Psicodélico: abril 2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

Breaking Bad - Seriado [DOWNLOAD]

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Breaking Bad
Ruptura Total (PT)
Informação geral
Formato Seriado
Género Drama
Duração 47 minutos
(aproximadamente)
Criador Vince Gilligan
País de origem Estados Unidos
Idioma original Inglês
Produção
Produtor(es) Karen Moore
Elenco original Bryan Cranston
Anna Gunn
Aaron Paul
Dean Norris
Betsy Brandt
RJ Mitte
Exibição
Emissora de
televisão original
Estados Unidos AMC
Emissora(s) de
televisão lusófona(s)
Mostrar lista
Formato de exibição 480i (SDTV)
1080i (HDTV)
Transmissão original 20 de janeiro de 2008 - hoje
№ de temporadas 3
№ de episódios 33
Portal Séries de televisão · Portal Televisão
Projeto Televisão

Breaking Bad (em Portugal intitulada Ruptura Total) é uma série de televisão dramática norte-americana criada e produzida por Vince Gilligan. A série é exibida nos Estados Unidos e no Canadá pelo canal de televisão por assinatura AMC. O programa estreou em 20 de janeiro de 2008, e completou sua primeira temporada de sete episódios em 9 de março de 2008. A segunda temporada de treze episódios durou de 8 de março à 31 de maio de 2009. A terceira temporada foi anunciada em abril de 2009.[1]

Em Portugal a série é transmitida em exclusivo pelo canal de TV por subscrição MOV, às sextas-feiras às 22:30. Já no Brasil, o seriado é exibido pelo canal pago AXN, todos os domingos 20h.

A história de Breaking Bad se passa em Albuquerque, Novo México (onde também é produzida), e gira em torno de Walter White (Bryan Cranston), um professor de química do ensino médio pouco apreciado com um filho adolescente que sofre de paralisia cerebral (RJ Mitte) e uma esposa grávida, Skyler (Anna Gunn). Quando o já tenso White é diagnosticado com câncer de pulmão, ele sofre um colapso e abraça uma vida de crimes, produzindo e vendendo metanfetamina com o seu ex-aluno Jesse Pinkman (Aaron Paul) com o objetivo de assegurar o futuro financeiro de sua família.[2]

Breaking Bad recebeu ampla aclamação pela crítica, particularmente pelo seu roteiro e pela atuação de Cranston no show, e ganhou dois Prêmios Emmy pela primeira temporada além de vários outros prêmios e nomeações.

A quarta temporada foi encomendada pela rede AMC, e tem data de estréia prevista para julho de 2011.[3]


Produção

O ator principal, Bryan Cranston, declarou em uma entrevista que "o termo 'breaking bad' é uma gíria do sul que significa que alguém desviou-se do caminho correto e passou a fazer coisas erradas. E isto aplica-se tanto a um dado momento quanto a uma vida inteira."[4]

A série se passa e também é filmada nas proximidades de Albuquerque, Novo México.[5]

A rede AMC, que exibiu a série em 20 de Janeiro de 2008, pediu originalmente nove episódios para a primeira temporada (incluindo o episódio piloto), mas a Greve dos Escritores Americanos de 2007–2008 limitou a produção aos sete episódios existentes.[6]

Sinopse

Primeira temporada

Walter White, um professor de química com uma esposa grávida, Skyler, e um filho com paralisia cerebral, é diagnosticado com um câncer de pulmão terminal no terceiro estágio. Determinado a gerar uma herança suficiente para sua família antes de sua morte, Walter adentra no comércio ilegal de drogas prevalendo-se de seus conhecimentos de química para produzir metanfetaminas (crystal meth) extremamente potentes com a ajuda de Jesse Pinkman, seu ex-aluno. Operando em um trailer no deserto, os dois defendem-se de dois traficantes de drogas da região, e antigos distribuidores de Jesse, que acusam Walter de ser um agente da DEA. Sob a mira de armas, Walter garante a vida dele e de Jesse oferecendo a receita de seu crystal meth, envenenando-os com gás de fosfina[7] durante o processo de produção, deixando os dois traficantes morrerem sufocados no trailer, antes de fugir com Jesse ferido.

Walter e Jesse descobrem que um dos traficantes ainda está vivo e decidem prendê-lo no porão da casa de Jesse. Após um cara ou coroa, Jesse recebe a tarefa de livrar-se do corpo do traficante morto, enquanto que Walter deve matar o outro, fato que o deixa desgostoso. Jesse dissolve o corpo numa banheira com ácido hidrofluórico, mas o ácido dissolve a banheira e o chão, despejando o corpo semi-dissolvido no hall do andar de baixo. Enquanto isso, Walter começa a dar comida e uma latrina a seu prisioneiro, Krazy-8, a quem também faz confidências, dando-o tempo para encontrar uma desculpa para deixá-lo viver. Devido a sua doença, Walter desmaia por algum tempo em uma das vezes enquanto entrega a comida, quebrando um prato. Ao acordar depois, Walter recolhe o prato quebrado e, após uma conversa franca com Krazy-8, ele vai buscar a chave para libertá-lo. Contudo, enquanto Walter está no andar superior ele descobre que há um grande pedaço afiado faltando nos restos do prato. Ao perceber que Krazy-8 pretende matá-lo no momento que ele for libertado, Walter decide que ele não tem outra escolha além de matar o traficante. Após o despejo do corpo, Walter corta os laços com Jesse e o tráfico de drogas.

Enquanto isso o cunhado de Walter, Hank, que realmente é um agente da DEA deduz que há um novo produtor de drogas na região, seguindo rastros de evidências deixadas por Walter no local de produção das drogas. Também é revelado que a cunhada de Walter, Marie, é uma ladra ocasional. Então, Walter revela a sua família, a Marie e a Hank, que ele tem câncer. Eles imploram que ele visite médicos especialistas e que seja submetido a quimioterapia. Enquanto Walter está irredutível quanto a seu próprio destino, morrer honoravelmente ao invés de sofrer as indignidades dos efeitos colaterais da quimioterapia, Walter finalmente concorda em se tratar. Ele finge aceitar a ajuda financeira de um amigo rico como pretexto para explicar a fonte de pagamento de sua quimioterapia. O amigo é seu ex-colega e sócio em uma companhia chamada Grey Matter (massa cinzenta). Os dois foram para a universidade juntos e começaram o que agora é um negócio extremamente lucrativo. Através de uma série de flashbacks, um encontro em uma festa de aniversário no presente e uma conversa com a esposa de seu amigo por telefone, podemos assumir que Walter "perdeu a garota" para seu parceiro de negócios, e provavelmente desistiu da amizade, do relacionamento mal sucedido e do negócio - deixando-o com a alternativa de tornar-se um professor colegial de química. A maneira como ele decide pagar por sua quimioterapia é um modo de reabordar Jesse a refazer seu negócio, permitindo-o pagar por seu tratamento e ainda recuperar seu orgulho. Jesse, incapaz de replicar a receita de Walter, aceita a parceria com ele e concorda com seus papéis claramente definidos: Jesse como vendedor e Walter como produtor. Jesse descobre que Walter tem câncer de pulmão, e ao perceber seu objetivo de ajudar sua família após sua morte, desenvolve um maior respeito por ele.

Insatisfeito com os lucros insuficientes que Jesse está obtendo sozinho através de pequenas vendas nas ruas, Walter manda Jesse negociar com Tuco, que dominou a distribuição local de drogas e que Walter não sabe, mas é também um violento psicopata. Durante seu primeiro encontro, Tuco recusa pagar antecipadamente pelo produto e bate cruelmente em Jesse quando ele tenta terminar o negócio. Com Jesse no hospital, Walter, sob a alcunha de "Heisenberg, " confronta Tuco com a demanda de um pagamento antecipado. Quando Tuco se prepara para agredi-lo, Walter detona uma pequena quantidade de fulminato de mercúrio (II), gerando uma explosão que detona o piso superior do esconderijo e intimida Tuco a entregar o pagamento com a promessa de negócios futuros. Jesse recupera-se de seus ferimentos e os dois voltam a produzir metanfetamina, desta vez contornando a restrição de produtos do medicamento de venda livre, pseudoefedrina roubando um grande estoque de metilamina de um armazém de produtos químicos e utilizando um método alternativo de sintetização. Agora capazes de produzir quatro vezes mais crystal meth que antes, os dois começam um negócio estável com o cada vez mais psicopático Tuco.

