Psicodélico: Usos não terapêuticos de LSD

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Usos não terapêuticos de LSD

USO DE LSD NO DESENVOLVIMENTO
DE HABILIDADES PARANORMAIS
Stanislav Grof, M.D.
Usos não terapêuticos de LSD. Cap. 8, Psicoterapia do LSD, ©1980, 1994 por Stanislav Grof.Hunter House Publishers, Alameda, Califórnia, ISBN 0-89793-158-0.
Tradução:
André Luís N. Soares
Muitas evidências históricas e antropológicas e numerosas observações anedóticas de pesquisa clínica sugerem que substâncias psicodélicas ocasionalmente podem facilitar percepção extra-sensorial. Muitas plantas de culturas visionárias foram administradas no contexto de cerimônias de cura espiritual para diagnóstico e cura de doenças. Igualmente freqüente foi o uso delas para outros propósitos mágicos, como a localização de objetos ou pessoas perdidos, projeção astral, percepção de eventos distantes, precognição e clarividência. A maior parte das drogas usadas para estes propósitos foram mencionadas depois em relação a cerimônias religiosas. Elas incluem a resina ou folhas de maconha (Cannabis indica ou sativa) na África e Ásia; cogumelos fly-agaric dentre várias tribos siberianas e dos índios norte-americanos; A planta Tabernanthe iboga no meio de certos grupos étnicos africanos; A rapé cohoba (Anadenanthera peregrine) e epena (Virola theidora) da América do Sul e Caribe; E os três psicodélicos básicos das culturas pré-colombianas - o cactos peiote (Lophophora williamsii), os cogumelos sagrados teonanacatl (Psilocybe mexicana) e ololiuqui ou sementes de “glória matutina” (Ipomoea violacea). De interesse especial parece ser o yagé, uma bebida fermentada preparada da trepadeira Banisteriopsis caapi na selva, bem como as “vinhas dos mortos”, usadas pelos índios sul-americanos no Vale do Amazonas. Harmine, também chamado yagéine ou banisterine, um dos ativos alcalóides isolados da planta Banisteriopsis, realmente chamado de telepatina. Os estados psicodélicos induzidos pelos extratos destas plantas parecem ser especialmente incrementadores poderosos de fenômenos paranormais. O exemplo mais famoso das propriedades incomuns da yagé pode ser achado nos relatórios de McGovern (69), um dos antropólogos que descreveram esta planta. De acordo com sua descrição, um curandeiro local viu em notáveis detalhes a morte do chefe de uma tribo distante, no momento que ela estava acontecendo; a precisão de seu relato foi verificada muitas semanas depois. Uma experiência semelhante foi reportada por Manuel Cordova-Rios, (53) que com precisão viu, em sua sessão de yagé, a morte de sua mãe e depois foi capaz de verificar todos os detalhes. Todas as culturas psicodélicas parecem compartilhar a convicção que não é apenas a percepção extra-sensorial que é realçada durante a intoxicação real por plantas sagradas, mas o uso sistemático destas substâncias facilita o desenvolvimento de habilidades paranormais na vida diária.
Muitos materiais anedóticos colecionados ao longo dos anos por pesquisadores psicodélicos sustentam as convicções acima. Masters e Houston (65) descreveram o caso de uma dona de casa que na sua sessão de LSD viu a filha na cozinha procurando pelo jarro de biscoito. Ela ainda reportou ver a criança bater no açucareiro de uma estante e derramar o açúcar no chão. Este episódio posteriormente foi confirmado pelo seu marido. Os mesmos autores também reportaram um sujeito em LSD que viu “um navio preso em icebergs, em algum lugar nos mares do norte.” De acordo com o sujeito, o navio estava usando em sua proa o nome “France”. Foi mais tarde confirmado que o France tinha realmente ficado preso no gelo próximo à Groenlândia na hora da sessão de LSD do sujeito. O famoso psicólogo e pesquisador parapsicológico Stanley Krippner (49) visualizou, durante uma sessão de psilocybe em 1962, o assassinato de John F. Kennedy que aconteceu um ano depois. Observações semelhantes foram reportadas por Humphrey Osmond, Duncan Blewett, Abram Hoffer e outros pesquisadores. A literatura sobre o assunto tem sido extremamente revisada num jornal sinótico por Krippner e Davidson. (50)
Em minha própria experiência clínica, vários fenômenos sugerem que percepções extra-sensoriais são relativamente freqüentes em psicoterapia de LSD, particularmente em sessões avançadas. Elas variam de uma antecipação mais ou menos vaga sobre eventos futuros ou uma consciência sobre acontecimentos distantes de cenas complexas e detalhadas na forma de vívidas visões clarividentes. Estas podem ser associadas a sons apropriados, como palavras e frases faladas, barulhos produzidos por veículos a motor, sons de máquinas a fogo e ambulâncias ou o sopro de trombetas. Algumas destas experiências podem mais tarde demonstrar corresponder em graus variados a eventos reais. A verificação objetiva nesta área pode ser particularmente difícil. A não ser que estes exemplos sejam reportados e claramente documentados durante as sessões psicodélicas reais, existe um grande perigo de contaminação dos dados. Interpretação frouxa de eventos, distorções de memória e a possibilidade de fenômenos deja vu durante a percepção de ocorrências posteriores são algumas das principais armadilhas envolvidas.
Os mais interessantes fenômenos paranormais que aconteceram em sessões psicodélicas são as experiências fora-do-corpo e os exemplos de clarividência e clariaudiência. A sensação de deixar o próprio corpo é muito comum em estados induzidos por droga e pode ter várias formas e graus. Algumas pessoas sentem-se completamente destacadas de seus corpos físicos, pairando sobre eles ou observando-os de uma outra parte do aposento. Ocasionalmente, os sujeitos podem perder completamente a consciência do ambiente físico real e seus movimentos conscientes dentro de reinos experimentais e realidades subjetivas parecem estar completamente independentes do mundo material. Eles podem então se identificar completamente com as representações corporais dos protagonistas destas cenas, os quais são pessoas, animais ou entidades arquétipas. Em casos excepcionais, os indivíduos podem ter uma complexa e vívida experiência de mudança para um lugar específico no mundo físico, e fornecer uma descrição detalhada de um lugar ou evento distante. As tentativas para verificar tais percepções extra-sensoriais podem às vezes resultar em confirmações surpreendentes. Em exemplos raros, o sujeito pode ativamente controlar tal processo e “viajar” à vontade para qualquer local ou ponto no tempo que ele ou ela escolher. Uma descrição detalhada de uma experiência deste tipo, ilustrando a natureza e a complexidade dos problemas envolvidos, foi publicada em meu livro Realms of the Human Unconscious, p. 187. (32)
