No posfácio da edição americana do livro 2012: o ano da profecia maia (título em inglês,2012: the return of Quetalcoátl), o autor Daniel Pinchbeck comenta que a obra foi alvo de interpretações bastante equivocadas por parte da imprensa. Jornalistas comentaram que somente uma “elite psicodélica atingiria um nível de consciência supramental e assim seria salva no fim dos tempos”.
De fato, nada poderia estar tão longe das ideias do autor.
Não é surpresa que Pinchbeck tenha sido criticado por escrever sobre sua experiência com substâncias alucinógenas. O tema abre margem suficiente não somente para críticas, mas também para uma série de interpreteções errôneas.
A forma que Pinchbeck encontrou para escrever sobre o “fenômeno” 2012 está baseada, primeiramente, em uma busca pessoal. Ao longo de sua jornada, Pinchbeck foi mergulhando com profundo anseio no terreno xamânico. Evidentemente, ele não sugere que todos entrem em “viagens” para encontrarem algum sentido em suas vidas… Seu trabalho vai além das “viagens”: ao longo dos anos, Pinchbeck passou a compilar e reconciliar esforços díspares que tratam do assunto, já que desde a década de 1960, os estudos sobre psicodélicos e suas implicações filosóficas foram convenientemente abandonados.
O estudo de Pinchbeck o levou aos desertos do Novo México e às florestas tropicais da África e das Américas, aprofundando uma jornada rumo a si mesmo e ao seu papel no universo. O fez perceber que nosso paradigma materialista rejeita rudemente os fenômenos como telepatia, telecinese e clarividência, insistindo que a consciência é apenas um epifenômeno do cérebro.
Ao longo de sua trajetória, Pinchbeck foi sentindo como que se a antiga divindade mesoamericana Quetzalcoátl, guiasse seus passos com suavidade e mistério (daí o título na publicação norte-americana). Quetzalcoátl é um símbolo que unifica opostos subjetivos – céu e terra, espírito e matéria, luz e escuridão, ciência e mito. Ele é o deus do vento e da estrela da manhã, distribuidor da cultura, com afinidade especial para a astronomia, para a escrita e para o planeta Vênus.
As mensagens de seu livro, portanto, não se restringem a um pequeno círculo de excêntricos. Mas elas, no mínimo, cutucam e geram desconforto porque não encaram os fenômenos psíquicos como fantasias insignificantes. “A possibilidade de estabelecer uma compreensão radicalmente diferente da natureza da psique, defendendo crenças antigas, ameaça as mais profundas bases de uma cultura obcecada pela aquisição de riquezas, bens e posição social. Se descobríssemos outros que outros aspectos da realidade merecem nossa atenção, teríamos que reexaminar o propósito principal de nossa civilização atual,”escreve o autor.
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