Recepção

Breaking Bad recebeu aclamação da crítica, além de dois Prêmios Emmy por sua primeira temporada. Vencendo o prêmio de melhor edição, e Bryan Cranston ganhou o prêmio de melhor ator de série dramática.[8]

Linda Stasi do jornal New York Post declarou "a atuação é tão boa quanto se verá na TV." A Time (revista) disse que a série "possui os elementos do sucesso".[9] Ken Tucker da Entertainment Weekly classificou a primeira temporada com "B+".[10]

O episódio piloto foi assistido por 1.4 milhões de pessoas, enquanto que cada um dos seis episódios subsequentes da primeira temporada foram assistidos por uma média de 1.1 a 1.3 milhões de telespectadores.[carece de fontes?]

O primeiro episódio da segunda temporada foi assistido por 1.7 milhão de pessoas, até 21% a mais que a temporada anterior.[11]

A segunda temporada recebeu nomeações para o Emmy por Melhor Série Dramática, Melhor Ator Principal em uma Série Dramática (Bryan Cranston) e Melhor Ator Coadjuvante em uma Série Dramática (Aaron Paul). Cranston ganhou o prêmio de Melhor Ator Principal.[12]

Distribuição internacional

Na Austrália, Breaking Bad foi lançada no canal pago Showtime Australia em 28 de Agosto de 2008.

No Brasil, Breaking Bad foi lançada no canal pago AXN em Junho de 2010.

Prêmios e nomeações

2008

2009

2010

Elementos químicos nos créditos

Os créditos apresentam símbolos de elementos químicos da Tabela Periódica em verde (por exemplo: os símbolos Br e Ba de bromo e bário em Breaking Bad). Os créditos no começo do show geralmente dão seguimento a esta tendência, com os nomes dos atores geralmente incluindo um símbolo de elemento químico se apropriado.

Os créditos de abertura também exibem a fórmula C10H15N que se repete várias vezes em cada quadro em que ela aparece. Esta é a fórmula molecular da metanfetamina, que indica que cada molécula contém 10 átomos de carbono, 15 átomos de hidrogênio e um átomo de nitrogênio.

O número 149.24 também se repete durante a introdução, que é a massa molecular do composto metanfetamina.

Referências

  1. AMC renews 'Breaking Bad'. Hollywood Reporter. Acessado em 7 de abril de 2009.
  2. "No. 93: Bryan Cranston." Esquire. Acessado em 18 Setembro de 2007.
  3. "'Breaking Bad' 4 Season Delayed." tvovermind. Acessado em 20 de Setembro de 2010.
  4. "Fans Chat With Bryan Cranston." AMC. 9 de Março de 2008. Acessado em 6 de Fevereiro de 2009.
  5. "Series 'Breaking Bad' to Begin Production at Albuquerque Studios." Albuquerque Studios. Acessado em 23 de Agosto de 2007.
  6. AMC's "'Breaking Bad' mixes dark humor, drugs." USA Today. Acessado em 16 de Janeiro de 2008.
  7. Kemsley, Jyllian. "Breaking Bad: novel TV show features chemist making crystal meth", Chemical & Engineering News, March 3, 2008. Página visitada em January 17, 2010.
  8. "'Breaking Bad' Emmy Winner Brings Award To Albuquerque." KOAT. 23 de Setembro de 2008. Acessado em 6 de Fevereiro de 2009.
  9. "Downtime - Breaking Bad." TIME. 18 de Janeiro de 2008. Acessaod em 18 de Maio de 2008.
  10. Tucker, Ken. O novelista Stephen King também elogiou a série como "o melhor show na TV" em sua coluna "Pop of King" na revista Entertainment Weekly."TV Review - Breaking Bad (2008)." Entertainment Weekly. Acessado em 6 de Fevereiro de 2009.
  11. http://www.hollywoodreporter.com/hr/content_display/television/news/e3ibfbb102b9ca4ac6c88c949ddd1c902ba
  12. "'Bryan Cranston Wins 2009 Emmy Award for Outstanding Actor in a Drama Series." broadwayworld.com. 20 de Setembro de 2009. Acessado em 21 de Setembro de 2009.

Ligações externas


Breaking Bad

http://www.entertainmentwallpaper.com/images/desktops/movie/tv_breaking_bad03.jpg

Sinopse: O novo drama “Breaking Bad” narra a história de Walter White (Bryan Cranston), um humilde professor de química que vê sua vida se transformar quando descobre ser portador de um câncer terminal. Com um passado brilhante como pesquisador, Walter amarga agora uma terrível situação financeira trabalhando como professor em uma escola de ensino médio. Com seu modesto salário sustenta a esposa Skyler (Anna Gunn) e seu filho Walter Jr. (RJ Mitte), que sofre de paralisia cerebral.

Walter fica desesperado ao perceber que sua família irá passar necessidades após sua morte e decide que fará qualquer coisa para que eles não sofram com a falta de dinheiro. Impulsionado pelo medo e por desejo de oferecer dignidade à Skyler e Jr. ele começa a usar suas habilidades em química a favor do crime, montando um laboratório de drogas para financiar seus anseios. Com uma trama intensa e emocionante a série mostra que nesse enredo não existem vilões nem mocinhos.

1ª Temporada (RMVB LEGENDADO):

1×01 – Pilot -> Fileserve
1×02 – The Cat’s in the Bag -> Fileserve
1×03 – …And the Bag’s in the River -> Fileserve
1×04 – Cancer Man -> Fileserve
1×05 – Gray Matter -> Fileserve
1×06 – Crazy Handful of Nothing -> Fileserve
1×07 – A No-Rough-Stuff-Type Deal (Season Finale) -> Fileserve

2ª Temporada (RMVB LEGENDADO):

2×01 – Seven Thirty-Seven -> Fileserve
2×02 – Grilled -> Fileserve
2×03 – Bit by a Dead Bee -> Fileserve
2×04 – Down -> Fileserve
2×05 – Breakage -> Fileserve
2×06 – Peekaboo -> Fileserve
2×07 – Negro Y Azul -> Fileserve
2×08 – Better call Saul -> Fileserve
2×09 – 4 Days Out -> Fileserve
2×10 – Over -> Fileserve
2×11 – Mandala -> Fileserve
2×12 – Phoenix -> Fileserve
2×13 – ABQ (Final de Temporada) -> Fileserve

3ª Temporada (RMVB LEGENDADO):

3×01 – No Mas -> Fileserve
3×02 – Caballo Sin Nombre -> Fileserve
3×03 – I.F.T. -> Fileserve
3×04 – Green Light -> Fileserve
3×05 – Mas -> Fileserve
3×06 – Sunset -> Fileserve
3×07 – One Minute -> Fileserve
3×08 – I See You -> Fileserve
3×09 – Kafkaesque -> Fileserve
3×10 – Fly -> Fileserve
3×11 – Abiquiu -> Fileserve
3×12 – Half Measures -> Fileserve
(novo) 3×13 – Full Measures (Season Finale)-> Fileserve

sábado, 23 de abril de 2011

Quatro jovens são presos por apologia às drogas

Sábado, 23/04/2011

De acordo com a polícia, os jovens estavam com panfletos que divulgavam uma caminhada em favor da mudança da política de drogas em relação a maconha.Os rapazes e o material de divulgação foram levados para a delegacia.



ObsERVAções: Renato Cinco debate na TV Câmara!

