel “ Maior do Pé da Serra”, mestre Carlos, “Zezinho do Açaís”, Heron e esposa Salomé, Rosalina, João de Alhandra, “Dondom”, “Pinicapau”, “Coqueiral”, “Cadete”, “Cangaruçu”, “Tambaba” e outros.
JUREMA
Arvore tipicamente paraibana, a jurema é venerada quase como uma divindade. Frondosa e de beleza impressionante, vive mais de 200 anos, é espinheira e sua fama corre o Brasil e o mundo. Segundo a crença indígena, possui poderes milagrosos, emanando fluidos benéficos. Em sua parte externa existe uma camada de lodo empregada em defumações, para o banho de limpeza. Da casca, flor, e folhas são extraídas emulsões para o preparo de bebidas, banhos aromáticos para afastar entidades maléficas e fortificar os mestres. A Cidade Sagrada surgiu num sitio em Alhandra. Cada mestre que morria tenha uma semente de jurema plantada em sua sepultura. Servia como identificação para os umbandistas.
O então repórter Nathanael Alves em um trabalho realizado para a revista “Cabo Branco” já dizia que “ se a policia de 1927 tivesse localizado as covas, exumaria e queimaria os cadáveres”.Os pés de jurema desenvolveram-se de tal forma na região, servindo de esconderijo para os mestres sepultados, que hoje o campo nem pode servir de passagem para o gado.
JUREMA, A SEITA
A jurema está para a Paraíba como o candomblé para a Bahia.
“Oh! Jurema preta, senhora rainha
É dona da cidade, mas a chave é minha
Oh! Jurema preta, senhora sagrada
Vou mandar os males
Para as encruzilhadas."
Seu culto é uma variante da umbanda, somente praticado na Paraíba, em tradição proveniente dos Tabajaras. Para ser juremeiro é preciso ser consagrado e iniciado numa ritualística de mais de mil anos, começando como discípulo tirador de jurema, preparador de junca, firmador de toadas, flor de mesa e mestre. O ritual é feito com maracá, cachimbo, sineta e gaita. A bebida oficial é o vinho de jurema que, apesar de deixar levemente tonto o praticante não leva qualquer substancia alcoólica como erradamente pensam. Os cachimbos são feitos da raiz da jurema, tem dia certo para ser arrancada e não é qualquer uma que serve. O maior poder do ritual está na fumaça do cachimbo, todos os juremeiros mestrados são grandes controladores de eguns, daí dizer-se que eles são babás de eguns, como no candomblé, os seguidores da jurema são profundos conhecedores de uma força da natureza conhecida como Osanha.
Desmentem que “Zé Pelintra” seja exu e são especialistas em trabalhos de feitiçarias com folhas do mato.
Texto transcrito em sua integra do Jornal UMBANDA NO LAR , primeiro exemplar datado de Novembro 1977, uma publicação da Federação dos Cultos Africanos do Estado da Paraíba, idealizado pelo então presidente Carlos Leal Rodrigues ( hoje falecido) copia cedida pelo babalorixá Francisco Cardoso da Silva, residente na cidade de João Pessoa/PB.
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