A prova objetiva, através de técnicas padronizadas de laboratório usadas na pesquisa parapsicológica, tem geralmente sido bastante desapontadora e falha em demonstrar um aumento de percepção extra-sensorial como um aspecto previsível e constante do efeito de LSD. Masters e Houston (65) testaram sujeitos em LSD com o uso de um maço especial de cartas desenvolvido no laboratório de parapsicologia da Universidade de Duke. O baralho contém vinte e cinco cartas, cada uma tem um símbolo geométrico: estrela, círculo, cruz, quadrado ou linhas onduladas. Os resultados das experiências em que sujeitos LSD tentaram descobrir a identidade destas cartas foram estatisticamente não-significativos. Um estudo semelhante conduzido por Whittlesey (102), com um experimento de adivinhação de cartas com sujeitos em psilocybin, reportado por van Asperen de Boer, Barkema e Kappers (6), foi igualmente desapontador, entretanto um achado interessante nos primeiros destes estudos foi uma diminuição notável da variância; os sujeitos realmente adivinharam muito próximo em contraposição a expectativa do acaso predita matematicamente. Descobertas não publicadas do pesquisador parapsicológico Walter Pahnke no Maryland Psychiatric Research Center sugere que a abordagem estatística para este problema poderia ser ilusória. Neste projeto, Walter Pahnke usou uma versão modificada das cartas da Universidade de Duke, na forma de painéis de teclado eletrônico. O sujeito em LSD tinha que descobrir qual a tecla que tinha sido iluminada manualmente ou por um computador num painel dentro de um quarto adjacente. Embora os resultados para o grupo inteiro de sujeitos em LSD não foram estatisticamente significativos, certos indivíduos alcançaram pontuações notavelmente altas em algumas das medidas.
Alguns pesquisadores ressoam objeções para a abordagem desinteressante e inimaginável para o estudo de fenômenos parapsicológicos representados por cartas de adivinhação repetitivas. No geral, tal procedimento não tem muita oportunidade para atrair a atenção do sujeito quando comparado a algumas das experiências subjetivas excitantes que caracterizam o estado psicodélico. Numa tentativa de fazer a tarefa mais atraente, Cavanna e Servadio (19) usaram materiais carregados emocionalmente no lugar de cartas; impressões fotográfica coloridas de pinturas incongruentes foram preparadas para o experimento. Embora um sujeito tenha se saído muito bem, os resultados globais foram não-significativos. Karlis Osis (73) administrou LSD em vários “médiuns” que recebiam objetos e pediu para eles descreverem os donos. Um médium foi extraordinariamente bem sucedido, mas a maior parte dos outros se tornaram tão interessados nos aspectos estéticos e filosóficos da experiência, ou insistiram em cima de seus problemas pessoais, que acharam difícil manter a concentração na tarefa.Sem dúvida, os dados mais interessantes foram os emergidos de um estudo piloto projetado por Masters e Houston (65) os quais usaram imagens carregadas emocionalmente com sessenta e dois sujeitos em LSD. As experiências foram conduzidas nos períodos finais das sessões, quando é relativamente fácil focar em tarefas específicas. Quarenta e oito dos indivíduos testados aproximaram-se da imagem alvo pelo menos duas de dez vezes, enquanto cinco sujeitos fizeram suposições bem sucedidas pelo menos sete das dez vezes. Por exemplo, um sujeito visualizou “ondas atiradas” quando a imagem correta era um navio Viking numa tempestade. O mesmo sujeito adivinhou “vegetação luxuriante” quando a imagem era florestas tropicais na Amazônia; “um camelo” quando a imagem era um árabe num camelo, “os Alpes” quando o retrato era o Himalaia, e “um negro escolhendo algodão num campo” quando o alvo era uma plantação no Sul.
O estudo de fenômenos paranormais em sessões psicodélicas apresenta muitos problemas técnicos. Além dos problemas de conseguir um sujeito interessado em manter sua atenção na tarefa, Blewett (12) também enfatizou o fluxo rápido de imagem eidética que interfere na habilidade do sujeito estabilizar e escolher a resposta que poderia ter sido despertada pelo alvo. As dificuldades metodológicas em estudar o efeito de drogas psicodélicas na percepção extra-sensorial ou outras habilidades paranormais e a falta de evidência nos estudos existentes não podem, porém, invalidar algumas observações bastante extraordinárias nesta área. Todo terapeuta de LSD com experiência clínica suficiente colecionou observações desafiadoras o bastante para considerar este problema seriamente. Eu mesmo não tenho nenhuma dúvida que ocasionalmente psicodélicos, durante o efeito farmacológico, podem induzir elementos de percepção extra-sensorial genuína. Oportunamente, a ocorrência de certas habilidades e fenômenos paranormais pode estender-se além do dia da sessão. Uma observação fascinante que é intimamente relacionada e merece atenção neste contexto é a acumulação freqüente de coincidências extraordinárias nas vidas de pessoas que experimentaram fenômenos transpessoais em suas sessões psicodélicas. Tais coincidências são fatos objetivos, não apenas interpretações subjetivas de dados perceptivos; elas são semelhantes às observações que Carl Gustav Jung descreveu em seu ensaio sobre sincronicidade. (44)A discrepância entre a ocorrência de fenômenos parapsicológicos nas sessões de LSD e resultados negativos de estudos laboratoriais específicos parece refletir o fato que um aumento em ESP não é um aspecto normal e constante do efeito de LSD. Os estados psicológicos condutivos para vários fenômenos paranormais relacionados a uma incidência extraordinariamente alta de ESP estão entre as muitas condições mentais que podem ser facilitadas por esta droga; em outros tipos de experimentos LSD, as habilidades ESP parecem estar no mesmo nível que estão no estado ordinário de consciência, ou até mesmo reduzidas. Pesquisa futura terá que avaliar se de alguma maneira a incidência imprevisível e elementar de habilidades paranormais em estados psicodélicos pode ser aproveitada e sistematicamente cultivada, como indicada na literatura shamânica.