Essa semana as ObsERVAções do Renato Cinco vem em forma audiovisual, através de um debate onde ele foi convidado para falar, na TV Câmara, no programa chamado TV Debate. E o debate ficou quente, mas um tanto quanto desqualificado, com a presença de Maria Thereza Aquino, aquela que disse ser o álcool menos prejudicial que a maconha, lembram? Infelizmente só parte do programa foi disponibilizado, mas dá pra sentir qual foi o clima. Dá play e se prepara:


Rio TV Debate - 18.04.2011 - Drogas: uma questão de saúde from Rio TV on Vimeo.

Tratando nossa hipocrisia: o que ensinam os usos terapêuticos da maconha

do coletivo antiproibicionista Princípio Ativo

Ninguém pode dizer que o debate sobre os usos terapêuticos da planta conhecida por CANÁBIS seja recente – aliás, nada poderia ser recente, para uma planta conhecida há milênios. Mas a questão que está intrigando bilhares e bilhares de maconheiros e maconheiras pelo país afora é que a discussão sobre as propriedades terapêuticas da planta poderia ajudar, e muito, na revisão das políticas atuais.

Nos Estados Unidos, a chamada canábis medicinal representou uma onda gigante de força para a adequação de tipos diferentes de usuários(as): dentre estes, os(as) pacientes. Com esse debate melhor traduzido na realidade brasileira, a cultura canábica só teria a se beneficiar.

Visando contribuir com o debate, após algumas doses de nosso remedinho favorito para problemas de cabeça, resolvemos fazer a matéria abaixo.


PRA COMEÇAR, UM CAUSO

O caso do gaúcho Alexandre é deveras interessante: como milhares de pessoas fazem diante do diagnóstico de um tumor maligno, ele decidiu aliar a busca pelos especialistas em saúde com a busca por recursos alternativos.

Tendo ouvido falar sobre as propriedades terapêuticas da maconha no alívio a sintomas indesejáveis da quimioterapia, decidiu, em um momento de grande debilitação devido às tais sessões, juntar-se às milhares de pessoas no mundo que testam por conta própria uma alternativa famosa…

Preocupado com sua saúde, Alexandre descartou alimentar o mercado ilegal, optando por estudar e conhecer mais o plantio para uso próprio, para não entrar em contato com uma substância adulterada e tudo que a envolve.

Em seus estudos, descobriu que não só existiam cultivos voltados para o que demandava (sementes indicadas), como também modos de usar que favoreciam um cuidado com sua saúde (como os vaporizadores, que resfriam e filtram a fumaça).

E aconteceu o que ainda acontece com muitas pessoas no país e no mundo: policiais descobriram sua plantação e ele acabou preso por alguns dias, tendo defendido a todo instante que seu plantio era o que era – para uso próprio -, e não para o que as autoridades presentes no flagrante pensaram que era – para comércio. Seu plantio foi reconhecido como sendo para uso próprio.

Mas o debate segue vivo no Brasil e em outros países… Mas que questões este país poderia colocar ao mundo?

EQUIDADE E CULTURA CANÁBICA

O ato de fumar maconha pode ter vários significados diferentes, ao mesmo tempo; por isso qualquer política pública séria deve ser aberta às diferentes demandas de cada grupo populacional.

Não precisamos lutar por isso pois esta ideia inclusive já existe no Sistema Único de Saúde: é o chamado princípio de equidade, que consta na Lei 8.080/90. A definição deste princípio é que uma das tarefas das políticas públicas é a de reconhecer que todas as pessoas tem direito a acessar recursos em Saúde, sendo respeitadas as diversidades de povos, regiões e práticas culturais.

Em outras palavras, o princípio da Equidade no SUS (que se estende para todas as ações e serviços em Saúde, sejam públicas ou privadas), reconhece que, para que possamos oferecer ações em pé de igualdade para toda a população, devemos oferecer ações diferenciadas.

Em uma situação como a atual, onde a mera expressão de maconheiros(as) ainda é vista como ato de apologia, resta saber como podemos construir políticas realmente sérias sem a participação pessoas diretamente envolvidas. Nessa nuvem de ideias, algumas coisas já foram ditas, e outras nem tanto…


ALGUMAS COISAS JÁ DITAS

Acontece que a questão do acesso às propriedades medicinais da maconha não está sendo (e não será) um debate entre aprovar ou não aprovar. A questão está sendo (e será) o que aprovar, e como aprovar.

O pano de fundo de uma provável regulamentação do uso de maconha com fins terapêuticos diz respeito a um debate muito maior, que é o conceito sobre o que pode ou não ser reconhecido como terapêutico. O debate é denso, cheio de nuances. Em poucas palavras, a polêmica gira em torno da prescrição de plantas, ao invés da prescrição de fármacos.

Mesmo considerando a prescrição de fármacos, para a abertura a um processo de pesquisas e testes com seres humanos, seria necessária a criação de uma Agência específica, tema de um debate ocorrido no ano passado. O evento, que teve grande participação de pessoas de jaleco & que fumam mas não tragam, trazia como justificativa debater “o controle do uso médico” destes usos. Em outras palavras: o controle sobre a planta em si.

Ao contrário a possibilidade de cultivos (e plantios) pessoais para fins medicinais, há um grande lobby do complexo médico-industrial (i.e., laboratórios), pois estes ganham dinheiro basicamente através do registro de procedimentos ou até de patentes – e uma planta como a maconha pode ser cultivada sem grandes aparatos tecnológicos, o que é visto com maus olhos. Não por acaso, pesquisadores presentes no evento se disseram contrários ao reconhecimento dos chamados usos “recreativos” como um direito dos cidadãos com seus próprios corpos.

Mas só pra ficar nesse embate sobre prescrições de maconha, deverá haver não somente a possibilidade do plantio para uso próprio, como também a possibilidade de plantio em maiores escalas, visando a distribuição em redes locais - mesmo sabendo que esta alternativa terapêutica deverá ter uma produção regulamentada para oferecer às pessoas que não possam ou não queiram plantar.


COISAS AINDA NÃO MUITO DITAS

Para reconhecer usos terapêuticos da maconha, não precisamos necessariamente restringir o debate às prescrições médicas relacionadas. Afinal, a ideia sobre o que significa saúde há muito tempo já avançou da velha máxima que diz que ter saúde é não ter doenças. Indo direto ao assunto, podemos perguntar: e o tal uso recreativo, não-problemático, por acaso não seria também “terapêutico”?

Os pensadores e pesquisadores das drogas têm algo a dizer sobre isso, desde Paracelso (que dizia que a droga pode ser um veneno ou um remédio a depender da dose)… A “dose”, é claro, não é só uma questão de quantidade, é também do significado que as culturas e as pessoas dão aos seus próprios usos.

Todos estes pensadores e pesquisadores são unânimes em um ponto: as substâncias psicoativas não tem uma essência. Relações diversas são construídas através delas. A maconha pode ocasionar experiências boas ou ruins, e a única medida que podemos tomar em relação a isso é conhecer a cultura canábica e libertá-la da opressão que sofre. Maconheiros e maconheiras devem ensinar à sociedade quais são as estratégias para tirar melhor proveito da planta, se alguém desejar usá-la. Isto é, na verdade o que preconiza a Redução de Danos, que (pelo menos na teoria) é a estratégia oficial para o cuidado em álcool e drogas do Ministério da Saúde.



UNIÃO PARA DEFENDER A LEGALIZAÇÃO

A maconha deveria ter o seu plantio para uso próprio regulamentado não somente porque a planta possui propriedades terapêuticas pontuais sobre alguns diagnósticos em saúde. Mas também porque, como diz o historiador Henrique Carneiro, os usos de maconha podem ser vistos como buscas a um bem-estar sensorial.

Alie-se isso à informação de que a maconha é a substância ilícita mais usada no Brasil e no mundo, e que os casos de overdose são nulos, para chegar a um bom embasamento sobre a regulamentação do plantio, e sobre a mudança efetiva desta cultura de estigmatização. Não é demais lembrar que aquilo que os laboratórios mais negam (e menos entendem) é justamente as relações afetivas, pessoais, subjetivas – culturais -, que as pessoas podem ter ao ingerirem substâncias psicoativas. O que sustenta a centralidade deste poder que é dado aos laboratórios é nada mais do que esta ilusão surreal segundo a qual tudo o que acontece com cobaias de um laboratório, acontecerá com todas as outras pessoas do mundo.

Para falar destas visões fechadas, convenhamos: é muito mais fácil à lógica do mercado global de fármacos vender a ilusão de que aquele mesmo produto provocará os mesmos resultados, independente da cultura dos povos e de sua diversidade. Nós sabemos que, quando o assunto é esse, isso nunca foi verdadeiro, inclusive com relação aos fármacos.

Não à toa, a Proposição 19, que muitas pessoas defenderam como sendo única solução californiana para uma “legalização”, sofreu críticas ferrenhas por parte do movimento de maconheiros e maconheiras que perceberam, nas letras miúdas daquela proposta, uma série de dispositivos para atrelar o plantio a um complexo sistema de taxações abusivas que, no limite, era pouquíssimo amigável ao cultivo para uso próprio; quase impeditivo ao cultivo em hortas comunitárias, mas bastante aberto a investimentos de grande porte (o limite para plantio caseiro, por exemplo, ao invés de estabelecer um número de pés da planta por pessoa, estabelecia uma metragem por residência). A questão é não esquecer a grande lição do fracasso proibicionista, que implica em sabermos que a maconha não é (e nunca será) somente usada para aquilo que os laboratórios dizem, ou aquilo que os médicos prescrevem. A maconha também é (e será) usada porque DÁ BARATO. Inclusive quando prescrita, porque o barato pode ou não ser indesejado; não há regras. O que é ótimo, em todos os casos.

O fortalecimento deste setor do ativismo diz respeito à possibilidade de lucrar com a liberdade do plantio para uso próprio, e com isso o movimento se fortalece. Para defender mudanças nas leis, afinal de contas, não é preciso dividirmos o movimento entre os que veem na legalização possibilidades honestas de abrir head-shops e referências para cultivos especiais, e entre os que desejam só ter a sua hortinha particular, sem ter que por isso pagar alvarás proibitivos, nem ter negado o direito de compartilhar sua horta com amigos(as).

E em todos os casos, para saber mais…
growroom.net/board
cultivomedicinal.com.br/

7 mitos sobre a maconha

Fonte : Superinteressante

por João R. e Natália Eiras
COLABORAÇÃO PARA A SUPERINTERESSANTE

Mesmo a pessoa mais conservadora conhece as cinco pontas da folha de maconha. A planta, que dá origem a uma das drogas mais consumidas no mundo, virou até símbolo pop, sendo estampada em camisetas, brincos, colares e outros acessórios. Tanta popularidade, no entanto, não impede que a maconha continue sendo uma das drogas mais controversas. São tantos argumentos contra e a favor da liberação da cannabis para o uso medicinal e, até mesmo, para o uso pessoal, que foram criados alguns mitos sobre a verdinha. Mas antes de você se estresse sobre o assunto, desvendamos 7 mitos sobre o cigarro mais famoso do mundo:

A maconha vicia
O vício na maconha é uma questão bastante relativa até mesmo para os cientistas. Segundo o biomédico Renato Filev, pesquisador do Núcleo de Neurobiologia e Transtornos Psiquiátricos da USP, o vício na cannabis, de fato, não existe, mas sim um hábito de fumá-la. O consumo de erva com frequência pode ser considerado vício, porém, não há relatos clínicos de casos de abstinência”. Também não há relatos de tolerância (quando a droga não faz mais efeito) à cannabis, um dos sintomas do vício. O fato do conceito de dependência ter ganhado outras facetas também dificulta dizer se há o vício. “Há diferentes níveis de dependência. O vício na maconha, entretanto, é social e individualmente menos danoso do que os de outras drogas e mais fácil de ser enfrentado, ainda que acarrete grande sofrimento, como qualquer transtorno mental grave”, diz o antropólogo Maurício Fiore. Ou seja, você pode não se tornar quimicamente dependente da maconha, mas mentalmente.

A maconha causa danos cerebrais

O uso excessivo de maconha pode caudar danos cerebrais sutis a longo prazo, mas não deixar a pessoa completamente demente. Este mito aparece na história desde o século 19, quando os ingleses acreditavam que o bhang, bebida à base de maconha bastante comum na região da Índia, causada demência. Hoje, depois de anos de pesquisas, sabemos que a cannabis não faz mal, desde que usada moderadamente. Experiências que compararam pessoas que não fumavam maconha com usuários assíduos, que consumiam cinco baseados por dia há mais de 15 anos, mostraram diferenças sutis nos resultados de memória e atenção. A mesma pesquisa mostrou que o uso excessivo e diário de álcool causa mais sequelas do que a cannabis.

Maconha x Cigarro: males

Não há provas da relação direta entre fumar maconha e câncer de pulmão, traqueia ou outros associados ao uso do cigarro. Nem por isso, o baseado está livre de seus males. “O fato de ser inalada normalmente sob a forma de fumaça resultante da queima da erva enrolada num papel acarreta consequências tão ou mais negativas que as do tabaco”, diz o antropólogo Fiore. Outra preocupação é que os resultados do uso prolongado da droga ainda são incertos.“A ilegalidade da maconha é um enorme obstáculo para a pesquisa sobre consequências do seu consumo e para a disseminação de informações aos seus consumidores”, completa Fiore. Mas já sabe-se que o usuário eventual não precisa se preocupar com um aumento grande do risco de câncer. Porém, aquele que fuma mais de um baseado por dia há mais de 15 anos deve pensar em parar.

A maconha é só o começo

Grande parte de viciados em drogas pesadas foi, no passado, usuário de maconha, mas nem todos ficam viciados em drogas pesadas. Esta é a melhor maneira de explicar o fenômeno que deu à cannabis a fama de que é uma porta de entrada para o consumo de drogas como o crack e a heroína. “Uma parcela muito pequena de usuários de maconha migram para outras drogas”, diz o biomédico Filev. A maior e única ligação entre a maconha e o crack, por exemplo, é que ambos são ilegais e são vendidos no mesmo lugar. Segundo o antropólogo Mauricio Fiore, o que faz um usuário de maconha ter acesso a drogas mais pesadas é o simples e puramente fácil acesso a elas, por estarem na “mesma prateleira do supermercado”.

A maconha é mais forte hoje do que era no passado

As novas técnicas de cultivo da cannabis e a popularização do skunk, maconha hidropônica, são os culpados pelo surgimento deste mito. A sociedade civil acusa que o uso de tipos híbridos no cultivo da maconha faz com que a planta tenha maior quantidade de resina e de princípios ativos, o que a deixaria mais “forte”. De fato, a “potência” da maconha depende da “safra” da cannabis e dos cuidados do cultivador, mas essa turbinada independe se a planta é hidropônica ou não. “Planta geneticamente alterada não significa maior potência e nem muito menos que os usuários estejam consumindo maconha de forma mais arriscada ou perigosa”, diz o antropólogo Fiore.

Maconha não tem valor medicinal

A maconha pode (ainda) não curar, mas ajuda a aliviar os incômodos do tratamento de transtornos mentais e de portadores do HIV, estimulando o apetite dos pacientes. O primeiro relato médico do uso medicinal da cannabis foi há 5 mil anos, em um herbário chinês, onde a planta era indicada para combater males como a asma, doenças do aparelho reprodutor feminino, insônia e constipação intestinal. No ocidente, quem inaugurou o uso “sério” da droga foi o professor Raphael Mechoulam, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Atualmente, os medicamentos com base na maconha estão sendo usados em pacientes de Aids, câncer e esclerose múltipla. “Estão sendo feitos os componentes da Cannabis em comprimidos e spray”, conta o biomédico Filev. “A droga, então, poderá ser usada nos tratamentos de transtornos como ansiedade, depressão, psicose, esquizofrenia e doenças neurodegenerativas”.