3 comentários:

Unknown disse...

é isso ai ...
os estudos n podem parar !!!
oq o lsd nos dá e deu é algo fora dos padroes fisicos e teoricos de tudo q apredemos na escola.
mas falando sobre o assunto da pesquisa tenho a seguinte opiniao:]
acho q sim , ela aumenta nossa percepçao mas tbm acho q nem em todos os seres , pois ela só abre uma porta e a verdadeira percepçao está dentro de cada um , ela só nos ajuda a encontrar nossa essencial visual e perceptiva
um grande abraço e sucesso a todos

Anônimo disse...

Olá...
Eu já tive uma experiencia com LSD que acreditei LER MENTES, entretanto pensei que era viagem do proprio LSD.

Ontem sobre efeitos de MORNING GLORY (300 sementes var Heavenly Blue) confirmei esse poder da mente..
Eu estou disposto para experiencias e realmente tenho interesse em fazer testes inclusive para evoluir essas areas do meu cerebro, só nao sei onde e como :(

ABRAÇOS!

Daniel disse...

eu acredito pois tenho vivido coisas impresionantes com a psilocibina .nao que eu tenha adivinhado algo mais me sinto liberto de muita idea errada do mundo a nosso redor.a psilocibina e uma verdadeira chave de nossas prisoens sen muro sen grade :e a prisao da propria consiencia . um abraço e pas pra todos .