Na Holanda vale tudo!

Se você acha que, assim que descer em Amsterdã, encontrará pessoas por todos os cantos fumando os seus cigarros de maconha, você está completamente enganado. Ao contrário do que achamos, a Holanda não liberou a Cannabis, mas adotou uma política de tolerância às drogas. Você não encontrará, por exemplo, gente fumando maconha nas escolas e nos transportes públicos, lugares onde o consumo é proibido. Os usuários só podem acender os seus baseados em parques, bares e ao ar livre. Você também não poderá comprar a Cannabis em qualquer lugar, já que apenas casas especiais, os Coffee Shops, podem vendê-la. Além disso, uma pessoa pode comprar, no máximo, 5 gramas de maconha (sendo que os Coffee Shop podem ter no máximo 500 gramas da droga), para evitar o consumo excessivo e o tráfico de drogas. A legislação proíbe, ainda, a publicidade da cannabis e a venda da erva a menores de 18 anos.

Entrevista com Elisaldo Carlini e Luciana Boiteux sobre o oxi


No quadro "Assunto em Debate", na Globo Newex, foram entrevistados a Luciana Boiteux, da UFRJ, e Elisaldo Carlini, diretor do centro brasileiro de informação sobre drogas,falando da questão de como a política de drogas no Brasil vêm se efetivando, principalmente como tem reagido frente ao surgimento de novas drogas e de derivados das já existentes como o oxi. Para assistir, basta dá um click no vídeo ou clicar no link abaixo:




Segundo Maierovitch, deputado terá de enfrentar a ira conservadora


O deputado Paulo Teixeira, líder petista na Câmara federal, em seminário sobre o uso medicinal da erva canábica (Cannabis Medicinal), defendeu a regulamentação da nossa legislação sobre drogas a fim de disciplinar, dentre outras providências, o emprego da maconha e a da constituição de cooperativas de plantio e fornecimento a interessados.

Como se sabe, a erva canábica possui propriedades que, no mundo civilizado, são largamente empregadas nos tratamentos de doenças. O uso médico-terapêutico da maconha difundiu-se pelo planeta e revistas científicas publicam experiências animadoras com relação ao emprego. Sobre o uso em rituais fúnebres, no século V a C, o grande historiador Heródoto escreveu a respeito: “abrandava a dor da alma”.

Nos EUA, por exemplo, vários estados-federados permitem o uso médico-terapêutico. E a “guerra proibicionista” do então presidente George W. Bush (bateu na porta da Suprema Corte para cassar as leis estaduais ) foi interrompida por Barack Obama. Cooperativas de médicos, nos EUA, importam regulamente a erva para uso medicinal. Na Holanda, em cada residência, podem ser cultivados, em vaso, até 5 pés de maconha para uso terapêutico. No Canadá, o próprio estado planta e fornece mediante apresentação de receita médica.

A manifestação de Paulo Teixeira, que há mais de quinze anos estuda o fenômeno das drogas proibidas e posiciona-se pela liberação da maconha inclusive para uso lúdico-recrativo, gerou manchete de primeira página no jornal Folha de São Paulo. A manifestação de Paulo Teixeira é pertinente e chega em bom momento.

Com efeito. A manifestação de Paulo Teixeira chega no momento em que a revista Child’s Nervous System, na edição do final do mês de fevereiro deste ano de 2011, publica trabalho de médicos canadenses sobre um tumor raro que se desenvolve em crianças, de modo a ocupar espaços no cérebro e a destruir tecidos vivos.
Para tais casos, a cirurgia era o único caminho seguido. A partir das pesquisas desenvolvidas pelos supracitados médicos canadenses, notou-se regressão tumural com emprego da cannabis: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21336992

Muitas são as experiências positivas, que, neste espaço Sem Fronteiras de Terra Magazine, já foram tratadas. Por exemplo, a referência à revista científica Molecular Câncer.

Segundo levantamento realizado por pesquisadores da Universidade Complutense de Madrid referentes a câncer em mulheres, os tumores de mama representam 30% dos diagnósticos.

O grande problema, segundo os cientistas envolvidos na pesquisa, é que em um terço dos tumores de mama estão presentes os chamados receptores ErB2. Vale dizer: tumores dos mais agressivos e, com relação à portadora, a causar poucas chances de sobrevivência. Em especial, quando encontradas células pouco diferenciadas, extremamente invasivas e em condições de se multiplicarem abundantemente.

A resposta aos tratamentos convencionais é insuficiente, sempre segundo os pesquisadores.
O emprego de anticorpos monoclonais contra os ErB2, última novidade no tratamento, não alcançou resultado positivo em 75% das pacientes. E em 15% das que conseguiram resposta ao tratamento houve desenvolvimento de metástases.

Diante desse quadro, os cientistas da Universidade Complutense de Madrid foram à luta, em busca de uma nova forma para tratamento contra os ErB2. Partiram de um dado conhecido: os canabinóides, presentes na erva canábica conhecida popularmente por maconha (marijuana), produzirem efeito antitumoral, conforme experiência in vitro .

Em animais teve início um experimento a base do THC (tetra-hidro-canabinol). Tudo com o emprego de um derivado capaz de agir nos receptores celulares para os canabinóides chamados CB2, que não geram efeito psicoativo. Os canabinóides empregados inibiram a proliferação das células tumorais e impediram o aumento dos vasos sanguíneos que irrigam o tumor.

Os pesquisadores lograram demonstrar que os canabinóides agem, também, na gênese dos tumores. Para eles, o sistema endocannabinóide contribui para manter o equilíbrio interno?. A conclusão que apresentam é a seguinte: ?Os resultados constatados fornecem uma evidência pré-clínica a indicar, fortemente, o emprego de terapias à base de canabinóides e isto para o tratamento do tumor mamário ErB2-positivo.

–2. PANO RÁPIDO. Como já escrevi tempos atrás, muitos são os opositores ao emprego médico-terapêutico da maconha. Parecem viver no começo da Idade Média, período de muitos medos. Aliás, medos causados pela ignorância.
– Walter Fanganiello Maierovitch—
Aviso aos patrulheiros de plantão: não sou petista. Não nutro respeito e nem admiração por nenhum dos partidos políticos brasileiros. Ligo-me às idéias e não a pessoas ou partidos.

5 mil já assinaram petição pela legalização da cannabis


Mais de cinco mil pessoas já assinaram uma petição a apresentar ao próximo Parlamento para legalização do consumo de cannabis e seus derivados, disse hoje fonte do movimento Marcha Global da Marijuana (MGM).

A recolha de assinaturas, que decorre desde Maio de 2010 e que deveria fechar na sexta-feira, vai agora prolongar-se "sensivelmente" até ao Outono, tendo em conta a demissão do Governo e consequente dissolução do Parlamento, disse Carla Fernandes, do movimento promotor da iniciativa. O movimento MGM tem expressão em pelo menos 200 cidades mundiais, incluindo Lisboa e Porto, onde realiza todos os anos (primeiro sábado de Maio) marchas contra a proibição do cânhamo/cannabis. Os autores do texto da petição ironizam que a medida até contribuiria "para acabar com o défice", uma vez que preconizam que a cannabis vendida legalmente seja taxada com um imposto similar ao do tabaco.

Essa receita fiscal, sugerem, poderia ser usada, por exemplo, em "políticas de prevenção do consumo de drogas duras, recuperação de toxicodependentes ou campanhas de informação". A legalização permitiria, por outro lado, cessar os lucros do tráfico, refere o texto da petição. O documento assinala que "o proibicionismo é tão ineficaz quanto pernicioso", já que em qualquer país onde a cannabis seja proibida "continua a ser possível adquiri-la sem dificuldades" e as redes de narcotráfico "enriquecem com a proibição", reinvestindo os lucros em "atividades criminosas".

Ainda segundo o texto da petição, a proibição deixa o consumidor "exposto a riscos e outros tipos de drogas" e as substâncias comercializadas ilegalmente na rua "são frequentemente adulteradas, sendo um risco para a saúde pública". Ao comentar esta iniciativa, em Dezembro de 2010, o presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT). João Goulão, rejeitou a legalização da cannabis, dizendo ser "adequado" o quadro legal atual, que descriminaliza o consumo de todo o tipo de drogas, penalizando-o apenas em sede contraordenacional. Os promotores contrapõem que um estudo realizado em Portugal por um polaco concluiu que "existe uma grande discrepância entre o que é dito em papel e o que existe na rua".

FONTE: DN Portugal

Paulo Teixeira rebate reportagem da Folha


Entrevista concedida ao jornalista e blogueiro Renato Rovai:

Entrevistei o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) na tarde de hoje por conta de uma matéria na Folha de S. Paulo onde uma fala dele num debate era tratada de forma um tanto sensacionalista. De qualquer forma, como este blogue defende a descriminalização da maconha e por conta disso até já concordou com Fernando Henrique em alguma coisa , decidi ligar para Paulo Teixeira e ouvir da boca dele o que pensava.
Claro que a fala dele estava esteriotipada no jornal, mas isso não é exatamente algo que surpreenda.
Segue a entrevista do líder do PT, sem edição.

Rovai: A Folha de hoje dá destaque de capa para uma participação sua num debate em que você defendeu a descriminalização da maconha. Primeiro queria te dizer que concordo com a sua opinião e acho ótimo este tema ser debatido, mas ao mesmo tempo queria saber o contexto da declaração?
Primeiro é bom registrar que a Folha de S. Paulo pegou uma palestra minha num contexto de um debate sobre a política de drogas e editou este debate, escolhendo os trechos que lhe interessavam. Segundo, a Folha não falou comigo.

Ela alega que o senhor foi procurado e não respondeu a ligação?
Quando a Folha quer falar comigo, ela me acha. Falo com cinco ou seis jornalistas da Folha toda semana. Bom, mas a matéria está aí e quais são as minhas preocupações. Faz 30 anos que eu trabalho este tema e há 15 discuto isso no parlamento. Sou autor de uma lei no Estado de São Paulo de Redução de Danos e participo da Comissão Brasileira de Drogas e Democracia, por isso tenho recebido convites de várias instituições e governos para discutir o tema. Então, tratei disso na palestra, porque acredito que o Brasil tem um tratamento muito permissivo com as drogas lícitas, principalmente com o álcool.

Quando li a matéria da Folha me lembrei que você defendeu ontem a proibição da propaganda do álcool no I Encontro Estadual dos Blogueiros Progressistas de São Paulo.
Sim. Defendo a proibição da publicidade do álcool na TV porque ela o associa a valores nacionais e a ídolos do esporte, da música, da cultura. Em relação às drogas ilegais acho que a gente tem que ter uma estratégia mais efetiva para enfrentar os danos em relação ao seu consumo. Quais são os danos, a criação de um mercado capitalizado, violento e com capacidade de enfrentar o Estado e de corromper instituições públicas, que usa de armas e recruta homens e mulheres. Em relação à saúde, esse mercado oferece uma série de produtos que são adulterados na sua composição química, já que não há controle algum deles. E eles acabam prejudicando mais ainda a saúde.
Além disso, a lei de 2006 acabou sendo mais dura com aqueles que traficam e como essa diferença entre o que é droga para uso próprio e tráfico é tênue, as cadeias acabaram ficando cheias de gente que não têm de verdade nenhuma relação com o tráfico. E isso faz com que o aparelho repressivo tenha que ficar prendendo e julgando gente que usa drogas ao invés de se dedicar combater o crime, gente que rouba, assalta, estupra… Nós precisamos reduzir danos e minha opinião é que precisamos visitar e conhecer as experiências internacionais bem sucedidas. Creio que hoje temos a de Portugal, onde se descriminalizou, e a da Espanha, que resolveu o problema do acesso a essas substâncias esvaziando o poder econômico da atividade. No Brasil, precisamos ter uma comissão de alto nível pra discutir o tema, para ver como podemos ter resultados melhores, já que os nossos nesse setor são ruins. Em Portugal, eles conseguiram diminuir a violência com essa descriminalização. Na Espanha eles tiraram o consumidor do contato com o crime.
A minha proposta é debater uma estratégica de alternativa a guerra a drogas, associada à redução de danos, como na Europa. Redução de danos associada à violência, a saúde, a questões sociais. Essa é a minha posição. Considero que é um debate que deve ser feito com a sociedade brasileira.

O senhor acha que a matéria da Folha estereotipa a sua posição?
Ela estereotipa e não debate o tema de maneira correta. A gente precisa estudar experiências de outros países que estejam sendo bem-sucedidas e debater o tema. A questão da descriminalização precisa ser discutida. Porque quem precisa tratar do usuário não deve ser nem a polícia nem o tráfico.
E neste sentido de ampliar o debate as experiências internacionais uma das questões que precisa ser considerada é como deprimir economicamente o tráfico. E nesse sentido que se discute a questão do plantio cooperativado.
Quanto ao McDonald’s, a comparação foi num contexto onde é importante dizer que o Estado deve exigir a divulgação dos produtos que façam mal a saúde.

Na Folha de hoje, o Hélio Schwartsman escreve um artigo onde ele afirma que suas sugestões devem ser consideras, mas que você não foi muito inteligente ao fazê-las porque pode perder a condição de líder do PT.
Eu na condição de líder do PT não perdi o meu direito a opinião. Além disso, atribui um autoritarismo ao PT que não está presente na história do nosso partido. Tenho feito há muito tempo esse debate dentro do PT. E tenho certeza que a interdição dele não é bom para a sociedade. Nós precisamos debater o tema para buscar soluções melhores do que a que as atuais. É importante ressaltar que nessa questão não tenho divergências com a política adotada pelo governo da presidenta Dilma Roussef, que vem fazendo esforços para combater o crime organizado e aumentar a rede de proteção aos usuários.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Espanha aprova remédio à base de planta da maconha

Fonte : R7

Medicamento trata espasmos em pacientes com esclerose múltipla


Divulgação

Produto é administrado por meio de aerossol oral

As autoridades de saúde espanholas autorizaram nesta quarta-feira (28) a venda do Sativex, um medicamento derivado do cannabis (nome científico da planta da maconha) e que deve ser usado para o tratamento de espasmos em pacientes com esclerose múltipla.

A ministra da Saúde do país, Trinidad Jiménez, explicou que o uso terapêutico da cannabis é estudado há anos, por isso que existem "testes clínicos e evidências científicas" de sua utilidade em determinadas doenças.

O uso da substância para atenuar os sintomas de diversas patologias é um assunto polêmico, mas o certo é que alguns pacientes com doenças que causam muita dor recorrem à maconha para mitigar o sofrimento.

A partir de agora, os doentes de esclerose múltipla com espasmos musculares de moderados a graves poderão consumir o produto por meio de aerossol oral.

As companhias Almirall e GW Pharmaceuticals comercializarão o fármaco na Espanha. Antes, porém, o Ministério da Saúde deverá aprovar o preço, processo que deve ser finalizado em breve. A ministra descartou que o uso médico da droga se estenda para outras doenças, como câncer, e ressaltou que se trata de "uma utilização muito específica".

Jiménez lembrou que o produto foi utilizado pela primeira vez no Canadá e, desde então, foi importado à Espanha de forma "muito controlada" e para um número "muito reduzido" de pacientes. A GW Pharmaceuticals iniciou os trâmites de registro para a aprovação do Sativex em outros países-membros da União Europeia, como Alemanha, França e Itália.


Não quero estereótipo de maconheiro, diz Ziggy Marley sobre HQ

Fonte : Folha de São Paulo

O músico jamaicano Ziggy Marley trocou o reggae por histórias em quadrinhos, pelo menos até junho, quando lança um novo álbum solo.

Ele conversou com a Folha sobre a criação da HQ "Marijuanaman", a ser lançada na quarta-feira pela editora americana Image Comics. A história foi criada em parceria com Joe Casey e ilustrada por Jim Mahfood.

Marijuanaman é um extraterrestre, cujo nome real é Sedona e cujo planeta está em crise. Em sua viagem em busca de soluções, ele acaba na Terra, onde conhece um grupo de ativistas que lutam pela legalização da maconha e contra vilões da indústria farmacêutica, criadores da "Ganjarex", uma pílula de prazer sintético.

Como é feito de THC (estrutura química da planta) e não DNA, Sedona vira Marijuanaman ao entrar em contato com a fumaça da maconha. Relutante em participar de uma guerra, ele acaba ajudando os ativistas contra o vilão Cash Money, um monstrengo motoqueiro captado pelos industriais gananciosos.

O livro está na pré-venda no site http://ziggymarley.com e traz de brinde um download da faixa-título do seu disco inédito, cantada pelo ator Woody Harrelson ("Zumbilândia").

"Wild and Free" é seu quatro álbum solo e vem na sequência de "Family Time", lançado em 2009 e voltado para o público infantil.

Marley, 42, esteve recentemente no Brasil, onde fez shows em algumas cidades e visitou instituições de crianças carentes na Bahia, como registrou em texto e fotos no blog do seu site. "Eu amo o Brasil, as pessoas são muito doces", disse.

Leia trechos da entrevista:

Folha - Como surgiu a ideia para criar "Marijuanaman"?

Marley - Queríamos colocar a maconha numa perspectiva diferente, lutar contra o ranço negativo e falar do positivo. A maioria das sociedades no mundo tenta demonizar a planta, mas eu acho que esta planta é um super-herói. O Marijuanaman representa a planta como um super-herói e não como uma droga do mal, como as sociedades tentam retratá-la.

Como eram as conversas com Joe Casey (escritor) e Jim Mahfood (ilustrador)?

A conversa era para fazer um super-herói e não uma piada. E que fosse além de fumar maconha. O super-herói não precisa fumar de fato, outras pessoas fumam para ele poder ter uma conexão com a planta. Conversamos coisas assim, para manter a filosofia, para não ficar estúpido. Há muitas coisas de maconha que aparecem em filmes e a maioria é um estereótipo. Não queríamos fazer um estereótipo que a indústria de entretenimento sempre faz de alguém que fuma maconha. Queríamos fazer diferente.

Você é fã de quadrinhos?

Sim, quando eu estava crescendo na Jamaica, comprava alguns quadrinhos às vezes. Meus favoritos eram "Batman" e "Homem-Aranha". Era o que tinha na época, os favoritos de sempre.

Você não acha que os pais vão ficar horrorizados se pegarem seus filhos lendo "Marijuanaman"?

Sim, acho que sim. Eles ficariam preocupados, claro. Porque eles estão programados para ser contra a planta. Mas acho que é OK para eles ver pessoas bebendo álcool ou fumando cigarros num filme, ou atirando contra pessoas e matando gente num filme. Acho que tudo isto é OK, eles aceitam. Mas fumar maconha, não, isto não pode. É pior do que matar alguém com uma arma.


Flávio Dutra/Folhapress
Show de Ziggy Marley durante o Pop Music Festival, em Porto Alegre. A banda fez o terceiro show da noite. (Foto: Flávio Dutra/Folhapress, ILUSTRADA) ***EXCLUSIVO FOLHA***
O cantor Ziggy Marley durante o Pop Music Festival, em Porto Alegre

Marijuanaman ganha super poderes ao ter contato com a planta, fica super veloz e forte. Mas as pessoas que fumam maconha costumam ficar relaxadas, meio lentas. Não é uma contradição?

Bom, ele não é da Terra, não é como nós. Então sua reação à planta é bem diferente da nossa. É como o Super-Homem, que veio de outro planeta e que reage ao nosso sol amarelo, o faz mais forte.

E o que pretende abordar nas próximas histórias?

Não quero falar ainda, mas ativismo é um elemento, a luta contra a corrupção e a poluição. Queremos falar de estilos de vida alternativos que não incluem poluir ou destruir a Terra.

O que acha que aconteceu de errado no plebiscito do ano passado para legalizar maconha na Califórnia?

É tudo politicagem, sabe? É um jogo político. A maioria das pessoas que fumam maconha não está realmente ligada em política. E elas evitam se meter porque nosso estilo de vida é fora da politicagem. Mas, você sabe, a planta tem muitos inimigos. Com tantos inimigos não dá para deixar a planta florescer.

Você acha que as pessoas que fumam maconha deveriam ser mais ativas e agressivas, como os personagens no seu livro?

Hummm, eu acho que vai acontecer um dia [...] Povos indígenas sabem dos milagres das plantas. Antes dos colonizadores aparecerem para tomar nossas terras, nós sempre usamos plantas, ervas e árvores para medicina e espiritualidade. Da onde eu vim, se eu estou doente, eu vou ao meu jardim e não à farmácia. E pego folhas e ervas para tratar, para fazer chá, e funciona, sabe?

Ainda faz isto?

Um pouco. Mas quando eu cresci, era a primeira coisa que a gente fazia. Não ia direto ao médico. As pessoas não podiam pagar médico particular, então a gente usava as plantas. Na época da colonização, se achava que, porque estavam usando esta ou aquela planta como remédios, não eram civilizados. O status ilegal da planta é resultado do que sobrou da luta contra culturas indígenas. É uma opressão contra os povos indígenas e suas culturas.

Pode falar um pouco sobre seu novo disco, qual foi sua inspiração?

O álbum se chama "Wild and Free" e foi inspirado pela planta. Sabe, são tantos anos apenas ouvindo mentiras sobre a planta. A gente só quer contar a verdade.

Como foi a parceria com Woody Harrelson?

Foi ótimo, Woody é um grande amigo. Ele canta na faixa-título. Ele veio me visitar e eu disse: "Woody, escuta isto aqui, você quer cantar nesta música?". E ele disse OK. O processo foi bem... você sabe foi ao vivo, a gente se conectou, foi bem orgânico. Não forçamos nada, não queríamos complicar ou ser muito críticos. Só queríamos tocar música e aproveitar, sentir prazer.

PT vai discutir legalização do plantio da maconha

Fonte : Folha de São Paulo

Os principais líderes do PT no Congresso Nacional disseram que o partido vai discutir a criação de cooperativas para o plantio de maconha, ideia defendida pelo líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP).

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que discorda de Paulo Teixeira, mas que as propostas do deputado serão debatidas pelo partido. "Tenho uma posição muito diferente, mas vamos discutir isso no PT. O deputado tem fundamentos para a discussão e como líder tem sido muito correto nos debates com o governo", disse ele.

Líder do PT defende plantio de maconha em cooperativa

Vaccarezza, no entanto, afirmou que não quer polemizar e que a posição de Teixeira é individual. No Senado, o líder do PT, Humberto Costa (PE), saiu em defesa de Paulo Teixeira.

"Sou favorável à ideia de debater. A legalização seria uma maneira de combater o tráfico, mas isso não tem unanimidade. São argumentos muito fortes, mas não tenho opinião. Em tese, a legalização pode ajudar a combater o tráfico, mas os desdobramentos precisam ser estudados", disse Costa, que foi ministro da Saúde no governo Lula.

De acordo com o senador, o partido defende que o foco do combate à droga não deve ser no usuário. "Nunca discutimos o plantio, mas o PT defende que o problema não é o usuário, é o traficante. A opinião do Paulo Teixeira é individual e pode ser a melhor opinião, mas isso não foi discutido no PT. O debate sobre a legalização das drogas leves faz parte da discussão."

Procurado, Paulo Teixeira não quis dar entrevista. Como a Folha mostrou, ele disse que irá sugerir ao Ministério da Justiça que o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas faça um projeto com as "mudanças óbvias".

Para o líder do PT na Câmara, a regulação do plantio da maconha é uma maneira de diminuir o poder do tráfico e os efeitos nocivos da droga. A legislação prevê prisão para quem plantar maconha para venda e penas socioeducativas quando para consumo próprio.

No início do mês, o governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Justiça de Lula, Tarso Genro, afirmou que "nunca viu alguém matar por ter fumado um cigarro de maconha". Tarso negou que tenha fumado maconha, mas brincou: "Dizem que é muito saboroso".

Médicos defendem maconha terapêutica

Fonte : Estadão

Preconceito emperra pesquisa sobre o uso da planta em remédios, dizem especialistas

O lançamento mundial de um medicamento produzido à base de maconha pela farmacêutica britânica GW Pharma, e que será comercializado na América do Norte e na Europa pelo laboratório Novartis, reacendeu as discussões entre os especialistas brasileiros sobre o uso medicinal da droga no País. Por aqui, o princípio ativo do remédio (Sativex), usado para aliviar a dor de pacientes com esclerose múltipla, não é permitido.

O Brasil é signatário de tratados diversos que consideram a substância ilícita, o que dificulta inclusive o desenvolvimento de pesquisas científicas sobre as propriedades terapêuticas da planta e suas reações no cérebro.

Pesquisadores ouvidos pelo JT comparam a importância do estudo da cannabis sativa (nome científico da maconha) com a relevância do ópio para o desenvolvimento da morfina – medicamento essencial para o tratamento da dor aguda. E reforçam o argumento de que a possibilidade de uso medicinal não é sinônimo de liberação ou legalização da droga.

"O medicamento tem estudo clínico, existem proporções corretas das substâncias usadas, imprescindíveis ao seu funcionamento", defende Hercílio Pereira de Oliveira Júnior, médico psiquiatra do Programa Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Grea) da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com Oliveira Júnior, ao contrário do remédio, a droga ilícita não tem padrões de equilíbrio entre os substratos terapêuticos e pode causar danos à saúde de quem a consome. "Pode ampliar a ansiedade, causar um estado depressivo e psicótico, com alucinações, e problemas pulmonares provocados pelo ato de fumar."

Perspectivas

Estudos comprovam que a cannabis reduz os efeitos colaterais da quimioterapia, como náusea e vômito, estimula o apetite em pacientes com aids, pode ser usada para tratar o glaucoma e aliviar a dor crônica. "As perspectivas científicas mostram que vale a pena aprofundar os estudos sobre a planta", avalia Oliveira Júnior.

O Sativex, por exemplo, não é vendido como cigarro – e sim na forma de um spray. Sua composição reúne apenas dois substratos da maconha: o delta9-tetraidrocanabinol e o canabidiol.

"Não causa mais ou menos dependência do que calmantes e antidepressivos. A dependência não é argumento considerável para proibir até mesmo a pesquisa", diz Dartiu Xavier da Silveira, professor livre-docente em Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo.

Defensor da criação de uma agência reguladora para o setor, Oliveira critica a legislação restritiva brasileira e afirma que o preconceito trava a pesquisa de medicamentos que poderiam ser desenvolvidos até para tratar a dependência química.

"A questão não é proibir, mas controlar. Não se proíbe a morfina porque algumas pessoas fazem mau uso", avalia. O psiquiatra lembra que não é necessário o plantio em terras brasileiras da maconha para os estudos. "Para pesquisa, podemos importar."

Diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Unifesp, o psicofarmacologista Elisaldo Carlini também acredita que o Brasil está atrasado em relação às pesquisas sobre o potencial terapêutico da maconha por puro preconceito.

"No século passado, foi considerada droga diabólica e só nos últimos 30 anos é que se retomaram os estudos terapêuticos", conta Carlini. De acordo com ele, pesquisas mostraram que o cérebro humano possui ramais de neurotransmissores e receptores sensíveis ao estímulo da cannabis. O sistema foi chamado de endocanabinoide, que, se cientificamente estudado e estimulado, pode levar ao alívio ou à cura de várias doenças.

Legislação

Até o momento, a legislação brasileira proíbe o consumo de qualquer medicamento à base de maconha. Mas uma decisão judicial pode autorizar seu uso em casos específicos.

A comercialização do Sativex ainda não foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Procurada pelo Jornal da Tarde, a agência não se manifestou sobre o assunto.

Folha de São… publica resposta de Paulo Teixeira!



“No domingo (17/4), fui surpreendido pela capa deste jornal com os dizeres “Petista defende uso da maconha e ataca Big Mac”.


Como o petista, no caso, era eu, e minhas posições sobre política de drogas no Brasil são mais complexas do que a matéria publicada, achei por bem do debate público retomar o tema, com a seriedade e a profundidade que merece.

A reportagem se baseou em frases pinçadas de palestra minha em seminário sobre a atual política de drogas no Brasil, há dois meses.

Lá, como sempre faço, alertei para os perigos do uso de drogas, sejam elas ilícitas ou não. Defendo a proibição da propaganda de bebidas alcoólicas e a regulação da publicidade de alimentos sem informações nutricionais. A regulamentação frouxa fez subir o consumo excessivo de álcool. O cigarro, com regulamentação rígida, teve o consumo reduzido.

Não defendo a liberação da maconha. Defendo uma regulação que a restrinja, porque a liberação geral é o cenário atual. Hoje, oferecem-se drogas para crianças, adolescentes e adultos na esquina. Como pai, vivo a realidade de milhões de brasileiros que se preocupam ao ver seus filhos expostos à grande oferta de drogas ilícitas e aos riscos da violência relacionada a seu comércio.

Por isso, nos últimos 15 anos, me dediquei ao tema, tendo participado de debates em todo o Brasil, na ONU e em vários continentes.

A política brasileira sobre o tema está calcada na Lei de Drogas, de 2006, que ampliou as penalidades para infrações relacionadas ao tráfico e diminuiu as relacionadas ao uso de drogas.


É uma lei cheia de paradoxos e que precisa ser modificada. Não estabeleceu, por exemplo, clara diferença entre usuário e traficante.
Resultado: aumento da população carcerária, predominantemente de réus primários, que agem desarmados e sem vínculos permanentes com organizações criminosas.

Do ponto de vista do aparelho estatal repressivo, há uma perda de foco. Empenhamos dinheiro e servidores públicos para acusar, julgar e prender pequenos infratores, tirando a eficácia do combate aos grandes traficantes.

Outros países têm buscado formas alternativas de encarar o problema. Portugal viveu uma forte diminuição da violência associada ao tráfico por meio da descriminalização do uso e da posse. Deprimiu-se a economia do tráfico e conseguiu-se retirar o tema da violência da agenda política, vinculando as medidas ao fortalecimento do sistema de tratamento de saúde mental.

Na Espanha, há associações de usuários para o cultivo de maconha, para afastá-los dos traficantes. A única certeza é a de que não há soluções mágicas. Nossos jovens usuários não podem ter como interlocutores a polícia e os traficantes.

É preciso retirar o tema debaixo do tapete e, corajosamente, trazê-lo à mesa para que famílias, educadores, gestores públicos, acadêmicos, religiosos e profissionais da cultura, da educação e da saúde o debatam. Esta posição é exclusivamente minha, não é em nome da liderança do PT.

Não tenho, conforme sugeriu a Folha, divergências com a postura da presidenta da República sobre o tema. Aplaudo os esforços extraordinários do governo Dilma no combate ao narcotráfico e na ampliação dos serviços de saúde de atenção aos usuários de drogas. Nesse sentido, sugiro ao governo que eleja uma comissão de estudos de alto nível para ajudar nessa discussão.

A questão não pode ser tratada de forma rasa. O debate público sobre as políticas de drogas deve envolver o conjunto das forças políticas e sociais de todo o país.”

PAULO TEIXEIRA, 49, advogado, é deputado federal (PT-SP) e líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara.